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O top vermelho que eu usava era absurdamente apertado e minúsculo, parecia que a qualquer momento meus seios iam saltar por cima do tecido de couro, a saia preta rodada que mal cobria completamente minha bunda e isso claro se formos ignorar a maquiagem pesada que haviam feito em meu rosto. Minhas pálpebras estavam cobertas por uma sombra preta que se encontrava coberta por um glitter prateado que não parava de cair nas maçãs de meu rosto e nas bochechas, meus lábios estavam coloridos por um batom forte de tom vermelho-sangue e meus cabelos estavam amarrados em um rabo-de-cavalo.
Ali, sentada ao lado de Seiji que trajava seu típico terno e gravata em uma festa qualquer que ele havia me arrastado depois de me vestir daquela forma, estava começando a ficar cada vez mais enojada e com vontade de colocar todo meu jantar para fora. Estava começando a ficar tonta com as náuseas de todos aqueles olhares maliciosos, e o que estava fazendo minha situação piorar cada vez mais é que eu nem ao menos sabia quando sairia dali e finalmente me libertaria daquelas roupas.
─ Você está com uma cara péssima, quer ir ao banheiro, cereijinha?─ Perguntou Seiji, sorrindo daquele jeito nojento e uma mão apertou minha coxa exposta. Mais uma náusea me atingiu. Sabendo que se abrisse a boca, com certeza vomitaria em cima daquele puto. Apenas balancei a cabeça, confirmando que precisava ir até o banheiro.
Seiji riu e gesticulou para um de seus guarda-costas que não hesitou em se aproximar, seguindo a ordem de me levar até o banheiro e garantir que ninguém encostasse um mísero dedo em mim. O banheiro estava frio para meu alívio, não precisei de muito para me trancar em alguma cabine e sentar no chão, sentindo o piso gelado fazer contato com minha pele, aos poucos aquela vontade de vomitar começava a desaparecer.
Tateei meu busto até meus dedos roçarem no metal frio do celular que escondi entre o vão de meus seios quando Seiji me proibiu de usar algum casaco naquela noite. Com rapidez, eu o liguei e meu cenho se franziu ao me deparar com uma mensagem de Aiko.
“Sam, encontrei de novo com o vice-capitão da primeira divisão e ele me chamou para sair. O que eu faço?”
Por um momento, fiquei realmente confusa. Como assim ela tá perguntando o que deveria fazer para mim? Logo para eu que está em uma boate e vestida como uma puta?
Pisquei meus olhos e tomei cuidado para não borrar minha maquiagem quando esfreguei meu dedo indicador na testa em busca de alguma resposta.
Tudo bem, ela foi chamada por algum membro da Toman. Isso seria uma ótima oportunidade para criar laços e conseguir informações sem ser muito evasiva. Porém, havia um risco. Eu ainda me lembrava da forma que o tal Baji havia nos analisado, ele com certeza não seria tolo em dizer coisas com o mínimo de importância perto de Aiko e não tinha dúvidas que o loiro ficaria atento caso o moreno lhe dissesse suas prováveis desconfianças.
Ir nesse tal encontro poderia ser alguma armadilha ou uma chance. Não tinha dúvidas que Aiko poderia se defender não importasse qual situação mas, Baji e Chifuyu eram capitão e vice capitão por um motivo que facilmente poderia ser força.
Ela poderia ser forte, mas não mudava que era uma mulher e eles dois homens...
Suspirei, deixando com que minha cabeça tombasse para trás e se apoiasse na porta da cabine. Haviam tantos riscos mas, nada mudava que tanto minha vida e a de Aiko estavam em perigo até arrumamos uma forma de cair fora daquela confusão que não tinha nada a ver com nós. E por esse motivo que digitei rapidamente e enviei.
“Se encontre com ele, tente alguma amizade mas não cite Toman até ele fazer e não deixe muito claro que conhece a Toman por completo. E por favor, tenha cuidado, não confio em nenhum desses dois então a qualquer sinal que tem algo de errado, VAZE!”
Não esperei uma resposta, colocando o celular entre meus seios novamente e me levantando, nem um pouco pronta para enfrentar mais olhares nojentos.
O céu não dava sinais que estava perto de anoitecer quando Seiji me agarrou pelo braço e me arrastou até a frente da boate, não deixando de depositar beijos em meus ombros. Tentei não deixar ele notar o quanto seu gesto estava me revirando o estômago, ele jamais poderia notar que todas as noites eu rezava por sua morte para qualquer Deus e que amaldiçoava a mulher que me colocou no mundo toda vez que tinha que enfrentar aqueles momentos...
Seiji riu, rouco e cheio de malícia. E seus dedos deslizaram por minha pele e agarraram meu queixo.
─ Doce cerejeira.─ Murmurou ele, o bafo de whiskey se chocou contra meu rosto e mais uma náusea conseguiu atingir meu corpo com a força de um soco.─ Se quiser ficar, eu não vou reclamar, sabia?
─ Desculpa, mas tenho uma irmã para cuidar.─ Como se estivesse decepcionada com aquele fato, eu sorri.
Lentamente, dei um passo para trás de uma forma que o idiota bêbado sequer notaria minha ação e finalmente Seiji me soltou com um beicinho nos lábios.
─ Parece que está fugindo de mim, cerejeira.─ E em um piscar de olhos, parecia que ele tinha recobrado toda sua sobriedade pela forma que se inclinou em minha direção, espreitando os olhos, desconfiado. Engoli seco e recuei mais um passo, sorrindo na direção dele. Seiji pareceu satisfeito com o medo estampado em minhas feições, pois relaxou e não dirigiu nenhuma palavra a mim quando marchou até o bordel.
E por mais que desejasse ficar ali esperando a boa vontade de Ryuu apenas para chegar em casa da maneira mais segura possível, eu não hesitei quando comecei a correr pelas ruas com pouca iluminação, só parando quando coloquei uma distância que julguei boa entre mim e o bordel. Respirei fundo, tentando recuperar meu fôlego mas o fantasma do toque de Seiji me fez curvar e vomitei no meio da rua.
Não sei quanto tempo passei ali, mas quando finalmente parei de colocar tudo que comi para fora, eu estava ajoelhada no chão e minhas mãos se encontravam pressionadas contra o asfalto áspero, levemente arranhadas. Acho que em algum momento eu as arrastei pelo asfalto enquanto colocava quase que praticamente minhas tripas para fora. Suspirei, sentindo ainda mais vontade de vomitar quando senti o gosto preso em minha boa até eu encontrar água para não só lavar minha boca mas como todo meu corpo.
Estava prestes a me levantar quando uma mão agarrou meus cabelos e os puxou com força em um nível que pude sentir fios sendo arrancados durante o aperto. Minha boca se abriu e um grito soou quando aquela mesma mão pressionou meu rosto contra o chão, contra meu próprio vômito. Soltei mais um grito, mas em resposta, só recebi risadas masculinas
─ Ei, sua puta drogada, você tá precisando de alguma coisa?─ Gritou um dos idiotas do caralho que não pude ver o rosto, pois estava mais concentrada em não vomitar novamente com o cheiro enjoativo e a sensação de nojo que começava a se espalhar por todo meu corpo.
─ Perdeu a porra da língua?─ Gritou um. E novamente gritei quando meu rosto foi arrastado no asfalto, sendo esfregado no vômito e arranhado pela aspereza.
Risadas.
Risadas.
Risadas.
Eles claramente estavam se divertindo com meu óbvio sofrimento e a única coisa que eu conseguia fazer era chorar, espernear e gritar como um maldito bicho inofensivo que está nas mãos dos predadores. Solucei, pois uma verdade me atingiu com a velocidade de um soco quando senti uma mão agarrar uma de minhas coxas e as risadas aumentavam quando minha cabeça foi pressionada mais forte contra o concreto. Gritei mais alto que pude e chutei de forma cega até sentir que com certeza chutei algum babaca imbecil.
Um erro foi o que fiz, pois, um dos babaca puxaram meus cabelos e me empurraram contra o chão, minhas costas sendo sujas pelo meu vômito. Os patetas me encararam com raiva e o caído no chão parecia bem próximo de cometer um assassinato.
Um deles deu um passo na minha direção e parecia bem perto de me chutar mas um punho se chocou contra o maxilar do babaca e o derrubou no chão. O cara que tinha seu cabelo loiro trançado lançou um olhar assassino para os outros patetas que o encaravam como se ele tivesse acabado de fazer algo impossível e antes mesmo que eu pudesse sequer pensar, todos os babacas que estavam me agredindo e provavelmente iriam abusar de mim estavam todos caídos no chão com os rostos arrebentados.
O cara loiro virou-se para mim e lentamente se agachou na minha frente, me analisando com um quê de preocupação em seus olhos escuros. Pisquei ao notar a tatuagem com ajuda da pouca iluminação da rua. Um dragão...
Isso significava que...
─ Você está bem?─ Ele perguntou.
Não o respondi, apenas tentei me levantar de forma lenta. Minhas pernas ardiam com os arranhões que eu mesma causei enquanto esperneava para me libertar dos babacas. O cara acompanhou meu gesto e quando pareceu se aproximar, rapidamente recuei alguns passos e o fitei desconfiada.
Ele ergueu as mãos em rendição.
─ Não vou atacar você.─ Soltou, como se fosse algo extremamente óbvio. Eu olhei para minhas mãos sujas de sangue e vômito com nojo.
─ Que bom, ficaria meio puta se você tivesse socado esses idiotas só pra me abusar no lugar deles.─ Disse, soltando uma risada contendo nem um pingo de alegria. Eu deveria estar acostumada com isso, aconteceu tantas vezes e eu ainda me abalava com a capacidade do ser humano ser podre pra caralho.
O loiro suspirou.
─ Você mora onde?─ Perguntou, parecendo realmente curioso.
─ No outro lado da cidade.
─ E o que veio fazer por aqui?─ Sua pergunta me fez rir, rir ao ponto de lágrimas escorregarem por minhas bochechas e eu me encontrar fungando. Ele não disse nada.
─ Eu não sei.─ Murmurei.─ Deveria estar em casa, dormindo com uma família incrivelmente feliz mas aqui estou eu, vestida que nem uma puta, suja com meu próprio vômito e desabafando com um cara que não conheço.
O meu nem tão grandioso salvador cruzou os braços e arqueou uma sobrancelhas, parecendo em conflito.
─ Não vou deixar você ir para casa desse jeito.─ Determinou ele.
─ Acho que é essa hora que corro de você.─ Falo, espreitando o olhar para ele que apenas revirou os olhos.
─ É o seguinte: posso levar você até um lugar, você toma banho e troca de roupa depois te levo até em casa.─ Explicou como se eu fosse uma criança lesada e franzi o cenho, levemente desconfiada.
─ Eu não te conheço.─ Destaquei o óbvio. Ele me olhou e rapidamente retrucou.
─ Eu também não conheço você, mas estou tentando te ajudar.
─ Porquê?
─ Precisa de algum motivo para ajudar uma garota que tá nojenta na rua?
Fechei a cara e respirei fundo, tentando controlar minha vontade de chutar o idiota em minha frente.
─ Sim, precisa, a gente não vive em um conto de fadas, grandão.─ Resmunguei, balançando os ombros. Tá, tudo bem, era aceitar a ajuda do braço direito do cara que é considerado invencível ou ir andando até casa, correndo o risco de novamente ser atacada por outros imbecis. Para mim, a resposta estava óbvia mas era tão difícil de aceitar.
Estalei a língua no céu da boca e me arrependi de ter feito isso no mesmo segundo que senti aquele gosto horrível. O loiro já parecia saber minha reposta pela forma que sorriu e começou a andar para sei lá onde
E, sem muitas escolhas, eu o segui.
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