CAPÍTULO 19 - EXISTEM CONSEQUÊNCIAS (II)
E com essas palavras eu dei as costas e desci as escadas do pequeno prédio em que Gabi morava, ao passo em que chamava um motorista. A caminho de casa fiz a Gabi o que disse que faria... Agora está com Hammil e ela... Eu me ocuparia apenas em enfrentar minha família... Eles podem querer me atingir de alguma forma, mas legalmente não têm poder para isso, mesmo que me processem... o contrato deles terminou... E agora terei de pensar em outro gerente pessoal...
Assim que desci do carro, avistei do portão minha irmã. Ela estava me ignorando, então segui seu jogo. Entrei sem falar com ninguém, e à grande porta, fiz o mesmo. Apenas entrei.
Dentro de casa eu não vi uma alma... Caminhei devagar para a escada... subi alguns degraus em direção ao meu quarto... Eu não deveria estar aqui... Eu nem sei porque estou enfrentando minha família... É assim que se sai do armário? Que merda! Se eu soubesse que seria estranho assim, nem precisaria fazer esse estardalhaço desnecessário que chamam de sair do armário em público. Simplesmente começaria a sair com Gabi sem bonés, óculos e etc... E apenas de mãos dadas à luz do dia.
-Gabriel... – ouvi a voz grave de meu pai.
Ele estava parado, no lugar onde adorava estar: de cima. Usava um terno, mesmo dentro de casa, e me olhava com seu ar de superioridade bossal como sempre.
-Bom dia, pai – respondi e continuei a subir a escada.
-Pare ai mesmo onde você está – ele disse de forma mais ameaçadora.
Eu parei de subir, ele começou a caminhar para a frente da escada, e lá parou.
-Eu vi os jornais de hoje... O que você faz aqui? – ele perguntou de forma confusa.
-Voltando para meu quarto, preciso... descansar, talvez – disse a ele colocando as mãos dentro da calça e tentando gravar a conversa... Com essas pessoas é preciso se resguardar.
-Para seu quarto? – ele perguntou – Que quarto?
Ele esperava alguma resposta, mas eu não abri minha boca. Ficamos em silêncio por algum tempo...
-Você... ouça só essa lamúria... consegue? É sua mãe chorando e seu irmão mais velho fazendo algo útil... – disse meu pai – Sabe o que é ser útil, Gabriel?
-Diga-me você, pai...
-NÃO ME CHAME DE PAI, SEU MOLEQUE!
-Tenho seu DNA...
-NÃO TE RECONHEÇO COMO FILHO, SEU INÚTIL, NÃO CONSEGUIU IR PARA AS ESTADUAIS TREINANDO A VIDA INTEIRA, INCOMPETENTE...
-Ah... O que mais eu sou, querido papai? – perguntei sarcasticamente.
-SEU ESTÚPIDO, NÃO VÊ O QUE ESTÁ FAZENDO? ACABANDO COM A SUA CARREIRA E COM ESSA FAMÍLIA, EU TENHO NOJO DE VOCÊ!
-Jorge, cale a boca! – minha mãe apareceu correndo, sendo puxada pelo meu irmão.
Ela olhou para mim e foi descendo as escadas, após meu pai impedir meu irmão de descer.
-Você está louco? – ela perguntou enquanto se aproximava de mim – Demos tudo para você, toda a vida, e é assim que você nos retribui, seu ingrato? Você humilhou sua família! NÓS NÃO CRIAMOS VOCÊ PARA ISSO!!! VOCÊ VAI AO PSICÓLOGO AMANHÃ CEDO!
-Psicólogo para aguentar vocês, não é!? – respondi.
-Ora seu desgraçado de merda! – bradou meu irmão.
-Isso não é normal... Sua avó vai morrer do coração quando souber... Eu disse que não era pra deixar ele com esses amigos...
-Não é normal namorar uma mulher minha mãe?! – perguntei para ela.
-Ela é NEGRA Gabriel... NEGRA!
Eu engoli à seco... Forte... Que doeu de minha garganta até meu estômago... Senti um enjoo repentino... Me segurei no corrimão da escada e vomitei... Quase sujando minha mãe, que estava a poucos degrais acima.
-Meu filho! – ela disse preocupada.
-EU NÃO... SOU SEU FILHO! SEU MARIDO MESMO DISSE ISSO! – gritei com ódio da família que tinha.
Eles não poderiam falar sobre a questão "gay"? Então era disso que eles estavam falando?! Era... da cor de Gabi?!
-NÃO GRITE COM SUA MÃE, SEU MERDA, VOCÊ AINDA TEM... – meu vai ia gritando enquanto eu o interrompi.
-EU NÃO TENHO MERDA NENHUMA, SE VAI ESFREGAR O CONTRATO EM MINHA CARA VÁ EM FRENTE! ACABOU, VOCÊS NÃO VÃO MAIS TOMAR CONTA DE MINHA CARREIRA!
Minha mãe gritou desesperada...
-Você não é nada sem a gente! Pai está pensando em retirar você do testamento – disse meu irmão, da forma como imaginei.
-Tire, eu não quero nada de vocês... podres, hereges... lixos imprestáveis – respondi.
-OLHA SEU LINGUAJÁ – Disse meu pai descendo os degraus.
-Eu tenho nojo de vocês! – disse olhando com ódio e lágrimas na cara de meu pai.
-Você não entra mais aqui! Não vai subir pra quarto nenhum, você não tem quarto aqui, por mim você morre com aquela preta! – ele gritou enquanto descia as escadas.
-Gente, ela é preta, e daí? – minha irmã mais nova disse da porta principal, entrando na discussão.
-Ah, pronto, apareceu a ovelha negra – disse meu irmão mais velho.
-Racistas! – murmurou minha irmã.
-Eu não quero nada de vocês, tudo o que eu preciso não está aqui... Eu vim porque eu achei que ainda poderia ter diálogo, mas não... – comecei a dizer.
-Nós vamos acabar com sua carreira de merda, seu desgraçado! Você humilhou a família – disse meu irmão descendo as escadas também.
-Você vai morrer sem essa família... seu contrato... – ia falando meu pai.
-Meu contrato está nas minhas mãos... todos... E vocês... Lewis Corp SA, vão gerir o c* de vocês, filhos da puta! – disse.
Dei as costas e desci os degraus que havia subido. Minha mãe desmaiou... Meu irmão e meu pai começaram a segurá-la desesperados, e gritando para eu voltar... algumas vezes me insultava. Minha irmã estava com a mão na boca tentando prender a crise de riso que estava tendo.
À porta eu parei, me virei, e falei alto algo que deveria ser o assunto principal desse encontro.
-AH, e Eu sou GAY... Minha namorada tem um pênis preto, enorme, grosso, cheio de veias e não é circuncisado! Dói todas as vezes que ela enfia, e eu rebolo naquele pau grosso porque eu adoro ficar que nem uma puta sobre ela. Gostaram? Ah, as vezes a gente transa sem camisinha.
Ouvi minha mãe gritando de horror, meu pai ficou paralisado, com as veias da cara saltadas, meu irmão mais velho gritava desesperado, tentando conter o ataque de histeria de minha mãe. A minha irmã estava rolando no chão de rir. E eu sai daquela casa com ódio na alma, lágrimas nos olhos, chutando e socando o ar...
Chamei outro motorista para ir pra a casa de Gabi... Pedi para ele passar por um caminho mais longo, para eu poder pensar mais um pouco... Ele disse que se eu quisesse chorar, não iria julgar... Eu não consegui chorar na frente de outro homem... Queria chegar em casa para esquecer isso...
Quando eu cheguei em casa, Gabi já havia pego minhas coisas... Eram quatro malas e sacolas... De roupas, livros e etc. Ela estava muito irritada. Nem retribuiu o beijo que lhe dei.
Eu sentei no sofá e recebi uma ligação de uma marca de sapatos tentando fechar patrocínio e propagandas. O vencimento me daria possibilidade de financiar um apartamento. Eu contei logo a Gabi, que permaneceu sem ânimo e totalmente indiferente. Mesmo depois d'eu falar de vender esse apartamento, de guardar ou aplicar o dinheiro... falei a ela que caso ela não queira ficar sobre teto de macho ela pegaria o dinheiro dela e iria embora a qualquer momento... disse que poderia até juntar comigo e comprar de vez um apartamento novo, e nos casarmos ou assinarmos papelada de união estável...
Mas ela ainda estava triste.
Eu recebi mais três ligações de empresas diferentes se oferecendo para patrocínio, outras me chamando para ser garoto propaganda... Marquei reuniões na segunda e na terça... Eu estava feliz, principalmente depois de ter saído da casa de meus pais daquele jeito.
Mas ela ainda estava triste.
-Amor... – falei sentando em seu colo.
-Me deixa Gabriel, estou cansada – ela disse se levantando.
Gabi foi ao quarto, fechou a porta e ficou em silêncio.
Eu sentei de volta no sofá e comecei a chorar... Ali, sozinho... Ao menos ninguém iria ver minha fraqueza...
Ela acha que eu estou a usando para me promover... Eu só quero uma vida mais fácil... e com ela... Nem conseguimos comemorar minha saída do armário ou o fato de morarmos juntos...
Meu primeiro dia morando oficialmente com ela seria assim... Nós não estávamos nos falando.
----------
Curtinho esse capítulo, não?
Não quero saber, não achem ruim. Vocês estão de castigo mesmo. Estão muito safadinhxs atrás de sexo, sexo, sexo. u.u nunca escrevi só sexo. Leiam a história também.
Morro de vontade de meus livros virarem Yaoi :3 com tudo... Com história, com sexo, com amor, com desespero, descrença, desesperança, felicidade, conquistas, derrotas, esperanças, tudo, como a vida normal é...
Não a minha, que é só drama
Bjs
Tkey-kun
----
Edit 1
Essa bagaça vai entrar em um pequeno hiatus... É o tempo que levo pra escrever mais capítulos.
Espero que vocês leiam... u3u
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro