☪ .☆ ━━ SEVENTY SEVEN ━━ ☪ .☆
Eu não tinha mais forças pra gritar ou lutar contra enquanto Hanma me arrastava para fora dali, para não acabar presa de novo. O sangue de Baji estava nas minhas mãos; não conseguia parar de olhar para elas. Talvez eu estivesse em choque agora. Tudo tinha ruído de vez. E o melhor amigo que já tive nessa vida fodida estava morto. Porque eu era uma inútil, imbecil do caralho, e fui incapaz de salvar Keisuke. Porque eu não conseguia fazer uma maldita coisa que prestava. Estava chorando de novo; eu não podia aceitar aquilo. Era como se tivessem aberto um buraco bem no meio do meu peito, um buraco que não sabia se eu conseguiria fechar novamente. Ele estava morto. Como conserto isso? Como o trago de volta? Isso era um sonho, certo? Porque não tinha como Baji estar morto de verdade, não tinha...
-Me solta, Hanma.- eu disse num sussurro. Por incrível que pareça, ele me escutou, finalmente me colocando no chão.
-O que pensa que está fazendo, Aiko?- ele perguntou, segurando meu braço quando comecei a me afastar. -Conheço essa porra de olhar. Nem mesmo pense em fazer mais merda. Não acha que já é o suficiente seu amiguinho estar morto?
-Você lava a porra da tua boca pra falar sobre Baji!- eu disse em um rosnado, o dedo apontado para a cara dele. -Porque se ele não tivesse me impedido, eu teria matado você!
Hanma me observou seriamente e me soltou. Ele apenas balançou a cabeça e desviou o olhar, porque sequer era macho o suficiente para me olhar nos olhos e ver toda a dor que ele tinha me causado.
-Eu sei que teria.- ele disse. Respirei fundo.
-Esse é o fim, Hanma. Eu... Eu ainda amo você, mas não quero mais olhar pra sua cara.- eu disse, lágrimas descendo pelo meu rosto. -Eu não vou fazer mais porra nenhuma. Eu tô fora.
-Kisaki vai acabar com você, Aiko. Não faça merda, porra!- ele disse me dando um chacoalhão. Dei um tapa tão forte na cara dele que o rosto de Hanma virou. Ele arregalou os olhos, surpreso.
-Então o impeça. - rosnei. -Você me colocou nessa merda. Agora, me tire dela. Eu tô pouco me fudendo para o que você vai fazer, Hanma. E eu cansei de me segurar. De deixar o demônio dormir. E porque eu faria isso? - eu ri, dando um sorriso que fez ele, sabiamente, se afastar. -Ele está tão desesperado por uma diversão! Tão triste que não tenha sido você a pessoa que eu matei hoje. Mas quem sabe na próxima?
-Para com isso, porra! Essa cara... Para! É assustadora.- ele disse e eu dei uma gargalhada sem nenhum humor.
-Sabe porque Ran e Rindou ainda ficam me caçando me pedindo pra voltar a me enfiar nas merdas deles?- eu perguntei sorrindo e cutucando a bochecha de Hanma. Ele continuou em silêncio. -Porque sei fazer um trabalho muito bom quando deixo tuuuuudo desligado. Quando não sinto nada, nadinha de nada! E, olha, sinceramente, não é bom assim? A vida é tão insignificante, né? Que diferença faz se a gente vive ou morre, mata ou poupa alguém?- eu dei risada, jogando os braços pra cima. -Talvez seja hora de trazer a velha Aiko de volta, não é? Os tempos antigos, ah, sim! Nem mesmo você, Hanma, me conhece de verdade. E eu teria medo se fosse você.
-Eu não tô dizendo que você não é uma vadia assustadora do caralho quando quer, mas você não sabe do que Kisaki é capaz.- ele disse e eu dei risada, dando as costas para ele e começando a andar, as lágrimas de raiva queimando meus olhos.
-Engraçado. Ele também não sabe do que eu sou capaz.
Eu tinha limpado o sangue das minhas mãos e me livrado da jaqueta da Valhalla na primeira oportunidade que tive. Estava tentando não pensar em Keisuke, e fazer o que estava prestes a fazer ajudava. Porque toda vez que fechava meus olhos, o via morrer. Via o sangue dele para todos os lados. Ainda podia escutar Chifuyu gritando. Não; não podia pensar em nenhum dos dois, não agora. Porque era tarde demais; porque tinha perdido ambos, cada um de uma forma. E mesmo que eu dissesse a mim mesma que tudo ficaria bem eventualmente... Bem, eu sabia que isso era mentira. Porque a morte de Baji... Aquilo havia partido algo em mim. Algo que eu não sabia como consertar.
-Demoraram demais.- eu disse sem nenhum humor quando vi Juju se aproximando, Chika e Ginn logo atrás dela. Ginn girou o taco de beisebol na mão e torceu o nariz para mim.
-Está tudo bem, chefinha?- Ginn perguntou, e eu acreditava na genuidade de sua preocupação. Mas não era como se eu me importasse. Afinal, o que havia sobrado dentro de mim para sentir depois de tudo o que tinha acontecido?
Apenas me virei para Juju, olhado no fundo dos olhos dela. Juju tentou esconder e até teria conseguido se eu não a conhecesse bem, mas a vi estremecer diante do meu olhar. Porque ela me conhecia; ela sabia o que estava se passando na minha mente, o que estava acontecendo comigo. Ela sabia o que tinha mudado. E que talvez não tivesse mais volta para aquele poço de escuridão que eu tinha caído dentro novamente.
-O que aconteceu?- ela sussurrou. Dei de ombros.
-Meu melhor amigo foi morto na luta mais cedo.- eu disse, apoiando o pé na parede logo atrás de mim. -Eu tentei matar meu outro amigo, mas não deu muito certo. E agora eu quero matar outra pessoa. Trouxe o que eu pedi, Juju?
-Aiko.- ela me chamou e eu arqueei a sobrancelha, colocando as mãos dentro dos bolsos da minha calça. -Lidar com isso agora não vai...
-Desculpa, Juju, mas não me lembro de ter pedido sua opinião.- a interrompi. Não falei em voz alta nem nada do tipo, mas apenas a forma como eu havia falado tinha sido o suficiente para fazer Juju estremecer e se encolher um pouco. Horas atrás, aquilo teria me abalado. Agora, eu não ligava.
-Aquela versão sua voltou, então.- ela murmurou. Não era uma pergunta.
-Trouxe ou não, Juju? Eu realmente não tenho tempo pra ficar gastando aqui.- eu disse a encarando. Juju apenas assentiu, dando um passo na minha direção e tirando a arma da cintura, estendendo o cabo para mim. -Valeu. Chika?
-Aqui.- ela disse, me estendendo a foto que eu agarrei e enfiei dentro do bolso.
-Vocês não precisam vir comigo. - eu falei enquanto enfiava a arma dentro da calça e a cobria com a camiseta.
-Está zoando? Se você for para o inferno, estamos indo com você. - Ginn disse. Eu apenas assenti em agradecimento para elas.
-Coloquem as máscaras pelo menos. - eu disse e elas fizeram, cobrindo boa parte de seus rosto. Não precisava de mais gente metida nas minhas merdas.
Eu sabia exatamente onde encontrar quem eu queria. Andando por ai, desfilando como um Deus que tinha acabado de vencer uma guerra. Acompanhado apenas daquele brutamontes que tinha tentado me matar. Olhei Ginn e fiz um sinal com a cabeça que ela conhecia bem.
Ginn sempre havia sido silenciosa e mortal. Nenhum dos dois escutou ela se aproximando até o taco de beisebol de Ginn ter descido contra a cabeça do garoto, o fazendo apagar na hora.
Kisaki se virou para nós, olhos arregalados. E eu agi. O agarrei com facilidade pela gola do uniforme da Toman e o joguei contra a parede de tijolos do beco. No segundo seguinte, o cano da arma já estava pressionada contra a testa dele, bem no meio de seus olhos.
-Oi, Kisakiiii!- eu cantarolei, abrindo um imenso sorriso. Ele teve o bom senso de parecer abalado. -Onde você estava indo, hein? Comemorar o sucesso dos seus planinhos? Posso me juntar a você?
-O que você quer, maluca do caralho?- ele cuspiu, aqueles olhos azuis cravados em mim. Dei uma risadinha. -Vai me matar?
-Bem que eu queria! Encher sua testa de bala seria tão, mas tão gratificante, Kisaki! Eu ia ganhar na loteria! - eu disse e fiz um biquinho. -Mas eu vou ter que me contentar em te fazer sofrer lentamente.
Ele deu risada.
-Acha que pode me assustar, Tanaka? Eu não tenho medo de você. É uma frouxa do caralho, incapaz de machucar uma mosca.- ele disse. Dessa vez, quem riu fui eu.
-É mesmo? Não acho ofensivo você não saber, mas acho meio burrice.- eu disse e ele franziu o cenho.
-Saber o que?- ele disse, maxilar trincado.
-Bem, quem eu sou de verdade! Que pergunta besta.- eu ri, cutucando a bochecha dele com o cano da arma. -Como acha que acabei famosa no reformatório e fora dele? Não escutou gritarem meu nome hoje? Puxa, você se mostra ser uma grande decepção.
-Também disseram que você amoleceu.- ele riu.
-É, mas isso é só quando o demônio está contido. Deixa eu te contar um segredinho, Kisaki! Você conseguiu soltar ele. Arrebentar todas as correntes! E ele está atrás de você, doidinho pra te conhecer!- eu ri. Ele arregalou um pouco os olhos.
-Me matar não vai trazer seu amiguinho de volta!- ele rosnou. Suspirei.
-Verdade. É por isso que você não vai morrer. - eu falei e abaixei a arma. Kisaki sorriu, prestes a fazer um comentário sobre o como eu era frouxa ou o como ele iria rataliar quando puxei a foto no meu bolso e ergui na direção dele. Toda a cor do rosto de Kisaki desapareceu; e eu soube que tinha ganho aquela batalha. -Como imaginei que você fosse estar cagando e andando pra própria mãe, tive que ser mais criativa. Hinata Tachibana.- eu estalei a língua. -Linda pra caralho. Não seria triste meter uma bala no meio da testa dela?
-Não ouse, Tanaka, ou eu juro...- ele começou, mas ergui a mão e Kisaki calou a boca. Ótimo; eu amava aquilo. Eu sorri.
-Você vai ficar bem quietinho, Kisaki.- eu falei apertando a bochecha dele. -Seja um bom menino, viu? E, ah. Nem mesmo pense em machucar a Sam ou meu namorado. Porque tenho pessoas ao meu dispor para encherem essa garota de furos se você ousar me fuder. Agora, é assim que as coisas vão funcionar entre nós, Kisaki! Você não enche a porra do meu saco e eu não encho o seu. Estamos entendidos?
Kisaki não ousou se mexer, nem dizer nada. Ele me olhou e engoliu em seco antes de assentir.
Aquilo estava apenas começando.
Tá, admito que fiz a Aiko meio surtada, MAS TÁ TUDO BEM!!!
daqui pra frente só pra trás
~Ana
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