☪ .☆ ━━ SHITTY LIFE ━━ ☪ .☆
Era uma droga que Storge conseguisse sempre estar linda, independente de qualquer coisa. Era uma droga que ela fosse tão bonita assim e eu fosse só um idiota que ela jamais olharia. Era uma droga, mas o que eu poderia fazer, não é mesmo? A verdade é que o que me restava era aceitar a merda da derrota e realmente tentar esquecer o quanto eu era apaixonado por Storge. Claro que nada ficava melhor quando eu tinha a minha família me zoando o tempo inteiro, como se eu fosse só um idiota emocionado.
Era uma merda ficar tão perto de Storge e ao mesmo tempo sentir que estávamos a quilômetros de distância. E era ainda mais merda estar ali rodeado pela nossa família sem sequer ser capaz de encarar Storge direito, porque minha vergonha depois de tudo o que tinha acontecido entre nós era maior que qualquer outra coisa.
Eu nunca deveria ter aberto minha boca para falar o que sentia por ela. Essa é a verdade. Pelo menos assim eu não teria perdido minha melhor amiga. Eu deveria ter notado que Storge nunca sentiria a mesma coisa por mim e deixado isso pra lá, mas eu era um imbecil.
-Então, já que ninguém parece ter uma novidade decente pra compartilhar... - Yuki começou, se inclinando sobre a mesa, chamando a atenção de todos para ele, e abrindo um daqueles sorrisos cheios de malícia dele que sempre vinham antes de uma belíssima de uma merda. -Devo dizer que arrumei uma namorada. Já que o Dean aqui não consegue. - ele me deu um tapa nas costas, e eu tive vontade de morrer e ao mesmo tempo enfiar a faca em minhas mãos em Yuki. Ele riu da minha cara, porque era um desgraçado.
-Outra namorada, você quis dizer?- tia Sam falou, abrindo um sorriso maldoso para Yuki, mas ele não se abalou com isso. Ele deu de ombros.
-Alguém tem que ser o entretenimento da família já que o resto tá falhando miseravelmente. - ele disse com um sorrisinho, olhando de mim para Storge. Eu quis morrer. Ou socar meu irmão mais velho.
-Qual seu problema, hein?- minha mãe reclamou, esticando o braço para dar um tapa na nuca de Yuki. -Para de provocar!
-Que absurdo, eu nem fiz nada! - Yuki disse com um meio sorriso que só me fez ter mais vontade ainda de morrer. Tia Sam riu.
-Ele é mesmo seu filho, Aiko. Ruim que nem você. - ela estalou a língua e minha mãe se virou, indignada, enquanto Angeli e meu pai davam risada da cara dela. Se eu não tivesse com tanta vontade de morrer ali, eu talvez tivesse rido junto.
-Todo mundo sabe que Yuki consegue ser pior.- ela resmungou e meu irmão apenas deu de ombros, sem se importar muito com sua personalidade de merda.
O mais merda de tudo é que todo mundo estava rindo e conversando, mas tudo o que eu queria era ir pra casa e não ter que ficar evitando olhar para Storge porque, ah. Olhar para ela era insuportavelmente difícil, ainda mais quando ela estava tão, tão linda.
Acho que fiquei tão perdido nesses pensamentos e no como Storge nunca ia olhar para mim do jeito que eu olhava para ela que nem percebi que todo mundo tinha se espalhado pela merda da casa e eu continuava no mesmo lugar. Na verdade, acho que foi a merda de uma estratégia pra me deixar sozinho com Storge, que estava me encarando com aqueles olhos lilases que sempre faziam meu coração errar uma batida quando eu os fitava.
Ela suspirou, se levantando e, por um segundo, pensei que talvez Storge fosse me deixar ali sozinho. Mas ela veio até mim e agarrou meu braço, me fazendo levantar. Não quis questionar, tive até mesmo medo de fazer isso, então apenas deixei que ela me arrastasse escada acima, para o quarto dela.
Já tinha estado no quarto de Storge milhares de vezes antes. Não era nenhuma novidade. Afinal, crescemos juntos, éramos melhores amigos. Foram incontáveis vezes que dormi ali na cama dela, junto com ela. Até se tornar insuportável demais dormir do lado de Storge sabendo que jamais poderia abraçar ela do jeito que eu queria abraçar ela, ou que nunca poderia beijar ela e dizer o quanto era apaixonado por ela.
Em um determinado momento, estar no quarto dela deixou de ser um refúgio e passou a ser sufocante porque tudo ali era tão Storge que tirava todo o ar dos meus pulmões. E era meio que difícil estar ali, sozinho com Storge naquele quarto, sabendo que havia milhares de palavras não ditas entre nós.
Ficou pior quando ela fechou a porta atrás de si.
Pensei em como diabos eu ia fugir de Storge agora. Agora teria que escutar ela brigar comigo por eu ser um tremendo de um estúpido.
-Você vai brigar comigo, Georgie?- perguntei com uma careta e Storge ficou os olhos, surpresa. Então, ela fez careta para mim.
-Não. Eu tô cansada disso.- Storge disse e deu um longo suspiro, se sentando na beirada da cama e me fitando. Me encostei na porta do quarto, apenas a olhando por um tempo, mantendo uma distância segura entre nós.
-É. - murmurei. -Eu também. Olha, Georgie, desculpa por ter...
-Você vai pedir desculpas por ter me beijado?- ela perguntou, arqueando a sobrancelha. Fiz uma careta, porque era exatamente isso que eu ia fazer e eu odiava o como Storge sabia exatamente que merda eu ia fazer antes de fazer.
-Não. - menti. -Eu não ia fazer isso.
-Então ia pedir desculpas por ter beijado Mizuki?- ela disse com um sorriso zombateiro, porque ela sabia que eu estava mentindo. Revirei os olhos, cruzando os braços.
-Não fiz nada de errado pra pedir desculpas. - retruquei e Storge riu.
-Então porque ia pedir desculpas?- ela disse arqueando a sobrancelha para mim. Fiz outra careta. Que bosta!
-Só... Podemos parar com isso?- falei, me aproximando de Storge e sentando ao seu lado, fitando os olhos dela mesmo que aquilo sempre fizesse meu coração dar saltos. Aquelas sardas no rosto dela que me faziam querer beijar cada uma delas. Engoli em seco. -Não quero deixar de ser seu melhor amigo por causa de uma merda que eu fiz. A gente pode esquecer isso tudo, Storge, e só... Seguir em frente.
-Mas eu não quero esquecer.- Storge disse e, por um segundo, já pensei que tinha perdido a amizade dela, porque Storge não ia me perdoar por ter beijado ela, né? Aí que merda, porque tô sempre cagando com tudo nessa porra de vida? Ela me empurrou, me fazendo olhar para ela incrédulo. -Para com isso! Para de surtar!
-Mas eu não fiz nada!- protestei com indignação.
Storge colocou as mãos no meu rosto, segurando com força, me forçando a olhar para ela. Para aqueles olhos lindos do caralho que só faziam meu coração bater ainda mais forte e me davam ainda mais vontade de beijar ela. Minha vontade era de envolver os dedos no cabelo de Storge e beijar a boca dela, e dizer o quanto sou apaixonado por ela, mas eu não podia fazer nada disso. Pelo menos, não sem cagar com tudo entre nós mais uma vez.
Foi nesse momento que pensei que ou eu ia ter um colapso e morrer, ou ia terminar a noite chorando pra caralho.
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