CAPÍTULO 04 - QUANDO CHOVE
Ele desmaiou depois de gozar mais uma vez. Estava suado e começava a feder a moleque. Não que aquele cheiro fosse ruim, mas eu não gostava desse cheiro quando chegava a uma determinada... intensidade. E óbvio que chegou. Nossa eu não chego a ter orgasmos assim desde, nem sei quando. Chegava a ser engraçado como as coisas estavam acontecendo conosco. Na verdade creio que perceber que ele tinha sido abalado por mim e tentou dar o troco, mesmo com medo, me despertou essa possibilidade de amarrá-lo a mim. Seria um bom passatempo, afinal de contas minha vida se resume muito a trabalho.
Após refletir um pouco sobre isso e pus um colchão bem macio no chão e o empurrei para lá. Forrei Erik e deixei dormindo. Fui comer algo e fumar na varanda. talvez comemorando alguma vitória... Não sei... Essa sensação de incerteza é uma droga. O que tenho certo é que Erik estava, ao menos no sexo, totalmente ligado na minha, caidinho. Ele curte esse lance de feminização, ele só não sabia ainda. Não sei se ele gosta desse joguinho barato de dominação. Foi estranho quando ele me disse que queria me ver. Talvez eu possa de fato usar ele, mas que ele não se engane, eu não vou facilitar sua vida no trabalho... Aliás eu já sei quem eu quero levar para trabalhar comigo. Eu vou encerrar seu estágio e contratar como secretário pessoal, há esse novo cargo, que não exige presença integral na empresa. Não levarei mais ninguém, além de Joanna, é claro. Darei um jeito de encaixá-la de alguma forma.
Há uma secretária no escritório mas ela é de todos os gerentes, e cada um tem seu, ou sua secretária... Não pedem exigência de nível médio, não necessariamente... Erik já tinha dezoito anos então ele poderia ser contratado afinal. Mas seu horário não pode ser muito cedo por conta da escola... Teria que trabalhar entre uma da tarde às seis... Meio turno... Seria mais caro que um cargo de estagiário, mas seria mais barato que um de secretário normal. E como disse... Ele pode usar outros horários para resolver pendências que não exijam sua presença. Bem, depois eu pensarei em como isso vai se desenrolar... Meu secretário, assediado sexulamente por mim, todos os dias. Que clichê mais sem graça. Ele vai aceitar, a coisa tá ruim em sua casa.
A chuva interrompeu meus pensamentos, eu entrei e tomei um banho. No banheiro eu tive uma surpresa: a camisinha estorou e eu estou todo melado. Passei um bom tempo xingando esse desgraçado, enfiando ducha dentro de mim e sabão líquido. Quando enfim terminei desci para a cozinha para comer alguma coisa. Lá fiquei olhando para o lado de fora, quero dizer, sentado no balcão e olhando através da porta de vidro, o cenário urbano caótico com uma chuva forte.
Fiquei assim por muito tempo, não lembro o que pensei. Eu estava melancólico depois do sexo. Será que é o que chamam de depressãonpós coito? Quando subi já eram nove da noite, e eu estava muito cansado. Rejeitei os convites de Gabi e do pessoal para sair, deitei na cama, olhei novamente o rosto de Erik, que roncava... Que guri sem classe. Mal estava coberto, ronca alto, e estava fedendo. Fui para o canto da minha cama e dormi.
_Merda! - escutei - Merda! Merda! Merda! - sua voz ecoava na minha cabeça cada vez mais alto.
Quando abri os olhos eram três da manhã. Podia ver o horário do relógio no criado mudo bem nítido. Tudo estava escuro, frio, ainda chovia, e Erik xingava do outro lado da minha cama, além de chorar. Imbecil. Interrompeu meu sono por choro de raiva. Me levantei lentamente.
_Desgraçado! Merda! - ele continuava sem ter percebido meu movimento.
_Você não tem mesmo caráter, não é garoto!? - o disse cortando seus xingamentos obsessivos - xingando por trás de mim.
_Droga! - falou ele com um tom de medo.
Eu liguei o abajur do criado mudo, levantei, fui para frente dele e de pé, usando apenas uma lingerie rosa bem transparente e confortável que visto para dormir. Ele ficou me olhando na penumbra. Dava para perceber que ele estava perplexo com tudo isso. Erik engoliu a seco e depois ficou de boca aberta, atônito, esperando uma reação minha. Eu olhei para todo seu corpo, ele teve uma ereção. Por um momento eu estranhei, mas lembrei que era normal para a idade ficar assim o tempo todo, eu é quem teve que usar remédio aos desesseis anos para poder ter uma ereção e fazer sexo com a namoradinha.
_Seu corpo é mais sincero do que você... - eu o disse.
_O quê? - ele perguntou assustado.
_Você tá duro - o respondi.
Ele olhou para baixo assustado para constatar. Logo em seguida levantou a cabeção com uma expressão de cão raivoso, como se a culpa fosse minha e aquilo fosse uma coisa ruim. Bem, a culpa era minha, claro que ele iria se sentir excitado na minha presença! Agora ele tem obrigação, caso não queira ter sua vida atrapalhada ou acabada.
_Imaturo - falei com total desdem olhando nos seus olhos.
_Cala a bo... - ele ia respondendo.
_Muito imaturo você! Eu estou tentando dormir enquanto você está aí, choramingando e me culpando por ter gozado várias vezes, não é Henrique - o falei interrompendo.
_Mas o que? - ele me disse confuso - Que MERDA! MEU NOME É ÉRIK! - gritou.
_Abaixe o volume de sua voz, fedelho idiota - disse a ele pisando em seu pênis.
Érik tentou tirar minha perna, deu um soco em minha canela.
_Você tem certeza que quer fazer isso? - o perguntei - olhe bem em quem você está esmurrando.
_Merda - ele falou baixo largando minha perna.
_Não vou hesitar e bagunçar ainda mais sua vida, eu já te avisei - o disse pondo mais peso no pé - agora peça desculpas que eu paro com isso. Além de que você está em minha casa, sujando meu lençol, meu colchão, comeu da minha comida... E está atrapalhando meu sono. Você acha que pode fazer isso e ainda me esmurrar?
_...
_Vamos - pisei ainda mais forte - peça desculpas!
_Aah! - gritou ele de dor - De-de-des... - Érik parou de falar. Ele era orgulhoso, não iria se desculpar assim. Iria fazer algo contra mim, eu sentia isso.
Mas para minha surpresa Érik começou a ofegar.
_Vamos! - insistia eu, variando o peso de meu pé... Levantando e pisando - Peça desculpas já!
_Hmmm! - ele gemia com as duas mãos tapando a boca.
_Não me faça ficar repetindo seu imbecil! - eu estava me enfurecendo.
Érik então ejaculou e sujou o colchão e a sola de meu pé. Ah, era isso que estava acontecendo com o fedelho... Ele passou a sentir prazer. Não vai ficar barato. Levantei meu pé e empurrei na sua cara. Como ele havia tirado as mãos da boca, e estava com ela aberta e ofegando, acabei limpando a sujeira em sua boca.
_Passe a língua, não vou sujar meu chão com a merda de seu esperma de... Merda... Seu fedelho de merda! - reclamei sem criatividade.
Ele lambeu a sola de meus pé por um tempo, depois segurou meu pé com uma mão, para ajudá-lo a lamber melhor. E com a outra mão ele estava se masturbando. Mas que insolente! Tive vontade de chutar sua cara. Tirei meu pé da cara dele, dei as costas ao som de algo que parecia uma bufa. Me virei e ele estava enfurecido... Se fosse um cartoon ainda daria para vê-lo bufando pelo nariz de raiva.
_Você é tão imaturo... Inconstante - o humilhei - Há pouco estava aí, com toda a raiva do mundo de mim, depois estava gozando comigo te maltratando... Ainda queria mais... Está até revoltado por eu ter cortado sua vibe.
Ele olhou para mim surpreso com o que disse. Abaixou a cabeça e suspirou.
_O que você quer comigo? - ele perguntou - eu não mostrei a foto a ninguém... Eu juro! Ela nem mais está em meu celular... Eu não fiz backup, eu...
_O que eu quero? - perguntei me aproximando e me abaixei para ficar com o rosto no mesmo nível do dele - Eu quero que você pague toda aquela humilhação que você me fez passar, para sempre! Quero que você nunca mais na sua vida consiga fazer sexo com uma mulher, que pense em mim sempre, que meu fantasma te atormente, e que você sempre morra de angústia dividido entre me odiar e o fato de amar fazer sexo comigo. Eu quero ver você sofrendo assim todos os dias - disse a ele sem pensar.
Érik olhou para mim, derramou algumas lágrimas, ali mesmo e de boca aberta. Eu fechei sua boca, dei um peteleco na sua testa e disse:
_Ou algo parecido - droga! Não esperava vê-lo derrubando lágrimas assim. Aquela cena era digna de uma foto. Estava tão fofo... E eu é quem estava dividido... Por que estava gostando de fazer aquilo com ele e me preocupando com ele ao mesmo tempo?
_Emerson, vá tomar banho - disse para despistar - Você tá fedendo. E vá comer alguma coisa. Não atrapalhe meu sono moleque, amanhã ainda tenho que te deixar na estação para ir pra casa, sua mãe vai ficar preocupada com você.
_Minha... Mãe...? - ele falou. Ficamos em silêncio e ele começou a chorar como uma criança.
Depois de alguns minutos vendo aquela cena e dividido em achar deplorável e excitante ao mesmo tempo, sentei em seu colo, apertei a cabeça dele em meu peito, na esperança de fazê-lo chorar. Eu estava esperando a coragem de xingá-lo, denegrí-lo, mas não veio...
Eu senti seu pênis pulsando debaixo de mim.
_Babaca - falei em seu ouvido.
Usei o esperma remanescente em seu pênis como lubrificante e o coloquei dentro de mim. Comecei a fazer os movimentos, flexionado a perna, assim seria mais rápido do que se eu estivesse rebolando. Parei de abraçá-lo, coloquei a mão em sua boca, para abafar o choro, e empurrei o fazendo cair no colchão. Assim fiquei sobre ele até ele gozar. Ali continuei até eu gozar. Droga.
Me levantei puxando ele pelo braço. O conduzi ao banheiro de visitas, o empurrei no box.
_Só saia daí quando tirar esse fedor de você. Seu lixo. - falei na tentativa de me manter em superioridade.
Saí do banheiro e fui para a suíte repetir o processo de ducha. Não acredito que tinha feito aquilo. Deve ser a chuva... Ela lava a maquiagem e faz brotar nossa melancolia de dentro do nosao mais profundo núcleo. Por que eu faria essas coisas? Era ele quem deveria estar confuso! Era ele quem deveria estar sofrendo assim... E com esse pensamento eu percebi que estava de certa forma sofrendo. Preciso reprimir isso.
Terminei meu banho, fui direto para a cama sem roupas. Estava chatiado para escolher alguma porcaria para vestir. Em algum momento da noite eu ouvi barulho na cozinha. Bem, eu tinha dito a ele para ir comer, deventer ido buscar comida. Em outro momento da noite eu senti calor vindo das costas. Estava sendo apertado, e tinha um vento quente nas minhas costas. Aquela sensação era de alguém dormindo atrás de você, lhe abraçando... Moleque idiota... Se eu não estiver sonhando, aposto que é ele dormindo bem aqui com toda sua carência idiota. Eu não tinha forças para atestar minha intuição, então não abri nem os olhos e nem me levantei.
_Senhor Marinho... - ouvi uma voz me chamando de longe. - Senhor marinho - a voz irritante continuou.
_Fo***e - retruquei.
_Acorda! Você disse que iria me levar para a estação de manhã! Eu fiz o que você queria! Eu tenho que ir pra casa! - Era o Érik me balançando e falando em tom de raiva.
_Merda garoto! - gritei tirando suas mãos de mim.
Eu levantei e olhei para o relógio, eram 10hs da manhã! Droga! Me cansei muito para dormir tanto assim! Fui à gaveta, peguei algum dinheiro, empurrei no peito de Érik com a mesma força de um soco, ele fez careta de dor.
_Sai daqui! Vai! Pega um táxi, um ônibus pra a estação, qualquer coisa! Some de mim! - falei empurrando ele até a porta.
Suspirei fundo, me apertei de frio, ainda estava nu. Olhei para a porta de vidro da varanda, caminhei rapidamente para lá e fechei as cortinas para diminuir a luz do dia, que não era muito, pois o céu ainda estava cinza... Ainda ia chover.
Fui para a cama me deitar e tentar dormir. Mas não estava conseguindo, pois estava pensando na merda que eu fui fazer com Érik. Não me permito pensar sobre isso! Não! Deve ser o sexo que me deixa pensando nisso tudo... Nele... Eu nunca tive experiência com alguem mais novo que eu, sempre da mesma idade ou mais velho. Eu tenho desessete anos a mais que ele, é a primeira vez essa experiência, deve ser por isso que estou assim.
Droga, a sensação de tentar domá-lo e sua rebeldia é um jogo que se mostrou muito excitante para mim. Segunda-feira eu mudo de setor, eu vou demitir ele e readmitir só na terça ou na quarta, apenas para brincar com sua cabeça... É isso que eu vou fazer! Pronto Alex! Pense nisso! Segunda você terá uma bela cena deliciosa para montar!
Levantei meio dia e fui procurar algo para comer. A cozinha estava uma zona. Filho da... Até prato quebrou... Prato caro! Louça sem lavar, sujeira escondida debaixo da pia, balcão sujo... E ainda mais. Essa semana vai ser pior que a anterior... Ele vai ter o que merece.
Passei um tempo limpando toda a cozinha. Aposto que Érik nunca precisou lidar com uma cozinha. Se não me engano ele e sua família eram ricos, o pai faleceu ano passado, ele perdeu de ano, sua mãe está em um luto prolongado e pesado para levar sozinha... Merda, estou pensando nele novamente.
Após me repreender por estar pensando em Érik, me senti mais uma vez melancólico. Ainda sem roupas, levei uma tijela cheia de comida para a sala, comi assistindo televisão e vendo a previsão do tempo para a semana. Contávamos com uma tempestade que só iria passar lá para quinta-feira. Apesar d'eu estar no seco, sindo uma chuva aqui dentro. Uma da qual não sei quanto tempo mais eu iria conseguir suportá-la e fingir que não estou me molhando.
Gabi me telefonou para falar de seu novo namorado. Uma bixa heteronormativa e malhada. Chamo bixa porque ele era desses trastes que se colocavam como homofóbicos, mas saiam com homens e eram, inclusive, passivos. Ser passivo para essa sociedade significa ser mulher. Eu não quis levantar essa polêmica e não quis falar sobre como poderia ser ruim para Gabi namorar um cara assim... Ela sai para todos os lugares, como ele iria acompanhar se não pode divulgar sua sexualidade? Era algo que eu entendia por passar por isso, de alguma forma, com a diferença de não ser um babaca homofóbico.
Fiquei calado quase a conversa toda, que durou até a metade da tarde. Gabi me distraiu em meio a essa tempestade. Após conversar com ela eu me aprontei e desci para correr na esteira na academia do prédio. Quem sabe o cansaço poderia me fazer dormir e acordar amanhã para mais um dia rodeado de incompetentes e longe de pensamentos melancólicos que nunca combinaram comigo nem com meu brilho de ser.
Assim o fiz, e apostei certo no cansaço. Após eu tomar banho não consegui comer, caí na cama e desabei, só consegui acordar com o despertador tocando. Era hora de trabalhar... Era hora de Alex Marinho voltar ao salto e fazer o que ele sabe fazer de melhor.
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Oi gentem
Queria dizer pr'ocês que FEMME não saiu da pausa! Eu só estou com saudades dessas histórias todas que faço na cabeça e que estou colocando para fora! É que eu estou muito atarefado e aí ao mesmo tempo queria terminar logo Incubus Dourado...
Tenho muitos planos com Incubus e é a segunda mais "hard" que estou escrevendo. Quero focar em fantasia, aventura, relacionamentos... Então preciso terminar Incubus Dourado, que é cheio das porrada, para seguir com esses outros projetos.
Ou seja, vai demorar para rolar o próximo capítulo de FEMME... Sorry galera.
Mandem força pra mim, quero virar Sith hahahhaha
Piada ruim.
Ok.
Bjs
Tkey-kun
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