☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED FORTY NINE ━━ ☪ .☆
O barulho do meu punho descendo contra o rosto daquela garota era como uma música. Eu realmente não me importava. Ela havia me desafiado, na frente de todas as outras, esperando que eu fosse recuar. Mas ela não me conhecia; Não sabia que Aiko Tanaka nunca recuava, nunca levava desaforo para casa. Então, eu a soquei. Liberei meu demônio para cima dela. Ninguém mais se chocava; todas me conheciam e inclusive me temiam. Então sabiam muito bem que o melhor era ficar do meu lado ou longe do meu caminho. Jamais, em hipótese alguma, contra mim. Alguém deveria ter avisado a imbecil que eu socava agora sobre isso. Talvez ela não precisasse ir parar no hospital quando eu acabasse com ela se tivesse sido minimamente inteligente.
-Aiko?- Juju murmurou. Conhecia aquele tom dela. Quando eu estava passando dos limites, ela sempre usava aquele tom. Certo. Talvez fosse hora de parar mesmo, a garota já estava quase morrendo. E eu não queria ninguém morta, pelo menos, não agora.
Suspirei e me levantei, balançando as mãos cheias de sangue. Fitei cada uma das garotas que me encaravam, algumas com admiração, a maioria com horror. Não que eu me importasse. Eu tinha parado de me importar com tudo há muito, muito tempo. Quando fui abandonada por todos que amava, eu parei de ligar. E porque eu ligaria, afinal de contas? Se eu ficasse o resto da vida presa, seria tão ruim assim? Lá eu era a porra de uma rainha, a rainha do inferno. Então porque eu pararia agora?
Cutuquei o rosto destruído da garota com a ponta da minha bota, empurrando para o lado e analisando o estrago que eu tinha feito. Suspirei. Bem, podia ter sido pior! Ela podia estar morta agora, então é uma evolução.
-Aiko. - Juju disse, um pouco mais alto. Revirei meus olhos com irritação e me afastei.
-Que isso fique como a porra de um aviso pra vocês. Ninguém me desafia aqui. Ou vocês se unem às Serpentes, ou fiquem fora do meu caminho. Ninguém pode me parar. Então parem de tentar.- eu disse com irritação.
Apenas observei os olhares horrorizados daquelas garotas antes de dar as costas e seguir Juju para dentro. Sabia que ela estava puta comigo, mas não é como se eu ligasse. Ela sabia muito bem onde estava se metendo quando decidiu ficar comigo.
-Ah, qual é, Juju, vai ficar com essa cara de cú pra mim?- eu disse com uma risada sarcástica. Minha namorada me fuzilou com o olhar, bem perto de voar no meu pescoço. Revirei os olhos.
-Porque você tem que ser assim, hein? Não pode ouvir uma pessoa falando mal sobre você e sua força e já parte pra porra da ignorância!- ela sibilou, o rosto bem perto do meu. Arqueei a sobrancelha para ela. -Que saco, Aiko!
Agarrei Juju pelo braço, a prendendo contra a parede. Ela rosnou com irritação, mas não fez menção de tentar me afastar. Ela não faria isso, eu conhecia bem ela para saber. Juju podia estar puta pra cacete comigo agora, por sempre estar cometendo os mesmo malditos erros, mas ela não me afastaria. Enfiei minha mão entre os cabelos dela, segurando a nuca de Juju com força.
-Se eu deixar passar, vou ser fraca. Se eu for fraca, vou dar abertura para que comecem a desconfiar da minha força como líder. Se isso acontecer, quem vai nos proteger, hein, Juju? Me diga. - eu falei, agora meus lábios roçando contra os dela. -Porque você sabe que, por mais que tenha influência aqui dentro, você não é forte o suficiente. E se não pode ser forte, aqui dentro você não sobrevive de um jeito fácil. Foi isso que você me ensinou, não?
-Já estou extremamente arrependida das aulinhas.- ela falou, fechando os olhos com força e me puxando para mais perto de si. -Você devia pegar leve as vezes, Aiko. Sabe que odeio quando solta esse seu bichinho aí. Vira uma puta surtada, e isso me assusta pra caralho.
Revirei os olhos. Sim, eu sabia bem disso. Sabia que tinha duas versões dentro de mim, e que a Aiko Tanaka otária e emotiva estava presa dentro de mim há muito, muito tempo. Sem ser solta. Desde tudo o que aconteceu com Suyen, eu não deixei mais meus sentimentos saírem. Porque era muito mais fácil sobreviver a esse inferno se você se transformasse no próprio diabo. E era assim que eu seguia meus dias. Se elas querem que eu seja a rainha do inferno, então eu serei a rainha da porra do inferno!
Eu poderia ficar discutindo o resto da porra do dia com Juju, mas a verdade é que nós duas sabiamos que aquilo não nos levaria a lugar algum. Então, apenas a puxei para perto de mim, até que minha boca envolvesse a dela sem nenhuma calma. Uma forma de mostrar que, apesar de que muitas vezes eu pudesse até mesmo assustá-la, jamais faria mal a ela. E que eu ainda era a Aiko por quem ela havia se apaixonado, por mais que eu fosse todas as coisas ruins em uma só.
Juju apenas resmungou e suspirou, me apertando com força. E eu sabia que tinha vencido aquela discussão, fácil assim.
Eu estava fora; fora do reformatório. Jamais achei que esse dia chegaria e parecia que eu nunca escaparia daquele inferno. Mas ali estava eu, fora daquela jaula. Livre, finalmente. E, ainda assim... Eu não me sentia nem mesmo feliz. Era incapaz de sentir qualquer coisa que não raiva.
Porque ela não estava ali. Porque ela não ligava para mim.
Minha mãe não viria; tive ainda mais certeza disso quando uma garota se aproximou, coçando a cabeça e me perguntando se eu era Aiko Tanaka.
Uma mochila com roupas e dinheiro, isso foi tudo que a puta da minha mãe me deixou. E eu que me foda nas ruas, não é mesmo? Porque ela simplesmente não liga! Nunca ligou, jamais ligaria. Se eu morresse amanhã, ela sequer se importaria o suficiente.
-Ei, garota. Você aí.
Eu me virei, preparada para socar alguém, meus punhos se fechando com força. E aí me deparei com dois garotos de olhos roxos, sorrindo para mim.
-Aiko Tanaka. - o mais alto soltou, me analisando. -Essa é você?
-Quem quer saber?- rosnei. Ele riu.
-Eu sou o Ran. E esse é meu irmão Rindou. E algo me diz que vamos nos dar muito bem.
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