☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED NINETY THREE ━━ ☪ .☆
A situação toda era uma bela de uma merda, mas, por um tempo, tudo ficou calmo. Claro que isso se dava a presença de Yuki, e claro que eu sabia que no segundo que ele fosse embora, tudo de ruim ia voltar em cheio. Minha vida era a porra de uma piada, né? Eu queria esfregar a cara da minha mãe no asfalto por ser uma imbecil do caralho! Ela espera doze anos pra decidir que quer resolver alguma bosta? De que adiantava agora? Eu já tinha ficado presa, eu já tinha sofrido naquele inferno, eu já tinha quase morrido inúmeras vezes! E estava coberta de marcas e traumas que jamais poderia me livrar. Ela querer que minha ficha fosse limpa não ia mudar nada disso.
Esfreguei o rosto com força, soltando um suspiro. Me estressar agora com isso não ia adiantar de nada e também não ia fazer as coisas magicamente se acertarem. E eu deveria aproveitar aquele momento, porque podia ser o último. Então, larguei o celular na mesa e fui até a sala onde Chifuyu estava com Yuki, os dois no chão brincando de alguma coisa.
Era impossível não sorrir com aquilo. E, droga, Chifuyu seria um pai tão maravilhoso, mas por minha causa... Não me permiti pensar naquilo naquele momento. Apenas sentei ao lado do homem que eu amava, deitando a cabeça no ombro dele enquanto deixava minhas costas encostarem no sofá atrás de nós.
Yuki largou o que estava fazendo na hora que me viu, abrindo um sorriso e pulando no meu colo, se agarrando ao meu pescoço, o que me fez dar risada. O apertei com carinho e levei uma mão até o cabelo dele, afagando de leve.
-Achei que vocês não iam mais me ver. - ele disse, se afastando para me olhar com aqueles olhos avelã. Ah, droga, o jeito que ele me olhava. -Porque não posso ficar aqui com vocês?
Eu troquei um olhar com Chifuyu, e eu estava bem perto de começar a chorar ali mesmo, na frente dele. Então pisquei os olhos com força e abracei Yuki.
-Por enquanto, você vai precisar voltar para lá. - eu disse e respirei fundo, forçando um sorriso. -Mas a gente vai dar um jeito para que deixem você vir aqui ficar com a gente, tá bom?
Ele assentiu pra mim e pulou para fora do meu colo, voltando a brincar pela sala. Eu apenas olhei para Chifuyu, encostando a testa no ombro dele e fechando os olhos com força. Chifuyu não disse nada, apenas levou uma mão até meu cabelo, acariciando de leve.
Eu queria que aquilo fosse verdade; queria poder ficar com ele, queria que ele fosse nosso. Mas tudo aquilo era uma merda, uma merda do caralho, e eu não sabia se ia conseguir passar por tudo aquilo.
-Tá tudo bem, Aiko.- Chifuyu murmurou, se para mim ou para ele mesmo, eu não sabia dizer. Apenas passei os braços ao redor dele, o apertando com força. -A gente vai mesmo dar um jeito nisso.
-Como?- eu perguntei, me afastando para olhar ele. Me virei para ter certeza que Yuki não estava prestando atenção em nós, mas menino parecia concentrado demais em brincar com um dinossauro de pelúcia para se importar com o que acontecia ao seu redor. -Eu fui presa, Chifuyu.
Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo antes de voltar a me fitar com os olhos verdes. Chifuyu segurou minha mão com força na dele.
-Sei que não quer falar disso, mas, Aiko, talvez sua mãe possa mesmo te ajudar.- ele soltou, e eu fiz uma careta de irritação. Tudo o que menos queria era falar dessa porra! -Uma Revisão Crimal pode limpar sua ficha, Aiko! Se for comprovado que sua mãe mentiu, que você sempre foi inocente e só estava se defendendo, então você vai ser livre disso. E você já cumpriu a pena, então não tem nada a perder com isso.
-É, eu sei disso, Chifuyu. Mas se eu me permitir ter esperanças de que isso pode dar certo, que por algum milagre eu finalmente fique livre desse crime que não cometi, se tiver esperanças que a gente vai poder adotar ele... Se não der certo, isso vai acabar comigo.- eu disse baixinho, sentindo meus olhos encherem de lágrimas. Chifuyu levou uma mão até minha bochecha, acariciando de leve.
-Se não der certo, a gente dá um jeito. A gente dá um jeito, Aiko, mas não vou desistir e não vou deixar você desistir também. - ele disse. Eu apenas fechei os olhos, encostando a testa na dele. -E eu sei o que você anda pensando, então para com essa merda.
-Eu nem disse nada!- falei com uma careta. Chifuyu deu risada.
-E precisa? Eu te conheço bem pra caramba, sabia disso? Estamos juntos tem nove anos, sua idiota. Eu sei muito bem o que você pensa.- ele disse. Revirei os olhos, empurrando a cabeça dele e Chifuyu sorriu, me puxando e me abraçando contra si.
Ficamos em silêncio por um tempo, apenas vendo Yuki pular de um lado para o outro, correndo e gritando pela casa. Eu fiz uma careta; meu Deus, que energia esse garoto tem!
-Ele não vai parar nunca?- eu perguntei com uma risada e Chifuyu sorriu.
-Nem tão cedo, aparentemente. - ele disse, se levantando porque Yuki começou a chamar ele para brincar de alguma coisa que tinha acabado de inventar.
Eu dei risada e me levantei. Estava bem perto de me juntar aos dois quando a campainha tocou. Franzi o cenho; Já tinha se passado tanto tempo assim? Sam já tinha voltado?
Com um suspiro, praticamente me arrastei até a porta, a abrindo. E torci o nariz quando encontrei Sayuri parada ali, parecendo verdadeiramente inquieta, ao lado de Baji e Angeli. Semicerrei os olhos.
-Trouxe os dois só para eu não bater com a porta na sua cara, Sayuri?- eu disse, arqueando a sobrancelha. -Porque sabe que não faria isso com minha irmãzinha e meu melhor amigo? Mas que definitivamente tava doida pra fazer com você?
-Aiko, pega leve aí, vai.- Baji reclamou, me empurrando para entrar na minha casa sem sequer ser convidado. Dei um chute na panturrilha dele e ele deu um grito tentando se equilibrar para não cair no chão. Angeli caiu na gargalhada.
-Eu não fiz nada!- Sayuri reclamou comigo e eu revirei os olhos. -E, se quer mesmo saber, acho sim que mamãe fez a coisa certa!
-Sayuri, acho bom ficar quieta e entrar antes que eu me arrependa e te deixe do lado de fora.- eu rosnei. Ela fez uma careta, mas não demorou para entrar rapidinho dentro da minha casa. Angeli estava rindo da cara da minha irmã, e eu aproveitei a distração dela para beijar com força sua bochecha.
-Aiko!- ela reclamou com uma careta e eu dei risada, apertando minha irmã em um abraço.
-Como você ficou rebelde, Ange! Não estou gostando nada, nada!- eu provoquei cutucando a barriga dela e a fazendo rir.
-E quão diferente ela é de você, hein?- Baji disse. Eu e Angeli reviramos os olhos, o que fez ele torcer o nariz. -Eu só sou destratado nessa família!
-Calado, seu dramático. Vem, vamos logo.
Segurei a mão de Angeli, a puxando para sala. Percebi logo que Sayuri estava doida para conversar sobre aquele assunto lá, mas teria que esperar. O choque de Sayuri e Baji foi grande quando viram Yuki, que estava rindo enquanto subia nas costas de Chifuyu.
-Mas que porra...- Baji começou, mas enfiei o cotovelo na costela dele e ele parou de falar. Baji se virou para mim. -Eu dormi por quantos anos, quando vocês tiveram um filho que eu não vi?
Revirei os olhos de novo.
-Esse é o Yuki. Sinceramente, Kazutora e Sam não te falaram nada não? Nem Chifuyu?- eu disse e Baji fez uma careta de irritação.
-Sou sempre o último a saber das coisas nessa merda, consideração zero!- ele reclamou. Dei um tapa nele.
-A gente quer adotar ele.- eu murmurei. E ai Sayuri se virou para mim, abrindo a boca para falar algo. -A gente não pode. Porque eu fui presa.
-É por isso que a mãe...- ela começou, mas eu a cortei.
-Sim. Sim, é por isso. E eu não quero falar desse assunto agora, tá beleza? Logo ele vai ter que ir embora, e não quero perder tempo me chateando com ele aqui.
Eles não disseram mais nada enquanto íamos até Chifuyu e Yuki, que pareceu feliz por ter ainda mais atenção. E eu sabia que todos eles logo entenderiam o porque eu tinha me apegado tanto a aquele garoto.
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