☪ .☆ ━━ SEVENTY ONE ━━ ☪ .☆
Eu não tive forças para protestar quando aquele garoto que conseguia ser mais baixo que eu me fez sentar atrás dele na moto. Eu apenas me segurei para não cair enquanto ele me levava para algum lugar. Provavelmente pra casa. Não que eu me importasse muito, sinceramente. Eu só queria que aquele dia acabasse logo, queria deixar de ser a merda de uma decepção do caralho. Mas era isso que eu era, não é? Eu só machucava todos ao meu redor. Olha o estado que Sam estava agora e graças a mim. Eu não merecia ter ninguém na minha vida.
Quando chegamos ao beco, eu praticamente pulei da moto de Mikey, meu estômago estava completamente embrulhado agora depois de toda aquela merda do caralho. Sam estava do meu lado no segundo seguinte, me ajudando a ficar de pé. Ela estava falando alguma coisa para Draken, mas eu não entendi nada. Joguei a cabeça para trás e fechei os olhos com força.
-Vê se se cuida, Aiko.- escutei aquele garoto dizer e abri os olhos para o encarar. Mikey deu um sorriso simpático para mim, simpático até demais para se dar a número dois de Valhalla. Eu dei uma fungada.
-Eu não quero foder com sua gangue, sabe?- acabei soltando. Mikey franziu o cenho e Sam arregalou os olhos. Até Draken pareceu perplexo por eu estar abrindo a bocona.
-Aiko, fica quieta.- ela sussurrou.
-Mas todo mundo parece querer foder minha vida, então não tenho escolhas, sabe? Desculpa. Eu não queria essa briga.- eu disse com um suspiro. Mikey ficou me analisando com aquele olhos escuros. E abriu um sorriso para mim.
-Eu acredito em você.
Mikey não esperou por uma resposta minha ou de Sam. Apenas deu um tchauzinho para nós e desapareceu, sendo seguido por Draken. Fechei os olhos com força, aceitando a ajuda de Sam para subir as escadas.
-Sinto muito, Sam.- eu disse num sussurro. Ela apenas apertou minha mão com força na dela. -Se ele não tivesse aparecido, eu tinha pulado.
-Não diga isso.- ela falou baixinho.
Mas era a verdade. Eu simplesmente não aguentava mais aquela merda toda do caralho e não aguentava mais Kisaki fodendo com minha vida já fodida. Estava preparada para dizer isso a Sam, meus olhos cheios de lágrimas, quando ela abriu a porta para entrarmos.
Eu nem tinha entrado direito quando Chifuyu surgiu do além bem na minha frente, me fazendo arregalar os olhos. Bem, que bela merda. Sam ao menos podia ter me avisado que ele estaria aqui! O jeito que ele me olhava, como se estivesse tão preocupado que uma parte dele estivesse morrendo por dentro, me fez desviar o olhar. Nem conseguia encarar ele, porque sabia que eu tinha feito merda e estava completamente errada.
-Onde você estava?- ele perguntou, a voz rasgando. Aquilo me fez abaixar ainda mais a cabeça. Eu era uma namorada de merda, né? -O que aconteceu com você?
-Ela tá drogada.- Sam disse e eu me virei para olhar ela com indignação. Porra, ela vai falar disso pra sempre e pra todo mundo agora? -Ela tava fumando maconha com o Kazutora.
-Puta que pariu, Aiko! A gente tava preocupado com você e você tava fumando com um psicopata? - ele disse visivelmente irritado comigo. Desviei o olhar do dele e continuei em silêncio. Porque o que eu diria?
-Essa não é a pior parte.- Sam disse em um sussurro.
-Sam.- eu falei a olhando, mas ela apenas balançou a cabeça.
-Ele é seu namorado, não é? Então ele precisa saber, Aiko.- ela disse e eu enfiei o rosto entre as mãos. Apenas para não ver a preocupação na cara de Chfiuyu. -Não tem jeito fácil de dizer isso, então vou dizer logo de uma vez. Mikey e Draken acharam ela tentando se jogar do alto de uma ponte.
O silêncio de Chifuyu já me dizia o suficiente. Nem precisava olhar para cara dele para saber que era o fim. Porque ele continuaria com uma problemática do caralho que pensava em se jogar do alto de uma ponte? Não tinha sentido. Eu só ia arrastar ele para um buraco. Chifuyu era inteligente, perceberia que eu era problema demais para lidar e iria embora.
-Você pode ir embora agora, estou completamente bem. - eu disse num sussurro, o que era uma mentira do caralho. -Eu...
-Você ficou doida?- ele disse num sussurro, de uma forma que fez meu coração doer. Como eu ia olhar para cara de Chifuyu de novo?
-Vou ver a Angeli. Depois eu falo com você, Chifuyu. E com você, Aiko. - Sam disse e deu o fora dali, nos deixando completamente sozinhos.
-Aiko. - Chifuyu me chamou, mas eu sequer conseguia olhar pra ele. Apenas me afastei, meus olhos cheios de lágrimas.
-Desculpa, tá bom? Por não ser o que você esperava. - eu disse esfregando os olhos. -Por ser uma idiota impulsiva, por não saber lidar com meus sentimentos e por ser uma bagunça do caralho. Eu disse que você ia se arrepender, Chifuyu. Porque você nunca escuta o que eu falo?
Soltei um soluço, mas ainda assim não ousei olhar para Chifuyu. Porque se eu fizesse, eu saberia que era o fim e aquilo só ia me deixar ainda pior do que eu já estava.
-Você não precisa ficar aqui só porque, sei lá, isso faz você ficar se sentindo mal. Não quero ser um peso na sua vida. Não quero que você se arrependa daqui uns dias ou meses de ter ficado comigo. Eu sou perda de tempo, Chifuyu! Quantas vezes vou ter que falar isso pra você? Puta merda, minha mãe me trocou por um abusador, minha irmã me odeia, o cara que eu chamei de melhor amigo me fez virar uma escrava de um arrombadinho de merda. Minha vida é uma merda, e eu não sei como mudar as coisas. Não sei como não me sentir assim, como não ter vontade de... Morrer. Eu sou um caos. Você é bom e merece coisa melhor do que eu. Então, só... Vai embora. Não me procura mais. Você sabe que é melhor assim. Ninguém precisa de uma namorada de merda. Então arranja alguém melhor. Por favor.
Chifuyu nem disse nada. Por um momento, pensei que ele tivesse mesmo ido embora. E talvez fosse melhor assim. Porque era a verdade; eu não valia a pena e ele... Ele merecia alguém que o fizesse feliz. Eu sabia que não podia ser essa pessoa. Eu não era o suficiente.
Mas senti as mãos dele nas minhas, as puxando com calma para que eu as tirasse da frente do meu rosto. Mesmo relutante, eu o fiz. Finalmente olhando para ele. E, ainda assim, não conseguia decifrar o que Chifuyu estava pensando ou sentindo.
Ele continuou em silêncio. Preferia que brigasse comigo, gritasse, mandasse eu me fuder. Me desse as costas e fosse embora. E não que me olhasse daquele jeito que ele sempre fazia, como se pudesse me dar toda calma e amor do mundo. Eu odiava isso as vezes. Fazia eu me sentir mal porque eu jamais poderia fazer ele ser feliz do jeito que ele me fazia ser feliz.
Chifuyu apenas observou meu rosto e passou as mãos pela minha bochecha com calma, limpando minhas lágrima com carinho. Então, deu um passo na minha direção, passando os braços ao redor de mim e me puxando. Até que minha testa estivesse encostada no ombro dele. E eu já estava chorando de novo enquanto ele passava a mão pelas minhas costas, pelo meu cabelo.
-Mas eu não quero ir embora, Aiko.- ele disse num sussurro. -E eu não quero outra pessoa. Você não é nada disso que acha que é. Nunca vai entender o quanto você significa pra mim?- escutei ele suspirar. Chifuyu colocou as mãos ao redor do meu rosto, me puxando até que eu o olhasse. -Eu te amo, Aiko. E é por isso que não posso e nem quero te deixar.
-Não diga isso.- eu falei baixinho, fechando os olhos com força. -Só vai deixar mais difícil...
-Vai deixar o que mais difícil? Para você fugir de mim, como sempre faz?- ele disse me segurando com força. -Eu não ligo. Pode fugir o quanto quiser, eu vou continuar indo atrás de você. Porque eu te amo, Aiko.
-Chifuyu, pelo amor de Deus...- eu tentei, mas ele não me deixou falar.
-Eu não ligo se você está quebrada, Aiko. Eu, ainda assim, não vou a lugar nenhum. Você não está mais sozinha, sabia?
Eu solucei, retribuindo o abraço dele. Ah, que merda... Eu apenas ia foder com tudo. Mas o que mais eu poderia fazer, afinal?
-Eu não mereço você. - eu disse, baixinho. -Mas eu te amo. Tanto que até dói. E é por isso que não posso te arrastar pra esse buraco.
-Você não vai se livrar de mim, então pare de tentar.- ele disse. Eu apenas murmurei e fechei os olhos.
E eu sabia que aquilo tudo acabaria pegando fogo no final.
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