☪ .☆ ━━ TEENAGER ISSUES ━━ ☪ .☆
-Você está sendo trouxa. - minha mãe me disse, os olhos fixos no tabuleiro de xadrez na sua frente, tentando pensar no que faria. Lily estava balançando as pernas inquieta, irritada porque mamãe sempre demorava demais pra jogar, mas não é como se Lily pudesse a julgar. Afinal, a única inteligente da família era Lily, mesmo que só tivesse dez anos. Quer dizer, eu com quinze fico sofrendo por causa de mulher, Yuki com vinte e três é um idiota inútil, e meus pais... Como todo mundo diz, são dois emocionados.
-Mãe, qual é!- reclamei cruzando os braços. -Storge é sua afilhada.
-E você meu filho.- ela disse arqueando a sobrancelha pra mim. -Amo ela, amo muito, como se fosse uma parte de mim, mas você é uma parte de mim, Dean. Então, é minha função dizer que está sendo trouxa pela Storge.
Revirei os olhos. Sim, eu estava bem ciente que estava sendo trouxa por causa de Storge, mas não é como se eu tivesse escolhido gostar dela! Essas coisas simplesmente acontecem. E tinha sido uma decisão bem merda, porque além de ser feito de trouxa, precisava aguentar todas as zoações dessa família fodida e disfuncional que eu tenho.
-Mãe, joga logo! - Lily reclamou de novo e nossa mãe revirou os olhos, fazendo uma jogada qualquer pra calar a boca de Lily. Grande erro: Lily sorriu de forma maldosa, um sorriso que era igualzinho os que mamãe dava nos momentos que queria esfolar Yuki vivo, e deu xeque-mate. -Ganhei!
-Eu desisto. - mamãe reclamou, se levantando. Lily deu risada da cara que ela fez. Nossa mãe se virou para mim, cravando os olhos castanhos no meu, o que me deu uma bela vontade de me esconder em algum lugar. Mamãe já dava medo naturalmente; quando estava brava então era mil vezes pior, por isso eu tinha aprendido exatamente como fazer merda sem deixar ela descobrir. E era ótimo porque pelo menos meu pai era muito bom em esconder as coisas que eu apronto da mamãe, já que ele não queria escutar ela dizendo coisas tipo "Dean é igual você, Chifuyu, burro que só se mete em merda". -E você deveria ser mais como Yuki às vezes.
-Você quer dizer que eu deveria ser um otário?- zombei e ela me lançou um olhar assassino que me fez calar a boca. Yuki era mesmo o protegido dela, impressionante! Por isso ele só fazia merda!
Lily se levantou e se jogou em cima de mim, me abraçando com força e fixando os olhos castanhos iguais aos da nossa mãe em mim. Franzi o cenho para ela, bagunçando o cabelo castanho de Lily.
-Joga comigo?- ela perguntou com um sorrisinho.
-Não. - respondi e ela fechou a cara na hora, me dando um murro no estômago que me fez arfar. Antes que eu pudesse brigar com Lily pelo soco, ela saiu correndo escada acima só pra não receber um tapa. Espertinha demais. Família do caralho! Todo mundo só vive na base do chute, xingo e soco? Eu nasci na família errada, na moral!
-Você é tão frouxo.- minha mãe suspirou, balançando a cabeça. -É uma versão menos pior do Takemichi.
-Mãe, nem todos nós nascemos para sermos líderes de gangue. - zombei, revirando os olhos. Ela apenas cruzou os braços, me lançando um de seus olhares mortais que certamente já deve ter feito muita gente cagar nas calças, especialmente quando ela tinha sudo mesmo uma delinquente. Fiz uma careta, cogitando a ideia de sair correndo dali. Às vezes a melhor opção era fugir para bem longe!
-Sinceramente, Dean. - minha mãe suspirou, começando a arrumar a bagunça que Lily tinha largado ali com as peças de xadrez. Sabia que provavelmente ela ia começar a trabalhar em algum desenho novo agora, e que o melhor era dar paz para ela e parar de encher os ouvidos da minha mãe com o como Storge me faz de otário. -Se você está ciente que insistir na Storge não vai te levar a lugar algum, então porque ainda continua bancando o idiota?
Fiz uma careta.
Se eu fosse ser sincero mesmo, nem mesmo eu saberia responder essa pergunta. A verdade é que desde que sou capaz de entender o que é paixão, sou apaixonado por Storge. Mesmo que ela fique brincando com meus sentimentos e claramente prefira beijar qualquer um a mim, não consigo tirar o que sinto por ela de dentro do peito. O que, sinceramente, é a porra de uma merda. Tudo seria bem, bem mais fácil se eu enxergasse Storge como uma irmã, mas além de a ver como minha melhor amiga, Storge é a garota com quem eu quero passar meus dias. Sempre foi ela, desde que começei a entender que meu coração batia de forma acelerada quando estava com ela não porque Storge era apenas uma amiga que eu amava, mas sim porque eu queria, desesperadamente, saber o como seria poder beijar ela.
Só que Storge está simplesmente cagando para mim e para o que eu sinto por ela. Motivo pelo qual eu tenho tendência de chorar que nem um idiota e tentar fugir dos meus problemas. E claro que tia Sam tem sempre que brigar comigo e dizer que pareço muito com minha mãe na questão do "tô triste, vou fugir por uma semana e fingir que ninguém se importa comigo". O que geralmente fez meus pais quererem me socar, mas o que posso fazer? No fim das contas, eu sou filho deles, e se sou assim, a culpa não é completamente minha!
Não disse mais nada para minha mãe, porque sabia muito bem que a opinião dela não ia mudar. Mas não é como se eu pudesse esquecer tudo o que sentia por Storge. Tudo o que me restava era tentar.
Por isso não hesitei em sair de casa quando Mizuki me mandou mensagem. Ela era bonita e divertida e parecia me enxergar de uma forma que talvez Storge jamais fosse capaz de fazer. Tudo seria mil vezes mais fácil se eu simplesmente fosse apaixonado por Mizuki e não por Storge.
Mas não era assim que as coisas funcionavam, certo? Pois é. Acho que preferia lidar com as famosas "merdas de gangues" do que ter que sofrer por causa de uma pessoa que nunca vai dar bola pra mim.
-Você tá quieto demais hoje, Dean. Tá tudo bem?- Mizuki perguntou, franzindo o cenho para mim. Fiz uma careta, jogando a cabeça para trás e olhando o céu por um instante. Escutei Mizuki suspirar. -Sempre os mesmos problemas, Dean, você é tão transparente. - ela riu e eu torci meu nariz, fitando os olhos azuis de Mizuki por um instante. Ela não disse nada antes de se inclinar na minha direção e beijar minha bochecha com carinho. Que droga, tudo seria mil vezes melhor se meu coração trouxa gostasse mais de Mizuki. Mas tinha certas coisas que, por mais que a gente quisesse, não conseguia controlar.
-Dean.- aquela voz...
Ah. Sim.
Aquela voz era o motivo pelo qual eu passava noites em claro e também o motivo pelo qual eu chorava no banho depois de mais uma comprovação que Storge nunca ia gostar de mim do jeito que eu gostava dela. Além disso, também era a voz não só da garota que eu amava mas também da minha melhor amiga.
E, sim. Pelo tom de voz de Storge, ela estava puta da vida. O que era bem irônico, sinceramente, já que eu nunca ficava puto com ela, nem mesmo quando Storge fazia questão de pisar no meu pobre coração sofredor.
-Ah, de novo essa garota, eu juro...- Mizuki sibilou, irritada, porque era sempre assim, no fim das contas. Mizuki bufou e se levantou, fixando os olhos em mim por um instante. -Dean, você precisa urgentemente se resolver. Depois a gente se fala.
-Espera, mas eu nem fiz nada!- eu protestei, mas Mizuki nem mesmo se virou para me olhar.
-Esse é o problema, Matsuno! Você nunca toma atitude.- ela reclamou antes de simplesmente ir embora, me largando ali com a maior cara de otário.
Me virei para Storge, semicerrando os olhos com irritação. Mas era meio difícil ficar tão irritado com ela quando Storge conseguia ser o ser mais belo que já pisou na Terra.
-Eu estava no meio de algo aqui, Storge. - eu reclamei com ela, me levantando e começando a andar para casa. Storge me seguiu, soltando uma bufada irritada.
-Ah, sim, você ia beijar ela?- Storge disse cheia de sarcasmo.
-E porque você liga, hein, Storge?- eu reclamei, parando de andar. Storge trombou contra mim, e segurei os ombros dela para a manter fixa no chão antes de me afastar bruscamente dela. -Você quer qualquer um que não seja eu, mas eu não posso pelo menos tentar te esquecer? Sabe, isso é bem egoísta da sua parte.
-Dean! - ela reclamou, um tom de voz ofendido. Mas, sinceramente, o que eu tinha dito que não era verdade?
-Que saco, Storge. Porque você não me deixa em paz por, sei lá, cinco minutos? - falei e me arrependi no instante seguinte pela cara que ela fez. Suspirei, enfiando a mão no meu cabelo loiro. -Não foi isso que eu quis dizer.
-Foi sim. - ela bufou. -Quer saber, eu nem deveria ter vindo atrás de você, sabia? De verdade, que perda de tempo!
-É, também tô perdendo meu tempo gostando de você. - retruquei sem pensar. Storge crispou os lábios de raiva e me deu as costas, começando a marchar para ir embora. -Puta que pariu, Storge, porque você é tão sem noção?!
-Eu sou sem noção?!- ela gritou de volta. -Nossa, sério, você é o pior amigo do mundo, Dean.
Puta que pariu, eu mereço.
-É, Storge! Sou mesmo, porque não quero ser seu amigo. - eu reclamei, agarrando o braço dela e a puxando de volta.
Não sei de onde tirei que seria uma boa ideia fazer aquilo.
Também não sei como tive coragem de fazer aquilo.
Mas a questão não é essa, a questão é que no segundo que Storge se virou para mim, grudei minha boca na dela.
O que era uma ideia de merda, se eu fosse ser sincero.
Já que Storge tinha deixado mais do que claro que ela nunca, jamais, em hipótese alguma ia me beijar na vida.
Mas agora, era tarde demais, porque meus lábios estavam pressionados contra os dela, calando a boca de Storge por um instante. Eu sabia que ela estava chocada pelo simples fato que Storge parecia ter ficado petrificada. Me preparei para um belo tapa e mil xingamentos.
Mas definitivamente não estava preparado para ter ela me beijando de volta. Ou os dedos de Storge afundando no meu cabelo. Ou a língua dela envolvendo a minha por um instante.
Aquela porra só podia ser um sonho. Ou talvez pesadelo, já que certamente eu teria que enfrentar consequências catastróficas por ter beijado Storge sem perguntar se ela queria me beijar.
Me afastei dela quando pensei nisso. Storge abriu a boca para falar alguma coisa, mas nada saiu. Nem eu sabia exatamente o que falar, mas sabia que minhas bochechas estavam pegando fogo agora.
Vergonha, vergonha alheia, vergonha de mim mesmo por agir como a porra de um emocionado, mesmo escutando todo mundo da minha família me dizendo para não fazer isso. Mas o que eu poderia fazer, afinal? Eu era filho de Aiko e Chifuyu, as duas pessoas mais sem noção e mais emocionadas da nossa família!
-Quando você decidir se gosta de mim ou me odeia, se quer minha amizade ou não, se você quer ficar comigo ou me deixar em paz, ai você me procura. - nem sei de onde tirei coragem pra falar isso para Storge, mas sei que dei um jeito de ir embora antes que ela decidisse me socar por ter a beijado.
E que merda.
Agora eu estava, inegavelmente, ainda mais apaixonado por ela.
E no fim das contas, ser adolescente é a porra de uma merda.
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