☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED NINETY EIGHT ━━ ☪ .☆
Takashi ainda estava dormindo e pulei para fora da cama, entre movimentos lentos para que ele não acordasse. Fui rápida em fazer um café da manhã improvisado para ele e escrever um bilhete qualquer com uma desculpa qualquer, antes de sair de casa e descer as escadas da forma mais veloz que eu conseguia. Soltei um suspiro, enfiando as mãos dentro do meu sobretudo e praticamente corri em direção ao carro do Matsuno depois de trancar as portas.
─ Tá tudo bem?─ Perguntou ele, assim que me joguei no banco ao seu lado. Chifuyu se inclinou, tentando ver se havia alguém nas portas do ateliê. E não tinha...
Mitsuya havia se animado demais ontem junto de Draken e não havia parado de se encher com todas as bebidas alcoólicas que encontrasse pela festa até o dia raiar. Foi um pouco complicado e engraçado dar um banho nele, principalmente quando ele não parava de dizer que eu era a mulher de sua vida. E ele só acordaria perto do final do dia pela forma que estava babando nos lençóis quando saí de casa.
─ Mitsuya tá dormindo.─ Murmurei, passando o cinto por meu corpo e o prendendo.
─ Não disse nada a ele?─ Balancei a cabeça, negando e mordendo os lábios com força o suficiente pro gosto de sangue explodir em minha boca.─ Caralho, Sam!
─ E você queria que eu fizesse o que? Tava todo mundo enchendo a cara ontem! Eu não vou contar que tô grávida para um imbecil bêbado!
Chifuyu revirou os olhos, girando a chave e ligando o carro. Ele moveu o volante e então já estávamos andando pelas ruas.
─ E por que você ir pro hospital, sua idiota?─ Perguntou ele, seus olhos presos na pista. Revirei meus olhos e dei um tapa em seu braço com toda minha força, ele chiou e também tentou me dar uma tapa, continuando fitando as ruas com atenção.
─ Eu quero confirmar, quantas semanas é e também é melhor começar com o pré-Natal, não é?─ Perguntei, meu tom cheio de dívida. Chifuyu virou-se para mim e franziu o cenho, confuso.
─ Como assim confirmar?
─ Meu Deus, Chifuyu! Só homem mesmo pra confiar em teste de farmácia!─ Gritei, me inclinando para dar mais um tapa em seu braço. Chifuyu também se inclinou, tentando me morder por um momento. Torci o nariz e acertei um tapa em sua boca.
─ Porra! Sam, vai se foder!─ Gritou ele, tampando os lábios com uma mão. Pisquei meus olhos por um momento e então, comecei a rir.
Era incrível como nossas idades mentais diminuíam quando estamos perto do outro, é como se a gente não conseguisse evitar ficar se dando tapa e gritando um com o outro da mesma forma que dois irmãos birrentos fazem um com outro.
─ Para de rir, sua imbecil!─ Disse Chifuyu, me atingindo como mais um tapa que apenas me fez soltar ainda mais uma risada. Ele me lançou um olhar emburrado por um instante e girou o volante, entrando em mais uma rua.
─ Chifuyu.─ Chamei, risonha. Ele piscou os olhos e me lançou um breve olhar que pedia para que eu continuasse.─ Obrigada.
E eu disse aquilo de forma sincera. Pois Chifuyu estava ali comigo quando eu não estava conseguindo dizer o que estava dominando meus pensamentos nos últimos dois dias para as pessoas que eu mais amava no mundo. O homem me olhou e revirou os olhos.
─ Cala a boca, é isso que irmãos fazem um com o outro, não é?
Soltei uma risada e pisquei meus olhos, encostando minha cabeça na janela ao meu lado, fitando as ruas parcialmente vazias por ser uma comum manhã preguiçosa.
Não sei como mas ainda esperava que estivesse errada...
Eu não estava errada. A enfermeira foi gentil comigo, ela foi rápida com os testes e agora eu me encontrava deitada em uma marca com uma de minhas mãos sendo segurados por Chifuyu que, por algum motivo, parecia mais nervoso do que eu. Tudo bem, talvez eu não devesse estar fazendo aquilo sem a presença de Mitsuya mas não consegui simplesmente dizer não quando ela me fitou com aqueles olhos cheios de doçura e me perguntou se eu queria ouvir o coração do meu bebê.
─ Tudo bem...─ Murmurou ela, aplicando um gel frio em minha pele.─ Vamos começar.
Quando um minúsculo brotinho apareceu no monitor, soltei a respiração que nem eu sabia que estava prendendo e apertei a mão de Chifuyu enquanto as batidas de coração soavam pela sala. Tão rápidas e... Pisquei meus olhos, lágrimas caindo com um sorriso radiante. Chifuyu soltou uma risada, desacreditado.
─ Caralho, Sam.─ Ele riu, também começando a chorar que nem o grande emocionado que ele é. Sorri para o homem e voltei a fitar meu bebê, sorrindo.
Tudo bem, está tudo bem... Mas aquela pingo de culpa ainda estava em meu peito e ele só se intensificou quando vi Chifuyu se desfazer em lágrimas em minha frente por estar ali ao meu lado, provavelmente imaginando como seria se Aiko estivesse nessa situação em vez de mim.
Soltei um suspiro trêmulo, guiando minha mão até meu rosto, esfregando minha palma contra minha pele com força.
─ Você tá bem?─ Perguntou Mitsuya, assim que abri a porta de casa. Franzi o cenho para ele, notando que não fazia muito tempo que devia ter acordado pela forma que os amassados do lençóis estavam em sua pele. Lentamente, fechei a porta do apartamento e comecei a caminhar na direção da cozinha, passando por meu marido que apenas franziu o cenho, talvez confuso com meu silêncio.
─ Você não comeu ainda?─ Soltei, me aproximando do prato com ovos e pão assado que fiz naquela manhã, depositei uma sacola em cima da bancada. Mitsuya piscou os olhos, lento demais por causa do sono.
─ Você fez comida?─ Ele perguntou. Me virei para ele com as mãos na cintura, levemente confusa.
─ Não, Takashi, vou sair e deixar você de ressaca sem nada.─ Falei, o homem apenas suspirou e desabou em uma das cadeiras da bancada. Seus olhos lavanda encararam a sacola com curiosidade.
─ É um presente do Chifuyu.─ Confessei, puxando o único prato ali na bancada para perto e mordendo o pão assado que já estava duro por ter passado muito tempo desde que foi feito.
─ O que é?─ Perguntou ele, puxando a sacola para perto. Revirei os olhos, me inclinando e metendo um tapa em seu braço.
─ Abra para ver.─ Mitsuya me fitou por um momento e soltou uma risada. Em um único movimento, ele enfiou sua mão na sacola e puxou a pequena caixa cinzenta que estava ali dentro. Ele franziu o cenho para o objeto e o abriu com rapidez.
─ Sam?─ Ele perguntou, pegando o tecido do sapatinho bege dentro da caixa.─ O que é isso?
─ Um presente de Chifuyu.─ Respondi, simples. Dei as costas para ele, mordendo mais um pedaço do pão em minha mão e andando na direção do corredor dos quartos.
─ Sam?
Cessei meus passos e me virei para ele novamente com um sorriso nos lábios.
─ Ah, sim, eu esqueci!─ Dei de ombros.─ Parabéns, Takashi, você vai ser pai.
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