CAPÍTULO 12 - UMA VEZ FEDELHO...
-São... remédios muito fortes, você sabia? – sussurrou Gabi pela porta – Alguns deles são praticamente sedativos.
-É só por pouco tempo... – a respondi.
-Graças a Deus que não precisa de operar nada para pôr no lugar.
-Mas os órgãos... Meu pulmão e meu fígado... Você acredita nisso? – perguntei enraivecido.
-Vai dar tudo certo... Tem os resultados dos exames, e você já está cuidando, não é? – me confortou ela.
-Não era você a preocupada, agora está confortadora? – perguntei rindo.
-Tsk! Cala a boca senhora, vá dar pra seu boy! – ela respondeu dando as costas e acionando o elevador.
-Vá comer o seu – disse rindo e fechando a porta.
Peguei o "enxoval" de remédios e fui guardá-los no armário de um escritório daqui de dentro de casa. Escolhi aqui, pois Érik ainda não conhecia todo o lugar, e esse escritório ele não entraria... Ninguém entra, só eu.
Após dividir os remédios de dores, sedativos, anti-inflamatórios, vitaminas e etc, eu peguei os comprimidos que deveria tomar pela manhã, os que podiam ser misturados ao menos. Desci do mesanino atrás de um copo d'água para beber um coquetel de sei comprimidos. Enquanto isso eu tive uma ideia inusitada. Bem, não que eu não conhecesse, mas a pessoa que estaria envolvida era inusitada.
Voltei correndo para o escritório, estava lá, dentro de uma das gavetas... Uma coleira preta, dessas para gato, com gizo e tudo. Sorri sozinho e senti até vontade de acordá-lo cavalgando nele, mas não estava com energia suficiente, e provavelmente eu não iria gostar de seu cheiro de fedelho matinal. Eram sete horas da manhã... Ele estaria derrubado de sono.
Eu deveria estar dormindo. Talvez eu coma alguma fruta e aproveite os remédios para passar minha manhã de sábado mais tranquilo.
E pensando nisso tudo, eu entrei no quarto, levantei a coberta, e Érik estava dormindo como um defunto. Isso é, sem conseguir acordar e fedendo como morto. Droga! Eu detesto isso... e eu estava agarrado com isso a noite inteira. UGH!
Coloquei a coleira e o gizo com cuidado, fiz um nózinho de fita, para ficar fofo... E tenho que admitir, o moleque desgrenhado dormindo, roncando, daria aquele tipo de cosplay fury de um gatinho descabelado, bagunceiro, que leva palmadas do daddy por ter feito alguma coisa mal.
Eu ri.
Ah, mas ele vai tirar quando acordar...
Já sei! Um cadeado prateado que tenho... Onde está? Aqui no quarto em alguma gaveta.
Demorei por volta de uns quinze minutos, mas encontrei. O levei ao Érik e pus o cadeado, lacrando a fivela, de uma forma com que ele não conseguiria tirar. E lá deixei, quase colado à pele do pescoço.
Ok, eu saí rápidamente do quarto, deixando um fedelho de dezoito anos, com pentelhos desgrenhados, e cabelos também, remelento e com hálito do tártaro. Que imprestável, não poderia ficar com cheiro que se preze a noite inteira? Dormimos com aquecedor desligado, afinal!
Eu comi algumas frutas cortadas e tomei banho. Por fim, cochilei no meu escritório.
Em poucos minutos eu acordo com dor de cabeça e a sensação de que fui atropelado por um caminhão de prostitutas que estavam torturando os pais de suas crias, no estilo de homem de família que sai à noite, e todos os corpos caíram sobre o meu, mesmo após o atropelamento.
Érik berrava à porta, batia com alguma coisa, pois o barulho era tão alto que parecia que ele iria arrombar. Eu olhei para o relógio e eram duas da tarde... "É, a doença do vagabundo passou para mim", pensei.
-Cala... A... Boca... Seu... Fedelho... – eu falei ao abrir a porta.
Ele estava ofegante, com olhos saltando do rosto, boca aberta, com várias veias saltadas pelo corpo, e vermelho, como se estivesse com insolação.
Ainda estava vestindo a calcinha e o sutien que o fiz usar.
-Está fofo, pelo menos – disse olhando seu corpo.
Ele olhou para seu corpo, deu um passo para trás tentando tampar a púbis. Se o problema era seus pelos saltando por todos os lados da calcinha, talvez ele tenha feito bem.
-Tá com fome, ô animal? – perguntei.
-N...n...não... erh... eu... estou sim... mas... não...
-Mas o quê então? – perguntei rispidamente – Eu estou com dor de cabeça, e você me acordou para quê então e não é fome?
-É que... É que... Que é que é isso que... – ele tentava esboçar uma resposta.
-Isso? É um gay enrustido de dezoito anos usando calcinha e sutien – disse apontando para ele – caso encerrado, elementar, meu caro Everton!
-Cala a boca! – ele gritou – Não venha com essas – disse ele sem mais vergonhas – Essa droga no meu pescoço, eu tenho certeza que é coisa sua. Eu já deveria saber que não é para eu acreditar que ficaria tudo simples e bem com você! Você não é de confiança, você me faz mal, você é tóxico, você é um péssimo chefe, não liga nem para quem eu sou... Não grava meu nome, me chantageia, abusa sexualmente de mim, você acabou com minha vida e agora quer me fazer de escravo...
-Sim – eu disse me jogando para frente e dando um peteleco nos gizos.
-Seu... Seu... Seu... – ele falou começando a ficar choroso mas raivoso ao mesmo tempo – Nem ao menos quer saber o que eu consigo fazer, nem ao menos quer saber o que eu faço, nem ao menos um "obrigado Emerson", mesmo errando meu nome... E que tipo de monstro faz isso com os outros? Eu perdi aula pra trabalhar, e...
-Quem nunca perdeu aula para trabalhar, bebê chorão? – perguntei a ele – Esse é o mundo real.
-ME DEIXA EM PAZ!!! – ele gritou – EU ODEIO VOCÊ! AINDA TENHO QUE ATURAR ISSO? – disse apontando para o guizo.
-Isso é o que está te deixando fofo... pela primeira vez nesses dias eu te achei fofo, Érik – eu disse enquanto ele ficou estático, de boca aberta, ainda chorando – Agora cala essa boca e vai tomar um banho... pode ser lá na suíte mesmo... Escove essa privada que você chama de boca. Tem roupas no meu guarda-roupa, pega um vestidinho, em você vai parecer uma camisa mesmo... E um short vermelho. Não preciso dizer que são "femininos", mas é a única coisa que tenho para você vestir, a outra alternativa é você ficar nu.
Ele abaixou a cabeça, deu as costas e desceu as escadas.
Antes de descer o último degrau, Érik parou de repente, virou-se e perguntou:
-Posso usar o seu sabonete íntimo?
-Não, eu posso comprar um para você... Neutro, floral, frutado... É só me dizer... – eu parei de falar... mas que droga é essa? Nenhum comentário sarcástico? Nenhum sadismo, senhor Marinho?
-Obrigado, senhor Marinho – ele disse submisso.
Mas o quê?! Ele estava fofo totalmente contrariado.
Eu desci correndo atrás dele, puxei-o pelo braço e olhei bem para sua cara. Ele ainda estava vermelho, mas não mostrava nenhum sinal de raiva.
-Me... me... me... solta... – ele gaguejou.
Eu o soltei.
Era vergonha, com algo mais.
Ele continuou seu caminho.
Eu e um fedelho cheio de pentelho e mijo na cueca... estávamos envolvidos...
O dia passou rápido e mal falávamos uma palavra. Eu preparei os pratos para comer enquanto ele lavava a louça. Quando não comíamos, ficávamos assistindo filmes na televisão, em sofás separados. Ele vestia um vestido curto de alcinhas, que cobriam apenas metade de sua púbis, e usava um short vermelho que indiquei a ele, como era feminino, entrava em seu rêgo, apertava seu pintinho e ovinhos. Deixava marcado, como se fosse uma bola. Ele não reclamou um minuto sequer.
No fim da tarde, Érik cochilou, e eu me aproximei do sofá para olhar seu rosto. Menos desgrenhado...
Após ficar encarando por um tempo, ele abriu os olhos subitamente e eu me assustei, era como se ele soubesse que eu estava ali... Fedelho esperto.
Ele sorriu e corou. Por impulso eu colei meus lábios aos dele, e ele retribuiu com beijos lentos... Mordiscando meus lábios.
Em poucos minutos ele já estava parecendo hipnotizado, ou embriagado. Érik desceu do sofá jogando seu corpo contra o meu, caindo comigo no tapete macio... Mordendo minha mandíbula, meu pescoço... Apalpando minhas nádegas muito forte, como se fosse esmagá-las com as mãos.
Logo ele estava babando.
-Espere, dessa vez precisamos fazer tudo certo – disse a ele o tirando de cima de mim – Vou buscar uma camisinha – disse me virando de costas.
Eu senti suas mãos arrancando a calcinha que eu estava vestindo, e me puxando para trás. Eu me desequilibrei, mas continuei de pé. Assim que percebi, Érik estava com a cara enterrada em minhas nádegas, lambendo minhas entradas...
-Assim não, fedelho maldito! – disse protestando – Precisamos de proteção – falei quase gemendo.
Não consegui ir para o quarto... Ali mesmo fizemos...
Após de um tempo considerável lambendo minhas entradas, Érik me puxou... Caí sobre ele, que deitava seu corpo no chão. Rapidamente ele tirou seu membro, que estava rígido e pulsando.
Eu me posicionei e ele me puxou novamente. Gememos... Ele mais alto.
Sem paciência, Érik começou a fazer os movimentos com o som dos guizos. Eu apenas o acompanhava, cavalgando nele, em direções opostas. Ele não resistiu e logo ejaculou dentro de mim.
-Agora seja um bom gatinho e venha se limpar – disse levantando.
Ele levantou junto e me seguiu.
Entrei na suíte, fui ao box, ele veio junto... Ambos nus.
Érik investiu outro beijo, mas eu o empurrei.
-Joelho... – disse apontando para baixo.
Ele fez uma cara de bicho.
-Agora, limpe a bagunça que você fez – disse ficando e costas e o puxando pelo cabelo, para um beijo grego.
Ele tentou resistir, eu o repreendia. Não era ele que quis fazer sexo sem camisinha e ejacular dentro de mim mais uma vez?
Não demorou muito para ele ficar excitado mais uma vez enquanto enfiava sua língua dentro de mim, para limpar seu esperma que escorria para fora. Ele estava se masturbando enquanto isso. E eu, com muito tesão.
Após Érik ter mais um orgasmo, eu desci, liguei o chuveiro para limpar seu esperma, e sentei novamente, de frente para ele dessa vez. Eu comecei a fazer os movimentos, enquanto segurava seu queixo e passava meu dedo polegar direito em seus lábios, conferindo seu esperma, que se misturava com água.
Era uma cena erótica e muito excitante... Ele estava arfando e com olhar de quem quer mais. Eu o beijei... E assim tive um orgasmo, melando seu peitoral.
-Você é traquino demais – disse a ele.
-Você me chamou de fofo mais cedo...
-Era por isso que você ficou todo obediente? – disse sorrindo – Ah, mas que fofo!
-Cala a boca – ele protestou olhando para o lado.
-Olhe para mim enquanto falo com você – disse puxando seu rosto para mim e dando um tapa de leve – Eu vou chamar você de fofo agora, talvez assim você mostre alguma utilidade no trabalho hein?
Ele me encarou com cara triste...
-O que são esses olhinhos tristonhos? Meu gatinho fofo? – perguntei a ele.
Sua reação foi corar. E eu rir muito alto. Érik tentou me fazer calar a boca, estava uma mistura de irritado com risonho.
-Ah, não vamos demorar – eu disse levantando.
-Vamos comprar um sabonete para mim? – ele perguntou
-De que você quer? – o perguntei.
-Frutado de morango – ele disse como se fosse um menino pedindo carrinho ao pai... ou sorvete... Algo do tipo.
-Moranguinho... hum... – falei rindo – mas não é para isso que estou dando pressa. Vamos ao Mamma Famma hoje de noite.
-O quê?! – ele perguntou com uma cara de espanto e medo.
-O que é que houve? – o perguntei – Você pode ficar de máscara lá, alguma que não obstrua sua face por inteiro. É por isso não é? Homofóbico... Logo você, que é o gatinho submisso de seu chefe bichinha...
-Não... cala a boca! Me deixa – ele protestou ficando de costas.
Eu olhei para sua bundinha, um misto de redondinha com alguns contornos rígidos e alguns pelinhos finos escapando de dentro das bandas, e pelos mais finos ainda por toda sua extensão... quase invisíveis... Era linda... Apesar d'eu preferir lisas...
Eu falando de bundas agora.
-Ei, não fica assim, eu te compro um sorvetinho de morango – disse rindo e puxando seus ombros.
-Vai ao menos tirar... isso? – ele perguntou, se referia à coleira.
-Não!
E brigamos o tempo que levamos para nos aprontar. Eu o fiz usar calcinha e meia calça por debaixo de uma calça jeans masculina. E sua camisa era por demais apertada, desenhava todo seu corpo. O ameacei várias vezes, então ele cedeu e veio atrás de mim choramingando. Que moleque idiota! Não poderia vir sem tanta resistência?
Ao chegar na Mamma Famma eu me separei de Érik por um tempo, e fui dançar. Estava com um vestido mais longo, com os ombros para fora, a peruca de sempre e uma maquiagem mais feminina ainda. Eu cantava em grupo e dançava com as meninas... Bem, haviam meninas heterossexuais e homossexuais em menor número... Mas haviam muitas transgênero e muitos viados afeminados dançando todos juntos. Era engraçado, eu era o único que deveria ser mulher, trans talvez, e que tinha uma voz grave. Acharam até que era um número de drag queen.
No meio da dança, um barman me cutucou.
-Com licença – ele disse polidamente – ele é seu? – ele se referia a Érik, que estava com os pulsos sendo apertados pelo homem.
-Meu gatinho! – disse tentando aliviar a situação.
-Se ele procurar briga novamente, eu terei que banir do recinto, se me dá licença – O barman disse saindo.
-Huuuuuuum – as meninas e os gays afeminados falaram em coro.
-Não sabia que tinha um gatinho tão lindo assim – disse uma enquanto eu beliscava o braço de Érik, avisando que iríamos ter uma conversinha.
-É, pois é... ele está precisando de minha atenção – disse a ela.
-Ah, não, queremos conhecer – uma disse.
-É, queremos conhecer! – um viado disse.
Eu me enfureci logo... Todas estavam de gracinha, o que elas acham que eu sou? O que elas acham que Érik é? Droga. Para Alex... É só um tempo... Não, não é um tempo... É algo mais que estava sendo formado... Depois de certos eventos que você passou com ele... depois de você ter começado a cuidar de seus estudos... você não pode dizer que apenas é um tempo que está passando com ele.
-Ele é meu, com licença – disse rispidamente saindo e puxando o Érik de lá.
Ele estava com a cara mais boba do mundo. Eu não sei descrever. Parecia um homem de vinte e cindo anos, que era infantil, e que a namorada fez uma coisa por ele, que ao invés dele responder como um cavaleiro, ou como um ninfomaníaco, ele pôs uma cara de criança, daquelas que se coloca para sua mãe ou seu pai, quando você não está sorrindo, mas está um pouco atônito, com a boca um pouco aberta, olhando para as costas de seu pai, ou mãe, como se fossem os maiores heróis do mundo... Aquela paixão que não envolve sexo... Aquela paixão que é apenas por admiração... mas que você... O que é que eu estou pensando?!?!
Saí de Mamma Famma e fui atrás de um táxi. Havia um no meio de uma rua escura.
-EI! – gritei grosso, bem, minha voz sempre foi meio grave – Táxi.
O carro piscou o farol e veio lentamente.
-Mas o quê é que é isso?!?!?! – uma voz conhecida soou atrás de mim.
Eu me virei e vi três... jovens... um alto, um médio e um baixo... A estatura dos que me espancaram em casa... A estatura dos que estavam me... Estavam aqui, num dia desses, próximo ao Mamma Famma, na verdade mais adiante.
Eu cerrei os dentes e dei alguns passo na direção deles.
-Érik Sanches... você deixou a escola para virar viado?!?! – um deles disse.
São da antiga escola de Érik...
-Não é nada disso Samyr, eu... Não é de sua conta, tá bom!? - Érik disse gaguejando.
-Eu estava pensando, onde você estava, principalmente depois de tudo.
-Cala boca! – Érik disse alto.
-Eu sei que foram vocês que invadiram minha casa – eu entrei na conversa querendo satisfação. Estava com medo, mas eu iria dar uma coça naqueles moleques.
-Moça, a senhora quer ou não quer o táxi? – o taxista gritava.
-Você não cumpriu com o acordo afinal – disse Samyr – digo, mandou a gente quebrar a cara dessa bicha... mas hoje aparece com ela e fantasiado de viadinho... Se você queria traçar ela, deveria ir diretamente a ela, não dar uma de... não é herói... esqueci a palavra... não importa, afinal de contas deixamos só o bagaço mesmo – concluiu ele.
Eu estava confuso e extremamente irritado.
-Enfiamos tudo o que podia, deve estar toda podre e acabada – disse o Samyr rindo.
-Seus pênis não fizeram nem cócegas em minha vagina! – eu disse olhando para a cara deles.
-Ora sua bicha – outro gritou e correu em minha direção.
-Tchau moça – o táxi disse.
Eu derrubei o mais alto, que apagou no chão.
-Vocês vão pagar – disse o outro pegando o amigo atordoado juntamente com Samyr.
Eu os deixei ir, eu sabia que iria conseguir me vingar daqueles desgraçados.
Virei-me para Érik, que estava chorando, de boca aberta e tudo.
Eu estava...
Eu...
Mas...
Érik...
Não...
-Alex...
-Cala a boca – disse o puxando pelas mãos e andando rua a dentro atrás de outro táxi.
Ele estava andando atrás de mim, como um filho choroso e arrependido sendo arrastado por um adulto.
Tsk... Eu achei que...
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Haro mina-chwan!
Como vão?
Estão curtindo? Espero que sim. Comentem por favor. Apesar de que... eu estou escrevendo esse recadinho antes mesmo de ter publicado esse capítulo, digo, hoje é dia cinco de dezembro de dois mil e dezanove. Ele ficou de molho, mas agora está prontinho para vocês lerem. Valoriza o escritor gente, deixa aí um recadinho, um "tu escreve muito bosta mano", ou um "pivete, dorei", ou um "hazô viado!"... talkei?
Bjs a todxs, feliz natal, quando for natal. Feliz ano novo, quando for ano novo. Feliz carnaval, se eu postar isso no carnaval (LOL)
Tkey-kun.
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