Prólogo
É sobre pertencer, não, é primeiramente sobre ser.
Ser terra pesada, arenosa, seca ou em florescência. Matéria básica do nascer, do brotar das flores. A vala final da existência.
Ser ar leve, flutuante, que traz vida. Ou denso e sufocante, tão sufocante quanto possível.
Ser água límpida, purificante, que sacia a sede. Mas também água insípida, salina, que nunca é suficiente, que não preenche para a vida, mas afoga, até não sobrar nada, ninguém.
Ser fogo abrasador, caloroso, aconchegante, que traz força. Ou consumidor, não, não consumidor, mas devastador... Então só restam cinzas e fumaça.
Mas se é sobre ser e não sobre pertencer, por que eu sou apenas o feio, o tenebroso das coisas?
Se o que sou são apenas rastros de fumaça, resquícios de devastação; eu não quero ser.
Então, eu prefiro pertencer. Pertencer ao bonito, ao agradável. Pertencer à euforia, ao incerto. Sim!
Quero pertencer ao céu, como as nuvens - que parecem fumaça. E se eu sou fumaça, que eu seja a fumaça mais bela, menos repulsiva, mais bem-vinda.
Sim.
Quero pertencer ao céu, meu céu. Pertencer à você.
- Confissões nunca ditas de uma jovem à beira do precipício
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