☪ .☆ ━━ TWENTY EIGHT ━━ ☪ .☆
─ Vai ficar me olhando com essa cara de cú mesmo?
Pisquei os olhos, depositando um prato de comida em frente da garota que me olhava com algo que não consegui decifrar.
─ Você prefere a cara de cú ou que eu te esgane?─ Aiko se encolheu com minhas palavras. Suspirei. Deus, é melhor você me dar muita paciência para lidar com essa maluca.
Certo, quando finalmente cheguei em casa com Angeli nos braços no fim da tarde, estava já começando a organizar tudo para fazer uma breve visita a Aiko antes de ir até o outro lado da cidade e virar nada além de um objeto a ser exibido. Mas, assim que coloquei meu pé para fora de casa, Aiko estava parada na porra do beco com o rosto e corpo destruído, parecendo estar prendendo o choro. Então, sufoquei minha vontade de jogar ela de alguma ponte por ser tão inconsequente e a ajudei subir as escadas da melhor forma possível, indo fazer alguma coisa para ela comer, já que a comida do hospital era simplesmente horrorosa e Aiko merecia comer algo que não seja uma sopa sem gosto, bem ela merecia e também não merecia.
─ Eu precisava sair de lá.─ Ela disse, ignorando a comida que coloquei na frente dela. Franzi o cenho, me virando para despejar o suco contido na jarra encima da mesa em um copo.─ Não tava aguentando mais ficar ali, eu...
─ Toma.─ Cortei ela, estendendo um copo de suco em sua direção.─ Você precisa comer alguma coisa.
Aiko suspirou levemente, antes de começar a fazer caretas enquanto mordia um pão com queijo e bebia boa parte do suco em um só gole. Suspirei, lançando um olhar para as coisas que ela trouxe. Com certeza, ela passou na casa que dividia com Hanma antes de vir para cá. Realmente esperava que ela não tivesse tombado com gente inconveniente, mesmo que sua expressão quando me deparei com ela no beco entregava que ela havia esbarrado com alguém...
─ Então, quem foi?─ Perguntei, pegando a mochila e a abrindo, olhando as roupas que estavam ali. Não pareciam muitas, então, acho que elas caberiam em alguma das gavetas do meu guarda-roupa.
─ O quê?─ Ela exclamou, confusa. Suspirei, e me levantei com a sua mochila nos ombros.
─ Você sempre fica fazendo essa cara quando encontra alguém da dupla maravilha, ─ Respondi, passando a mão por meus cabelos.─ então quem você encontrou?
Recebi silêncio como resposta. Suspirei, começando a andar na direção do quarto, analisando Angeli que já se encontrava dormido com os pequenos braços ao redor do seu urso Mickey por um momento antes de abrir o armário e uma gaveta. Com rapidez, dobrei cada peça de roupa da Aiko e coloquei dentro da gaveta. Ouvi passos mas não parei de dobrar as peças até todas estarem cuidadosamente postas dentro da gaveta.
─ Me encontrei com Baji.─ Aiko soltou, guiei meu olhar até ela que se encontrava com as costas pressionadas contra o batente da porta e olhava para o corredor.─ Eu acabei falando umas coisas estranhas, ele disse que acreditava em mim ─ Ela virou a cabeça e me encarou, os olhos tristes.─ e a pior parte é que sei que ele está mentindo.
Suspirei, me levantando e aproximando dela. Por muito tempo, Aiko só tinha Hanma que a tratava como uma mera marionete que o seguia para todos os lados pela mais pura gratidão. E agora, em uma situação complicada, ela havia encontrado outras pessoas que poderia a fazer sentir como a garota normal que ela deveria ter sido.
Encostei minha testa em seu ombro e sorri suavemente ao sentir uma de suas mãos acariciar meus cabelos.
─ Sinto muito, Aiko...─ Sussurei. Pois eu realmente sentia muito, apesar de não gostar nem um pouco de Chifuyu e não saber o que pensar de Baji mas, eles haviam trazido um pouco de divertimento e paz para os dias de Aiko e eu os agradecia por isso. A garota não disse nada, apenas continuou silenciosa fazendo carinho em meus cabelos, mesmo que eu saboubesse que ela estava apenas se focando em não chorar e isso quebrava meu coração...
A bordel estava ainda mais agitado que o normal. Foi difícil ter que atravessar a multidão composta por homens incrivelmente mais velhos que não tiveram problemas em tentar passar aquelas mãos nojentas por debaixo da minha saia, claro que dei tapas nas mãos e até cheguei a cuspir na cara de um, o que gerou ainda mais confusão por seus gritos indignados. Me senti levemente feliz quando um dos seguranças se aproximou e rapidamente agarrou o velho nojento, arrastando-o para fora dali quando percebeu o que estava acontecendo.
Ryuu me olhava com impaciência quando finalmente cheguei na entrada do corredor que me levaria até Seiji. Revirei os olhos para ele e enfiei as mãos dentro do casaco que cobria as roupas extremamente curtas em meu corpo, esperando que ele saísse da frente para que eu pudesse entrar na sala do traficante babaca para caralho.
─ O chefe tá com visita, então, se comporta aí.─ Revirei meus olhos com tanta força que até deu uma leve dor de cabeça e estalei a língua, Ryuu fez uma careta irritada com meus gestos já que conseguiu ver o que estava por trás, rapidamente ele finalmente saiu da frente e andei lentamente até a porta, abrindo-a com lentidão.
Seiji estava sentado de forma confortável em sua cadeira acolchoada, um cigarro estava entre seus dedos enquanto mirava seus olhos no cara que estava em sua frente. Um macacão vermelho com impressões brancas. Tentei não demonstrar meu choque ao ver Osanai ali quando fechei a porta e fitei Seiji que apenas gesticulou para que eu me sentasse em um dos sofás da sala, algo que fiz com rapidez.
Osanai me olhou e passou uma mão por seu cabelo estupidamente cheio de gel, o que causou meu rosto se contorcendo em uma careta de nojo. Deus, como eu odiava aquela confiança inabalável daquele idiota. Sempre que parecia no bordel para resolver quaisquer que sejam os negócios dele com Seiji, Osanai sorria daquele jeito nojento para todas as garotas, como se dissesse que estaríamos na cama dele com apenas uma palavra.
Nojento.
─ Foque no que importa, menino.─ Soltou Seiji atraindo a atenção do delinquente para ele. O homem tinha uma sobrancelha arqueada e já prendia outro cigarro em seus lábios, o acendendo com rapidez.─ Me deixe ver... Você quer que eu ocupe a polícia no três de agosto? Bom, posso fazer isso mas vai custar muita coisa.─ Seiji soprou a fumaça do cigarro enquanto abaixava a cabeça e observava Osanai com os olhos caídos.
Três de agosto? Mas isso... Lancei um olhar para o calendário velho preso em uma das paredes do escritório do traficante. Três de agosto era no mínimo daqui a uma semana... Mas, que porra tá acontecendo?
─ Eu sei.─ Osanai estalou os dedos por um momento.─ Mas, digamos que três de agosto será mais um plano extra do que qualquer coisa. Amanhã, vou bater de frente com uns cuzões da Toman e se tudo der errado, precisamos que a polícia esteja ocupada no três de agosto.
Um arrepio subiu pelo meu corpo ao ver o olhar no rosto do suposto líder da Moebius e o sorriso que cresceu em seus lábios. Me encolhi no sofá... Pensar, eu precisava pensar!
Amanhã, Osanai vai se encontrar com uns cara da Toman. Então, se der tudo certo, será um benefício pra Moebius... Mas, se tudo der errado, virá três de agosto e o que acontecerá nesse dia para que a polícia tenha que ficar de fora? Talvez uma batalha entre gangues? Bem provável, mas isso acontece o tempo inteiro em todo o lugar. Então, a polícia não ia precisar interferir ou qualquer merda assim... Na verdade, ela só se meteria se...
Ergui meu olhar para Osanai e Seiji, aquela crueldade fria ainda ondulava entre eles...
A polícia só se meteria se alguém estivesse morrendo... Eles só se meteriam caso a briga de gangue se tornasse algo maior com a morte de alguém.
Meu deus, eu...
Alguém vai morrer dia três de agosto... Alguém...
Meu deus, meu Deus....
Eu entreguei ele.
Eu disse que...
Meu Deus, Draken ia morrer três de agosto...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro