☪ .☆ ━━ TWO HUNDRED AND FOUR ━━ ☪ .☆
A garota tinha cabelos castanhos cujas pontas estavam pintadas de roxo e havia uma tatuagem em seu pescoço, parecia ser uma borboleta. Eu tinha limpado e espalhado curativos por todos os cortes em seu rosto, alguns pareciam ter sido de socos e outros de uma espécie de faca. Enquanto eu cuidava da tal garota desconhecida, Mitsuya tentava acalmava Angeli que parecia cada vez mais nervosa a cada pergunta que ele fazia a ela sobre quem era aquela garota e porquê ela estava tão machucada. Nós dois sabíamos muito o que havia acontecido com aquela garota mas queríamos que Ange confiasse e nos contasse, algo que ela não fez.
─ Ela está bem?─ Perguntou minha irmã, assim que coloquei um pé na cozinha. Soltei um suspiro, cruzando os braços após passar uma mão por meus cabelos.
─ Não sei.─ Respondi. Ange piscou os olhos, incrédula.
─ Como assim "não sei"?─ Disse ela, praticamente gritando. Ergui uma sobrancelha, descruzando os braços e apontando um dedo para a garota em minha frente.
─ Abaixe seu tom, Angeli.─ Falei em um tom baixo e levemente ameaçador. Ela se encolheu diante de meu olhar, mas continuou com aquela feição que entregava o quão afetada estava com toda aquela situação.─ Não sou enfermeira e tão pouco médica, então, sim, eu não sei ela estava bem.
Mitsuya pareceu o que estava por vir pela forma que segurou o ombro de Angeli e a guiou para um dos bancos da bancada da cozinha, colocando um copo de suco em sua frente. Ele estava tentando fazê-la se sentir confortável, mesmo sabendo que isso seria praticamente impossível.
─ Vou perguntar só uma vez, Angeli, então preste atenção.─ Falei, lenta. ─ O que você faz andando com uma delinquente?
─ Ela não é delinquente, é só uma merda de adolescente, não é nada, mãe.─ Disse ela, gesticulando e evitando me olhar. Balancei a cabeça, passando uma mão por meus cabelos e os puxando com certa força, arrancando alguns fios.
─ Você sabia que Chifuyu também tinha treze anos?─ Ange piscou olhos e me encarou, levemente confusa.─ Um pouco antes do Halloween de 2005, Aiko me ligou, chorando e desesperada, o motivo? Bom, Chifuyu foi socado até desmaiar e seu rosto estava cheio de sangue. Ele tinha treze anos e você tinha três quando te levei até um fliperama abandonado para ajudar os dois idiotas. Você sabia que o Draken tinha quinze anos quando levou uma facada e quase morreu? Ele era só dois anos mais velho que você, sabia?
Angeli piscou os olhos, abrindo sua boca e fechando-a repetidas vezes.
─ Mãe, eu...
─ Essa merda não só uma merda de adolescente, Angeli!─ Interrompi ela.─ E eu não sei que merda você está fazendo e muito menos o que aquela garota fez para acabar desse jeito, mas, isso não é uma brincadeira para você estar se metendo com isso.
─ É meio hipócrita você falar isso quando todos vocês fizeram parte de uma gangue.─ Retrucou Ange. Pisquei meus olhos, surpresa com o tom que ela usou comigo. Mitsuya também piscou os olhos e parecia perto de repreender Angeli quando minha palma se chocou contra a bancada, assustando os dois.
─ É por já ter feito parte de uma gangue que eu estou falando isso, Angeli.─ Falei.─ Todos nós quase morremos por isso, cuidado para não ser a próxima a quase morrer.
─ Você não acha que pegou um pouco pesado demais com ela?─ Perguntou Mitsuya em determinado momento da noite. Apenas pisquei os olhos, me focando em continuar a lavar os pratos, mesmo que eles já estivessem limpos. Revirei os olhos, fechando a torneira e me virando para meu marido.
─ Isso é sério, Takashi?─ Perguntei.
─ Ela só tem treze anos, Sam. Todo mundo faz merda com treze anos.
─ Ah, sim, todo mundo faz mas prefiro que ela fique fazendo merda tipo, se apaixonar pela melhor amiga e não por uma delinquente.─ Takashi franziu o cenho por um momento e logo sorriu.
─ Então, você acha que se apaixonar por mim foi uma merda?
Revirei os olhos, pegando um pano de cozinha mais próximo e jogando nele que apenas desviou sem muito esforço.
─ Cala a boca, você sabe muito bem o que quero dizer com isso.─ Ele suspirou, se aproximando de mim e entrelaçando nossos dedos.
─ Vai ficar tudo bem, Sam. É normal ficar preocupada demais com toda essa situação depois de tudo que passamos nove anos atrás.─ Senti seus lábios se pressionarem contra minha testa com carinho.─ Mas não deixe que isso faça você se tornar a vilã da Angeli.
Pisquei meus olhos, prestes a respondê-lo quando ouvi passos pelo corredor e aquela mesma garota apareceu, agora ela estava um pouco melhor, apesar que seu rosto ainda continuava algo difícil de se encarar.
─ Hum, desculpa, mas quem são vocês?─ Ela soltou, sua voz era rouca e até combinava com seu rosto que me fazia ser teletransportada para nove anos atrás quando parecia que espalhar curativos pelo rosto dos surtados que eu chamava de família era minha única função.
─ Sou Sam, a mãe de Angeli.
E em um timing perfeito, minha irmã apareceu na porta da cozinha e não demorou para abrir um sorriso radiante, se jogando nos braços da garota que piscou os olhos, surpresa mas não negou o abraço.
─ Você me assustou.─ Choramingou minha irmã, se afastando para fitar os olhos dourados da garota.
─ Desculpa.─ Murmurou ela, encolhendo os ombros. Angeli soltou um suspiro e encostou sua testa no ombro da garota, claramente aliviada.
Franzi o cenho, soltando um suspiro e cruzando os braços. Eu já havia visto aquela mesma cena inúmeras vezes e todas as vezes quem eram os protagonistas dessas cenas eram Chifuyu e Aiko. Tudo bem, talvez Takashi estivesse certo. Talvez Angeli só seja uma imbecil apaixonada por delinquente e só, não é como se minha irmã fosse passar por tudo que eu passei ao lado da nossa família quando ainda éramos adolescentes.
─ Desculpa por atrapalhar.─ Soltou a garota. Emiti um estalo com a língua, depositando um prato que possuía um pedaço da torta salgada que obriguei Mitsuya a fazer.
─ Qual é o seu nome?─ Perguntei, me sentando no banco ao lado do meu marido, de frente para Angeli que revirou os olhos, cruzando os braços. Ela estava claramente com raiva de mim, mas ela que se foda, sinceramente viu!
─ Kagome.─ Respondeu a garota, cujo rosto estava machucado.
─ Hum, então... Kagome, desde quando você é uma delinquente?
A garota arregalou os olhos, lançando um olhar para Ange que se inclinou para frente, chocando as palmas contra bancada.
─ Mãe, para com isso!─ Ela gritou. Eu a ignorei com um revirar de olhos. E esperei Kagome me respondeu, mas quando ela parecia estar perto disso, houve batidas na porta e eu não hesitei em me levantar, abrindo a porta.
Aiko franziu o cenho para mim enquanto Yuki corria para dentro de casa, se jogando nos braços de Mitsuya que não pensou duas vezes em pegá-lo nos braços e Baji ao lado de Kazutora empurrou Aiko para entrar no apartamento.
─ O que aconteceu?─ Soltou Keisuke, parecendo preocupado.
─ Angeli parece uma versão menos emocionada do Chifuyu.─ Kazu e Baji franziram o cenho, começando a andar na direção da cozinha. E eu encostei minha testa no ombro de Aiko.
─ Acho que vou ser uma péssima mãe.─ Aiko acabou soltando uma risada e me dando um tapa.
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