☪ .☆ ━━ TWENTY FOUR ━━ ☪ .☆
Angeli parecia completamente confusa e eu não a julgava. Para sua mente infantil, ver sua irmã praticamente implorando de joelhos para que a liberassem antes do horário e ainda arrastá-la até o hospital mais próximo, já que Aiko simplesmente não consegue ficar cinco minutos sem se meter em merda.
Os corredores brancos estavam praticamente vazios, alguns enfermeiros transitavam mas estavam muito focados em seus papos para notar uma estudante com uma criança curiosa que olhava para todos os lados, não deixando de sorrir para todas as pessoas que cruzavam nosso caminho. Foi preciso um malabarismo para que eu conseguisse meu celular e rapidamente ligasse pra Aiko.
E claro que ficou chamando, chamando e sem nenhuma resposta.
Soltei um suspiro, rapidamente colocando Angeli no chão e tomando a mão dela. Lancei um olhar para ela com uma mensagem clara de “Fique perto” antes de começar a andar pelo hospital em busca de alguém que pudesse me falar algo sobre a idiota que chamo de amiga.
Mordi os lábios, parando perto de uma garota que chorava em um das cadeiras do hospital, os cabelos castanhos cobriam uma grande parte de seu rosto. Apertei a mão de Angeli com um pouco de força, minha irmã não reclamou, apenas me fitou com aqueles grandes olhos, parecendo entender o motivo pelo qual estava hesitando.
─ Com licença?─ Chamei, a voz suave. A garota levantou a cabeça, olhos azuis me encararam, ela fungou enquanto esperava pela continuação da minha fala.─ Você viu uma garota de cabelo azul com uma parte raspada?
Ao meu lado, Angeli puxou minha mão, mas não lhe dei atenção. A garota franziu o cenho, limpando as lágrimas com força. Desconfortável, com o olhar da garota que estava se tornando cada vez mais agressivo, eu balancei meu braço que sustentava a sacola com as roupas que comprei para Aiko.
─ O que você quer com ela?─ Ela praticamente gritou, se levantando. Pisquei meus olhos, surpresa. Angeli deu um aperto em uma mão, parecendo assustada enquanto praticamente se escondia atrás de mim.
─ Você viu ela? Pode me dizer em qual quarto ela está?
─ Não vou dizer porra nenhuma para você!─ Ela gritou.─ Quem é você? O que quer com Aiko?
Ergui uma sobrancelha, sentindo braços se fechando em torno de minha perna. Tudo bem....
─ Primeiro, é melhor parar de gritar comigo. Segundo, quem é você para tá me perguntando isso?
─ Quem eu sou? Eu sou a irmã da Aiko!─ Ela exclamou com raiva. Ah, agora eu entendi o motivo pelo qual Aiko estava chorando quando me ligou e pediu para eu ir até ali. E não tinha dúvidas que também havia descoberto o que fez ela acabar no hospital.
Soltei uma risada forçada, tentando me controlar para não meter a mão naquela garota na frente de Angeli.
─ Ah, então você é a mesma irmã que abandonou a Aiko quando ela se defendeu do babaca abusador do seu pai? A mesma irmã que conseguiu acabar com o dia da Aiko por ser uma puta escrota e que, depois de tudo isso, ainda tem coragem de chamar ela de irmã? Você é essa irmã?─ Disse, áspera. A garota em minha frente pareceu receber minhas palavras como um bando de soco e fez uma careta de dor. Ótimo, realmente espero que ela esteja se sentindo culpada e essa culpa leve ela pra puta que pariu.─ Que porra de mulher você é para preferir um homem a ajudar uma outra mulher que por acaso é sua irmã?
Aiko foi abandonada pelas pessoas que deveria confiar e agora que passou pelo inferno, essa ridícula do caralho quer ajudar quando já tudo na mais profunda merda e a maior culpa é a dela? Deus, você só pode estar brincando com minha cara.
─ Você não sabe de nada! Cala a boca! Cala a porra da boca!
─ E porquê eu faria isso?─ Gritei em resposta.─ Se não consegue aguentar que você é uma puta babaca então não me venha com essa de “Irmã” quando você nunca fez nada para merecer ser irmã da Aiko!
Ela ficou silenciosa, começando a chorar novamente, as mãos cobrindo o rosto enquanto voltava a se sentar. Trinquei o maxilar e agarrei o braço da garota com força, não me importando com o olhar assustado dela.
─ Onde ela está.─ Rosnei no rosto dela, ela chorou novamente e apontou para o lado. Revirei os olhos, largando ela e me virando, pegando a mão da minha irmã que abriu um sorriso para a garota chorona enquanto eu a puxava em direção ao quarto hospitalar que Aiko supostamente estava.
Parei na porta com a mão na maçaneta quando me virei para a garota que me olhava, soluçando. E com um grande esforço, não joguei minha bolsa nela e girei a maçaneta.
Aiko estava chorando, encolhida e abraçada aos joelhos. Aiko estava me olhando, ela ergueu a cabeça quando ouviu a porta se abrir. Seu rosto estava manchado por hematomas roxos, um dos olhos se encontrava inchado e seu nariz com certeza havia sido quebrado.
─ Ako!─ Gritou Angeli, alegre. Ela correu até a cama de Aiko, erguendo os braços para que a garota de cabelos azuis puxasse ela até a cama, coisa que a delinquente fez rapidamente soltando uma risada meio analasada.─ Ako!─ Gritou ela, abraçando o pescoço da de cabelo azul.
A delinquente fez uma careta de dor mas não deixou de retribuir o abraço.
─ Como você está?─ Perguntei, colocando minha bolsa em uma das poltronas ali e me aproximando das duas com a sacola contendo as roupas que pertenciam a Aiko.
─ Na merda─ Ela disse. Sorri, me sentando na borda da cama e com rapidez, Angeli veio me abraçar também.
─ A gente sempre tá nela, pensei que estava se acostumando.─ Aiko riu novamente, mas sua careta de dor continuava. Pelo jeito que seu rosto estava, eu conseguia ter uma ideia dos outros hematomas que ela deveria ter pelo resto do corpo.
─ Toma.─ Joguei a sacola nela. Ela me olhou confusa e encarou as roupas dentro do plástico.
─ O que é isso?─ Perguntou, retirando a blusa de manga longa, analisando ela.
─ É o que tava fazendo quando você me ligou.─ Soltei, puxando Angeli para meu colo e cutucando as costelas dela fazendo-a soltar sua típica risada infantil.
─ Estava comprando roupa enquanto eu era espancada?─ Perguntou ela em tom risonho.
─ Eu tava comprando roupa pra você.─ Soltei. Aiko pareceu surpresa, guiando seu olhar para a blusa em suas mãos.─ E qual é a merda do seu problema? Você não consegue passar um dia sem levar soco ou grito de alguém?
Ela não me respondeu de primeira, tinha acabado de tirar a jaqueta jeans da sacola e agora olhava para ela com muita atenção. Aproveitei o silêncio dela para continuar falando sobre seu talento de merda de sempre acabar fudida em qualquer situação até ser interrompida por um soluço vindo dela.
─ Aiko?─ Perguntei, me aproximando dela, tomando cuidado para não esmagar suas pernas com meus joelhos e mal me posicionei em sua frente, já fui abraçada pela garota delinquente. Suas lágrimas começaram a escorrer e molhar minha blusa escolar mas não liguei, passei as mãos por seu cabelo, tentando fazê-la se acalmar quando Angeli se aproximou e tocou um dos braços que me cercavam.
─ Ako...─ Minha irmã murmurou em tom triste, fazendo carinho no braço da garota que chorava. Aiko levantou a cabeça e ainda chorando, gaguejou um pouco antes de falar algo que me fez abraçá-la junto de Angeli.
─ Obrigado por tudo, Sam...
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