☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED THIRTY ONE ━━ ☪ .☆
Certo. Quando Sam saiu para resolver o que ela tinha para resolver, fiquei olhando para o teto o tempo todo e me perguntando porque eu sempre fodia com tudo de bom na minha vida. Por exemplo agora, que Chifuyu estava me lotando de mensagem mas eu não tinha coragem pra ler e muito menos responder. Eu sabia que teria que conversar com ele, hora ou outra, nem que fosse pra, sei lá, dar um ponto final definitivo no que tinha entre nós. Mas, primeiro, eu tinha que conversar com Sam. Se ela voltasse pra casa e eu não estivesse ali, ela ia pensar que fui embora de novo. E com razão. Eu não estava sempre fugindo? Chega; chega de fugir.
Ainda estava pensando nisso quando Sam se jogou no sofá ao meu lado, esperando que eu começasse a explicar o que eu tanto queria. Mas, porra, era tanta coisa... Por onde eu sequer começaria? Respirei fundo e passei a mão com força pelo rosto. Beleza; não tinha jeito fácil de dizer isso.
-Takemichi veio do futuro.- soltei de uma vez. Sam me olhou e me olhou e me olhou, o silêncio dela quase me matando. Puxei os meus cabelos com um pouco de força demais. Bosta, eu não devia ter começado por esse assunto!
-Você andou fumando maconha de novo, Aiko?- ela disse com o nariz torcido, se aproximando de mim para olhar meus olhos.
-Porra, para!- eu disse dando um tapa de leve no ombro dela. -Não, eu não fumei nada. E, sim, eu sei que é confuso e isso parece uma zoação, mas é verdade! - respirei fundo e suspirei. -Tudo bem, sei que vai ser muito difícil te convencer que isso tudo é verdade, mas mantenha a mente aberta, beleza?
Sam estava com o cenho franzido para mim, mas apenas assentiu. Suspirei.
-Certo. Lembra aquele dia que você perguntou porque eu e Chifuyu estávamos com caras estranhas?- perguntei. Sam arqueou a sobrancelha.
-Vocês dois estão quase sempre agindo de forma estranha, Aiko. Vai ter que ser mais específica.- ela disse e eu fiz uma careta.
-Quando perguntei o que você viu no Hakkai.- eu disse. Ela fez uma careta, o que indicava que, sim, ela se lembrava. -Perguntei isso porque foi nesse dia que descobri sobre Takemichi ter vindo de doze anos no futuro. Ele contou tudo para mim e Chifuyu. Sei lá quanto tempo faz que esse idiota está tentando mudar o futuro, mas...
-Isso nem faz sentido, Aiko.- ela murmurou, piscando os olhos.
-E eu não sei? Não acha que fiquei confusa pra cacete a primeira vez que ouvi essa história? Mas você nunca notou o quão estranho Takemichi age? E que uma hora ele parece uma pessoa e depois na outra parece outra completamente diferente?- o silêncio de Sam já dizia o suficiente. -É verdade, sabe? Ele sabia que, em um dos futuros, o motivo para a Toman ser corrompida havia sido a Dragões Negros. E é por isso que fomos fazer aquela bosta lá no Natal, Sam. Para impedir essa merda de futuro de acontecer. Isso pode parecer uma história bizarra e até mentira, mas é verdade.
Sam ficou em silêncio por um tempo. Então, ela jogou a cabeça para trás e puxou os cabelos, fechando os olhos com força.
-Não sei quem é mais louca. Você por estar me contando tudo isso ou eu por estar acreditando.- ela murmurou. -Então, o que? Ele não consegue mudar o futuro? Pra início de conversa, porque ele quer mudar o futuro?
Respirei fundo e olhei para o teto.
-Porque o futuro é uma bela de uma merda.- falei. -E sabe de quem é a culpa, Sam?
-Deixa eu adivinhar.- ela disse com irritação. -Kisaki.
-É. É sempre ele, é impressionante.- disse batendo a cabeça contra o encosto do sofá. -Takemichi está tentando mudar as coisas porque Hina morre em todos os futuros.
-Espera, a namorada dele?- Sam perguntou. Assenti.
-E o amor da vida do Kisaki.- resmunguei. Sam arregalou os olhos.
-O que?!- ela quase gritou. -Como você sabe disso?
-Sou foda pra caralho.- eu disse com um sorrisinho. Sam revirou os olhos e deu um tapa na minha cabeça. Apesar de tudo, dei risada, e segurei a mão de Sam na minha. -Quer saber nossos futuros de merda?
-Tenho medo de escutar mas, sim, eu quero.- ela disse. Dei risada.
-Tekemichi é um idiota que não sabe muita coisa, mas em um dos dois futuros que ele encontrou com a gente, você tinha casado com o Hakkai!- eu disse apontando o dedo para o peito dela. Sam fez uma cara desacreditada e eu caí na gargalhada. -Puta amigo foda do caralho, meu Deus, casou com a namorada do melhor amigo dele.
-Para de ser assim, sua ridícula!- Sam disse me dando um tapa.
-Tinham até uma filha, viu.- eu disse. Apenas para receber outro tapa. Dei risada.
-E enquanto você?- ela disse. Fiz uma careta.
-Sabe, acho melhor nem comentar.- resmunguei. Ela me deu um beliscão e eu chiei. -Tá! Eu ia casar.
-Ia? Com o Chifuyu?
-Não.- falei e dei um gritinho frustrado. -Com o Kisaki.
Sam engasgou com a própria saliva e fez uma careta de nojo. Pois é, pois é! Nojento pra um caralho, eu sei.
-Mas que merda?- ela disse.
-Em minha defesa, Takemichi disse que era um plano meu pra fuder com a vida do Kisaki.- eu falei. -Porque no fim das contas eu tava grávida do Chifuyu.
-Porque isso não me choca, você e seus planos de merda!- ela disse. Fiz cara feia.
-Eu morri.- falei. -Takemichi disse que Kisaki me matou e matou o Chifuyu.
-Caralho, Aiko.- ela murmurou. Dei de ombros.
-O futuro não é mais esse, aliás. A gente mudou isso quando impediu Yuzuha de matar Taiju. O futuro agora é uma outra bosta. - falei com um suspiro. -Tá geral morto.
-Quê?!
-É, juro, mo merda né?- falei. Sam estava me olhando perplexa. -Takemichi me disse que Mikey matou todo mundo. O Hakkai, o Chifuyu, o Draken, o Mitsuya, o Kazutora, o Baji, o Pah. Porra, ele matou todo mundo.
-E a gente?- ela murmurou. Fechei os olhos com força.
-A gente nem se falava, Sam. Porque eu...- torci o nariz. -Casei com o Rindou.- fiz cara de nojo. -E continuei enfiada em merdas de gangues. E, ah! Morri nesse futuro também. Overdose, segundo Takemichi.
-Caralho, Aiko.- ela murmurou. Suspirei.
-E você tava grávida.- eu disse. Sam arregalou os olhos e eu ri. -Mas calma, dessa vez não foi do Hakkai, era do Mitsuya mesmo. Vocês casaram.
Sam começou a sorrir que nem uma idiota, o que me fez dar risada e meter um tapão na testa dela.
-Você me ouviu, sua ridícula? Tá todo mundo morto!- zombei. Sam me mostrou o dedo do meio. Ela se esticou e deitou a cabeça no meu ombro. Deitei a cabeça na dela.
-Tem mais coisa. Agora, você precisa saber o porque eu tô na Tenjiku.- falei. Sam apenas me olhou. E eu contei tudo a ela.
Dormi com Sam no sofá depois dela ter jurado por tudo o que era mais sagrado que ia esfolar Ran e Rindou. Não nego que o olhar assassino dela me deixou levemente apreensiva. De qualquer forma, dormi direito pela primeira vez em muito, muito tempo mesmo.
Mas acordei com alguém jogando uma almofada com força na minha cara.
-Aiko, acorda.- Sam disse. Eu resmunguei e me virei para o lado, enfiando a cara no travesseiro.
-É sábado. Me deixa em paz.- reclamei.
-Levanta, garota.- ela reclamou, jogando outra alfomada em mim. Nem me mexi. Mas que caralho, eu queria dormir a porra do dia inteiro, até porque eu nunca dormia direito perto de Ran e Rindou com medo de, sei lá, morrer? -Chifuyu, pega aquela outra almofada ali.
Caí do sofá; mas que porra...?
Pisquei os olhos, confusa. Olhei de Sam para Chifuyu, e ela parecia bem perto de atirar um vaso na minha cara.
-Tô indo acordar o Kazutora.- Sam disse e dasapareceu antes que eu pudesse implorar para ela ficar ali. Mas que merda, traidora!
Chifuyu suspirou e veio até mim, me ajudando a levantar do chão. Nem disse nada, apenas o encarei.
-Então, vocês duas se resolveram. - ele disse e não era uma pergunta, mas assenti mesmo assim.
-Espera. Eu já volto.- murmurei.
-Você vai fugir de novo?- ele reclamou. Revirei os olhos.
-Porra, eu acabei de acordar, me deixa fazer xixi!- gritei irritada e fui me trancar no banheiro.
Tá, eu tinha que parar de ser uma louca surtada. Respirei fundo e fechei os olhos. Certo. Tentei dar um jeito na porra do meu cabelo. Mas que merda, viu, sinceramente, tanto dia pra resolver aquelas bostas, tinha que ser logo hoje?
Depois que me arrumei e dei um jeito na minha cara de merda, voltei para sala onde Chifuyu estava me esperando, sentado no sofá de braços cruzados e encarando o teto. Com um suspiro, me sentei ao lado dele.
-A gente morreu de novo.- ele disse. Não falei nada; até porque, o que eu ia falar? -A única diferença é que a gente não tava mais junto.
-É.- eu disse num sussurro.
Chifuyu levantou a cabeça para me olhar. Apenas o encarei. Porque eu não sabia o que falar. Não sabia como consertar as coisas entre nós. Se é que isso era possível.
-Eu não quero isso.- ele disse baixinho. Desviei o olhar e pisquei os olhos com força para afastar as lágrimas nos meus olhos.
-Eu só vou estragar sua vida.- eu disse num sussurro. Ele bufou e balançou a cabeça.
-Você não entende que eu te amo? - ele disse. Ao mesmo tempo que escutar aquilo sempre me fazia parecer uma idiota, também machucava, de certa forma. -Eu não queria isso, Aiko.
-Nem eu.- admiti.
-Então porque continua fazendo isso? Você não precisa agir sozinha, sabia? - ele disse e eu suspirei, fechando os olhos.
-Eu só tô cansada de arrastar todo mundo para as minhas merdas, Chifuyu. Não quero ninguém se machucando por causa das minhas loucuras, caralho.- eu disse o encarando. Ele suspirou.
-É pior quando você não deixa a gente te ajudar, sabia?- ele reclamou. Revirei os olhos. -Porra, Aiko, os irmãos Haitani?
-Quer parar de me julgar? Eu sei que é ruim, cacete. - eu reclamei. -Mas o que eu deveria fazer?
-Deveria ter falado com a gente, porra! Que plano de merda.- ele disse. Dei um tapa no peito dele, o empurrando.
-Tinha ideia melhor, hein? - eu disse cruzando os braços. Ele não falou nada e eu bufei. -Porque está aqui, Chifuyu? De verdade?
-Porque você tá me fazendo uma pergunta tão imbecil?- ele disse, perplexo. Resmunguei.
-Achei que tinha arranjado outra namorada.- falei com irritação. Ele olhou pra minha cara e deu risada, o imbecil.
-Bem, você queria que acreditassem naquele seu show, né?- ele disse. Abri a boca para retrucar, mas ele continuou: -Não sou idiota, sabia que você tava com essas merdas aí, imbecil que nem o Baji.
-Ah, vai se fuder!- falei mostrando o dedo do meio pra ele. Chifuyu segurou meu pulso e deslizou a mão até a minha.
-Eu não tenho namorada, sua idiota. A não ser que você pare com essa merda e volte a ser a minha.- ele disse. Eu bufei, mas não falei nada. Porque o que eu ia falar? Meu coração era dele e não tinha sentido ficar com outra pessoa que não fosse Chifuyu.
-Você é um pé no saco.- eu suspirei. Ele revirou os olhos.
-Eu já disse mais de uma vez que não ia te deixar, não foi? Então para de tentar.- ele reclamou. Me inclinei e deitei a testa no ombro dele, piscando os olhos para afastar minhas lágrimas.
-Desculpa. - eu sussurrei. Ele passou a mão pelo meu cabelo.
-Eu tava puto com você. - ele admitiu. -Por ter fugido, por ter terminado comigo, por ter ido atrás dos Haitani, por ter largado a Toman. Tava puto pra caralho com você, Aiko.
-E eu não sei?- eu murmurei. Ele suspirou e me puxou para que eu o encarasse.
-Mas quando o Takemichi me contou o que aconteceu...- ele suspirou. -Não quero que isso aconteça com você. Com a gente.
-Takemichi precisou te avisar pra você se tocar que quer ficar comigo?- eu provoquei e ele me deu um tapa na testa.
-Cala essa boca, você terminou comigo.- ele reclamou. Dei um sorrisinho para ele.
-Eu já te pedi desculpas, vai continuar com essa merda? - reclamei. Ele arqueou a sobrancelha.
-Foi um pedido de desculpas bem merda, se quer saber.- ele resmungou. Semicerrei os olhos.
-Quer que eu implore?- disse com sarcasmo. -Porque eu não vou não.
-Quero que você cale a boca.- ele disse e eu abri a boca para mandar ele se fuder, mas Chifuyu me puxou para mais perto de si e me beijou. E, droga, eu tinha sentido tanto a falta dele.
O abracei com força enquanto a língua dele percorria pela minha com certa urgência. Chifuyu me apertou mais contra si, como se, sei lá, eu fosse desaparecer a qualquer instante. Eu não ia; não mais.
Me afastei dele, encostando minha testa na de Chifuyu e fechando os olhos. Entrelacei meus dedos nos dele e apertei a mão de Chifuyu com força.
-Eu não vou mais fugir.- murmurei. Ele deu risada.
-Acho bom mesmo. Porque não importa o quanto você tente me afastar, Aiko. Eu sempre vou ir atrás de você.
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