CAPÍTULO 14 - PERDOAR NÃO É ESQUECER
Que...
Eu... deveria ter imaginado isso... Deveria rejeitar ir à Mamma Famma... Mas por que eles estavam lá? E no dia em que eu não estava com uma máscara cobrindo esse rosto... Com que cara eu vou encarar Alex agora?
Nós estávamos em casa, eu não tentava argumentar... Mas Alex não estava nem ao menos gritando, falando, brigando... Era perigoso não saber o que estava acontecendo em sua cabeça, eu não sei o que reagir... Além disso tudo, ele é um cara perigoso... Meu curso... Nossa relação... Meu emprego... o que ele vai fazer com isso tudo? E...
O que é que ele vai fazer comigo?
-Mas o que é que houve mana? – perguntou Gabi entrando no apartamento – Garoto, o que é que você tem? Parece que está vendo um fantasma... – disse olhando para mim.
Seu namorado entrou de boné e tímido atrás da Gabi. Ele se sentou perto de mim... digo, no mesmo sofá, mas como o sofá tem quatro lugares e eu estava sentado mais próximo à porta, ele ocupou o último lugar e ligou a televisão... E lá ficou... Mudo.
Alex não havia tirado a roupa. Ele foi ao quarto e Gabi o seguiu.
Ficaram lá conversando alto, mas não conseguia entender as palavras, ou eu não queria entender. Eu estava ferrado... Eu disse a Samyr que não era mais preciso, mas ele...
Eles fizeram mesmo assim...
-O que aconteceu? – o namorado de Gabi perguntou timidamente, mal olhando para mim.
-Eu estraguei tudo... – o respondi.
-Ah, vai passar, essas coisas sempre passam e o casal sempre volta à época das flores... – ele me disse como se tivesse querendo me consolar, mas sem saber como – Essa briga passa.
-Não vai passar cara... – eu o pontuei – Eu fiz mal a Alex... Você não entende! – disse falando alto.
-O que aconteceu de fato? – ele perguntou.
-Eu... – não consegui responder, então apenas pus a mão na boca.
-Olha, tem um terapeuta que cuidou de meus pais quando eles estavam com muitos problemas na relação, eu posso passar o contato dele... Ele salvou o casamento de meus pais – ele disse.
-Eu agradeço a ajuda, mas não há mais nada que eu possa fazer... – disse assinando minha derrota, aceitando qualquer punição... Por mais que eu odiasse as coisas que ele fez, não tinha o direito de ter feito o que fiz...
Por causa de mim Alex foi...
-Ele não vai para casa uma hora dessas! – Gabi gritou saindo do quarto de Alex – Está muito tarde Lexxa, ele NÃO VAI PARA CASA! SE VOCÊ O EXPULSAR EU TE DOU NA CARA, E NÃO ME VENHA COM SEU JUDÔ, KARATE, O INFERNO!
Eu e o namorado de Gabi nos olhamos sem entender, e depois fomos surpreendidos com Alex gritando do quarto:
-TÁ, MAS ELE NÃO ENTRA AQUI! – disse Alex batendo a porta do quarto.
Gabi a essa altura já estava próxima da sala, em minha direção.
-Gabi... erh... – gaguejou seu namorado – Amorzinho, o que está acontecendo?
Gabi não falou. Apenas deu um tapa em minha cara. Doeu em todos os sentidos... Sua mão era pesada... Mas aquele tapa me jogou novamente em meus pensamentos de culpa... Eu não tinha o direito de ter feito isso... E com Alex se declarando... Estávamos começando a nos entender, mesmo esse traste ainda me tratando mal.
Eu derramei algumas lágrimas enquanto Gabi falava algumas coisas que eu não consegui escutar... Eu estava em choque...
Eu era um merda... Como poderia ter feito isso?
Gabi se levantou, e seu namorado a seguiu. Eles entraram num quarto... o de Hóspedes. A casa ficou silenciosa... Algumas horas se passaram, e eu ainda estava sentado no mesmo lugar. Logo, a porta dos hóspedes abriu, alguém caminhava em minha direção. Era o namorado de Gabi.
-Cara – disse ele descalço, sem camisa, de corpo atlético e feições de um padrão americano – Toma.
Era uma coberta e um travesseiro.
-Você precisa dormir – ele disse.
-Obrigado, mas eu não quero dormir – o respondi pegando o que ele havia trazido.
-Você pisou na bola irmão... E feio... – ele disse compadecido.
-Eu sei – falei choroso – Eu queria... Morrer...
-E não foi só isso – ele falou, ignorando meu desejo de morrer – Você ainda omitiu esse tempo todo... É mais que traição... Eles estão revoltados... Mas a Gabi não tanto quanto Alex.
-Valeu cara – disse a ele – qual é seu nome?
-Me chame de Gael – ele esclareceu – Vou voltar, se não eu quem estará em apuros amanhã.
Gael se virou e voltou para o quarto.
Assim que passaram-se dois minutos, um vulto veio em minha direção. Eu não levantei a cabeça, pois sabia que era Alex. Ele vestia apenas um short feminino e uma meia fina até os joelhos.
Ele segurou meu queixo, levantou minha cabeça e ficou me encarando.
Eu comecei a derramar lágrimas, mas sem fazer som, sem soluçar... Sem nada disso.
-Eu quero os números de telefone desses três... Nomes... Agora... – disse ele.
Eu peguei meu celular e o passei.
Ele revirou tudo, levou ao quarto, e voltou de lá com um tablet, um óculos, e um roupão de linho fino. Eu não sabia o que fazer... Então tentei falar com Alex.
-Alex eu...
-Cale a boca – ele disse com cara raivosa sem olhar para mim.
-Mas eu... – tentei insistir.
-Cale a boca antes que piore tudo.
Alex ficou quase uma hora checando as coisas... E eu, apenas o olhava. Ele estava lindo... Ele era lindo... Inteligente, competente, esperto... Eu... Ele apenas não era um bom chefe de lidar. Nossa, o que eu posso fazer para reverter isso? Eu me sinto apavorado... Confuso...
-Eu terei uma surpresinha para eles durante a semana – ele disse levantando – Tome seu lixo – disse jogando o celular na minha cara.
Alex se aproximou, colocou sua mão em meu pescoço e me encarou. Ele estava com olheiras, eu tenho certeza que ele não conseguiu dormir.
-Está tudo bem... Mas vá pra casa amanhã – ele disse – Passe seu domingo... Na segunda-feira vá trabalhar normalmente, há várias coisas pendentes para você dar encaminhamento. E é só – e me beijou.
Eu não entendi o que ia acontecer. Eu apenas me deitei e apaguei, mesmo com a luz da sala acesa.
No dia seguinte eu estava em casa. Minha mãe entrava várias vezes no quarto, enquanto eu estive o dia inteiro deitado olhando para o teto. Não conseguia fixar meus pensamentos em coisa alguma... Apenas na culpa. Samyr havia me apresentado mais uma vez a ideia de zoar bixas, e eu apenas pensei que se desse um susto no Alex, por ele ter me demitido... Só um susto... Seria bom... Pra fazer o Alex pagar, e eu... Bem, eu nem iria ficar no grupo de Samyr. Eu passei a chave para ele... Droga... Eu não deveria ter feito isso... Passei o código para ele... Claro que ele não iria deixar para lá, mesmo eu tendo enviado uma mensagem para cancelar tudo.
É como Alex disse... Eu não passo de um fedelho... Dezoito anos e não cresci...
Na segunda-feira Alex estava me evitando. Aquilo cortava meu coração... Ele não me tirou do curso, não foi à minha casa... Não fez nada contra mim, mas poderia ser apenas uma questão de tempo. Eu não queria pensar nisso. Apenas queria que aqueles dias terminassem.
- Não – respondeu Alex.
-Certo – eu falei dando as costas e voltando a fazer meu trabalho.
Eu queria dormir em sua casa hoje. Aceitaria qualquer coisa que ele fizesse contra mim. Hoje no trabalho ele mal está falando comigo. Chega a ser estranho não ouvir uma reclamação dele a cada dez minutos. Rachel veio visitá-lo, o arrastou para o almoço. Ela também se queixou dele estar diferente... Droga.
Eu não senti vontade alguma de descer para o almoço.
-Oi Érik – era a moça que sentou comigo no almoço... Eu não... Não é possível...
-Dália? – me assustei.
-Você me ignora mesmo hein... – Ela me disse.
-Desculpa, não pude ligar – A respondi com vergonha.
-Não é isso – ela retrucou – Você não me viu chegando aqui com Rachel.
-Mas como assim? E o que é que você está fazendo aqui?!?! – perguntei surpreso.
-Bobinho, você ainda não percebeu? Eu trabalho aqui.
Aquelas palavras cortaram meu peito por um segundo, minha ex trabalha na mesma empresa que eu. Mas aquilo não importava mais... Eu não estava bem.
-Vem, te divido meu almoço, você não pode ficar sem comer assim – ela disse
-Você... – respondi – sempre solicita e preocupada.
-E você sempre transparente – ela respondeu – Qual é sua relação com Marinho? Vocês emanam algo estranho, e ele parece ter repulsa com você.
Eu estremeci. Parecia que ela era capaz de me ler.
-Erh... Sabe... Ele é complicado... – falei sem graça.
-Vocês estão namorando? – ela perguntou.
Eu pulei pra trás...
-MA...MA...MAS O QUE É QUE VOCÊ ESTÁ INSINUANDO?!?! – eu disse tentando me conter.
-Sua mãe sabe disso? Sua família era tão... Tradicional – ela falou enquanto me dava um sanduíche – lembro que um dos motivos do nosso término era porque eu era negra. Você não foi muito gentil, mas fazia tudo o que sua mãe queria... Mas eu vi nos seus olhos sua dor. Se sua mãe quiser que você termine o relacionamento com seu chefe, você vai terminar?
-Pare de falar besteiras, Dália – a disse sem graça.
-Ora, se acalme, estamos falando de coisas sérias... – ela respondeu sorrindo – Mas podemos mudar de assunto se você não está confortável.
Eu suspirei. Me concertei na cadeira da recepção... Pensei pouco... Dália era a única pessoa do passado que estava falando comigo ainda... Bem... Por ousadia, pois eu cortei relações com ela também.
-É quase isso que você, com sua magia wicca, descobriu – disse em relação a mim e Alex – Eu fiz besteira, e tudo está complicado.
-Nossa – ela disse surpresa – depois quero saber da história toda. Mas primeiro, cuidado com esses tipos de relações... Com o chefe, Kikko?
-É complicado, eu nem sei explicar tudo... E... Eu não devo explicar tudo... É...
-Não precisa falar agora – ela disse.
-Não precisa o que? – a voz de Alex interrompeu nossa conversa.
-Você ficou aqui Dália? – Rachel também estava presente.
-Esse almoço está cancelado – Alex disse a Rachel – Não posso sair do meu setor um minuto que logo surgem casaizinhos.
-Hey, não fale isso de minha funcionária – repreendeu Rachel.
-Eu já o conhecia – Dália disse.
-Diga o que quiser, eu não vou permitir visitas enquanto eu estiver aqui, prejudica o trabalho.
-Mas é horário de almoço – disse Rachel.
-Então almoce lá fora – Alex retrucou.
-Exatamente, vamos almoçar lá fora – Rachel falou pausadamente.
-Esquece Rachel, outro dia almoçamos – Alex disse entrando em sua sala e fechando a porta com força
-Outro dia nos falamos Érik – Dália disse se pondo de pé.
-Mas o que deu nele? – Rachel perguntou ao vento.
-Vamos – Dália falou a Rachel, pegando seu braço para sairem do recinto.
Num instante o telefone tocou e eu atendi.
-Entre – era Marinho irritado.
Ao entrar ele me disse para trancar a porta.
Antes que eu falasse qualquer coisa ele me gritou.
-Você é um... – Não conseguiu completar – Hoje você vai comigo para casa.
Eu sorri feliz. Enquanto ele ficava com mais ódio.
-E quem é essa?!? – ele indagou
-Dália, minha ex – o respondi relaxado.
-Devo me preocupar? Ou ela vai me atacar também? – Alex perguntou sarcasticamente.
-Não, Dália nunca foi disso – a defendi.
-Nem você era disso, seu fedelho – ele falou se aproximando.
Alex parou em minha frente, e me deu um tapa, que mais pareceu um soco. Minha cara ardia, minha mandíbula dóia, meus olhos ardiam e derramavam lágrimas silenciosas.
-Vai chorar... Típico – ele criticou – Exatamente o que um moleque como você faria... E eu ainda me presto a tentar fazer alguma coisa com você, olha só o que você fez comigo!
-Me desculpa – disse com a voz trêmula.
Eu não falava da Dália. E eu estava sentindo que ele também não estava falando dela.
-Desculpa é pouco – ele disse me empurrando para o chão, com seu pé direito.
Eu caí sentado. Quando olhei para cima seu sapato estava bem de frente a mim. Ele pisou na minha cara, e com força empurrou minha cabeça no chão.
BONK! Foi o som que se fez.
Uma dor subia em meu juízo, e ele ainda pisava em meu rosto, em meu peito, em meus braços.
-Levante – ele disse autoritário.
Eu obedeci arrependido.
Eu recebi outro tapa, mais forte que o anterior.
-Tire as roupas – ele ordenou.
Eu fazia sem contestar... Depois do que eu tinha feito com ele... Era o mínimo que podia fazer.
Alex foi mexer em uns armários, e saiu de lá com algumas coisa nas mãos. Eu não identifiquei direito o que eram. Ele apenas vestiu com força em mim. Parecia... Uma saia curta e rodada... Uma calcinha fio dental, que ficava aparecendo por conta da saia ser curta. Um top semi transparente, uma coleira de gatinho, algumas correntes... Pulseiras, e não sei mais o quê...
Então ele me empurrou no sofá, eu caí de quatro. Ele enfiou dois dedos de vez em meu ânus, e eu gritei de dor. Tentei lutar, mas ele deu dois golpes estranhos em minhas costas que me fez ficar com falta de ar e tossindo. Num instante ele enfiou algo em mim, que doeu... Ele mencionou algo de sangue e de virgindade, mas eu não entendi. Por fim ele pôs algo em meu pênis... parecia até de um filme pornográfico, algo pra prender.
-Vista-se – ele ordenou e eu o fiz.
Passei o dia com essas roupas por baixo. Na hora de ir embora veio uma surpresa... Estranhei o caminho, ele estava em outra direção. Mas eu não perguntei onde estávamos indo.
-Tire as roupas – ele ordenou.
Eu entendi que seria só as de cima. Mas estava relitante enquanto a isso.
-Tire-as – ele continuou rispidamente a falar.
-Mas o que é que você vai fazer? – eu perguntei tremendo.
-Tire-as – ele gritava e me socava com sua mão direita enquanto dirigia.
Eu cansei de lutar então tirei as roupas.
-Pegue o salto no banco de trás – ele disse, e eu o obrdeci.
Paramos em uma rua escura. Eu tremi, era meu bairro, eu estava a meia hora de minha casa... Ele não vai fazer o que eu acho que vai...
-Olhe pra cá – ele disse.
Quando me virei Alex estava com um comprimido estranho e uma garrafa de licor na mão. Ele simplesmente abriu minha boca e enfiou o comprimido em minha garganta. Eu tentei lutar, mas já estava com aquilo descendo e rasgando por dentro. Antes que eu tossisse, ele empurrou a garrafa de licor em minha bocar e entornou, me fazendo tossir, engasgar... Um pouco do licor estava saindo pelo nariz... E eu estava atordoado com aquilo tudo.
-Pare... cof cof – eu tentava lutar, mas não conseguia dobrar o Alex... Nem eu queria... Pois eu achava que merecia aquilo.
-Seus amigos pararam quando eu estava no chão sendo estuprado? Hein!?! – ele gritava dentro do carro e eu apenas chorava arrependido.
-Não era pra ser assim... argh... cof cof – tentava falar enquanto ele enfiava a garrafa tão forte que a boca batia em minhas gengivas, deixando-as feridas.
-E era para ser como? – Ele parou.
Alex estava olhando para mim com expressões de horror e ódio. Eu vi em seus olhos que ele não estava certo do que estava fazendo... Não era possível aquilo tudo está acontecendo...
-Foi o que eu pensei – ele disse tampando a garrafa – Você vai voltar amanhã para o trabalho se não está demitido – e ao terminar de falar isso, me empurrou para fora do carro e arrastou.
-Não pode ser...
Não podia estar acontecendo isso...
Eu comecei a sentir meu membro endurecer, mas com isso veio a dor... Eu fui checar e havia uma gradezinha de plástico com um cadeado... Aquilo puxava minha pele, meus pelos... Apertava tudo... Eu só conseguia chorar e ficar desesperado.
Eu comecei a andar sem saber o que fazer... E então vi um casal andando, atravessando uma rua um pouco distante. Eu corri na direção deles, com aquelas roupas ridículas e o salto alto.
Espera...
Eles não podem me ver assim... Droga...
Está tudo tão quente... Girando...
Eu preciso chegar em casa! Mas nem sei que horas são... E se minha mãe me visse nessa situação?
Eu andei pelas ruas do meu bairro, o mais rápido que pude... Entrei em becos, fugi de cachorros... Tentei não ser visto... Não podia ser visto. Droga Alex... Eu... Droga... Eu mereço isso tudo? Não poderia me espancar? Eu deixava... Eu faria tudo para você me perdoar... Será que você vai me perdoar depois dessa?
-Olha só uma bicha! – uma voz masculina gritou.
-FIQUE LONGE! – Eu gritei grave... Minha voz saiu arrastada e eu percebi que estava bêbado.
-Ela está nervosa – outro que acompanhava o exclamador falou rindo.
-Tira uma foto!
Droga.
Eu fui, corri para longe dali. Eu não me lembro do que ocorreu... Eu tropecei em uma senhora, me bati com freiras, caí em uma criança, quase fui atropelado... Eu queria fazer sexo, e estava com o corpo todo estranho, como se fosse febre. Tudo estava girando, e eu ainda assim conseguia andar, de alguma forma.
Até que eu apaguei. Onde? Não sabia. Passei a saber quando o dia amanheceu e eu estava na maior ressaca de minha vida, com cada centímetro de meu corpo doendo. Estava sem roupas e em minha cama.
Me levantei e comecei a andar pela casa, apenas enrolado no cobertor. Com a grade no meu... e só. Nenhum sinal da roupa.
Eu escutava uma voz calma, doce... Suave... E minha mãe trêmula, falando alto, chorando. Foi quando percebi que Alex estava na minha casa, com caras e bocas de como se estivesse estupefato, e minha mãe, Deus sabe lá em que dose estava. Não estava de dia... Era noite, mas as luzes estavam me atrapalhando.
-Mãe? – falei choramingando
-Seu cretino – ela disse se virando e chorando.
-Calma dona Damiana, pode ser o luto, lembre-se – disse Alex com o rosto triste.
-Se o pai dele estivesse aqui ele iria ver o que iria ganhar – completou minha mãe bêbada e chorosa – todos do bairro viram ele... todos... Eu tive que tirar aquelas coisas dele... Havia um rabo de gato enfiado lá, Alex, eu não sei mais o que fazer com esse menino... Por que o pai dele tinha que ter morrido logo agora? E levaram tudo dele, tudo... Eu não sei mais o que eu faço
-Ele pode perder o emprego se ficar faltando assim, mas eu vou dar um jeito – Alex disse.
-Leve-o, Oh meu Deus - disse minha mãe – Graças a Deus que você existe na vida de meu filho, Senhor Marinho.
-Mas que droga... – eu falei com dor na garganta e uma voz rouca.
-Cale a boca seu... – minha mãe disse se levantando e vindo em minha direção – Você acha que eu não sinto falta dele não? Isso não lhe dá o direito de virar uma bicha depravada e sair pelo bairro atrás de homem e crianças, Graças a Deus Hanna não vai dar uma queixa de você – disse minha mãe me estapeando.
-Mãe... para... – eu tentei suplicar mas levei mais tapas na boca.
-Seu depravado... Essa coisa... eu tirei até de lá... meu Deus... e isso... no sei... Oh meu Deus, que você não consiga tirar nunca mais! Seu imprestável – disse ela xingando enquanto Alex tenta contê-la.
-Vai dar tudo certo, ele poderá ir depois para uma república de estudantes, morar perto do curso, dona Damiana – Alex dizia enquanto minha mãe sentava.
-Leve esse menino, eu não quero nem olhar para a sua cara...
-Mas mãe... – eu chorava.
-Vamos – Alex me puxou até a porta da sala, onde estavam algumas malas prontas.
-O que está acontecendo – perguntei a ele.
-Você me pertence agora, fedelho – ele falou no meu ouvido – Você vai se arrepender de ter conspirado contra mim.
-Minhas roupas – disse apertando o lençol no meu corpo.
-Em casa te dou algumas.
Entrei no carro do Alex mais uma vez. Ele estava sendo gentil e gestos, mas suas palavras foram espadas em meu peito... Mas nada se compara com o que senti quando percebi que minha mãe me viu daquele jeito e me disse aquelas coisas...
-Amanhã teremos mais um show, fique atento no trabalho... E não falte a aula – disse Alex – Lembre-se, sua mãe não te quer mais em casa, e todas as suas coisas estão no porta malas de meu carro indo para minha casa... Se você sair da linha, te jogo na rua.
-Mas...
-Ah, e as roupas e adereços que ela queimou, você vai pagar... mas não aceito dinheiro, nem cheque ou nada do tipo... Sua dívida será grande... Vou juntá-la com a sua estadia e o dinheiro do curso... Você vai se arrepender de ter feito mal a mim, fedelho... Você vai se arrepender...
-Me... perdoa... Alex... – falei chorando e com medo dele.
-Você é lindo chorando, Érik – ele me disse pondo a mão em minha coxa – Não se preocupe, não há motivos para chorar.
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O capítulo de Hoje foi muito grande, sorry galera. Mas deveria ser assim.
Gente, por favor, ajuda o abiguim aqui, comentem sobre a história, se estão gostando ou não. Um dia desses eu disse que estávamos na metada da história, bem, eu não sei se estava de fato, mas essa história não será como VinhoRosé ou Incubus, que são enormes. Essa será menor. E na verdade nem deveria ter capítulo de 3,5k de palavras né? Eu queria que fosse apenas 1,5k mas não consigo fazer histórias curtíssimas assim.
Enfim.
Espero que estejam gostando,
Bjs,
Tkey-kun
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