☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED SEVENTY TWO ━━ ☪ .☆
Mitsuya não disse nada, apenas me encarou com o cenho franzido, claramente confuso com aquela situação. E não tirava sua razão. Vincenzo sorria para mim, como se soubesse um enorme segredo meu e estivesse perto de o revelar, aquilo me deixava assustada e eu não deveria estar sentindo todo aquele terror como se tivesse feito algo terrivelmente errado.
─ Vincenzo, acho melhor você ir embora.─ Falei, me afastando de Mitsuya com meus olhos fixos no italiano que apenas abriu um sorriso viperino, se virando para Mitsuya com uma sobrancelha erguida.
─ Ora, Sam, não irá me apresentar seu amigo?
Mitsuya franziu o cenho por um momento na direção de Vincenzo, soltando uma risada que se tornou um sorriso que era um mero prelúdio do caos, eu sabia muito bem daquilo pois era o mesmo sorriso que meu namorado costumava dar quando estava perto de destruir alguém com os punhos.
─ Namorado.─ Ele disse, baixo o suficiente para eu acreditar que ele estava ameaçando Vincenzo.─ Eu sou o namorado da Sam Dean, e você é?
O sorriso do italiano cresceu, rapidamente eu soube que não importava o que ele dissesse, minha vida mudaria por completo e já estava garantido que não ia ser de uma forma incrivelmente boa.
─ Bom, é uma história meio engraçada, mas eu acredito que Sam já tenha dito a você.─ Os olhos lavanda de Mitsuya me fitaram ao mesmo tempo que eu fechei meus olhos com força. Tudo bem, Sam, tudo bem.... Você não pode ser presa tão peto do casamento da sua irmã...
─ Não, Sam não me disse nada, não que isso seja do seu interesse.─ Respondeu Mitsuya. Pisquei meus olhos, encolhendo meus ombros. Ah, não...
─ Mitsuya, eu...
─ Tecnicamente eu sou o noivo da Sam.─ Vincenzo me interrompeu, soltando uma risada claramente forçada. Mitsuya apenas piscou os olhos, me lançando um olhar indecifrável.─ Seis atrás, vim até aqui para assumir nosso compromisso, mas você também deve saber o que aconteceu. Sam simplesmente deu as costas para nossa família para ficar aqui no Japão, com você e com aquelas que ela chama de família agora. Ela ignorou o próprio sangue para ficar com você.
O italiano aumentou seu sorriso, cheio de malícia quando Mitsuya me lançou mais um olhar. Pisquei meus olhos, sentindo minha visão embaçar por conta das minhas lágrimas cheias de raiva que me recusava a derramar.
─ Vai se foder.─ Falei para Vincenzo, minha voz trêmula pela raiva.
─ Com o maior prazer do mundo, minha querida.─ Ele sorriu, dando as costas para nós dois, seguindo seu caminho mas então, cessou seus passos e se virou para me olhar.─ Ah, e eu vejo você na Itália.
Mitsuya não disse nada. Ele simplesmente me deu as costas e começou a andar em direção da calçada, sem nem ao menos me lançar um último olhar. Ele não me respondeu quando gritei seu nome, não disse nada durante os minutos que passei lhe dizendo que poderia explicar. Ele simplesmente não dizia nada, não me olhava e agia como se estivesse caminhando sozinho pelas ruas.
─ Mitsuya, por favor, eu posso explicar.─ Implorei mais uma vez, meus olhos se enchendo de lágrimas que escorriam por minha pele já sem controle. Com certeza, eu estava parecendo uma mulher maluca aos olhos de todos na rua. Soltei um suspiro trêmulo, agarrando um dos braços do homem de cabelos meio-coloridos.─ Só me escuta...
Ele não me disse, apenas me fitou com aquelas orbes lavanda e a indiferença que enxerguei ali me atingiu de uma forma que recuei um passo. Mitsuya novamente não disse nada, apenas cessou os passos e ergueu sua cabeça, encarando o céu azul acima de nós. Abro minha boca para dizer algo, para tentar concertar a rachadura que Vincenzo criou entre nós com suas palavras venenosas, mas sua voz me cortou.
─ Seis anos. Você me escondeu sobre isso por seis anos, mentiu para mim por seis anos.─ Novamente, recuei ao sentir suas palavras me atingirem como socos, ultrapassando carne e esmagando meu coração.─ Você sempre faz isso, já percebeu? Não pode fugir, mas mente e esconde.─ Ele soltou uma risada fria.─ Não sei qual é o pior.
─ Tudo bem, eu errei mas...─ Minha voz estava trêmula demais, cobri meu rosto com as mãos e respirei fundo. Eu precisava me acalmar, podia sentir meus dedos temerem contra minha pele.─ Eu só...
─ Você só o quê, Sam Dean?─ Soltou ele. Pisquei meus olhos, surpresa com seu tom. Mitsuya respirou fundo, passando as mãos pelos cabelos.─ Seis anos, Sam. Você pelo menos pensava em dizer isso para mim? Você pensava em dizer que sua família não foi embora por você estar bem mas sim porque você brigou com eles por minha causa?
Meu silêncio lhe deu respostas o suficiente.
─ Eu não iria te contar porque...
─ Porque não achou necessário?─ Ele me interrompeu. Soltei um suspiro exasperado, me aproximando e cessando meus passos ao notar que Mitsuya recuou para não estar perto de mim. Aquilo doeu...
─ Você apenas pode me deixar falar?─ Pisquei meus olhos, mais lágrimas caíram.
─ Você teve seis anos para falar algo sobre isso, Sam. E você não disse nada.─ Respondeu, me olhando com seriedade.
─ Eu não pensei que isso importava tanto.─ Gritei, esperando que ele me entendesse do jeito que costumava, esperando que ele não se deixasse levar pelas palavras de Vincenzo. Eu só queria...
─ No fim, é sempre isso! Você sempre pensa que nada importa para mim!─ Mitsuya respirou fundo.─ Às vezes, parece que nós vira só eu, Sam, e eu não sei se consigo suportar isso.
Ar faltou em meus pulmões e minhas pernas fraquejaram quando dei um passo em sua direção.
─ O que isso quer dizer?─ Perguntei, minha voz falhando. Mitsuya não me respondeu e aquilo me fez sentir meu coração se despedaçar em mil pedaços tão minúsculos que nunca jamais eu iria ser capaz de reconstruí-lo.
─ Eu não sei.─ Ele sussurou, balançando a cabeça.
─ Você está terminando comigo?─ Não sei como tirei forças para perguntá-lo sobre aquilo. Mitsuya apenas suspirou novamente, voltando a fitar o céu.
─ Eu não sei, Sam.
Pisquei meus olhos por um momento mas então limpei minhas lágrimas com força deixando minhas bochechas vermelhas. Fitei o homem que eu amava e não pensei duas vezes antes de empurrá-lo.
─ Vamos! Diga!─ Gritei, continuando a empurrá-lo, ele me encarou e tentou segurar minhas mãos, completamente confuso. Eu já estava chorando novamente quando suas mãos agarraram meus pulsos.─ Diga!─ Gritei mais uma vez, tentando me soltar de seu aperto.─ Diga, Mitsuya! Se você quer acabar tudo então diga, mas não venha me dizer que está sozinho! Eu estou aqui! Desde que começamos com esse namoro, eu te amei e estive ao seu lado, então cale a boca e não me venha dizer sobre isso.
Quando percebi, estávamos nós dois chorando em meio a rua, atraindo olhares de desconhecidos. Soltei um soluço, puxando meus pulsos e me libertando de suas palmas. Cobri meus rostos com minhas mãos, soluçando e chorando cada vez mais. Soltei um suspiro trêmulo, tentando limpar minhas lágrimas com a ponta dos dedos, e com certeza deixando arranhões em meu rosto por conta de minhas unhas.
─ Se você não vai essa droga, então eu faço.─ Grunhi em sua direção. Mitsuya não disse nada, novamente ele não disse nada e sequer tentou me impedir de retirar o anel dourado simples em meu anelar. Meus lábios tremiam quando encarei os olhos lavanda que tanto amava e em um único gesto, joguei aquela peça no seu peito. Mitsuya fez menção a pegar o objeto mas então, parou.
─ Vá se foder.─ E, aquela foi a única coisa que disse ao homem que eu amava e sonhava em ter uma vida junto antes de lhe dar as costas, ainda chorando ao ponto de soluçar.
É incrível como tudo desaba em apenas três minutos, não é?
Eu poderia ter continuado andando na direção de minha casa, mas em vez disso, cessei meus passos. Mais uma vez, minha família se meteu em meu caminho e destruiu grande parte da minha felicidade por causa de uma tradição imbecil. Seis anos atrás, eles tentaram fazer a mesma coisa comigo e quase conseguiram... Mas, agora eles conseguiram e aquilo me deixava irada. Por que eles não me deixam em paz? Eles me abandonaram por anos e agora voltaram só para destruir tudo que eu amava?
Ah, não... Eles não iriam fazer isso e eu ia provar a eles que eles vão se arrepender por isso.
Com rapidez e ainda com minhas mãos trêmulas, retirando meu celular do bolso e digitei rapidamente o número que eu conhecia bem.
─ Sam? Aconteceu alguma coisa?─ Perguntou Aiko. Respirei fundo, tentando não transparecer muito que eu me encontrava na pior situação da minha vida.
─ Arruma suas malas, vou buscar a Angeli, vamos para Itália.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro