☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED NINETY FOUR ━━ ☪ .☆
Como uma criança, corri pelos corredores do apartamento, analisando as paredes ainda brancas e o chão coberto de poeira. Tudo bem, quatro quartos que eram grandes o suficientes para que qualquer pessoa fosse morar com nós dois e um deles sendo suíte. além de ter um banheiro. Na sala, havia uma varanda simplesmente enorme. Certo que ela estava vazia, mas eu claramente poderia vê-la com flores das mais variadas espalhadas por ali. Soltei um suspiro, me apoiando no cercado que circulava a varanda. Meu coração palpitava de tanta felicidade. Eu não podia acreditar naquilo tudo...
─ Eu estava procurando um novo lugar para o ateliê quando encontrei isso aqui.─ Disse Mitsuya, se aproximando, rodeando meu corpo com seus braços e me puxando para perto. Ele beijou meus cabelos.─ Não consegui não pensar em você.
Abri um sorriso para a paisagem na nossa frente. Prédios se erguiam, pessoas passeavam pelas ruas com tranquilidade e em algum lugar, alguém cantava uma música alegre.
─ É perfeito.─ Murmurei. Ele balançou a cabeça, apoiando seu queixo em meu ombro.
─ Sim, é.─ Ele respondeu, beijando minha bochecha.─ Mas vai ficar mais perfeito quando estiver tudo ajeitado.
Com rapidez, Mitsuya me virou para ele e fitou meus olhos.
Nove anos. Foram nove anos de um relacionamento que como todos tiveram seus altos e baixos mas ainda assim.... Takashi Mitsuya foi dono de todas as minhas primeiras vezes. Meu primeiro beijo, primeiro namorado e agora, será aquele que estará ao meu lado por toda a eternidade.
─ Eu amo você.─ Disse a ele, antes de juntar nossos lábios. Ouvi sua risada e senti suas mãos me puxarem para perto. Nove anos... Aquela Sam de quinze anos que tinha medo do dia seguinte jamais imaginaria que chegaria tão longe, mas tenho certeza que ela teria orgulho de mim da mesma forma que agora me orgulho dela, afinal ela foi capaz de enfrentar todas as dificuldades e se manter firme não só por si mesma mas por todos que amava.
Dois dias. Só faltava dois dias pro meu casamento e eu estava prestes a ter um desmaio de tão nervosa que estava. As últimas semanas se passaram muito lentas, no entanto aconteceram muitas coisas e uma delas foi o tempo que gastei organizando meu futuro apartamento. Pintar as paredes com o auxílio de Yuzuha me rendeu algumas horas no banheiro só vomitando e um pouco de estresse, uma vez que ela não parava de me atormentar com aquela história que eu precisava de um exame de gravidez o mais rápido possível. E sinceramente, estava um passo de jogar Yuzuha da escada mais próxima se fosse continuar com aqueles papos.
─ Você precisa se acalmar, isso sim.─ Soltou Mikey, jogando uma pipoca dentro de sua boca com os olhos escuros presos na televisão que passava algum programa infantil. Sem pensar muito, agarrei a almofada mais próxima e a lancei no rosto do loiro que desviou com facilidade.
─ Você tá de TPM?─ Perguntou Kazutora, aparecendo na sala e se jogando nos meus pés. Revirei os olhos e dei um tapa em sua cabeça com força. Ele chiou, massageando o couro cabeludo.
─ Não, seu imbecil, faz...─ Pisquei meus olhos, deixando-me levar por meus pensamentos por um momento. Caralho, que dia era hoje?
Tropeço em algo quando ultrapasso a porta da cozinha e me lanço na direção do único calendário que tínhamos ali. Draken franziu o cenho, me observando enquanto eu focava nas contas. Tudo bem, me lembrava da última que menstruei, eu até obriguei Hakkai a me levar até a farmácia, mas... O problema é que já faz dois meses que isso aconteceu.
Ar faltou em meus pulmões. Caralho. Caralho. Caralho!
Estive tão focada em organizar o casamento e garantir que tudo fosse com o que desejávamos que acabei de esquecer do mais importante. Meu Deus... Meu Deus, não é possível. Não pode ser possível...
Minhas mãos tremiam conforme eu rasgava o papelão da caixa em gestos bruscos e rápidos. Tudo bem, precisava fazer isso antes que todos voltassem para casa depois de um dia cheio de trabalho. Eu precisava fazer isso antes que Aiko, Yuzuha, Emma e Hinata chegassem para temos uma despedida de solteira digna. Eu precisava fazer isso rápido mas assim que meus dedos roçaram no plástico do teste, simplesmente travei.
Aquilo não era algo que eu desejava. Era exatamente como já disse a Mitsuya. Eu planejava ter alguns anos apenas para aproveitar nosso casamento e aos poucos construir uma rotina boa para nós dois, algo que seria futuramente propício para uma criança. Mas, agora, aquilo não estava em nenhum dos nossos planos, não agora, não nesse momento.
Pisquei meus olhos, erguendo a cabeça, sentindo as lágrimas escorrerem por minhas bochechas.
Eu não queria aquilo agora. Eu só... Aiko estava tentando ter aquilo por meses, ela havia desejado tanto e se julgado tanto por aquilo, mas não o teve, mesmo eu tendo certeza que ela seria uma mãe maravilhosa, uma melhor que tivemos, afinal ela desejou um filho para si e a única opção que pareceu lhe restar foi adotar um garotinho energético.
Aiko é quem deveria em meu lugar.
Passei as costas das minhas mãos por minhas bochechas, buscando secar as lágrimas com rapidez. Tudo bem, eu precisava me acalmar e fazer logo isso.
Minutos depois, eu me encontrava encarando aquele pequeno pedaço de plástico com a mísera esperança que eu estivesse apenas ficando louco. Porém, assim que os cinco minutos exigidos pareceram se passar, foi impossível não soltar um grito estridente quando ouvi uma batida na porta e em seguida, risadas femininas.
─ O que foi, Sam? Está assustada?─ Soltou Emma e naquele momento, tive vontade de abrir a porta, só para socá-la.
─ Vamos, vadia! Você vai ter a melhor despedida de solteira que o Japão já viu!─ Gritou Yuzuha. Revirei meus olhos e sem pensar muito, com rapidez peguei o teste.
E ali estava o resultado. Soltei um suspiro trêmulo, mordendo os lábios para não começar a chorar novamente e não pensei muito em jogar o teste dentro da privada, dando descarga logo em seguida.
Abri a porta de forma brusca, analisando aquelas que chamava de amigas e até mesmo irmãs com uma sobrancelha erguida.
─ Espero que tenha algum stripper me esperando em algum lugar.─ Soltei, cruzando os braços. Aiko soltou uma risada escandalosa e Yuzuha jogou uma almofada em mim. Ri, correndo até minha irmã e me jogando em seus braços, abraçando-a apertado.
Ah, Deus, você só faz merda mesmo.
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