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05. Inferno II

Bebidas, homens idiotas e o mar. Essas eram as três coisa favoritas da minha mãe, ou pelo menos foi o que pareceu para mim durante toda sua vida.

Eu tinha por volta de 7 anos quando minha mãe abriu o bar, talvez tivesse um pouco mais, não me lembro com precisão. Ela e meu pai tinham adquirido com dificuldade o dinheiro necessário para abrir o negócio - um empréstimo longo, com juros altos e pouco vantajoso.

O terreno era herança dos meus avós maternos já falecidos, mas todo o resto, a construção da casa, os móveis, os suprimentos do bar... tudo foi comprado com o dinheiro do empréstimo. Naquele tempo, achei que estávamos ricos. Minha mente infantil não conseguia compreender que todas aquelas novidades chegavam com um custo enorme para minha família.

O bar ficou pronto em um tempo relativamente rápido, eles tinham pressa para abrí-lo, precisavam ganhar dinheiro para pagar o empréstimo, já nossa casa no andar de cima teve que ficar para depois.

Meus pais perceberam depressa que as coisas nem sempre saíam como o queríamos e acabaram gastando mais do que planejavam no bar. Eu também percebi com rapidez que não éramos nem um pouco ricos. Foi uma período de muitas descobertas entre nós.

Moramos por mais de um ano no bar. Meus pais dormiam em um colchonete estendido no meio do salão e eu me acomodava numa cama dobrável dentro da despensa de alimentos - um quartinho pequeno perto da cozinha. Lembro que a cada semana chegava na escola cheirando à um tipo diferente de comida de bar, tudo dependia do que minha mãe tinha escolhido para servir como prato da semana.

Foi um ano difícil, mas fui feliz mesmo que a situação não fosse favorável. Eu gostava de dormir na despensa de alimentos, eu poderia comer durante a madrugada e ninguém saberia; gostava ainda mais de escutar as conversas dos clientes por trás do balcão, eles mal sabiam que eram meu jornal oficial de fofocas da vila e as histórias dos pescadores eram as mais diferentes e absurdas possíveis, eu morria de rir todas as vezes.

Porém, enquanto eu ria, meus pais brigavam. Brigavam, choravam e gritavam um com o outro. Eles tentavam não fazer isso na minha frente, mas era quase impossível esconder qualquer conversa num lugar pequeno como aquele. O desgaste foi aumentando e aumentando até que culminou na separação nada amigável dos dois.

Em resumo, meu pai abandonou minha mãe - e eu, consequentemente - pouco depois do primeiro ano de abertura bar. Ele não aguentou a pressão, eu acho.

Pela manhã ele estava lá, tomando café da manhã, olhos vidrados na janela; à noite tinha ido. Para sempre. Não se despediu de mim, eu estava na escola e quando cheguei vi minha mãe chorando ao lado de tia Joo - não sei como ela foi parar lá, só nos víamos duas vezes no ano quando muito, porém, foi a única a tentar me explicar a situação.

Meus pais se separaram e não tinha volta.

Minha mãe nunca mais comentou nada sobre Lee Gwon, ele foi apagado da memória familiar. Ela rasgou e queimou todas as fotos que tinham juntos, inclusive o álbum de casamento que tanto estimava.

Vendo ela daquele jeito, não tive coragem de questionar; eu também sofri com sua partida, mas achei que eu não tinha direito de chorar, já que minha mãe parecia tão pior que eu. Resolvi ser seu porto seguro me aproximando dela - ou tentando -; ajudando-a no bar; cozinhando para ela, quando percebia que mal conseguia se levantar da cama...

Para uma criança que não tinha nem 10 anos, eu parecia ser a adulta da situação, e mesmo assim nada adiantou. No final, eu e minha mãe nunca mais fomos as mesmas parceiras que éramos antes do meu pai ir. Nossa relação se deteriorou de uma forma mais feia que o relacionamento conjugal deles, eu percebi isso já adulta.

Minha mãe conseguiu levar o bar em frente - apesar de tudo, sempre vou admirar sua força - e ainda construir o andar. Pagou o empréstimo de sete anos e então pegou outro de cinco para fazer nossa casa em cima do bar. Ela superou meu pai, ou pelo menos fingiu que sim, e então, dois anos depois da partida dele, começou a se relacionar com outros homens.

Fiquei feliz por ela sair do estágio de semi-morte em que se afundou, eu queria vê-la feliz, sorridente, a mulher que eu conhecia antes de tudo aquilo, mas logo meu entusiasmo passou.

Todos seus casos eram com um cara pior que o outro, e quando eu completei 14 anos, não havia uma pessoa naquela vila que não cochichasse ao me ver passar. Eu era a filha da prostituta da vila, da mulher da vida que se deitava com todos. Escutei isso até a o último dia de minha mãe e depois também, escutei durante seu velório.

Este era um dos motivos do meu ressentimento com aquele lugar. Eles, os moradores, nunca pensaram no quanto minha mente foi consumida por cada comentário, cada xingamento direcionado à minha família, cada pedra jogada na janela do bar, cada pichação na porta do meu armário na escola, cada insinuação de como eu seria a próxima prostituta, a próxima perdida da vila.

Eu os odiei tanto e aquilo me consumiu por tanto tempo, que não acreditei que conseguiria ser capaz de sentir amor por ninguém, seja naquela vila ou no mundo inteiro; o ódio era tudo que eu tinha em meu coração.

E então, Park Jimin apareceu e depois Min Seo-jun. As coisas pareceram ficar mais suportáveis por causa deles, minha visão ficou menos nublada quando eles adentraram minha vida e eu vi uma chance de ter, ao menos, momentos espaços de felicidade nos meus dois últimos anos no ensino médio.

Seo-jun me mostrou que eu era digna de amor e Jimin, bem, ele me mostrou que eu não estava sozinha. Eles foram os únicos a me fazerem acreditar que eu poderia viver, que eu também tinha esse direito.

Foram os dois melhores anos que eu tive depois de muito, muito tempo, e acabou. Eu acabei. Estraguei tudo por um momento de desespero, e então, nossa amizade se desfez em pó.

Caminhei até a bancada da cozinha em busca de um copo de água, minha garganta queimava.

Tia Joo parecia não gostar de mudanças na decoração; tanto o bar quanto o andar superior continuavam, praticamente, os mesmo. Até o cheiro da casa continuava igual, nem os inúmeros difusores de ambiente espalhados pelos cômodos conseguiam mascarar o cheiro de bebida barata que lugar exalava.

Uma mistura de soju, vodka e whisky falsificado atingiram minhas narinas, queimaram mais ainda minha garganta. Era sufocante estar ali.

Bebi um copo d'água, as mão tremiam levemente. Da bancada, encarei a porta de madeira escura que ficava de frente para escada, era o quarto de tia Joo, mas antes - oito anos antes - era o quarto de minha mãe.

Foi ali que eu a encontrei desacordada, uma garrafa de soju jogada ao lado e vômito e sangue. Ela morreu dois dias depois da internação. Cirrose hepática. Ela sabia que estava doente, segundo o médico, mas não quis se tratar.

Desviei o olhar da porta, não entrava lá desde aquele dia. Fui em direção ao sofá marrom no centro da sala, eu deveria descansar um pouco, deveria dormir para passar o tempo, mas seria impossível.

Cada um dos meus sentidos se sentia inundado de estímulos, imerso em memórias sensoriais. Como descansar, quando tudo ao seu redor era como um folha do diário de sua vida? Ver aqueles móveis, era ler cenas do meu passado; sentir aquele cheiro, me sugava para momentos dolorosos, escutar o ranger do vento contra a janela, era como escutar os gritos de minha mãe.

Tortura, aquilo era uma tortura desmedida e eu devia ir embora, esperar em outro lugar, mas não fui. De certo modo, eu merecia aquilo, não merecia?

Han Gyuri não foi uma boa mãe, mas eu com certeza não era uma boa filha.

Boas filhas não odeiam sua mãe. Boas filhas não torcem para sua mãe quebrar a perna para que não consiga mais sair. Boas filhas não roubam o dinheiro da caixa registradora - mesmo que para evitar que ela gaste tudo na noite. Boas filhas não gritam com sua mãe. Boas filhas choram no enterro de sua mãe, eu não chorei, e ...

... boas filhas não perdem sua virgindade no chão da sala com seu melhor amigo - mesmo namorando com outro dos melhores amigos -, cinco dias depois do enterro da mãe.

Eu não era uma boa filha e eu merecia aquela sensação angustiante no peito. Por saber que eu merecia, eu não gostava de ir à Busan. Eu não gostava do que estar ali me causava, não era masoquista, porém, sabia que precisava encarar, era minha forma de pedir desculpas a minha mãe. O sinal de que eu me arrependia por ser uma péssima filha - as atitudes dela não justificavam as minhas.

Eu também me arrependia de ser uma péssima amiga e namorada, Seo-jun não merecia ser traído, eu não tinha o direito de estragar sua amizade com Jimin. Eles me deram razão para sorrir e eu lhes devolvi ressentimento e tristeza.

Me sentei no sofá e encarei o piso. Há oito atrás, eu tive minha primeira vez aqui com Jimin. Não foi bonito, não foi feliz e não foi certo, mas me marcou. Foi algo impensado, mas no momento era necessário, eu precisava daquilo, ou de qualquer outra coisa que me fizesse sentir, que me mostrasse que eu ainda conseguia sentir, fosse qualquer coisa, boa ou ruim. Jimin me fez sentir.

Minha mãe havia acabado de morrer e não chorar, não derramar uma lágrima sequer estava me enlouquecendo. Eu não conseguia reagir, só havia vazio, nada de dor ou tristeza, nenhum sentimento, nem mesmo o ódio que eu aculara por anos, nada.

Tia Joo cuidou de tudo naqueles dias que sucederam a morte, eu me lembro apenas de borrões - pessoas dando os pêsames, um número razoável de gente no enterro, cochichos sobre a vida sexual da minha mãe e Jimin ao meu lado - Seo-jun não estava lá, ele e a família viajavam todo o ano para a ilha de Jeju no aniversário da avó, eles ficavam lá por cerca de sete dias comemorando, era uma tradição familiar; minha mãe morreu no dia em que ele viajou.

Não me ressinto por Seo-jun, nunca me ressenti, mas acredito que se fosse ele a estar ao meu lado naquele momento, talvez fosse com ele que tivesse ficado, provavelmente não ocorreria traição, pois não escolhi Jimin por ser Jimin, mas por estar mais próximo, eu estava desesperada e ele percebeu. Ele me ajudou.

Nunca havia pensado em Jimin além do que um amigo precioso, um semelhante. Éramos tão parecidos e tão quebrados que nossa amizade aconteceu com facilidade, nós nos entendiamos melhor que qualquer pessoa. Era sincero e reconfortante, mas não havia interesse físico da minha parte.

Eu tinha 17 anos e ele também. Minha tia havia ido cuidar de algumas coisas em Seul referentes ao seu ex-trabalho - ela pediu demissão para vir morar comigo em Busan -; eu não conseguia comer quase nada depois do enterro e por isso ela pediu para Jimin ficar comigo por um tempo durante a tarde, tinha medo do que eu poderia fazer sozinha.

Jimin conversou comigo como sempre fazia, tentou me fazer comer e insistiu para que tomasse um banho, já estava a dois dias sem me levantar da cama. Com muita insistência, fiz o que ele me pediu, mas não era eu, Lee Hye-su, que estava fazendo e sim uma casca vazia. Eu estava vazia e ele percebeu.

Ele colocou um filme para me distrair, me fazer rir, eu não prestei atenção, não conseguia. Ele desligou a TV.

- Hye-su, você precisa reagir. - Estávamos sentado no tapete da sala, ambos encostados no sofá. - Desculpe dizer isso, mas está me enlouquecendo, sei que é doloroso pra você...

- Não é doloroso - respondi, olhos fixos na tela desligada. Ele tocou meu rosto e o virou para encará-lo.

- Então o que é? Você parece uma morta-viva desde o enterro. - Sua voz saia baixa, preocupada. - Tudo bem chorar, espernear, gritar, xingar; você tem esse direito. - Estávamos a centímetros um do outro, seu hálito era única coisa quente que eu sentia há dias, tudo parecia frio e sem vida, inclusive eu.

- Não consigo, nã... não tem nada, nada aqui dentro. - Olhei para baixo. - Não sinto nada, está oco - se não estivessemos tão perto, ele provavelmente não me escutaria, minha voz era um fiapo de som. - Acho que não me restou nada, nenhum sentimento, Jimin. Sou uma boneca vazia.

O silêncio se instaurou entre nós. Ele estava pensando, refletindo minhas palavras.

- Deve haver algo que você sinta, alguma coisa aí dentro. - Compreensivo, acariciou minha bochecha com o polegar.

- Só sinto sua mão na minha pele, seu hálito quente, não tem mais sentimentos, apenas sensações físicas que estão se apagando aos poucos - fiz menção de levantar, mas ele me puxou para baixo de novo, seus olhos me encaravam, ele parecia receoso.

Silêncio.

- E..eu posso tentar uma coisa. - Ele gaguejou, olhos baixos, não conseguia me encarar. - Se você deixar, eu gostaria... você pode ficar parada? - eu assenti.

Jimin se aproximou de mim, até nossos corpo ficarem colados - o máximo possível que a posição permitia. Senti o calor irradiar do seu corpo quando ele me abraçou, era quase com ser coberta por um edredom, suave e quente.

Seus braços enlaçaram meus ombros com força, ele ficou levemente de joelhos, tentando ajustar nossa posição com a intenção de nos juntarmos um pouco mais.

- Eu vou... não se assuste, por favor. Se quiser que eu pare, me avise.

Ele retirou meus cabelos de cima dos ombros com cautela, deixando o espaço no meu pescoço livre. Eu estava vazia, desesperada e sabia o que ele estava prestes a fazer; não me importei, se isso desse certo, nada mais me importaria.

Jimin beijou meu pescoço com cuidado e demora, como se eu fosse frágil, feita de papel. Um arrepio percorreu meu corpo, seus beijos queimavam levemente minha pele, ele preencheu aquele espaço de pele repetidas vezes. Agarrei as laterais de sua camiseta preta com as mãos, aproveitando a sensação. Parecia um alívio bem-vindo depois da tormenta.

- Sei que gosta quando é beijada no pescoço - sussurrou no meu ouvido, ainda reticente -, seus olhos brilham e você sorri, fica relaxada. Não sei o que fazer para te ajudar, na verdade, só pensei em alguma coisa para te distrair.

- Você pode continuar? - Perguntei de olhos fechados. - Esse foi primeira vez que consegui relaxar nesta semana.

Ele continuou. Me beijou os dois lados do pescoço e nuca, foi relaxante e calmo, mas também distribuía um frenesi constante pelo meu corpo, eu parecia estar acordando. Finalmente acordado, e então, ele parou.

- Me desculpa, me desculpa - Senti seu corpo enrijecer, ele foi se afastando, tentando ganhar espaço, ganhar ar, estava ofegante, eu também estava. - Isso foi errado, eu não deveria fazer isso.

Me aproximei dele novamente, mesmo sabendo que era errado; meu corpo gritava por mais contato, mais beijos, mais toques. O frenesi, o desejo, era infinitamente melhor sentir isso do que não sentir nada.

- Jimin, eu preciso, por favor. - Foi tudo que consegui dizer com a voz rouca e ele compreendeu, como apenas semelhantes compreenderiam.

Ele me beijou, não mais no pescoço e sim nos lábios, não cauteloso e sim com pressa. Nossos corpos se chocaram e queimaram, entraram em combustão de novo e de novo. Ficamos sem roupa, deitados no chão da sala e tivemos nossa primeira vez - ele também era virgem.

Não foi mágico, especial ou bonito, não foi com quem eu planejava. Não foi por amor, foi por necessidade.

Quando terminamos, Jimin me olhou assustado, ambos estávamos deitados no chão, virados um para o outro.
- Eu te machuquei. Eu... eu sinto muito. Droga! Eu sou idiota! Idiota, idiota idiota! - ele passou as mãos pelo cabelos.

- Você não me machucou, - tentei acalmá-lo -, não mais do que o esperado. Eu estou bem.

- Então por que está chorando?

Toquei meu rosto sem entender e o senti molhado, eram lágrimas. Eu estava chorando, finalmente estava chorando. Senti o nó - que eu nem sabia existir - na minha garganta se afrouxar; meu peito começou a subir e descer com rapidez, as lágrimas caiam sem controle.

Eu desabei.

Jimin me abraçou. Ele ainda estava assustado, mas ficou lá até que conseguisse me acalmar, até que as lágrimas viraram apenas um resquício levemente pegajoso nas bochechas. Ele ficou ao meu lado até o final.

- Como está se sentindo? - ele perguntou, ainda nu, ainda no chão, ainda me abraçando.

- Mal, péssima e ... bem - o encarei e ele sorriu, foi a primeira vez que eu percebi o quanto ele era lindo -, estou aliviada, antes era só vazio, mas agora dói, muito. A dor é melhor do que nada, prefiro que doa - confessei.

- Acho que chorei por mim, pela minha mãe, por tudo, mas principalmente de alívio. Obrigada.

Ele se manteve em pensativo até me responder:

- Obrigado. - Ele também agradeceu, mas nunca me explicou porque. Jimin não gostava de se explicar, sempre foi assim.

O celular vibrou no meu bolso, me arrancando das lembranças. Um mensagem de Jimin apareceu na tela. Era o horário que ele me buscaria na pracinha em frente ao colégio. Digitei um "OK" em resposta e me afundei no sofá, ainda demoraria bastante.

Suspirei. Mais algumas horas e estaria longe, dentro de um avião, eu só precisava me acalmar e ser paciente.

Só mais algumas horas.

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