☪ .☆ ━━ SIXTY ONE ━━ ☪ .☆
Sabe aquele momento na sua vida que você percebe que tudo fudeu? Que você não sabe se você se atira do alto de um prédio ou da um tiro na sua própria testa? Então, eu tinha vivido um momento como aquele apenas quando fui parar no reformatório e tomei uma surra tão fodida que quase morri. E agora estava vivendo mais um daqueles momentos sensacionais, olhando para os olhos negros de Draken que estavam cravados em mim desde o momento que Sam seguiu a vaca da mãe dela pra fora e me largou ali no quarto do garoto, com Angeli agarrada no meu pescoço.
Porra, Deus realmente existe? Porque se ele existe, porque diabos não está me ajudando? Por tudo o que é mais sagrado, tem como esse dia ficar pior?
-Desembucha, garota.- ele mandou, me olhando com tanta intensidade que me fez estremecer. -Ficar me olhando com essa cara de imbecil não vai mudar sua situação. Pode tentar correr, mas não vai conseguir chegar na saída antes que eu te alcance.
-Ah, é? Como você sabe, nem me conhecê!- foi a única coisa que consegui dizer, o fuzilando com o olhar. Apesar de estar me cagando de medo do demônio na minha frente, que tinha uma bela de uma reputação.
-Qual seu nome?- ele disse. Respirei fundo, esfregando os olhos com força. Tudo bem, não tinha como escapar daquilo. Mentir também não ia adiantar nada.
-Aiko Tanaka.- eu murmurei e ele franziu o cenho para mim. Porque claro que o arrombado tinha que saber quem eu era, né?
-Porque Aiko Tanaka estaria andando com lixo como a Valhalla?- ele disse cruzando os braços. Joguei a cabeça para trás.
-Como se eu tivesse alguma escolha.- eu ri com sarcasmo, o que arrancou uma careta confusa do garoto. -Eu não te devo satisfações da minha vida, garoto. Nem mesmo te conheço.
-E ainda assim, você me ajudou. Porque? - ele disse me encarando. Eu grunhi com irritação.
-Se eu quisesse que você soubesse, não teria tentado esconder meu rosto. - eu disse fazendo cara feia.
-O que você está querendo, hein? Valhalla quer destruir a Toman. E agora, a maldita segunda no comando, aparece aqui na minha frente dando a entender que não quis nada disso e que é obrigada a fazer essas merdas do caralho. Quer mesmo que eu acredite nisso?- ele disse com irritação. Olha, se Angeli não estivesse no meu colo, eu teria dado um belo soco na cara desse arrogante do caralho.
-Cara, vai se fuder. Acredita no que você quiser, eu não tô nem aí! - eu disse bufando. -Só... Não fala pra ninguém o que eu te disse. Nem que salvei sua vida. Porque, por mais que você não acredite, isso pode dar uma merda do caralho, e não só pra mim. Você conhece a Sam, não é? Eles vão machucar ela se você abrir a porra da boca.
Ele me olhou seriamente, como se tentasse decifrar se o que eu estava dizendo era verdade mesmo. Bem, foda se no que ele acredita! Eu só não queria que aquela merda toda chegasse a Kisaki, porque estava com medo. Medo que algo acontecesse com minhas irmãs. Ou Baji e Chifuyu. Porra!
Draken abriu a boca, provavelmente para fazer mais algum comentário cheio de sarcasmo e irritante pra cacete, mas a gritaria no corredor fez nós dois nos calarmos. Apenas nos encaramos por um tempo. Então, eu me virei, abrindo de vez a porta e saindo.
Saí apressada, com o imbecil do cacete logo atrás de mim, meu coração batendo com tanta força dentro do meu peito que achei que ia sair pra fora.
Sam estava olhado para algo, agarrando a mãe do cacete dela pela roupa. Mas os olhos da minha irmã estavam cravados em algo, e ela parecia completamente chocada.
-Sam, o que...
Mas minha fala morreu assim que virei a cabeça e vi. Ah, que delícia. Porque Takashi Mitsuya estava bem ali, com o imbecil do caralho do meu namorado logo do lado, os dois olhando para aquela merda toda do cacete sem entender porra nenhuma.
-Fudeu.- eu disse e Sam me olhou, arregalando tanto os olhos que achei que iam saltar pra fora. -Fudeu, fudeu e fudeu.
-Aiko!- ela teve forças para me censurar, dá pra acreditar nisso?
-Angeli, você quer brincar de pega pega?- perguntei olhando pra ela e a colocando no chão. -Porque eu tô doida pra correr daqui.
-Você não vai a lugar nenhum.- Draken disse me puxando pela jaqueta quando dei um passo na direção de Sam, preparada para segurar minha irmã e sair correndo dali. -Não sem explicar tudo!
-Explicar tudo o que seu bosta do caralho!- eu gritei tentando me soltar dele, mas Draken me segurou e me prendeu contra a parede. Gritei de novo.
-Draken, que porra você tá fazendo?- Chifuyu gritou. Ai meu Deus.
-Não se mete!- gritei pra Chifuyu, arregalando os olhos para que ele calasse a boca e ficasse longe pra não deixar a merda ainda maior, mas claro que o idiota não ia me escutar!
-Sam, tá tudo bem?- Mitsuya perguntou, se aproximando da minha irmã. Espera um pouco aí.
Olhei de Sam pra Mitsuya, que se encaravam, e semicerrei os olhos. Ah, mas não é possível!
-Sam!- eu gritei ganhado a atenção dela. -Manda seu amigo do caralho me largar! E que porra é essa?- eu disse apontando dela para Mitsuya. Tudo bem, quando eu ficava nervosa, tendia a agir impulsivamente e na base do desespero, o que deixava tudo pior pra caralho. E eu estava tão nervosa ali que senti que podia morrer a qualquer minuto.
-Ai meu Deus. - Sam murmurou, passando a mão pelo rosto.
-Me solta!- eu gritei tão alto que fiz o garoto na minha frente fazer uma careta.
-Draken, ela mandou você soltar.- Chifuyu disse, visivelmente puto da vida porque tinha um imbecil do caralho segurando a namorada dele contra uma parede.
Draken olhou Chifuyu e franziu o cenho, como se os ouvidos dele não estivessem escutando aquilo. Olhei com puro desespero para Chifuyu; ele ia mesmo colocar tudo a perder? É sério? Aí sim estariamos todos fodidos pra caralho!
-Você conhece essa imbecil, Chifuyu?- Draken perguntou calmamente.
-Não!- eu gritei, desesperada, ao mesmo tempo que o idiota do meu namorado disse "sim". Fechei os olhos com força e bati a cabeça contra a parede.
-Quer dizer, ela, hum, é a número dois da Valhalla, não é?- Chifuyu tentou, pelo menos, arrumar aquela merda. Não adiantou nada, porque Draken estava completamente desconfiado. Enquanto isso, lá estava Sam, parecendo petrificada enquanto encarava Mitsuya, ainda dividida entre bater na mãe dela ou só correr dali. Enquanto isso lá estava eu, com um imbecil do caralho me segurando pelo colarinho.
Draken chutou a porta do quarto, a abrindo, e me agarrou, me empurrando sem nenhuma delicadeza lá dentro. E ai, olhou Chifuyu, Sam e Mitsuya.
-Entrem agora. Vamos conversar. E alguém me diz que porra está acontecendo aqui. E eu quero a verdade.
Eu olhei Chifuyu e sabia que ele podia sentir meu puro desespero. Até porque, ele estava com a maior cara de "bem, fudeu". É aquele momento em que a gente se atira da janela e assim acaba nosso romance de forma trágica tipo Romeu e Julieta? Porque estou a beira de fazer isso.
Chifuyu veio até mim depois de quase ser chutado por Draken e nós nos encaramos enquanto o vice líder da Toman arrastava Sam e Mitsuya para dentro, com uma Angeli muito confusa agarrada a Sam.
-Ele vai perceber. - eu disse para Chifuyu em um sussurro. -A gente se fudeu e a culpa é sua.
-Minha? Você disse que ele ia te matar, como queria que eu não surtasse?
-Agora nós dois vamos morrer!- eu disse com irritação. Ele abriu a boca para reclamar, mas fomos cortados pelo barulho da porta batendo atrás de Draken.
Ele apenas olhou para nós quatro e cruzou os braços, esperando. Bem. Talvez pular pela janela não fosse uma opção tão ruim assim, afinal.
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