Acho que Dean estava um passo de desmaiar ou chorar. Franzi o cenho, começando a ficar confusa com meus próprios pensamentos. E suspirei.

Eu deveria ter feito um discurso, talvez me sentisse menos nervosa com algo pronto, na verdade acho que estaria pior, aqueles olhos de Dean tinham a habilidade de fazer com que eu me perdesse neles. Respirei fundo, piscando os olhos. Tá legal, eu consigo fazer isso...

─ Eu não quero esquecer nada, porque...─ Pisquei os olhos, me dando conta que simplesmente travei. Quis muito me socar, percebendo que Dean parecia a cada minuto muito perto de começar a chorar.

Ah, que se dane! É meu pai que diz que ações valem mais do que palavras, vamos tirar a prova dessa porra e sem mais, fechei os olhos com força antes de colar minha boca na de Dean.

Ele parecia sem ação por um instante, mas um suspiro escapou no momento que suas mãos agarraram minha cintura, puxando-me para perto antes de sentir seus dedos adentrando nos meus cabelos, aprofundando ainda mais o beijo conforme nossas línguas se entrelaçavam uma na outra. Minhas mãos puxaram seus fios, separando nossos lábios por um instante.

Ofegantes, aqueles olhos esverdeados que costumava aparecer na minha mente nos momentos mais inusitados me fitavam, deixando claro que Dean não sabia o que fazer.

─ Você disse para eu ir atrás de você quando decidisse algo e...─ Respiro fundo, lançando um olhar para o teto, meu cenho se franzindo levemente.─ Eu decidi que quero você, ─ Deslizei meus dedos por sua pele até alcançar seu queixo, o erguendo levemente e roçando nossos lábios um no outro com leveza.─ porque estou apaixonada por você.

Dean piscou os olhos, surpreso.

─ O que?

─ Eu estou apaixonada por você.─ Murmurei, cheia de incerteza. Por que estava parecendo que Dean não gostou nem um pouco de escutar aquilo?

─ Você gosta de mim, tipo namorados?─ Balancei a cabeça, confirmando. E... Dean não parecia estar respirando.

─ Dean?─ Perguntei enquanto observava o garoto se afastar de mim com tanta pressa.

─ Você tá brincando comigo?─ Soltou, piscando os olhos.

─ Não? Por que brincaria com isso?─ Franzi o cenho e ele pareceu ficar ainda mais nervoso. Encolhi os ombros, mordendo os lábios.

─ Mas é que...─ O observei engolir seco e olhar para os lados como se tivesse perdido.─ por que isso agora, Storge? Você tá com pena de mim ou é só irritar a Mizuki?

Pisquei os olhos. Tudo bem... Ele estava nervoso, é só isso. Dean esperou tanto por isso que deve tá achando que é uma espécie de brincadeira ou sei lá o que, mas... Agarrei o travesseiro mais próximo e joguei na cara dele que estava tão anestesiado que nem ao menos conseguiu desviar.

─ Eu odeio Mizuki mas isso não tem a ver com isso aqui!─ Falei, talvez um pouco alto demais.─ Tô falando que tô apaixanada por você, por que não tá acreditando?

Dean piscou os olhos mais uma vez.

─ Mas você sempre deixou bem claro que nunca ia me querer e que...─ O garoto se virou para a porta, levando uma mão para a maçaneta.─ Preciso de ar.

─ O que? Dean?─ Tentei impedi-lo mas ele já estava no corredor, dando passos levemente vacilantes. Acho que o chamei mais uma vez mas o garoto não me escutou ou fingiu que não. Mais alguns minutos e ele havia desaparecido completamente da minha visão.

Soltei um suspiro levemente trêmulo e não demorei para fechar a porta do meu quarto, afundando meu rosto nos lençóis. Apesar de tudo estar uma grande merda, eu não chorei.

Acho que não tinha mais forças para fazer aquilo... Então, só fechei os olhos com mais força que conseguia e só rezei para aquela noite acabar logo.

─ Meu Deus, por que você tá agindo como se ele te tivesse rejeitado?─ Falou Angeli, ou pelo menos tentou enquanto mordia a casquinha do sorvete dela. Fiz careta para ela e enfiei a colher de plástico dentro do sorvete, cutucando-o.─ Ele ficou em choque é normal, caso a madame não se lembra, foi você que ficou beijando qualquer um na frente dele.

É, eu poderia ter achado algum sentido nas palavras da garota se não tivesse ouvido minha mãe conversar com a tia Aiko no telefone. Encolhi os ombros e lancei um olhar para os corredores nem um pouco agitados do shopping.

─ Ele pensou que eu tava brincando.─ Murmurei.─ Eu nunca brincaria com algo assim, se algum dia ele foi meu melhor amigo, deveria saber disso...

Angeli suspirou, guiando uma mão para a bochecha e fitando uma janela próxima com desinteresse.

─ Vocês dois são muitos dramáticos. Vão ser uma versão pior da Aiko e do Chifuyu.─ Ela disse. Mais uma vez, fiz careta para minha irmã.

Não é como se ela fosse uma especialista em namoros, já que fazia um ano que terminou com Kagome depois de uma briga colossal que chegou a envolver até tia Aiko mas nunca mais a vi com outra pessoa. Na verdade, parecia que ela se tornou a melhor amiga da Yuzuha ao ponto de passar noites na casa da mais velha, apesar que.... Balancei a cabeça, negando. Não era hora para aquilo, talvez eu tentasse arrancar alguma coisa do Hakkai, ele com certeza sabia alguma coisa sobre aquilo.

─ Porra.─ Chiou Ange, arregalando levemente os olhos.─ Aquela coisa ali é o Yuki?

Pisquei os olhos, me virando para fitar o que ela tava apontando nem tão discretamente. E, puta que pariu... Levei a mão para minha boca, trocando um olhar rápido com Angeli. Nós duas chocadas demais.

Andando com o braço nos ombros daquela mulher de cabelos verdes, sorrindo para ela e levando os dedos dela até seus lábios, beijando-os com carinho. Yuki realmente parecia um imbecil apaixonado do jeito que olhava para a garota com aquele erguer de lábios e ela... Meu Deus, com certeza, estava um pouco diferente, mas aquela tatuagem no pescoço não negava quem ela era. Cabelos verdes quase alcançando a sua cintura e olhos maquiados com uma sombra brilhosa quase me enganaram.

Aquela do lado de Yuki parecendo tão mais apaixonada que ele era Kagome, a ex de Angeli, aquela que traiu minha irmã antes do término. E ao que parecia, Kagome era a nova namorada de Yuki.

É, realmente ele tá dando entretenimento que faltava para nossa família...