☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED FORTY SEVEN ━━ ☪ .☆
Eu estava amarrada, no chão e minha cabeça estava doendo pra porra. Porque eu estava amarrada? Eu não conseguia me lembrar; Não conseguia lembrar o que tinha acontecido e o porque eu estava ali. Pisquei os olhos com força, uma tentativa de reajustar meus pensamentos.
E ai tudo começou a voltar.
Kisaki; aquilo tinha sido obra de Kisaki e algum outro garoto que estava ajudando ele já que Hanma estava do outro lado da cidade fazendo algo para mim. No fim das contas, o imbecil tinha escolhido ficar do meu lado. Pelo menos uma vez na porra da vida dele, Hanma me escolheu. Ainda assim... Tarde demais; tarde demais para resolver isso.
Porque eu estava amarrada?
Pensa, Aiko. Minha cabeça doía pra caralho agora, mas meu coração batia acelerado enquanto eu tentava me livrar das cordas o suficiente para fazer algo. Tinha algo errado, tinha algo terrivelmente errado.
O que aconteceu antes?
Apenas me lembrava da maldita reunião com a Tenjiku. De Izana e seu discursinho de ódio. Tentei fazer algo de útil, tentei convencer o garoto que aquilo não levaria a lugar algum. Mas Izana já estava corrompido demais, muito longe para ter uma salvação. Se nem mesmo Kakucho conseguiu, como eu iria conseguir? Não; o único jeito seria avisando Mikey e dando uma surra nesse bosta do caralho.
Mas, ainda assim... Porque eu estava ali? Porque estava amarrada?
E ai, eu me lembrei. Me lembrei do porque Kisaki tinha quebrado uma garrafa na minha cabeça e me amarrado.
Ele mataria a Emma.
E voltaria para fazer o mesmo comigo.
Não consegui me desamarrar, mas consegui passar para frente minhas mãos. Meu coração trovejava dentro do peito enquanto eu puxava de dentro da bota um celular que tinha escondido ali justamente para merdas como aquela. Com as mãos tremendo, liguei para Chifuyu.
-Onde você tá?- ele praticamente gritou no meu ouvido quando atendeu.
-Chifuyu, Kisaki vai tentar matar a Emma, você precisa fazer alguma coisa!- gritei de volta, o coração disparado. -Impede essa merda!
Silêncio. Chifuyu ficou quieto, extremamente quieto. E ai, começou a chorar. Ai meu Deus.
-Chifuyu? Chifuyu!- eu gritei, o coração batendo tão acelerado que não sabia como ele ainda não tinha saltado para fora do meu peito.
-Ele não acertou a Emma, Aiko. Foi a Sam.
Pisquei; Não. Não, não, não. Minha irmã não, caralho! O ar faltou dos meus pulmões e minha visão começou a ficar nublada.
-Aiko, a Sam, ela...
Não cheguei a escutar o que Chifuyu tinha a me dizer, mas também nem precisava. O celular foi arrancado com força das minhas mãos e atirando contra a parede.
-O que você fez, seu merda?- gritei na cara de Kisaki, que tinha um sorriso vitorioso no risto.
-Meu foco era Emma Sano, sabe? Sua amiguinha ficou na porra do caminho. Mas devo dizer que também fico satisfeito de ter matado aquela puta.- ele disse, rindo.
Fui pra cima dele. Não sei como consegui me levantar, não sei como tive forças para derrubar Kisaki, e também não sei o como consegui ataca-lo estando toda amarrada. Mas o nariz dele estava sangrando e eu teria acabado com esse merda se o garoto ao lado dele não tivesse me puxado com força.
-Eu vou matar você!- eu gritei, as lágrimas descendo com força pela minha bochecha. Soltei um soluço. -Você tirou de mim tudo o que eu mais amava, e eu vou te destruir por isso, Kisaki, guarde bem as minhas palavras.
Kisaki riu, limpando o sangue que escorria pelo seu nariz.
-Não, você não vai, Tanaka. Sabe o porque? Porque hoje, tudo acaba. E você vai logo, logo fazer companhia pra sua amiguinha no inferno.
Eu desliguei tudo. Cada gota de sentimento e emoção e qualquer merda. Eu não me permiti sentir nada, não quando eu tinha um objetivo ali. Não quando aquela, provavelmente, seria minha última noite. Eu tinha apenas uma coisa para fazer e eu a faria, mesmo que isso pudesse acabar com minha vida.
Sam...
Ela estava morta. Kisaki tinha matado Sam e acabado com tudo o que mais importava para mim. Minha irmã, melhor amiga e alma gêmea estava morta e aquilo era culpa minha.
Minha maldita culpa. Kisaki tinha matado Sam e era minha culpa, por ter sido uma merda de amiga, por não ter protegido Sam o suficiente, por não ter matado esse arrombado antes. Eu tinha perdido minha lua e, no fim das contas, eu não podia viver sem ela.
Kisaki estava com um canivete pressionado na minha costela, um lembrete que se eu fizesse alguma gracinha, ele me furaria e acabaria comigo ali mesmo. Eu não ligava, mas ainda precisava fazer umas coisas antes de acabar com aquilo tudo.
-Hoje a história será moldada. - Izana disse, o cabelo prateado balançando no vento gelado da noite na baía de Yokohama. -A noite que as maiores gangues de Tokyo se reunirão. "Onzoku Kizoku" de Shizuku, "SS" de Kichijoiji, "ICBM" de ikebukuro, "night dust" de ueno. E outras gangues de delinquentes que reconheço, todas elas... Que desapontante! Está me dizendo que esses caras são os melhores?
-Izana. - Kakucho chamou, ganhando a atenção do líder. -Já são dez horas. Parece que a Toman ainda não chegou.
-Saquei.
-Rindou e eu lidamos com Mitsuya e o Smiley. - Madarame disse e eu quis torcer o nariz. Odiava esse bosta do caralho. -Mucho cuidou da primeira divisão. Você tomou uma decisão esperta, né, Kokonoi? E o Mikey e o Draken foram destruídos pelo Kisaki.
Kisaki deu um sorriso sarcástico para mim enquanto observava tudo abaixo de nós, que estavamos de pé no alto de um container. Claro que esse arrombado não ia participar da luta que certamente aconteceria ali e agora, fosse com os garotos da Toman ou com minhas garotas, não importava. Aquilo era uma guerra.
-Do que vejo, a Toman está acabada.- Hanma disse. Ele estava com o cenho franzido para mim, incapaz de entender que porra tava rolando ali. Porque é um imbecil.
-Embora eu não seja a favor das atitudes dele. - Mochi resmungou.
-Izana. - Mucho começou. -Nós, os S62, que fomos chamados de a pior geração, tivemos todos os nossos sonhos destruídos. Agora você os tornou realidade. Este é o fim da Toman.
-A partir de agora, a Tenjiku lentamente subirá até o topo. Nós tomaremos as gangues de Tokyo, nos envolvendo com negócios do submundo. Não importa se for a yakuza ou o que. Destruiremos qualquer um que se opor. - Izana disse, olhando para todos. -Dominaremos o submundo do crime do Japão.
-A Toman será um grupo de lixos sem o Mikey, certo?- Madarame zombou.
-E ninguém virá, que bando de fracassados. - Mochi riu.
-Não.- Kisaki disse, ganhando a atenção de todos. -Aquele cara vai vir.
-Hã? O que quer dizer?- Izana questionou, confuso.
-Shiiiu.- Kisaki fez o dedo entre os lábios. Eu quis socar o arrombado, mas fiquei aliviada quando vi. Eles estavam bem ali. Preparados para começar e acabar de uma vez com aquilo.
-Quatrocentos da Tenjiku contra cinquenta da Toman. - Izana riu. -Estão em uma desvantagem colossal.
-Hã? Você esqueceu de contar a gente, seu merda!- Deus, eu sei que já reclamei muito de Juju na minha vida, mas escutar a voz dela agora era como música para meus ouvidos. E foi ainda mais satisfatório ver as cinquenta garotas de jaqueta jeans com uma serpente nas costas se aproximando, preparadas para uma briga. Juju olhou e Izana e sorriu. -As Serpentes lutam ao lado da Toman. Então, agora somos cem. O suficiente pra te encher de porrada, seu bosta.
-Quem é você?- Izana rosnou.
-Ah, poxa! Essa é minha deixa. - Hanma cantarolou, pulando de onde estava sentado e arrancando o uniforme da Tenjiku. Ele parou ao lado de Juju com um sorriso e pegou a jaqueta que ela estendeu para ele.
-Isso é coisa sua, não é, sua puta?- Kiskai rosnou. Eu dei risada.
-Você é um imbecil se achou que eu não teria minhas armas contra você. - cantarolei.
-Aiko!- Izana gritou, a raiva em sua voz. Ele se virou, me encarando. -Isso é obra sua, não é, sua puta desgraçada?
-Você achou o que, que eu gostava dessa sua cara de merda? Aqui pra você, Izana, seu arrombado!- gritei, mostrando a ele o dedo do meio. -Vou acabar com sua vida miserável, seu bosta!
-Kisaki, da um jeito nessa desgraçada aí. - Izana rosnou. No segundo seguinte, Kisaki estava com a faca sobre minha garganta. Eu dei risada.
-Isso não é o suficiente, Izana!- eu zombei. -Me mata, foda se, ainda assim, você vai se foder muito hoje, seu bostinha do caralho!
Izana rosnou de raiva, e se voltou para Takemichi, que estava com os olhos arregalados.
-Você primeiro, Shion. - Izana rosnou e Shion se aproximou.
-Hoje o percursor serei eu.- o arrombado gritou. -Ex presidente da Dragões Negros! Um dos quatro reis celestiais da Tenjiku! Madarame Shion! Quem a Toman enviará?
Eu não prestei muita atenção no papo deles. Estava mais ocupada em alimentar minha raiva para me livrar de Kisaki e acabar com ele. Mas quando vi Peh derrubar Shion com um soco... Uau. Lindo, icônico e memorável.
-Kisaki!- Takemichi gritou, a raiva nítida em seu rosto.
-Hanagaki Takemichi. - Kisaki resmungou.
-Está longa luta termina aqui!
-Hoje vamos ajustar tudo de uma vez por todas.
-Tudo isso por causa de mulher, sinceramente, Kisaki, você precisa de terapia.- eu rosnei. Senti a pressão ficar maior em minha garganta.
E ai a merda começou de uma vez.
-Sabe, Aiko, você é uma bela de uma putinha. - Izana disse, sentado em um container abaixo do nosso, observando a luta. -Qual dos imbecis ali é o namorado dela?
-O idiota lutando com Mochi. - Kisaki disse. Eu rosnei e Izana riu.
-Interessante, mas ele não tem chances. A Toman não tem a menor chance. Nos juntamos no reformatório quando tinhamos treze anos. "A geração da brutalidade". Engraçado, não diziam o mesmo sobre você e suas serpentes, Aiko Tanaka? Você amoleceu. - Izana riu.
-Fala para seu cachorrinho me largar e ai eu te mostro quem amoleceu. - eu disse abrindo um sorriso maldoso para ele.
-O crime do Mochi foi "obstrução da justiça". Ele bateu em um policial que tentava parar uma luta. Sanguinário, não? - Izana riu. -O crime do Mucho foi "agressão". Ele quebrou a coluna de seu oponente e o deixou paralítico. O jogou no concreto. Você sabe qual foi o crime dos Haitani, né, Aiko?
-Causar ferimentos que levaram a morte. A batalha das cinzas de Roppongi. Ran acabou com o capitão em um golpe e depois, enquanto Rindou segurava o braço do vice, ele destruiu a cara do garoto. Ficou com fratura craniana e da face e não sobreviveu. Com treze anos, eles já estavam no topo. - suspirei. -Que foi, virou o que essa porra aqui?
-E você, Aiko Tanaka? Presa por tentar matar seu padrasto. Mas te conhecem como o demônio, não é? Você usa uma técnica parecida com a dos Haitani. Você não mata, mas quebra os ossos dos outros e arrebenta suas caras até eles terem ido parar na UTI, a beira da morte. Não foi assim que você conquistou o reformatório onde estava? Você é forte. Cadê essa força, hein? Porque se conter, Aikooo?- ele zombou. Rosnei com irritação. -A geração da brutalidade formou a Tenjiku. Não importa quanto a Toman lute ou essa sua gangue ressuscitada, eles não podem vencer. A vitória desta batalha pertence a Tenjiku!
-É mesmo?- eu disse, olhos arregalados enquanto via Ran e Rindou destruídos no chão. -Porque Ran e Rindou já eram, olha ali.
É isso aí, Angry, bota pra fuder com esse bando de arrombado do caralho! Mostra a força da Toman, porra! E agora o Mochi! E o Mucho!
Agora era minha hora de agir. Ainda mais agora que Kakucho resolveu foder com tudo.
-Sabe, Kisaki. Você me subestima. Izana tem razão. Hora de soltar o demônio.
Não esperei por uma resposta do arrombado. Eu sabia como facilmente me livrar daquela lâmina no meu pescoço, e foi o que eu fiz, a fazendo voar longe. Kisaki arregalou os olhos, chocado. E veio pra cima de mim. Segurei a mão esquerda dele e arqueei a sobrancelha enquanto girava o pulso do garoto, o som de osso estalando como música para meus ouvidos. Kisaki gritou e eu sorri, dando um chute na bochecha dele.
Eu o vi cambalear para trás e cair. Era hora de acabar com aquela porra. Eu o mataria, ali e agora. Chega de só levar as pessoas para UTI, eu queria ele morto. Morto pelo que fez comigo, morto pelo que fez com Sam. Por um segundo, apertei o colar no meu pescoço com força antes de arrancar aquele uniforme e o jogar longe.
-É hoje que acertamos nossas contas, Kisaki.- rosnei. Ele sorriu.
-Pode apostar que sim.
Em um movimento rápido, ele puxou a arma que escondia atrás de si. Só tive tempo de pular do container antes do barulho de tiro ecoar. Merda, que arrombado!
Rolei para o lado e comecei a correr, ciente de Kisaki e sua arma logo atrás de mim.
-Aiko!- Juju me agarrou, me puxando para perto dela. Os olhos da minha amiga se arregalaram. -Porra, tamo muito fodida.
-Eu sei!- rosnei. -A arma, Juju.
-Toma.- ela disse, colocando aquilo nas minhas mão.
-Vai fazer o que, Aiko?- me virei, encarando Ran e Rindou logo atrás de mim. -Traiu a gente, né?
-Se querem me matar por isso, vá em frente Ran.- eu rosnei. -Mas eu vou acabar com Kisaki primeiro.
-Matar você?- Rindou disse, franzindo o cenho. -Porra, Aiko, sinceramente, você é bem tapada, né?
-Entre você e Izana, a escolha é simples.- Ran disse, cruzando os braços. -Podia ter avisado antes.
Pisquei os olhos, chocada. Eles iam mesmo...?
-Bem, vocês deviam ter falado antes!- eu disse, indignada. -Então porque bateram no Angry e no Hakkai, caralho?
Eles deram de ombros. Como se não fosse nada de uau. Ah, Deus, me dê paciência.
-Você é nossa irmãzinha irritante. - Ran disse, apertando minha bochecha. -Vamos te ajudar, tá bom?
-Nossa, vai se fuder.- rosnei. -Juju, dá um jeito nessa porra ai pra mim.
Ela revirou os olhos, mas assentiu. Coloquei a arma na calça. E voltei a correr. Porque o tempo... Eu não tinha mais tempo.
-A Toman jamais perderá!- Takemichi gritou. E ele estava todo fodido, o que choca um total de zero pessoas. -Enquanto eu estiver aqui, a Toman jamais perderá!
-O que está fazendo, Kakucho? Já deu, acabe logo com isto. - Izana disse.
-O Kakucho não vai me vencer. Eu sei só de olhar pra ele. Ele não parece ter determinação o suficiente. - Takemichi disse.
E aí eu vi Kisaki. Apontando a arma para o peito de Takemichi. Não, não, não. Não mesmo!
-Então está dizendo que você tem, Takemichi?- Kisaki zombou. Eu corri. Corri o mais rápido que consegui. -"Não perderei mesmo que eu morra" é esse tipo de determinação?
Um tiro ecoou. Atingindo o pé de Takemichi.
-O que foi, Kisaki? Não vou morrer se atirar no meu pé.- Takemichi disse. Por Deus! -Eu não tenho o mesmo carisma do Mikey. Nem sou inteligente como o Naoto. Muito menos tenho a determinação do Koko. Ou o corpo do Mucho. Nem sou forte em lutar como o Draken. Esse é o motivo de acreditar na única coisa que eu sou bom.- ele disse, se levantando. -Eu não desisto. Mesmo que eu morra, não desistirei.
-Eu vou te matar!- Kisaki gritou.
-Vá em frente.
-Chega, seu porra!- gritei, dando um chute na mão de Kisaki. A arma dele voou longe.
Agarrei Kisaki pela gola do uniforme, dando um soco tão forte no rosto dele que Kisaki caiu.
-Você acabou com a porra da minha vida!- eu gritei, chutando o rosto dele. Uma vez, duas, três. -É fácil pra você, né? Manipular tudo e todos ao seu redor para fazerem o que você quer! Fuder a vida dos outros! Você me usou, você usou o Hanma, e usou a Sam! E quer saber de algo, Kisaki? Eu cansei de olhar pra essa sua cara de bosta!
-Aiko, chega!- Chifuyu gritou. Eu o ignorei. -Você vai matar ele, caralho!
-E essa é a porra do meu objetivo, eu o quero morto!
-Aiko!- a voz que gritou meu nome com tanta impotência me fez travar, o pé erguido para descer contra Kisaki. Automaticamente, me virei. E arregalei os olhos quando os vi ali. Mikey e Draken.
Me afastei. Meu erro, meu maior erro, foi ter dado as costas para Kisaki. Porque quando o barulho de tiro ecoou, eu já sabia que aquele era o fim. Pelo menos, para mim. Todo mundo gritou.
Cuspi sangue nas minhas mãos. Ah, bosta.
-Você é irritante pra porra, Aiko.- Kisaki riu. Tudo começou a girar, mas eu consegui me virar para ele.
-E seu erro é me subestimar.- eu murmurei.
Não sei como consegui fazer aquilo, ainda mais com duas balas enfiadas dentro de mim e sangue vazando para todo lado. Ainda assim... Aquilo era uma vingança. Era a porra de uma vingança, e eu acabaria com ele.
-Se eu vou para o inferno, Kisaki, você vem comigo. - eu rosnei. E, antes que ele pudesse erguer a arma e me dar um outro tiro, eu ergui a minha. A diferença entre Kisaki e eu é que eu tinha uma bela de uma mira.
E eu não liguei nem um pouco quando mirei bem no meio da testa dele e atirei. Gritos de novo. Não importava. A arma caiu da minha mão. E eu caí também.
-Aiko!- Takemichi estava gritando. Sempre um emocionado. Aquilo me fez rir, apesar de eu saber que estava morrendo.
-Caralho, caralho, Aiko!
Chifuyu estava gritando do meu lado agora, me segurando em seus braços. Bosta. Tanto lugar pra morrer, precisava ser na frente dele?
Olhei para os olhos verdes do meu namorado, agora cheios de um medo e uma preocupação que fizeram meu coração doer.
-Desculpa.- eu murmurei. -Tô sempre me metendo em merda, né? O futuro vai mudar agora. Kisaki tá morto.
-Foda se isso, Aiko!- ele disse, chorando. -Você tá...
-Morrendo? É, eu sei.- eu disse com uma risada sem nenhum humor.
-Para. Para! Você não vai morrer, caralho. - ele disse, apertando meu ferimento e me fazendo gemer de dor.
-Para, dói pra caralho. - eu chorei. Chifuyu estava chorando, tanto que as lágrimas dele caiam contra minha bochecha. -Não chora por minha causa, Chifuyu.
Ele não disse nada. Porque o que ele ia dizer? Eu estava morrendo e ele sabia disso e, ainda assim...
-Você precisa cuidar da Angeli por mim.- eu disse, os olhos cheios de lágrimas. -Diz que eu amo ela, amo pra caralho. Não deixa ela esquecer de mim, tá bom?
-Ela não vai te esquecer, porque você não vai morrer!- ele disse, desesperado.
-Quero que tome conta dos dois idiotas por mim. Baji e Kazutora. Eu amo tanto eles.- murmurei, sentindo, de repente, uma vontade de fechar os olhos. -E... Não deixa o Hanma se meter em mais merda, tá?
-Você mesma vai fazer isso, Aiko.- Chifuyu disse, me apertando com força.
-Sinto muito, Chifuyu. - eu sussurrei, tocando de leve a bochecha dele, manchando a pele dele com meu sangue. -Eu te amo. E, apesar de estar morrendo agora, não me arrependo de nada. E espero que você também não.
-Você não vai morrer.- ele disse, e não sabia se era uma mentira que ele contava para si mesmo ou para mim. Bem, não importava.
-Obrigada por ter ficado do meu lado. Por ter me feito feliz de uma forma que achei que nunca mais pudesse ser. Eu sou grata por ter te conhecido, sabia?- eu disse num murmúrio. O sangue estava escorrendo pela minha boca e eu me sentia tão, tão fraca. -Obrigada por ter feito eu me sentir normal. Obrigada... Por me amar.
Ele estava chorando, e eu sabia que aquilo destruiria Chifuyu. Apertei a mão dele com força, bem, com toda a força que ainda me restava.
Eu sabia que ia morrer. Já estava começando a alucinar. Podia ver meu pai, parado do meu lado. Sabia que era o fim e, ainda assim, meu coração estava em paz. Eu tinha acabado com aquilo. Kisaki estava morto. Tudo bem; estava tudo bem.
-Eu te amo, tá?- eu disse para Chifuyu. Ele encostou a testa na minha, me segurando com força. Aquilo fez eu me sentir melhor, apesar de tudo.
-Eu também te amo, Aiko.- ele sussurrou. -Eu te amo.
Estava tudo bem. Sabia que eu podia só... Morrer em paz agora. Seria difícil, mas, eventualmente, eles todos superariam. Chifuyu superaria e ele seria feliz de novo. Estava tudo bem.
Então, não tive medo quando tudo ficou preto. E eu apenas aceitei a verdade: aquele era meu fim.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro