☪ .☆ ━━ THIRTY ━━ ☪ .☆
Não abri a boca desde que eu arrastei Aiko para buscar minha irmãzinha. Não abri a boca quando os olhos de Angeli brilharam ao ver a boneca que Aiko comprou para ela, não abri a boca quando chegamos em casa e peguei as sacolas nos braços de Aiko, começando a guardar tudo que ela comprou nos armários.
Meu silêncio parecia estar deixando a delinquente cada vez mais ansiosa pela forma que sempre estava me observando, parecendo esperar pelo momento que vou jogar uma panela na cara dela. Fechei os armários assim que acabei de terminar tudo e comecei a pegar o necessário para fazer a mamadeira de Angeli.
─ Caralho, Sam! Fala alguma coisa logo!─ Exclama Aiko.─ Sei lá me chuta ou grita comigo, só não fica assim, caralho!
Não tirei meus olhos do leite que eu misturei com água quente e agora derramava dentro de uma mamadeira. Na sala, Angeli dava risadas enquanto brincava com sua nova boneca. Aiko soltou um suspiro audível e cruzou os braços, o pé se chocando freneticamente contra o assoalho, dizer que ela estava nervosa é pouco.
─ Angeli, tome!─ Gritei para a garotinha que rapidamente veio para pegar seu leite e se refugiou no quarto.
Ainda silenciosa, cruzei meus braços e olhei para Aiko. Tudo bem, ela simplesmente estava se pegando com aquele garoto lá que me recuso dizer o nome agora. Aiko estava agarrada naquele imbecil no meio da porra da rua. Eu sabia que senso dela tava enfiado no cú dela desde que a conheci mas não sabia que era desse nível.
A realidade eu nem tava puta que ela estava beijando o tal daquele porra, meu problema agora é que ela estava se pegando com aquele idiota no meio da rua. O que caralhos a gente faz se alguém que não devia ter visto aquela porra ir contar para Kisaki?
Aquele porra havia quase jogado ela da porra de um prédio para dar um caralho de aviso. O que ele faria se soubesse que Aiko tá envolvida mais do que necessário com um dos porras da Toman?
Suspirei, começando a esfregar minha testa com a ponta dos dedos.
─ Você tem ideia do que acabou de fazer?─ Perguntei, irritada. Aiko piscou os olhos e se encolheu com meu tom.
─ Olha, eu sei que fiz merda mas...
─ Mas o quê, Aiko? Que ódio! Kisaki quase te jogou de um prédio por estar andando com eles, imagina o que ele vai fazer quando chegar nele que você tá beijando um deles?─ Gritei sem me importar com o olhar em choque dela, parece que ela tão envolvida no momento com aquele babaca do caralho que nem notou toda a merda que poderia acontecer e nos devorar com um único vacilo.
Aiko ficou quieta. Muito quieta, presa em seus pensamentos conflituosos com o que acabei de gritar na cara dela.
Suspirei. Eu não podia culpá-la, podia? Aiko estava finalmente tendo uma vida normal. Ela tinha um cara gostando dela e estava começando a alcançar a felicidade. Eu não podia julgá-la por aproveitar... Mas, se ela vai fazer essa porra no meio desse caos, então que faça direito.
─ Você gosta dele?─ Perguntei, descruzando os braços. Ela me olhou, surpresa.─ Você gosta dele de verdade?
Ela pareceu hesitar e muito quando me respondeu com um balançar de cabeça.
─ Eu sei que isso só vai dar merda, mas gosto muito do Chifuyu e sei que provavelmente ele vai me odiar quando...─ Aiko parou de falar para respirar e se encolheu ainda mais, seus olhos estavam tristes.
─ Kisaki é um merda.
─ Sim, ele é um puto do caralho.─ Concordou ela sem pensar duas vezes, fechando os punhos com força. Sorri e me aproximei dela, tocando suas mãos e entrelaçando nossos dedos.
─ E que ele se foda.─ Ela me olhou, meio confusa.─ Você quer ficar com aquele puto do caralho então fique, mas primeiro, a gente tem que dar um jeito nessa porra toda.
Aiko arregalou os olhos.
─ Três de agosto vai ser o dia que tudo vai a merda então, aproveite e me deixe cuidando de tudo.
As aulas finalmente acabaram e todo mundo praticamente havia corrido para fora das salas, se atropelando para serem os primeiros a saírem da escola. Talvez eu tenha mentalmente rido dos idiotas que caíram com a pressa enquanto atravessava a multidão composta por adolescente para finalmente chegar no Clube de Economia Doméstica.
Soltei um suspiro, terminando de prender meus cabelos em um rabo-de-cavalo para que ninguém acabasse puxando alguns fios enquanto tirava minhas medidas, como aconteceu ontem. Estava prestes a abrir a porta do clube, estranhando por não ouvir as vozes femininas e agitadas quando a porta se abriu com rapidez. Pisquei, surpresa ao ver o ambiente vazio que se revelava atrás do garoto que me olhava.
─ Onde está todo mundo?─ Perguntei para Mitsuya que ganhou um ar risonho quando deu passo para frente, me fazendo recuar.
─ Como assim "onde está todo mundo"?─ Ele sorriu, gentil.─ Hoje é dois de agosto, lembra? Todo mundo foi embora por causa do festival de amanhã.
Dois de agosto? Arregalei meus olhos, abrindo a bolsa com rapidez e me deparando com a porra da minha desatenção. Três de agosto já! Mas que porra do caralho! Não é possível que passei uma semana tão no automático que ignorei que a merda estava se aproximando cada vez mais. Agora, só falta a porra de um dia para a morte do Draken....
Deus, a morte do Draken! Como esqueci dessa porra!?
Alheio ao meu desespero, Mitsuya fechou as portas do clube com chave e vestiu um colete por cima do colete escolar com os olhos lavanda presos em mim. Mordi os lábios, resmungando algo que deveria ser um tchau para o garoto enquanto começava a correr para a saída da escola.
─ Ei, Sam!─ Ele gritou, me obrigando a cessar meus passos. Mitsuya sorria quando virei para encará-lo. Uma chave estava sendo girada por um de seus dedos. ─ Você vai fazer alguma coisa antes de ir buscar sua irmã?
Franzi o cenho, guardando o celular em um dos bolsos da saia lisa, confusa.
─ Por que?─ Perguntei. Ele se aproximou em passos lentos, a chave ainda girando. Como aquilo ainda não voou por uma das janelas?
─ Quer ir tomar sorvete?
Pisquei meus olhos, surpresa.
─ O que?
─ Você quer ir tomar sorvete comigo?─ Repetiu ele de forma lenta, como se estivesse falando como uma idiota. E de fato, ele estava, porquê eu não tava conseguindo processar.
Como assim ele quer ir tomar um sorvete comigo? Tipo, do nada? Que porra é aquela?
─ Eu não posso, a minha irmã, eu...─ Sim, eu ia dar uma desculpa toda torta e sair correndo mas claro que ele tinha que estragar tudo ao me interromper.
─ Vai ser rápido, vou ter que buscar a Mana hoje.
Suspirei. Tudo bem, eu não tinha muito a perder, não é? Mitsuya faz parte da Toman, posso descobrir alguma coisa sobre amanhã com ele....
─ Realmente vai ser rápido?─ Perguntei, duvidosa. Mitsuya riu, erguendo sua outra mão e fechando todos os dedos menos o mindinho. Não conseguir evitar abrir um sorriso com o gesto dele antes de entrelaçar meu mindinho no dele.
─ Eu prometo.─ Ele sussurou. Soltei uma risada e me afastei.─ E é como eu disse, vou ter que buscar minha irmã hoje também.
Balancei a cabeça, sentindo minha madeixas roçarem nos meus ombros quando decidi seguir Mitsuya para fora da escola.
Um sorvete. Tudo bem, eu consigo lidar com isso...
Em passos ritmados, Mitsuya acabou me guiou até uma moto, uma impulso que parecia brilhar na luz dourada do sol do começo da tarde e então, estendeu um capacete para mim. Franzi o cenho para o objeto e o encarei com a sobrancelha erguida.
─ O que foi? Você tem medo de andar de moto?─ Disse ele em um tom claramente falso pelo jeito que seus olhos me fitavam com zombaria.
─ Um capacete? Isso é sério?─ Dispensei o objeto, balançando a mão. Mitsuya riu, abaixando o capacete e enrolando as amarras do objeto em todo no pescoço.
─ Eu pensei que você ia querer por causa do cabelo.─ Respondeu, apontando para meus fios presos em um rabo-de-cavalo e com isso, me fez revirar os olhos.
─ Vamos logo com isso.─ Mitsuya sorriu, rapidamente subindo na moto e me olhando, esperando que eu faça o mesmo, algo que realmente fiz com uma agilidade que me surpreendeu. Não demorou muito para que ele ligasse a moto e desse partida.
Tentei não soltar um grito por conta do susto que levei, agarrando na cintura de Mitsuya com força. Ele riu, virando um pouco a cabeça para me encarar. Seus olhos brilhavam de divertimento quando soltei uma risada, empurrando sua cabeça para que ele mantivesse a atenção na pista.
Ficamos em silêncio por um bom tempo. Eu fiquei concentrada em sentir o vento suave acariciar meu rosto e enviar todos meus fios para trás, era uma sensação estranha de liberdade que estava enviada para meu coração e isso era a causa do sorriso estúpido na minha cara.
Aos poucos, a velocidade diminuiu e quando pisquei, estávamos em frente a uma sorveteria. Assim que desceu da moto, Mitsuya me ajudou a fazer o mesmo enquanto segurava minha mão, ele aproveitou que estávamos de mãos dadas e me puxou para a sorveteria.
E as únicas coisas que falamos desde que nós nos sentamos foi sobre pedir o sorvete e desde então, estávamos em silêncio, apenas aguardando.
De repente, Mitsuya soltou um suspiro, tomando a cabeça para trás.
─ Por que pediu o morango com menta?─ Ele perguntou, abaixando a cabeça para me encarar. Soltei uma risada com uma sobrancelha erguida.
─ Eu não sei, talvez tenha pedido por gostar de morango com menta ou talvez queira impressionar você, quem sabe?─Dei os ombros, segurando o cardápio e o balançando com rapidez. Mitsuya riu.
─ Acho que a primeira opção é a melhor...─ Soltou, sorrindo.─ Você não tem cara que gosta de ficar coisas para agradar alguém, principalmente se for um garoto.
─ Ah, não me diga, como você descobriu isso?─ Respondi com sarcasmo, continuando focada em balançar o cardápio.
─ Não sei, talvez tenha sido quando vi você quase caindo da escada ou sei lá quando me mandou ir a merda na frente da minha irmã mais nova.
Soltei uma risada, erguendo meu olhar até encarar as orbes lavanda do garoto em minha frente e a gente ficou se encarando. Sem dizer uma única palavra. Apenas com aquela tensão que sempre flutuava em nosso entorno quando a gente começava com aquela coisa de se encarar sem motivo nenhum.
Não demorou para que um senhor viesse e depositasse nossos sorvetes na mesa. A gente não falou nada, focados em desabar nossos respetivos sorvetes. Talvez em algum momento, Mitsuya tenha me envolvido em um papo sobre tecidos que por incrível que parece me interessou o bastante para que continuássemos falando disso até buscarmos nossas irmãs na escola e então, partimos para nossos destinos....
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