☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED AND SIXTY FIVE ━━ ☪ .☆
Pisquei os olhos com a cena que se desenvolvia bem na minha frente, tentando processar que porra era aquela ali. Na verdade, não só eu, mas como todos os outros imbecis junto comigo. Sam, por sua vez, estava com os olhos tão arregalados que achei que fossem saltar para fora. Certo... Calma, Aiko. Você não é mais uma surtada. Você não pode esganar Sam Dean por claramente ter acobertado aquele crime por só Deus sabe quanto tempo. Respirei fundo, sem saber se eu dava risada da cara de Baji ou se eu esfolava ele.
-Que porra é essa aqui?- Kazutora gritou, perplexo. Bem, pelo menos alguém nessa porra conseguiu reagir. -Ai meu Deus! Na porra da sala, não é possível!
-Essa é sua maior indignação?- Chifuyu perguntou, perplexo, não sabendo sequer como reagir aquela bosta toda. Bem, isso fazia de nós dois. E pela cara de Mikey, Draken e Kazutora, nem mesmo eles sabiam o que fazer.
-Sam Dean. - chamei, dando um sorriso meio psicótico para ela. Sam teve a decência de parecer abalada. -Quanto tempo você sabe disso aí?
-Quem disse que eu sabia?- ela começou, mas dei um passo na direção dela e Sam engoliu em seco.
-Eu te conheço, sei muito bem quando você tá enfiada em uma merda!- eu disse e ela bufou com irritação, se virando para Keisuke e Sayuri e os fuzilando com o olhar, uma promessa silenciosa que se ela se fudesse, eles iam se foder com ela. Me virei para Baji e Sayuri e torci o nariz. -E vocês dois, pelo amor de Deus, parecem duas crianças! Se vocês querem foder, legal, parabéns pra vocês! Mas pra que esconder essa porra? E, Keisuke, pelo amor de Deus, tenha decência de colocar uma roupa.
-Ah, mas que caralho, sua grossa do cacete!- ele gritou. Estava bem perto de voar no pescoço dele, mas Chifuyu me puxou.
-E você acha que ela tá errada?- Chifuyu disse e Baji o olhou indignado, como se tivesse sido apunhalado pelas costas. -Caralho, a gente não tem mais dezesseis anos não.
-Ei, se a gente não falou nada, é por um motivo!- Sayuri reclamou. Eu lancei pra ela um olhar tão cortante que fez minha irmã se enfiar atrás de Keisuke. Como se ele pudesse super salvar o trasseiro dela.
-Nossa, e que motivo foda do caralho é esse?- Kazutora perguntou cruzando os braços. Eles nem responderam.
-Porra, vocês não tem um pingo de noção, não é?- Draken disse esfregando o rosto com força. -E se Angeli tivesse aparecido aqui? Mas que caralho!
-Ei, a gente sabe que nesse horário isso é praticamente impossível!- Baji gritou. É isso, ouvi o suficiente. Agarrei uma almofada que estava no chão e taquei na cabeça dele com força, fazendo Baji cambalear e soltar um gritinho.
-Você é um puta de um imbecil, Keisuke!- gritei. -Pelo amor de Deus, como eles ainda te aguentam morando aqui?
-Caralho, Aiko, pegou pesado.- ele reclamou. Sam bufou.
-O cacete, vocês são dois sem noção!- Sam gritou.
-Nossa, vamos acalmar os ânimos aí. - Mikey disse franzindo o cenho. E ai ele encarou Sayuri. -Sayuri, acho que você deveria parar de ficar com essa cara de assombro e vestir sua roupa.
Foi aí que ela se deu conta que estava praticamente nua na frente de cinco caras. Respirei fundo. Pelo amor de tudo o que era mais sagrado, como esses dois são burros. Respirei fundo de novo e de novo. Puta merda, o que custava só, sei lá, ter avisado? Não é como se a gente fosse uau monstros. Porra, éramos todos o caralho de uma família. Não é como se eu não soubesse que Sayuri amava Keisuke e que ele amava ela. Então, porque eles precisavam agir como duas mulas do caralho? Tudo aquilo teria sido simplesmente evitado se eles não tivessem ficado de putaria.
Suspirei e segurei a mão de Chifuyu antes de o puxar em direção da porta. Já nem lembrava o porque eu tinha ido parar ali, mas a discussão que viria a seguir era algo que eu, definitivamente, não queria fazer parte.
-Ei, onde você vai?- Baji gritou. Apenas o ignorei. Sam veio até mim e fez uma careta.
-Você vai embora?- ela perguntou. Torci o nariz.
-Acho que vocês tem umas merdas ai pra lidar.- eu falei e Sam deu um pesado e dramático suspiro. Dei risada e abracei minha irmã com força. -Boa sorte lidando com as crianças!
-Otária.- ela resmungou e eu apenas dei um tchauzinho para Sam enquanto saía da casa. Deus, eu lido com idiotas.
Será que em algum momento isso melhora? E, sinceramente, eu queria que melhorasse?
Estava sentada na bancada do pet shop de Baji e Kazutora, com o homem de cabelo bicolor posicionado de costas no meio das minhas pernas. Meus dedos estavam entre os cabelos de Kazutora e ele não parecia se importar muito enquanto eu fazia trancinhas em seu cabelo. Já que ele estava ocupado demais digitando uma mensagem que fez de tudo para me impedir de ver para quem era. Bem suspeito, devo dizer, mas estava entretida demais em brincar com as mechas compridas dele para me importar. Já que Keisuke nunca me deixava tocar no cabelo dele.
-Não acha que Baji e Sayuri tão demorando demais lá nos fundos, não?- perguntei terminando de ajeitar a última trança e prendendo o cabelo de Kazu. Ele parou de encarar a tela do celular e franziu o cenho, olhando ao redor, acabando de se dar conta que minha irmã e nosso melhor amigo tinham sumido.
-Porra.- ele soltou, se afastando e me ajudando a descer da bancada. -Ninguém leva trinta minutos pra pegar uma caixa.
Ele começou a se dirigir aos fundos da loja, mas agarrei o braço dele e Kazutora se virou para me olhar, confuso.
-E se eles tiverem fazendo coisas impróprias lá atrás?- eu disse e arregalei os olhos. -Não quero ver minha irmã e meu melhor amigo transando!
-Bem, depois do que rolou ontem...- ele começou, mas meti minha mão na cara dele e Kazutora se calou, fazendo uma careta. -Baji! Para de transar e volta aqui, caralho!
-Por Deus, Kazutora.- eu disse dando risada e o empurrado de leve. Uma dupla de imbecis, de fato.
Baji e Sayuri finalmente apareceram, e pela cara deles e os cabelos bagunçados, sim, eles estavam fazendo coisas impróprias. Torci o nariz com desgosto.
-E a caixa?- Kazutora perguntou, cruzando os braços. Baji franziu o cenho.
-Que caixa?- ele perguntou. Sayuri enfiou o cotovelo na costela dele e Baji arregalou os olhos. -Ah, é, a caixa.
-Meu Deus, vocês são tão trouxas.- suspirei, passando a mão pelo meu cabelo castanho e comprido. -Vou ir almoçar com Chifuyu, vão vir ou não?
-Você vai pagar?- Baji perguntou abrindo um sorriso. Ergui o dedo do meio para ele.
-Aqui pra você. Vai, vamos logo.- eu falei começando a empurrar Kazu em direção a saída. Kazutora apenas deu risada, jogando o braço ao redor do meu pescoço e nos guiando em direção ao carro dele.
Claro que não tive um segundo de paz dentro daquela porra de carro, porque Baji e Kazutora juntos agiam como a porra de duas crianças. Não sei como Kazutora não tinha batido com o carro ainda, sinceramente. Ainda mais tendo o imbecil do Keisuke se esticando para encher ele de tapa.
-Para com essa porra, Keisuke!- gritei, me esticando e dando um murro no peito dele. Keisuke caiu para trás e arfou, indignado.
-Porra, teu soco dói pra caralho.- ele reclamou, massageando o peito. -Você ainda tá exercendo a função de chefe de gangue ou o que?
-É sempre bom me manter em forma, nunca se sabe quando vou ter que comer alguém na porrada.- eu disse com um sorrisinho. -E estou bem perto de fazer isso com você, então fica na sua!
-Olha ali o Chifuyu!- Baji desviou o assunto. Revirei os olhos e me virei. Apenas para ver Chifuyu e... -Quem é aquela ali do lado dele?
Franzi o cenho e semicerrei os olhos. Certo... Eu não fazia a menor ideia de quem era a loira cheia de sorrisinhos e mãos pra cima do meu namorado, mas ele parecia saber muito bem quem ela era já estava sorrindo pra mulher. Pisquei os olhos. Que porra era aquela?
Tudo bem, Aiko. Você não precisa surtar. Ele não está fazendo nada de uau, apenas conversando com uma garota que claramente está...
-Meu Deus, ela tá se esfregando nele?- Sayuri disse, grudando na janela do carro. -Ela tá se atirando nele sim!
-Sayuri, cala a boca.- Baji resmungou. -Aiko vai surtar.
Franzi o cenho.
-Porque eu sequer surtaria? Chifuyu não ia...- comecei, mas parei de falar assim que vi aquela desgraçada esticando a mão e tocando do cabelo de Chifuyu. É isso, foda se o auto controle.
Tirei o cinto e escancarei a porta do carro, ignorando os gritos de Kazutora e Baji, e Sayuri me dizendo pra sentar o cacete naquela mulher.
De duas uma: ou Chifuyu realmente tá de palhaçada com a minha cara, ou ele é burro por não perceber essa otária se atirando em cima dele. E, conhecendo bem o meu namorado, podia dizer que ele era burro. Burro o suficiente pra não notar o óbvio.
Não sabia quem era aquela e, sinceramente, nem queria saber. Percebi que Chifuyu era mesmo um tapado, porque quando me viu ele sorriu, nem mesmo se dando conta do quanto eu queria esfolar ele naquele momento por não ter chutado aquela garota pra longe dele.
Abri a boca para dizer algo quando me aproximei, mas o que eu sequer diria? E, de qualquer jeito, nem precisei falar nada, porque Chifuyu me puxou para perto dele e me beijou. Certo. Me afastei dele e arqueei uma sobrancelha.
-Quem é você?- perguntei olhando a mulher na minha frente. Chifuyu tentou me dar uma cotovelada, mas me afastei dele. A mulher pareceu meio indignada comigo, mas respondeu.
-Sou a Yuriko. - ela respondeu, arregalando um pouco os olhos quando pareceu se dar conta que eu tinha visto toda aquela merda ali. Ou só vendo a tatuagem do meu pescoço que gritava que eu tinha sido sim uma delinquente. Eu não tinha mais piercing na orelha e nem um lado raspado do cabelo, mas algumas coisas nunca mudam. -E você é...?
-Aiko.- respondi. Ela torceu o nariz, o que indicava que, sim, ela sabia bem quem eu era, então não precisava dar uns bons tapas na cara dela. Até porque, se eu voasse no pescoço dela, poderia ser presa por agressão, e ser presa de novo era tudo o que eu menos precisava. Me virei para Chifuyu e dei um sorriso sarcástico para ele. -Já que você tá ocupado, vou sair pra comer com Baji, Kazutora e Sayuri, beleza? Até depois.
Dei um tapinha no ombro dele, e a cara que Chifuyu fez já indicava que ele sabia muito bem que eu tava puta. Fiz questão de olhar a mulher na minha frente e dar tchau pra ela, porque se era pra surtar, não seria na frente dessa mulher do caralho. Então, apenas me virei e fui embora.
Bati a porta do carro e cruzei os braços, bufando com irritação. Todos os três imbecis estavam me olhando.
-Vai, Kazutora, começa a dirigir essa porra.- falei nervosa e ele não demorou para fazer o que eu mandei.
-Achei que ia bater nela.- Sayuri disse. Apenas suspirei.
-Não vale a pena me irritar com isso.
-Você já parece bem irritada. - Baji disse.
-Sim, porque Chifuyu é burro! Porque ele só não afastou ela, caralho? Que saco.- falei fechando os olhos com força. -Vocês acham que tô irritada atoa?
Quando recebi um "não" em uníssono, tive a certeza que não tava sendo imbecil. Geralmente eu fazia, sim, as coisas erradas. Bom, não sei se dá pra levar esse bando de surtado como referência, mas, ainda assim...
Apenas suspirei e enfiei as mãos entre os cabelos. Ah, sim. Eu ia dar um soco em Chifuyu mais tarde.
Sam abriu a porta e franziu o cenho quando olhou para minha carranca. Minha irmã nem perguntou nada, apenas suspirou e segurou minha mão, me puxando para dentro. Nós duas nos jogamos no sofá e ficamos em silêncio por um tempo. Porque o silêncio sempre tinha bastado entre nós. E eu sabia que não precisava falar nada para que Sam soubesse quando algo estava errado.
-Dia de merda?- ela perguntou. Me virei e dei um sorriso para Sam antes de deitar no colo dela. Fechei os olhos quando senti a mão dela no meu cabelo.
-Vida de merda.- murmurei.
E aquilo, estar com minha irmã, era o suficiente para melhorar mil e uma vezes tudo.
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