Algumas tragédias acontecem para nos lembrar,
Do quanto a falta de empatia vai nos matando,
Diminuir e desmerecer as dores dos outros,
Lutamos pelo nosso, por quê não pelos outros?
É um fardo pesado? Imagina uma luta de poucos;

Nós pregamos uma melhoria na educação,
Porém educar não é só matricular as crianças,
Não é só fazê-las aprender calcular e escrever,
Ensinar empatia e gentileza, ser menos desigual,
Temos sido exemplos falhos para nova geração;

Gritam nomes de outras vítimas, a mesma tragédia,
Tentando abafar uns nomes e exaltar outros,
Uma briga de braço partidária, partida já partida,
O sofrimento é o mesmo e as vítimas diferentes,
Desmerecem e fazem graça como selvagens;

Cadê a Marielle que estava aqui?

Lutamos pelo que acontece em nosso quintal,
Das coisas fora dele, pouquíssimo ligamos,
O que tá fora do quintal, dos limites, do pais,
Gente em risco, sumindo, se escondendo,
Por que ficamos em casa tão tranquilos?

É para diminuir a dor? Se não doeria para sempre,
Diminuímos as dores alheias até sentir a nossa,
Os nossos interesses, nossos egos, nosso mal,
Nossa indiferença mata mais que exércitos,
Corpos são enterrados, nossa alma apodrece;

Quem vai consolar suas mães? Eles tem alguém,
Lutando por um mundo justo sendo injusto,
Calam nossa voz, riem das nossas mãos juntas,
Quantas guerras e ditaduras até nos lembrar,
Que somos um povo, um mundo, um choro;

(Data: 19 de Novembro de 2018)