(𝙩𝙚𝙣.) second intention
───── SEGUNDA INTENÇÃO.
MESMO QUE PARA PRESTIGIAR a presença do pai, permanecer na Assembleia organizada pelo corpo docente parecia uma verdadeira prova de resistência. De forma inconveniente, Morgana evitava não só a presença de Sky, como a de Stella, que provavelmente já havia percebido algo de diferente em relação a negra. Estava sentada a poucas fileiras do palco, observando enquanto a Rainha Luna e o Rei Teredor subiam ao palanque improvisado por Farah e os outros professores, ambos trocando contáveis olhares amistosos entre si, mas que pareciam mais provocações com a finalidade de irritar ao outro.
Ao lado da Roux, Lukkie parecia distraído em seu celular, sorrindo enquanto digitava para alguém que a princesa não fazia questão de saber a identidade. Ela não tinha muita cabeça para isso, pois todos os seus atuais pensamentos se centravam em um loiro em específico que estava sentado ao seu lado esquerdo, olhando serenamente para o palco. Sky.
─ Seu pai parece legal. ─ Ele comenta, os olhos azuis repousados sobre a figura do rei de Andros.
─ Ele é. ─ Ela responde, abaixando a cabeça em seguida e verificando as unhas curtas.
Para quem manuseava uma espada com constância, era difícil permanecer com as unhas compridas por mais de dois dias. Depois de sua primeira semana em Alfea como uma caloura esperançosa, Morgana desistiu das unhas decoradas até que deixasse a escola por completo. Ainda sim, naquele instante, ela conseguia pressionar um dos dedos nas úngulas que passavam a crescer. Precisava cortá-las.
Percebe então um pequeno silêncio entre os dois, e se perguntou se havia dito suas únicas duas palavras com grosseria, quando o loiro se atreveu a falar:
─ Está tudo bem? Você parece distante desde que lidamos com o Queimado...
A mais velha se atreveu a encarar o rapaz então, sentindo algo de diferente em sua voz. Estava cauteloso. Era como se estivesse analisando cada palavra antes de pronunciá-la, receoso com a reação da mulher. Ela piscou, sentindo-se momentaneamente culpada pelo modo como estava se comportando com ele.
Se fosse para analisar toda a coisa, era ridículo. Ela não podia criar um jogo psicológico no qual esperava que todos desvendassem o que estava sentindo, e tão menos ser apenas a que esperava pela iniciativa alheia. No máximo, o que conseguiria com isso era que Sky se afastasse cada vez mais. A única coisa que ela estaria longe de desejar.
─ Eu só...
─ Prontinho. ─ Uma voz a interrompe, e uma parte da especialista se sente aliviada com isso.
Quando os dois olham para frente, podem ver Luna no centro do palco, dividindo seu brilho com o pai de Morg enquanto um sorriso gracioso se instalava em seu rosto. Ela prosseguiu.
─ Sempre tive uma relação de amor e ódio com as assembleias quando eu frequentava Alfea. Amava quando terminava a aula.
─ Odiava levar sermão... ─ Rei Teredor complementa,arrancando breves risos dos alunos e da própria rainha.
Em uma cena repentina, era como se eles fossem amigos de novo.
─ Mas não vim dar sermão. ─ Ela anuncia. ─ Viemos aqui tratá-los como os adultos que são.
─ O que ia dizer? ─ Morgana vira pro lado, mas diferentemente dela, o príncipe de Eraklyon ainda olhava para frente.
Ele parecia sério enquanto os monarcas prosseguiam, seguros e confiantes na visão de todos, mas o loiro parecia cada vez mais transparente a cada segundo que ela o encarava. Por alguns poucos instantes, ele comprimiu os lábios, e ela jurou ter visto seu maxilar se tornar mais rígido logo após ele insistir no assunto interrompido.
Seria mesmo o local exato, a hora exata e o momento exato para ela revelar que estava agindo como uma criança por ciúmes de alguém que descobriu gostar há pouco tempo? Ela encarou seu pai, entretido com a juventude que preenchia os prédios de Alfea, enquanto acompanhava Luna em seu discurso sobre os Queimados. Quando olhou para Lukkie, ele revirou os olhos para a amiga, impaciente. Provavelmente fingiu estar distraído para prestar atenção na conversa e agora queria que ela tomasse uma iniciativa. Então ela olhou para Farah, Silva e o professor Harvey, que não pareciam tão tranquilos quanto os demais alunos.
─ Eu só acho que na noite passada, eu... ─ Ela parou. Quando olhou para Farah novamente, ela parecia atenta enquanto andava pelas lacunas disponíveis no salão, com um objeto escondido entre os dedos. ─ O que é isso?
─ O que? ─ Lukkie e Sky indagam em sincronia, encarando a especialista enquanto seus olhos castanhos perseguiam a diretora com determinação.
─ Farah. Parece estar procurando por algo. ─ Ela aponta com o queixo para a mulher, que sob o casaco vermelho e dentro de uma das mãos, levava um objeto branco e brilhante. ─ Lukkie, sabe o que é aquilo?
─ Nunca vi antes. Mas é evidente que tem magia. Talvez algo que rastreie um objeto.
─ Ou alguém. ─ Sky sugere. ─ A assembleia foi uma fachada?
─ Só pode ser. Mas o que eles iriam querer de um aluno? ─ Morgana pergunta, e os olhos cruzam repentinamente com os de Musa, que ardiam em lilás antes que cessasse com o uso de sua magia. ─ Você sentiu algo? ─ Ela sussurrou, torcendo para que a fada conseguisse ler lábios.
Em resposta, ela balança a cabeça, afirmando.
─ É. Tem algo rolando por aqui. ─ A Roux anuncia apenas para os garotos, ajeitando a postura sob o banco de madeira.
─ E as calouras já parecem ter alguma teoria sobre. ─ Lukkie diz, apontando para o outro lado do salão, onde podiam ver Aisha, Terra e Musa discutindo.
─ Não podemos simplesmente ir até lá.
─ Por isso eu tenho isso. ─ O loiro procura algo no bolso, se gabando quando exibe o que parecia ser um anel de prata.
─ Não é hora de discutir moda.
─ Fada errada. Meu nome é Lukkie, engraçadinha. Não Stella. ─ Ele sorriu, sacudindo o objeto em sua mão com cautela antes de entregar para a princesa. ─ Não vou dizer como consegui, mas permite que escute a uma certa distância. Está enfeitiçado.
Quando Morgana aproxima o anel do ouvido, consegue escutar os burburinhos de alguns poucos alunos tomarem forma. Felizmente, não eram muitos os que estavam conversando, o que possibilitou que a voz de Aisha e Terra se destacassem.
─ ... Aquilo rastreia magia, e agora está com Dowling. ─ A de curtos cabelos pretos diz, encarando a fada da água.
─ Um conflito é iminente. ─ A voz de Teredor se destaca, e era como se todos tivessem que prestar atenção no que estava a ser anunciado. ─ Até agora, foram registrados três Queimados em Andros.
─ O que? ─ Morgana deixa escapar, com o cenho franzido. Ela achava que tudo funcionava tão tranquilamente em Andros, que os pais só saberiam da aparição dos Queimados por causa do que aconteceu em Alfea. Ela não esperava que um número desses estivesse rondando terras predominantemente aquáticas logo num estágio inicial.
─ E estamos rastreando cinco Queimados em Solaria. ─ Luna diz, os olhos verdes verificando a reação de cada aluno no salão.
─ É um número maior que o esperado.
─ Não deveriam haver Queimados em Andros. Eles não têm resistência para lidar com clima úmido. ─ A especialista entrega, encarando Sky.
─ Então estão mais fortes?
─ Eu realmente espero que não.
Quando entregam que o número de criaturas pode aumentar, os alunos começam a olhar entre si, mostrando confusão e medo enquanto os dois monarcas prosseguem.
─ É hora de todos vocês prestarem atenção.
─ Obrigado por nos receberem. ─ Teredor anuncia, finalizando com o comunicado enquanto os alunos permanecem por mais alguns segundos em seus bancos. Mas Morgana parecia ansiosa para se levantar, aguardando enquanto o pai abandonava o palanque apenas para questioná-lo.
Quando ele o faz, ela se levanta rapidamente, parando com a inquietação na perna esquerda.
─ Onde vai? ─ A de cabelos cacheados se vira então, e pode ver Sky e Lukkie a observando com os cenhos franzidos, enquanto as fadas calouras se aproximavam.
─ Preciso falar com o Rei Teredor. ─ Ela responde, puxando algumas mechas castanhas do cabelo para trás da orelha. ─ Sky, podemos conversar mais tarde?
Ele acena, concordando enquanto um sorriso minucioso se forma em seus lábios, e ela parte então, apressada em direção ao pai.
─ Você não me disse nada sobre os Queimados. ─ Ela diz, próxima o suficiente do homem para que apenas ele a escutasse.
─ Isso é um assunto oficial do conselho de Andros, Moggy. Não podíamos espalhar por aí e assustar o nosso povo.
─ E eu, como herdeira ao trono, não poderia saber nada sobre? ─ Ela indaga, contendo o máximo que conseguia do tom de sua voz.
Era visível que estava chateada. Para começar, porque nunca houve segredos entre ela e seu pai, mesmo que pudesse ser algo relativamente assustador. Além disso, ela se sentiu profundamente traída ao saber da situação de Andros depois, junto com todos os alunos que talvez nem se importassem tanto. Era a situação de seu povo e, mesmo assim, ninguém naquela realeza enorme cogitou contar para ela. Nem seu pai, nem sua mãe, nem seu tio.
─ O que faria se soubesse que três Queimados estão cercando Andros?
─ Eu não sei, mas encontraria uma forma de contribuir.
Teredor suspira, olhando brevemente para baixo antes de erguer a cabeça novamente, e um sorriso singelo surge em sua face. Ele pega em seu rosto então, e a especialista franze o cenho diante de sua reação.
─ Você estar tão preocupada com o estado de Andros só mostra o quão grandiosa você será como Rainha. Ainda sim, você tem outras preocupações no momento. Seu dever, por agora, é finalizar com seu treinamento e aproveitar enquanto não tem esse peso em suas costas. Estamos tendo a ajuda necessária. Temos exércitos dentro e fora da água, assim como conselheiros ao nosso alcance. Quando sua ajuda for necessária, será convocada.
─ Okay... ─ Ela entrega, retribuindo quando o pai a puxa para um abraço.
─ Agora, vamos. Eu pedi que Silva me autorizasse a ver seu treinamento.
─ E ele deixou? ─ Ela ergue uma sobrancelha. Geralmente, Silva tinha a preferência por não deixar que distrações atrapalhasse seus alunos, o que também incluía os pais.
─ Não existem muitas contradições para a vontade de um rei, minha filha. Você irá descobrir isso um dia. ─ O rei sorri, puxando a filha para fora do salão principal.
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