☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED FORTY SIX ━━ ☪ .☆
Um tapa estalado em minha testa foi que me acordou. Soltei um xingo, ainda de olhos fechados e tentei acertar quem havia feito aquela merda com um tapa; spoiler: não consegui. Uma risada que eu conhecia muito bem soou e recebi mais um tapa na testa, foi ali que abri meus olhos e franzi o cenho, me sentindo levemente confusa quando vi Kazutora apontar uma câmera pra minha cara.
─ Mas que porra é essa, Kazu!─ Soltei, avançando na direção do imbecil que recuou um ou dois passos, soltando mais uma risada.
─ Diga "Oi" para câmera, Sam!─ Ele disse, claramente animado. Uma criança é isso que ele era, por isso que se dava tão bem com Angeli.
Revirei meus olhos, erguendo uma mão e meu dedo do meio para o garoto. Kazu riu, se aproximando rápido demais para que eu retribuisse aquele tapa e então, chutando parte da minha perna. Filho da puta!
─ Para com essa porra, Kazutora!─ Gritei, pegando uma almofada e jogando na direção do imbecil que infelizmente desviou sem muito esforço. Um arrombado, eu diria.
─ Calma aí.─ Ele pediu, rindo.─ É
só responder umas pergunta que paro, combinado?
Soltei um bufo irritadiço. Era só o que me faltava!
─ Vai, faz logo!─ Exclamei, pronta para jogar outro travesseiro naquele idiota para um cacete. Kazutora riu novamente.
─ Tá legal, primeira pergunta!─ Soltou ele fazendo um silêncio dramático que quase me fez dormir novamente.─ Nome completo?
─ Sam Dean Rose Salvatore.
─ Aniversário?
─ 24 de fevereiro.─ Kazutora pareceu surpreso ao lançar um olhar para o calendário.
─ Uau, tá perto! Você vai querer alguma coisa?
─ Sim, eu quero que você pare com isso!
─ É uma pena que você nem sempre pode ter o que quer, não é, Rose.─ Revirei meus olhos novamente.─ Próxima pergunta! O que tem a dizer sobre Mitsuya Takashi?
Franzi o cenho, levemente confusa com tudo aquilo que tava rolando.
─ Ele é o meu namorado.─ Falei em um tom óbvio que fez Kazutora revirar os olhos, se aproximando e me chutando novamente.
─ Para de ser sem graça, fala um negócio mais sei lá bonitinho.
Soltei um suspiro, enfiando os dedos em meus cabelos e os puxando levemente. Deus, o que fiz para merecer tamanho castigo?
─ Eu amo ele, tá legal. Ele é meu primeiro namorado, meu primeiro amor e espero que último também. Takashi, ele me mostrou que eu merecia tudo que me privei por anos, ─ Olhei para Kazutora.─ tá bonitinho o suficiente pra você?
Ele riu.
─ O que você tem a dizer sobre Aiko Tanaka e Chifuyu Matsuno?─ Perguntou.
─ Aiko é minha melhor amiga e irmã. Eu a amo como nunca amei ninguém e sem ela, não sou capaz de viver porque Aiko é o meu sol e da mesma forma que todo mundo precisa do sol, ─ Gesticulei para a janela com uma das mãos segurando meu colar de lua, aquele que completa o de Aiko.─ eu preciso dessa maluca surtada.
Kazutora riu.
─ Fala do Chifuyu agora, vai!
─ Eu odeio ele.─ Falei, simples. Kazutora jogou uma almofada na minha cara e aquilo doeu pra porra.
─ Tá bom, eu não odeio ele. Eu gosto do Chifuyu, ele faz bem pra Aiko e às vezes ajuda, mesmo que seja mais fodendo com tudo do que ajudando mesmo então, fala a porra da próxima pessoa!
─ É o Baji!
─ Eu gosto do Baji, mesmo ele seja um surtado igual a Aiko que só fode com tudo e deixa a gente se foder pra resolver as merdas dele.
Kazutora soltou uma risada.
─ Agora, Mikey e Draken!
─ Tá bom... Eu gosto dos dois. Conheci o Mikey quando ainda trabalhava no Shinichiro e ele era até legal comigo, a gente meio que ficava zoando o Shinichiro juntos. Fico feliz de ter encontrado ele de novo, mesmo que não tenha sido nas melhores das situações.─ Soltei um suspiro.─ Draken é um imbecil. Ele é ruim com garotas e age como se fosse a porra do meu pai, mas ele me ajudou quando eu mais precisava e salvou minha vida por várias vezes. Então, é isso, eu também tô feliz de ter encontrado o Draken.
─ Agora, o último e o mais importante! Hanemiya Kazutora!
─ Eu tinha medo dele, ele tem aqueles olhos que não piscam e isso já me assustou pra cacete.─ Sorri para o garoto que se aproximava, sentando no meu colo com uma risada.─ Mas, depois percebi que ele só um garoto que é só dar um carinho que gruda e não sai mais.─ Kazutora me deu um tapa na testa.─ Para com essa merda!─ Retribui o tapa, dando um soco em sua coxa. O garoto chiou. Sorri, olhando para a câmera.─ Bom, acho que o Kazutora é legal quando não tá tentando matar seu melhor amigo.
─ A Aiko também tentou matar o melhor amigo dela.─ Soltou Kazu em um dar de ombros, acabei que soltei uma risada, abraçando a cintura do garoto.
Cercada por idiotas, sim, eu tava cercada por idiotas do pior tipo que existe mas, até que eu estava amando aquilo. Aqueles idiotas me dão o carinho, apoio e amor que faltaram por anos, não só para mim mas para eles também e eu os amava com todo meu coração, não importando o que acontecesse.
Era a primeira vez que eu ia ali após anos. Mesmo depois de saber sobre sua morte, não tive coragem de ir ali. Eu tinha medo do que sentiria ao estar ali, afinal Shinichiro tinha sido aquele que se preocupou comigo e com minha irmã quando nem minha própria mãe o fazia. Ele tinha sido a única figura que realmente vi como pai após a morte do meu pai de sangue. Mas, mesmo assim, ele morreu e eu só vim ao seu túmulo agora.
Ao lado de Takemitchy e Inui, juntei minhas mãos e rezei por aquele cara que cuidou de mim de uma forma que jamais deixei alguém fazer novamente. Lancei um para o garoto loiro de olhos azuis que parecia tão determinado em uma hora daquelas. Eu apenas sabia o básico que Inui me falou conforme andávamos pelas ruas em direção ao cemitério.
Os Dragões Negros meio que se tornaram parte da Primeira Divisão por um motivo que Inui se complicou o bastante ao ponto de não me fazer entender nem um terço do que ele queria dizer. Então, Takemitchy estava ali como sei lá algo bem parecido com um guarda-costas ou uma distração para me dar tempo de correr quando mais um idiota da Tenjiku fosse vir me encher de soco.
─ Shinichiro, na sua frente está a Décima Primeira líder dos Dragões Negros, Sam Dean Salvatore.─ Disse Inui, dando um pequeno tapa em minhas costas. Piscando meus olhos para evitar as lágrimas que vieram com a visão do homem de cabelos escuros sorrindo como se soubesse que aquele momento ocorreria quando me curvei.
─ Vou viver de acordo com a Primeira Geração e farei os Dragões Negros serem admirados de novo.─ Minha voz talvez tenha saído um pouco alta demais e um pouco mais chorosa. Não sei mas qualquer sentimento sumiu para dar o lugar a raiva quando a voz daquele imbecil do caralho soou.
─ Então o Décimo Primeiro nasceu no dia de fundação das Dragões Negros, hein? Interessante.─ Izana cessou os passos conforme eu me erguia.─ Então você é Takemichi Hanagaki.
Sem pensar muito, me pus entre Izana e Takemitchy. Nem fodendo que deixaria ele colocar as mãos naquele garoto e eu não fiz nenhuma menção de me mexer quando Inui avançou, agarrando a gola da roupa de Izana e pronto para meter um soco naquele arrombado.
─ Ei, ei... Não fizemos nada. Foi ele que quis se juntar a Tenjiku em primeiro lugar, não? Me solta. Só estou aqui para visitar o túmulo do meu irmão.─ Ah, mas eu tô a um passo de sair de perto do Takemitchy para descer o cacete naquele porra junto do Inui.─ Agora que o Kokonoi está conosco, não tenho nenhum interesse em vocês, Inui e Sam.
Meu rosto se contorceu com o ódio que eu sentia naquele momento e não pensei quando me aproximei, chutando o estômago de Izana que conseguiu escapar do aperto de Inui e agora me olhava com um sorriso cheio de malícia.
─ Você se acha muito foda, né?─ Soltei com o maxilar trincado.─ Pensa que pode chegar aqui com sua gangue de otários e atacar todo mundo dessa porra como se fosse o dono da cidade.─ Me aproximei dele com os punhos fechados, ignorando os gritos de Takemitchy que me mandavam parar. Ah, mas eu não ia parar nem se Shinichiro ressuscitasse.─ Só vou dizer uma coisa, Izana. Você já pode ter sido um mas não sabe como um Dragão Negro ruge mas pode ficar feliz que eu vou te mostrar!
Dei um passo na direção do imbecil que não se moveu, continuando com um sorriso imbecil na cara. Ergui meu punho e...
─ Já chega, Sam.
Pisquei meus olhos e virei a cabeça para encarar Mikey ao lado de Emma que parecia confusa com tudo que estava acontecendo.
─ Uau! Visitando o túmulo com sua amada irmã?─ Soltou Izana. Havia algo no tom dele que me fez franzir o cenho. Aquela malícia...
─ Takemitchy, ─ Mikey chamou, o garoto de olhos azuis lançou um olhar levemente confuso para o líder da Toman.─ leve a Emma e Sam embora!
─ Como é?─ Soltei, me sentindo irritadiça. Mikey nem ao menos me olhou quando Takemitchy engoliu seco e agarrou meu braço, puxando ele para que eu andasse. Mikey manteve seus olhos fixos em Izana o tempo todo.
Tá legal... Lancei um olhar cheio de ódio para o garoto albino e esperei que ele visse que, na próxima vez que a gente se encontrasse, eu poderia ser uma idiota que mal sabe lutar mas não pararia até que um de nós morresse.
Fora do cemitério, enfiei minhas mãos nos cabelos e os puxei enquanto observava Mikey, Izana e Inui. Não sabia que merda estava acontecendo mas sei que o que quer que aconteça ali, vai ser definitivo na luta de hoje à noite e aquilo estava fazendo um nervosismo crescer em meu corpo.
─ Este cara é o meu terceiro irmão, não é? Izana?─ Soltou Emma. Eu e Takemitchy balançamos a cabeça, indicando que sim. A garota loira suspirou, tombando a cabeça e deixou com que ela ficasse apoiada em meu ombro.
─ Então... Vai haver uma luta?─ Ela perguntou. Dessa vez, foi eu quem soltou um suspiro. Emma franziu o cenho para mim por um momento e pegou na minha mão, me dando um sorriso que parecia ter como objetivo me dar um pouco de coragem e talvez uma dose de calma, já que minhas mãos tremiam por conta da raiva.
─ Talvez...─ Murmurou Takemitchy.
─ Garotos só sabem brigar?─ Soltou a loira.
─ Eles não tem cérebro para resolver tudo no diálogo, então sim.─ Respondi. Emma sorriu novamente quando ouviu a exclamação de protesto de Takemitchy mas então, ficou séria.
─ Capitão da Gangue Tokyo Manji, O invencível "Mikey".─ Emma se afastou um pouco de mim para poder olhar Takemitchy.─ O Mikey só mostra sua força na frente de todos. Mesmo quando seu irmão morreu. Não importa o que, ele nunca demonstra fraqueza. A ninguém.
Pisquei meus olhos, refletindo suas palavras. E Emma estava certa. Mikey realmente era o tipo de criatura abissal que consegue guardar seus sentimentos para que ninguém os usasse contra ele. E por mais que fosse algo irritante, era bom, pois era desse jeito que Mikey conseguia liderar um bando de imbecil cheios de hormônios e que só pensam em meter porrada uns nos outros por ser a única solução que eles conseguem pensar com seus dois neurônios.
─ Mas na realidade, até hoje, ele segue não podendo dormir sem seu cobertor velho e sujo. Ele segue sendo um fracote.─ Acabei soltando uma risada com sua frase e fui acompanhada pelos dois.─ Então é você e eu. Então sempre que houver problemas... Eu o ajudarei, não importa como! Assim como ele sempre faz!
Emma sorriu.
─ Você é diferente do seu irmão, Emma.─ A garota loira me olhou com confusão. Sorri, rodeando os ombros dela com um braço.─ Você pensa ao contrário dele.
Ela arregalou os olhos por um momento e então, riu. Eu a acompanhei por um momento, só por um instante até um barulho de moto soar pela rua. Franzi meu cenho, notando que Takemitchy e Emma fizeram o mesmo.
Era uma moto que se aproximava, acredito que sejam dois garotos, haviam capacetes impedindo que a gente visse suas feições e então, um taco estava nas mãos de um deles.
Lentamente, meus olhos se arregalaram enquanto a voz de Izana soava novamente em minha mente.
"Visitando o túmulo com sua amada irmã?"
Meu Deus, eu não acredito que.... Eles estavam perto, perto demais. Eu não poderia fazer nada, além de...
Mordi meus lábios com tanta força que o gosto de sangue explodiu em minha boca quando me abracei a Emma, puxando seus cabelos para que ela abaixasse a cabeça o mais baixo possível. A garota soltou um resmungo de dor, completamente confusa. Takemitchy gritou algo e então...
Não vi mais nada...
Pisquei meus olhos, minha cabeça doía de uma forma que jamais doeu como antes e senti um líquido quente escorrer por minha tez. Minha visão estava um pouco nublada, talvez pela dor... Eu não sabia dizer.
Doía tanto que mal conseguia me manter desperta, a dor era tão intensa que a única coisa que eu conseguia ver enxergar em meio a névoa eram fios loiros.
─ Mikey?─ Murmurei, minha voz estava fraca. Ouvi a voz de Takemitchy e a de Emma, eles pareciam desesperados... Eu não sabia o porquê, eu precisava me lembrar mas era tão difícil. A dor, ela parecia não me deixar nem ao menos pensar.
─ Sam, ─ Mikey falou. Ah, sim, eu estava com o Mikey... Acho que fiquei com raiva dele em algum momento, não consigo me lembrar.─ vai ficar tudo bem, a gente já tá chegando no hospital.
Hospital? Franzi meu cenho e uma explosão de dor tão intensa que cheguei a pensar de desmaiaria.
─ Hã?─ Murmurei em resposta.─ Mikey, não consigo pensar direito...
─ Ei, você se lembra daquele dia?─ O garoto falou.─ Foi quando a gente se conheceu. Você tinha derrubado alguma ferramenta no pé e não conseguia andar, mas não queria pedir ajuda para o Shinichiro. Eu te carreguei desse jeito e você não parava de reclamar.
Pisquei meus olhos, um pouco confusa. Por que ele tava falando daquilo agora? Bom, eu não sabia mas ainda assim, sorri levemente enquanto sentia as lágrimas começaram a brotar, escondendo meu rosto em seus cabelos loiros.
─ Mikey, você poderia dizer algo pra Aiko?─ Murmurei. Tive a impressão que Mikey começou a andar mais rápido ao ponto de que facilmente poderiam pensar que ele estava correndo.
─ Diga você a ela.
Pisquei meus olhos, lágrimas caíram.
─ Diz pra ela que quero que ela cuide da Angeli.─ Acabei soltando um soluço e por um momento, senti meu corpo ficar leve, assim como minha mente. Minha visão estava ficando cada vez mais nublada.─ Se acontecer alguma comigo, Angeli só vai ter ela então diz para Aiko que quero que ela cuide da minha irmã.
As mãos de Mikey apertaram minhas coxas com força, notei que suas palmas tremiam. E eu entendi o motivo.
Eu estava morrendo, isso era óbvio. Eu sabia daquilo desde o começo mas, não queria admitir. Eu estava morrendo, aquele era o preço por ter protegido Emma. Ela estava viva mas eu... Eu estava morrendo.
Eu estava morrendo e sequer podia me despedir de todo mundo que amava...
─ Eu tô feliz.─ Murmurei contra os fios de Mikey.─ Eu tô feliz por ter conhecido todo mundo. Ei, Mikey, você pode dizer para o Mitsuya que...
─ Diga isso a ele, Sam.─ Soltou Mikey mas eu o ignorei.
─ Diga para o Mitsuya que sou grata por ele ter me amado. Diga a todo mundo que sou grata por todo mundo ter me amado, mesmo eu sendo do jeito que sou. Diga a eles...
Minha voz sumiu. Eu queria falar mas minha voz não saía... Eu...
Meu corpo estava leve demais, mal conseguia sentir as mãos de Mikey me segurando, mal conseguia escutar os chamados de Emma e Takemitchy... Eu estava morrendo.
Eu estava morrendo mas não me arrependo de nada. Eu só... Queria ter falado com todo mundo mais uma vez, eu só...
E a única coisa que fitei quando meu corpo se afastou do de Mikey e foi deitado em uma superfície macia, a única coisa que vi foi o rosto de Takemitchy. Ele estava chorando, como sempre.
Sorri para o garoto. Eu estava morrendo mas estava tudo bem, também estou grata por ele estar lutando tanto para mudar o futuro, graças a ele, Aiko não morreria. Ninguém morreria no futuro, todos teriam suas vidas...
Eu estava feliz.
E então, tudo se tornou um borrão e tornou-se dominado pela escuridão enquanto eu desmaiava e com certeza caía nos braços da morte.
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