☪ .☆ ━━ TWO HUNDRED AND EIGHT ━━ ☪ .☆
─ Storge, desça daí ou eu mesma vou empurrar você daí!─ Gritei para a criança de cabelos castanhos presos em duas maria-chiquinhas que se encontrava sentada no alto do trepa-trepa. Em resposta, ela apenas me fitou com aqueles olhos lavanda e não se moveu nem um músculo. Espreitei meu olhar, catando a provocação feita por minha filha e eu estava muito perto de jogar um sapato nela.
Storge era uma criança esperta demais, um pouco debochada demais para uma criança que nem deve saber o que é deboche. Ela tinha apenas três anos mas tinha a energia de mil crianças em uma só, apesar dela só despertar sua energia quando está perto de mim, pois o único momento que ela fica quieta é quando está do lado do pai dela no ateliê. Era um pouco irritante, sim, era mas eu que aprendesse a lidar com aquilo.
─ Ela vai cair.─ Disse Aiko ao meu lado, sorrindo. Balancei minha cabeça, concordando com ela, observando minha filha me ignorar completamente e começar a tentar subir ainda mais o trepa-trepa. Deus, não sei o que fiz de tão ruim para acabar com uma criança endiabrada, mas já vou avisando que não gostei nem um pouco disso.
─ Dean dormiu?─ Perguntei, lançando um olhar para o loirinho nos braços de Aiko que assentiu, se focando em continuar devorando a casquinha do sorvete em sua mão. Soltei um suspiro, aproximando minha mão dos fios dourados da criança com carinho. O que eu não daria pra ter um filho que não consiga acabar com toda minha paciência em um segundo?
Três anos se passaram e não mudou muita coisa. Bom, quer dizer, Baji terminou seu namoro com Sayuri por um motivo que nem ele sabe explicar, apesar que sei muito bem que não daria nem dois meses para os dois imbecis estarem juntos novamente. Fora o casamento de Yuna e Hanma que até agora não sei se realmente aconteceu ou foi alguma espécie de surto coletivo e claro o fato que Kazutora conseguiu uma namorada, uma bela garota que olhos adoráveis e gentil.
Pisquei meus olhos, me levantando com rapidez ao ouvir um choro chegar em meus ouvidos. Soltei um suspiro, correndo na direção da minha pequena peste que estava jogada no chão de areia com lágrimas escorrendo por seus olhos. Me ajoelhei ao lado dela, e, não demorou muito para que Storge estivesse me abraçando com força, reclamando sobre uma dor em um dos braços.
Passei uma mão por seus fios castanhos, beijando sua testa, tentando acalmá-la, algo que pareceu funcionar, mesmo que Storge estivesse ainda com lágrimas nos olhos e soluçava levemente. Guiei minhas mãos até seu rosto sardento, limpando os rastros das lágrimas.
─ Tá tudo bem, amor.─ Sussurrando, beijando uma de suas mãos. Storge franziu o cenho, voltando a enterrar o rosto na curva de meu pescoço.─ Vamos pra casa, certo?
Ela não me respondeu nada, apenas balançou a cabeça. Eu a peguei em meus braços e me levantei, andando na direção de Aiko que também se entrava em pé, seu cenho estava franzido de preocupação.
─ Ela tá bem?─ Perguntou quando cheguei perto.
─ Sim.─ Mexi meus braços fazendo-o com que o corpo de Storge se balançasse, obrigando ela erguer a cabeça e encarar sua tia e madrinha. Minha filha tinha um bico em seus lábios, estava emburrada porquê estava indo para casa mas não diria nada, pois sabia só estávamos indo embora por causa dela.
Aiko soltou uma risada, se inclinando, tomando cuidado para não acabar acordando Dean e apertando a bochecha da minha filha com força.
─ Não faça essa carinha, Gorgie.─ Ela disse, forçando uma voz infantil que me fez torcer o nariz. Parecia que ela tava falando com um cachorro.─ Você vai pro jantar do Pah-chin?
Demorei uns instantes para notar que minha irmã estava falando comigo.
─ Ah, sim, Mitsuya e os outros estão bem animados pra hoje, espero que eles pensem duas vezes antes de fazer alguma merda que acabe com todos eles presos.─ Aiko soltou uma risada, me empurrando levemente com o ombro. Eu a acompanhei na risada.
─ Acho incrível que o casamento é do Pah mas o Peh tá mais animado que Pah que vai se casar.
Dei de ombros.
─ Para Peh-yan, acho que Pah é a mesma coisa que o Baji é pro Chifuyu e o Mitsuya é pro Hakkai.─ Soltei, acariciando as costas de Storge que se mantinha quieta. Depois de um dia agitado, eu sabia que um banho bastaria para que ela passasse a noite inteira dormindo.
─ Então, o Peh queria tá casando com o Pah?─ Falou Aiko, fazendo uma careta reflexiva. Foi inevitável soltar uma risada e dar um tapa no ombro dela que também riu.
─ Você não tem casa, não?─ Perguntei para Hakkai que se encontrava jogado no chão, brincando de boneca com Storge.
─ Ele tá no tédio, vai ficar no Japão até depois do casamento do Takemichi.─ Yuzuha falou, saindo da cozinha com um prato contendo um pedaço do bolo de morango que fiz no início da semana, após Storge ficar insistindo naquilo por duas horas seguidas.
─ Uau, o modelo está no tédio por tá longe das passarelas. Que coisa mais triste.─ Me inclinei para pegar uma pelúcia que estava largada no chão, não demorei muito para me aproximar da criança que brincava com Hakkai no chão.
─ Storge, o que o Mister Draken faz largado no chão?─ Perguntei. A garotinha arregalou os olhos lavanda e rapidamente se levantou, pegando a pelúcia nos braços.
─ Mamãe, o Mister Draken!─ Ela riu, erguendo o dragão de pelúcia.
─ Sim, o Mister Draken, vá guardá-lo ou seu tio Ken ficará triste de ver que você tá largando o presente dele pelos cantos.─ Eu a observei correr para o corredor, buscando colocar a pelúcia em seu local de origem. No seu baú de brinquedos.
─ Ela vai pro jantar?─ Perguntou ela, enfiando um pedaço do bolo em sua boca. Hakkai cutucava a perna da irmã e parecia pedir silenciosamente por um pedaço.
─ Sim, Pah disse que só podemos ir pro jantar se a gente levar Storge.─ Respondi com um sorriso. Yuzuha riu, dando um tapa na mão de Hakkai e lançando um olhar severo pro irmão que encolheu a mão, minimamente assustado. Cruzei os braços, analisando aqueles dois idiotas que não mudavam não importava quantos anos se passassem. Eu estava tão focada em observá-los que não escutei a porta se abrindo e acabei soltando um gritinho assustado quando senti uma mão no meu ombro, me puxando para trás.
Mitsuya soltou uma risada, abraçando minha cintura. Pisquei meus olhos, me virando para atingir seu ombro com um tapa.
─ Está assustada, chicletinho?─ Torci o nariz, atingindo seu peito com uma cotovelada fazendo-o se afastar de mim, mas Takashi continuava com aquele sorriso que sempre arrepiava meu corpo nos lábios.
─ Para com essa merda!─ Falei, dando mais um tapa nele. Ele riu, se aproximando e me abraçando novamente, beijando meus fios com carinho.
─ Tá legal, eu já entendi, só o Yuki pode te chamar assim.─ Ele disse e eu estava prestes a retrucar mas...
─ Papai!─ Gritou Storge, assim que viu seu pai e se pôs a correr até os braços do homem de cabelos bicolores que não hesitou em pegar a criança nos braços, depositando um beijo em sua bochecha causando uma risada nela. Pisquei meus olhos, colocando as mãos em minha cintura, soltando um suspiro.
E ali estavam eles. Aqueles que eu amava incondicionalmente e que faria tudo por eles dois sem pensar duas vezes.
Um braço foi depositado em meus ombros e não precisei erguer a cabeça para saber quem era, pois só conhecia um idiota que usava um perfume tão forte.
─ A gente que se arrumar logo.─ Soltou Hakkai e eu meti uma cotovelada em suas costelas, ele urrou de dor.
─ Pare de agir estranho, Hakkai.─ Gritou Yuzuha, jogando um travesseiro nele que acabou me atingindo. Soltei um grito de revolta e estava bem perto de devolver o ataque quando meu celular vibrou dentro do bolso do macacão que eu vestia. Rapidamente, peguei o eletrônico e franzi o cenho levemente ao visualizar uma mensagem de Mikey.
─ Meu Deus, eles não crescem nunca?─ Perguntei para ninguém em específico enquanto observava a foto que o Sano acabava de mandar. Era ele vestido com o antigo uniforme da Toman ao lado de Draken. E claro que não precisou muito para eu saber que aquele jantar seria um caos.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro