☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED EIGHTY NINE ━━ ☪ .☆
Eu ia matar alguém. E esse alguém era Chifuyu Matsuno, por ser um grande imbecil do caralho! Pelo amor de Deus, como eu tinha acabado me casando com um imbecil? Sam estava tão irritada quanto eu, parecendo bem perto de mandar que deixassem os imbecis da nossa família presos pelo resto do mês por serem um bando de idiotas. Por tudo o que era mais sagrado, não tinhamos mais dezesseis anos na cara para sair por aí socando pessoas como se não fossem existir consequências! Caralho, eu me segurava todos os dias para não acabar perdendo o controle e enfiando a mão na cara de alguém, mas lá estava o imbecil do meu marido, preso! Preso, pelo amor de Deus, por ser um puta babaca do cacete!
-Aiko, acho bom você dar uma acalmada aí. - Kazutora disse me olhando, os olhos um pouco arregalados. Eu bufei. Acalmada é o caralho! Minha vida tava a porra de um caos, uma verdadeira merda do cacete, e ainda tinha mais essa. Eu tinha que bancar a babá do meu marido agora, é isso? Mas que inferno! -Não é possível que você esteja tão puta assim só porque eles foram detidos, vai. Que tá rolando, Aiko?
Aquela fala de Kazutora pareceu chamar a atenção de Sam, que direcionou seu olhar avaliador que eu odiava para mim. Fiz uma careta, aceitando o copo de água que Yuzuha tinha me oferecido. Eu bufei, me jogando no sofá.
Tinhamos até ido tentar livrar o traseiro daqueles imbecis, mas ou a gente pagava a merda de uma fiança, ou deixavamos eles passarem a noite presos. Bem, pelo menos pra mim, não foi muito dificil a decisão. Chifuyu que se meteu nessa merda, não é? Não foi ele a sair pra caçar briga por aí como um adolescente imbecil que ele já nem era? Então ele que ficasse preso pra aprender o como aquela merda era uma merda! Inferno!
-Ainda é sobre esse papo de filho?- Kazutora perguntou. Franzi o cenho e pisquei os olhos.
-Quê? Ah.- eu soltei um suspiro e olhei para o teto. Dei uma risada fraca. -Sendo sincera, nem tava pensando mais nisso.
Sam quase caiu da cadeira enquanto se levantava e vinha até nós, me olhando com o cenho franzido. Ela me olhava como se tivesse algo errado com minha cara ou como se eu tivesse acabado de falar que era adoradora do capiroto.
-Para de me olhar assim, Dean!- falei dando um chute de leve na perna dela. Sam piscou os olhos, visivelmente confusa.
-Como assim não tá mais pensando nisso? Você tava com essa ideia bem fixa na cabeça, o que mudou?- ela perguntou. Dei de ombros, puxando uma almofada e a abraçando contra o corpo. -Tô falando com você, Aiko!
-Aí, pra que tanto grito?- falei torcendo o nariz e fechando os olhos. -Só, sei lá. Aconteceram umas coisas e eu tô pensando nisso.
-Como assim? Porra, o que ia ser o suficiente pra fazer você parar de surtar por causa de filho?- Kazutora perguntou arqueando a sobrancelha. Dei de ombros de novo.
-O que você fez?- Sam disse semicerrando os olhos. Atirei a almofada nela, bufando com irritação.
-Não fiz porra nenhuma, tá beleza? Tá, eu vou falar. Nossa, como vocês são chatos, puta merda. Eu saí com Ran e Rindou e...
-Caralho, Aiko!- Kazutora disse, me cortando. -Porque você ainda insiste em ser amiga de traficante?
-Kazutora, cala essa boca!- eu gritei, dando um tapa bem no meio da testa dele, que fez uma careta.
-Deixa ela falar, seu merda!- Sam disse, atirando a almofada que eu tinha jogado nela em Kazu. -Tá, você saiu com os Haitani, e dai? Você fez alguma bosta? Não me diga que...
-Cacete, não, eu não usei drogas, pelo amor de Deus, e nem ajudei eles a quebrarem ossos! Dá pra me deixar falar e parar de tentar adivinhar? Que saco!- eu reclamei. Sam fez uma careta, mas ficou em silêncio. Dei um longo suspiro. -A gente saiu e tinha um garotinho na rua. Sozinho, com frio e com fome. Porque ele foi deixado pela família. Enfim, eu surtei e levei ele pra casa, Chifuyu chegou e quase morreu do coração, e a gente levou ele para a casa de adoção de manhã. E, sei lá, foi uma merda. Foi uma merda do caralho, porque ele não queria ir embora e eu também não queria deixar ele e não consigo parar de me perguntar se ele tá bem.
Eles todos ficaram em silêncio por um tempo. Sam não parecia nem estar respirando, o que me fez torcer o nariz. No fim das contas, não foi nem Sam e nem Kazutora que falaram.
-E porque você não vai visitar ele então? - Yuzuha perguntou, me olhando. Eu apenas dei um suspiro.
-Eu só, sei lá. Sei que se eu fizer isso... Não sei se é uma boa ideia.- eu murmurei. Tudo bem, minha explicação foi uma bela de uma porra, mas Yuzuha pareceu entender tudo perfeitamente, pois deu uma risada.
-Então adota ele.- ela soltou. Quase engasguei. Não, na verdade eu engasguei mesmo. E não só eu, porque Kazutora e Sam também estavam olhando para Yuzuha, perplexos demais para dizer qualquer coisa. Yuzuha fez uma careta. -O que foi? Aiko, você quer filhos, não é?
-Sim, mas...
-E você não consegue engravidar, não?
-Sim, mas, você não tá...
-E você parece que se apegou muito a essa criança e ela a você. Então porque você não tenta? Adotar ele?- Yuzuha disse. Apenas pisquei os olhos e franzi o cenho.
-Epa, pera aí, Yuzuha, não acha que isso é precipitado demais não?- Kazutora disse com uma careta. Yuzuha franziu o cenho.
-Não, eu não acho não. Quando você tem esse tipo de conexão... É dificil deixar pra lá.
E, puta que pariu. O mais foda disso tudo era admitir que Yuzuha estava certa.
-Eu deveria te esganar. - disse para Chifuyu em um sussurro quando ele chegou em casa naquela manhã. Ele fez uma careta para mim e eu bufei com pura irritação. -Você ficou louco, foi? - atirei todos os travesseiros da cama na cara de Chifuyu, que apenas desviou. -Você não tem mais quinze anos, Chifuyu Matsuno!
-Você tá brava porque eu fui preso, porque bati em uns adolescentes ou porque ninguém te chamou pra ir junto?- ele soltou. Dei um tapa com força em Chifuyu, o fazendo chiar.
-Eu deveria te esfolar, Chifuyu, por agir como um idiota!- eu disse dando outro tapa no braço dele. Ele fez uma careta e segurou minhas mãos nas dele. Eu apenas suspirei e fechei os olhos, deitando a cabeça no ombro dele. -Mas eu tô cansada demais pra isso.
-Tá tudo bem?- ele perguntou levando a mão até meu cabelo. Eu dei um beliscão em Chifuyu, o fazendo chiar de novo.
-Claro, ótimo, Chifuyu, não é como se você tivesse sido preso por ser um puta de um imbecil!- eu sibilei. Ele revirou os olhos, me segurando com força.
-Desculpa!- ele disse, mas o tom de voz já dizia que ele não sentia muito porra nenhuma e que, na verdade, estava querendo rir. Dei outro tapa em Chifuyu e ele torceu o nariz, me apertando com força até me fazer reclamar. -Eu te conheço. O que tá errado?
-Não sei.- eu suspirei, abraçando a cintura de Chifuyu e deitando a cabeça no peito dele. Ele passou a mão pelo meu cabelo, pelas minhas costas.
-Não consegue parar de pensar nele também, né?- Chifuyu me perguntou e eu apenas assenti em confirmação. Chifuyu segurou meu rosto em suas mãos, me beijando de leve. E, antes mesmo que Chifuyu falasse algo, eu já sabia o que ele ia dizer.
Eu estava um pouco nervosa quando chegamos naquela mesma casa de adoção, mas não de uma forma ruim. De alguma forma, sentia que aquela era a coisa mais certa que eu podia fazer. E estava feliz, feliz de verdade de estar ali. Eu não sabia que aquilo era o que queria até Yuzuha falar algo. Até Chifuyu dizer a mesma coisa. Ou talvez eu só tivesse negado isso pra mim mesma, com medo demais de dar tudo errado para me permitir desejar isso.
Quando a assistente social viu a gente, ela fez uma cara estranha, mas veio até nós. Certo, eu entendia. Ela tinha dito que se não tinhamos intenção de adotar o Yuki, era melhor não ficarmos visitando ele e dando falsas esperanças de um lar para ele. Mas era diferente agora!
-A gente queria ver o Yuki.- eu falei assim que ela se aproximou. Ela apenas me olhou e me olhou e eu torci o nariz. -Sei o que você disse, mas a gente não vai dar falsas esperanças pra ele. Queremos adotar ele.
A mulher apenas me olhou e deu um longo e pesado suspiro. E foi aí que percebi que tinha algo errado.
-Sinto muito, mas vocês não podem adotar ele.- ela disse. Pisquei os olhos, confusa.
-Porque? Ele foi adotado? A família dele quer ele de volta?- eu perguntei, sentindo meu coração apertar um pouco. Chifuyu segurou minha mão na dele, me puxando, e nem percebi que tinha me aproximado demais da mulher que me olhava de forma estranha.
-Não é nada disso. Olhe, nós fizemos o que sempre fazemos quando alguém trás uma criança nova e olhamos a ficha de vocês dois. Você não pode adotar ele, Aiko.- ela disse. Pisquei os olhos de novo.
-Porque?- há essa altura, eu já estava bem perto de voar no pescoço dela.
-Porque você foi presa por tentativa de homicídio doloso. Então não pode adota-lo.
E ali, naquele momento, eu senti novamente como se tivesse voltado a cair naquele mesmo buraco vazio e escuro enquanto meu coração se partia de milhares de formas diferentes. E eu não sabia como um dia seria capaz de consertar isso.
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