Capítulo 11.
Marcela levantou do sofá para dar um abraço de boas-vindas nelas, e depois disse que era um prazer conhece-las, enquanto deu um beijo no rosto de cada uma.
As duas pensaram, com frases diferentes, que a mãe do amigo parecia mais nova ainda do que nas fotos. Se sentaram no sofá, e ela na poltrona, olhando-as com um sorriso e um porte de realeza que elas amaram.
Nesse momento, Samy pensou na brincadeira que sua amiga fazia sobre eles serem ricos, e concordou de vez com a suspeita. Mesmo o apartamento dele não sendo tão luxuoso, mas também não era simples como a casa que elas moravam.
Marcela começou agradecendo pelo carinho que elas tinham com o filho dela. Ele se sentou no braço da poltrona, deu um beijo no alto da cabeça da mãe. Samy então se lembrou da sacolinha em sua mão e disse — Para a senhora, eu mesma fiz. Pra agradecer por nos receber.
— Muito obrigada, linda. Mas esquece o "senhora". – Olhou dentro e fez uma expressão surpresa. Retirou da sacolinha e segurou na mão. — Biscoitinhos de goma, eu adoro. – Ela amou o presente e todo o capricho de ter até adesivo bonito, com data de fabricação e validade, e informação de ingredientes.
— Rodrigo me contou. – Samy disse enquanto ele comentou "Eu disse que ela ia adorar. "
Marcela deu o pote a Rodrigo, para que colocasse na cozinha, e quando ele se levantou, ela pediu de volta. — Que falta de cortesia da minha parte. Me desculpem meninas, e sim, vou experimentar. – Deu o pote ao filho, que retirou um, ofereceu a elas, mas disseram que era presente. E ela sentiu o pedacinho do biscoitinho derreter na boca. — Menino vá guardar meu pote. Está delicioso, se ficar na sua mão, vai embora. Eu estou vendo, coloque lá. – Na mesma calma que estava falando antes.
As duas seguraram o riso, por ele ter olhado para elas com o olhar semicerrado. Ele disse — Eu gosto de comer, nunca neguei isso. – Colocou o pote na mesa da cozinha e voltou, se sentando novamente no braço da poltrona, para ficar perto dela.
Olhou para as duas. — Muito obrigada. Meu irmão também iria amar. Há anos não como. – Fez um biquinho, e uma "manha saudosa" até se encostou em Rodrigo quando falou a frase seguinte — Igual a ambrosia, amo ambrosia. Vocês me trouxeram lembranças, meninas. Mas agora contem sobre vocês. Ana, você se formou recente também?
Enquanto Ana falava, Samy pensou - "Que mulher elegante. O vestido perfeito. Justo, mas não vulgar, parece feito sob medida. Que pele linda, os cabelos longos, lindos... Rodrigo tem o mesmo tom escuro dos cabelos dela, na verdade eles tem o tom dos olhos também. O irmão dele deve ter puxado ao pai. " – E então, Samy percebeu que Marcela perguntou-lhe algo. — Perdão, me distrai observando vocês. – Sorriu, depois respondeu o que havia sido perguntado antes. – "Ela se senta cruzando de leve os pés, com as pernas um pouco de lado. Ela não cruza as pernas em cima da outra. Já vi isso, aquela moça da família real se sentando assim. Que elegância. ".
Pouco depois, Marcela pediu licença para ir à cozinha. Elas perguntaram se precisava de algum auxílio, e ela voltou e pediu que relaxassem. — Filho, abre o vinho para elas, ou outra bebida. – Fez carinho nele, depois os deixou e se dirigiu ao outro cômodo.
Ana olhou para ele, como quem ia resenhar o carinho todo que ele estava ganhando, e ele devolveu — Tu fica quieta... Não levo mais os chocolates. – De um jeitinho tão bonitinho, que ela fez sinal como quem põe um zíper na boca. Ele também a resenhou depois de certa vez ouvir uma ligação entre ela e Laura. Por isso ela brincou, e ele entendeu, segurando o riso.
Já Samy disse que achou muito lindo o carinho entre eles. Ana então retrucou de modo sussurrado, que não achou feio, só estava resenhando, Samy disse que entendeu sim, só estava comentando, mas eles já sabiam que ela diria isso. Depois elas disseram que aceitavam o vinho oferecido.
Quando foram convidadas a mesa na cozinha, elas elogiaram o conteúdo servido. Rodrigo disse que a mãe se preocupou que fosse algo que elas apreciariam, e ele disse que se tivesse camarão, já as ganharia.
Observaram, ela dar a mão ao filho, depois estender a mão para Samy, que estava à frente dela. Rodrigo estendeu a outra mão para Ana, que estava na primeira cadeira lateral e ele na solitária. Então Marcela agradeceu pelo alimento.
Samy comentou que estava tudo maravilhoso de se ver. Ana após a primeira garfada falou como estava delicioso.
A salada além de conter alguns tipos de folhas, havia queijo branco, camarão, polvo, lula, nozes. Sentiram também um leve gosto de maracujá, e de um azeite com sabor mais intensificado, porém maravilhoso, entre outras coisas. De fato, bonito aos olhos e surpreendente ao paladar.
— Foi uma receita mais rápida de fazer, meninas. Preparei antes, e montei há pouco.
Elas repetiram que estava maravilhoso.
As duas fizeram questão de ajudar a retirar as coisas da mesa. Rodrigo pôs a louça na máquina e programou. Marcela serviu sorvete, de uma marca que elas sabiam que vendia no shopping, mas não tinham condições atuais para comprar o pote.
Voltaram para a sala quando terminaram, e ele serviu um pouco mais de vinho.
Marcela depois de saber sobre o dia delas no Spa, e sobre a familia delas, falou um pouco sobre a sua, enquanto elas viam algumas fotos da infância deles, no álbum.
As duas elogiaram a família. Mesmo não sendo fotos atuais, mas dava para perceber como eram unidos.
Ana percebeu o quanto Samy ficou mexida. Então disse — Gente, de verdade agradecemos, mas olha a hora. Amanhã a senhorita aqui... – Apontou para Samy — Sai cedo pra trabalhar, e eu vou tentar minha chance.
Rodrigo disse então que as levaria, e elas disseram carinhosamente que ele aproveitasse mais da companhia da mãe, que elas iriam tentar ônibus. Marcela então pediu que ele chamasse Uber, e na verdade assim que elas recusaram a carona dele, ele já estava chamando. Mark, não estava em serviço, e estavam sem outro motorista, a não ser que fosse emergência.
Eles pediram que elas avisassem não só na metade do trajeto, mas quando estivessem dentro de casa.
Elas agradeceram a Marcela, e garantiram que foi um prazer conhece-la. Parabenizaram pelo rapaz bacana que o filho dela era.
Marcela cheia de orgulho, brincou com ele, e Ana segurou novamente o riso, pensando "te pego depois".
Quando o filho subiu de volta - depois de deixa-las no carro e dar aquela olhada para ver se a informação batia - a mãe disse que notou uma certa tristeza no olhar de Samy, quando falaram mais sobre família. Esperava que não fosse algo que ela fez ou disse que a deixou desconfortável. — Tenta descobrir e me diz.
— Eu acho que não foi nada conosco mãe. Reparou como ela só falou na avó? E no falecido pai? Até hoje só escutei Samy falar deles, ou dos pais de Ana. O máximo que ouvi é que a mãe e a prima estavam morando fora do Brasil, que a prima é modelo, e só. Já quis perguntar, mas quero ganhar mais espaço para isso. – Ele se sentou com ela, e falou de algumas outras impressões. Além disso, quis ouvir o que a mãe achou delas, e confirmou a cada resposta.
*
Quando entrou no carro, Samy sentiu as lágrimas descerem. Ana olhou para ela e comentou — Imaginei que foi sensível pra você. – "Por isso falei do horário, para te tirar de lá. Claro que eles nem imaginam, e não tem culpa de nada. Culpa disso é das duas ordinárias ".
— Obrigada, eu me segurei. E me desculpa, amiga.
— Não tem nada, desabafe. – "Aprendi com você a enxergar os pontos de várias coisas, por isso entendo que você se pergunta muita coisa, mas nada é culpa sua. " — Me dói é ver você sofrendo ainda por elas. Mas sei que você é forte e vai chegar o dia que não se importará. – " É o que você diria, se fosse eu chorando. Outra coisa que aprendi contigo, amiga. "- Pensou, depois seguiu dizendo — Não é justo ver você chorando por causa delas, que tão lá, sem pagar por lágrima nenhuma que você já deu.
— A familia deles é tão linda né? Marcela é como sua mãe, ama de coração. – Ela ficou uns segundos em silêncio. — Por que eu não mereci ter amor de mãe? Sei que sou adulta e não deveria ligar. Tive meu pai e tenho minha avó, tenho sua família, mas infelizmente ainda espero o amor dela. Mas só a minha prima é merecedora, ao que parece. – Samy desabou no choro. — Tô chorando, mas vai passar. – Disse em meio a nova quantidade de lágrimas. – "Vou ler o livro que chegou lá na livraria, vai ajudar nisso". – Ela já tinha lido um, que ajudou a perceber algumas coisas, e até as mensagens tinham diminuído.
Ana a abraçou. O motorista ofereceu uma caixinha de lenço, Ana Carla agradeceu e pegou. Samy em meio a soluços, pediu desculpas a eles pela situação.
O homem respondeu — Não se importem comigo, sei que todos têm suas lutas. – "Esse choro é de dor de dentro. Lá do fundo, como se fosse choro de infância. E tem jeito de fofinha... tomara que ela supere logo. Assim que eu puder, volto pra meu curso de psicologia. Precisei trancar, logo no segundo semestre, mas vai dar certo. " — Se me permite, só uma coisa... Que depois que a senhorita termine o choro, esteja mais leve e com um pouco menos disso que ainda carrega. Joga fora com a lágrima, vai ficar cada vez mais raro chorar por isso. – Depois ele ofereceu água mineral, e balinhas fini – do pacote pequenino.
Samy agradeceu as palavras dele. Explicou que sempre que chora, tenta fazer isso, então ouvir, significava que estava fazendo certo. — Estou melhor, obrigada a vocês. Mais uma vez, desculpa. Sei que vai passar, tá tudo bem agora. - Agradeceu o abraço da amiga, bebeu água, e se encostou no banco do carro, olhando a vista pela janela. – "Tenho lido livros que me ajudam, o apoio que tenho conta muito. Sei que vou ficar bem, mas hoje me pegou desprevenida. "
Ana olhou para a amiga, sentindo um certo aperto no coração. Há tempo não a via desabar daquele jeito. Já viu lágrimas caindo, mas daquele jeito, foi quando saíram da casa dela com as coisas para mudança. – "Você vai ter uma família linda, amiga." – Pensou, e como se a amiga tivesse escutado, sentiu ela tocar sua mão. Ana não fez graça, nem reclamou. – "Você vai conseguir superar, é mais forte do que pensa". – Refletiu – "Quem tem a sua família certinha, nem faz ideia de como deve doer. "
***
Ana Carla foi convidada para almoçar com Marcela, dias após aquele jantar.
Logo depois do almoço, Rodrigo voltou para o escritório, e Marcela disse ele não se preocupasse, pois ela levaria Ana para casa.
Não demorou muito e lá estava Marcela, com jeitinho, puxando assunto sobre a família, sobre os filhos, e perguntou pela mãe de Samy.
Ana já previa que a amiga seria o centro do assunto, por causa da graça do amigo de apresenta-la ao irmão dele. Marcela até disse que notou uma certa emoção no olhar dela, na noite do jantar, e ficou preocupada se tinha feito algo, mesmo que sem querer. — Eu vou tentar me aproximar dela, você falando alguma coisa ou não. Ela me parece ser uma boa menina. Você também. Quero que vocês duas conheçam a família, mas gostaria de me preparar melhor para recebe-la. – Viu que Ana pareceu analisar, mesmo em silêncio. — Não quero que pense como se estivesse traindo a confiança de sua amiga. Se quiser, eu tento depois saber alguma coisa dela mesma, mas sinto que isso demoraria mais. Pode ser um assunto sensível, não quero parecer intrusa, só me veio no coração de conhece-la mais.
Ana refletiu: "Não parece ser por mal... e se for pra ela ser acolhida por mais uma familia, então pode ser que não seja ruim eu contar um pouco. Elisa disse que seguisse meu coração, mas sei que a Samy tem vergonha do assunto, lógico. Sente como se fossem achar que tem algo de errado nela, para que a mãe a trate assim. "
Marcela sentiu que Ana ainda estava protegendo o segredo. — Não se sinta mal. Vocês parecem Soraia e eu. – Alinhou um sorriso. — Vamos fazer assim, responde só algumas perguntas. A mãe dela e ela são próximas? – "Parece que não, mas quero começar por aí..."
"Sendo assim, eu não falei nada demais, né? " – Ana gesticulou a cabeça em negativa. Ouviu mais duas perguntas, respondeu em gestos como fez antes.
A mãe do amigo disse que já estava de bom tamanho, que agora sabia como chegar de melhor forma nela, para conhece-la mais. — Quando quiser conversar sobre isso, ou sobre outra coisa, sobre você... sinta-se à vontade, tá? Sei que com o passar do tempo, não sentirá mais essa certa distância. Nem todos os amigos de meu filho, eu recebo encaixando no sistema da familia... mas vocês, sinto que não são para deixar passar.
E olha que Ana se segurou, para não esculhambar "as duas ordinárias". Pensou na coisa boa que Samantha passava para as pessoas que conhecia. Por causa disso, tinha conhecido Rodrigo, e ela estava ali sentada na frente de uma mulher que há pouco tempo não conheciam, e acabara de dizer que elas eram bem-vindas.
Marcela prosseguiu — Eu senti um carinho grande, quando conheci vocês. Na verdade, carinho só de Rodrigo falar de vocês. – Sorriu. — Agora vamos falar sobre uns contatos que tenho, para ver se conseguimos algo para você.
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14/10/2024
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