☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED FIFTY SIX ━━ ☪ .☆
A nonna pintou meu cabelo de castanho, a cor original de meus cabelos. Ela disse que seria bom, que eu me sentiria melhor sem aquelas cores que gritavam que eu era alguma espécie de delinquente. Nonna conseguiu fazer com que a família de Sano entregasse Angeli em suas mãos, mesmo sabendo que não passa de uma desconhecida para minha irmãzinha. Nonna enfiou as chaves do meu apartamento no cú dela e agora não consigo ir para casa, nem pedir para que Kazutora me desse suas chaves já que nonna também enfiou meu celular no seu cú.
Nonna tinha a sorte que é crime agredir idosos, e, essa sorte nem tá salvando ela, pois estou muito perto de socá-la.
Soltei um suspiro, passando as mãos por meus cabelos enquanto as vozes de nonna e zietta me cercavam. Elas não param de dizer o quanto eu iria gostar da Itália e sobre que todos da minha família estavam animados para ver eu e Angeli.
─ Mal posso esperar para ver a cara de Vincenzo quando ver nossa querida Sam.─ Soltou Nonna. Agora fodeu de vez, elas querem me jogar pra cima de primo que nem a cara eu sei qual é.
Revirei meus olhos pelo que parecia ser a milésima vez naquele dia e me foquei em beber meu Milkshake.
Eu queria ir para casa e por mais que estivesse correndo de um lado para o outro naquele pequeno parque no meio do Shopping, eu sabia que Angeli também.
Lancei um olhar para aquelas que se diziam minha família e ali soube que não aguentaria mais um dia perto daquela gente. Caralho... Tudo bem, eu consigo fazer aquilo.
Com um mero aceno de mão, Angeli se aproximou e rapidamente abraçou minhas pernas com força.
─ Nonna, Angeli quer ir ao banheiro.─ Murmurei e saí dali o mais possível. Praticamente corri pelos corredores do Shopping até alcançar a saída, Angeli não disse nada em meus braços, tão cansada que nem tinha forças para questionar o motivo pelo qual estávamos correndo pelas ruas de Shibyua como se estivéssemos fugindo de algo, não que a gente não estivesse fugindo mas... Enfim, que Nonna fosse para o inferno!
─ Desculpa por aparecer aqui do nada, Emma.─ Falei para a garota loira que acabava de depositar uma bandeja com chá na mesa de centro. Angeli estava sentada no chão, distraída com alguma boneca velha que já pertenceu a irmã de Mikey.
─ Mikey saiu com Draken e o vovô também não está em casa, então meio que vocês apareceram em uma boa hora.─ Emma disse, dando de ombros e esticando uma mão para apertar uma das bochechas da minha irmã que soltou uma risada com o toque da garota.
Abri um sorriso com a cena, e rapidamente peguei uma das canecas com chá, bebendo um pouco do líquido.
─ Eles foram arrumar confusão por aí?─ Perguntei, soprando uma mecha do meu cabelo para longe do meu rosto. A garota de cabelos loiros me olhou e soltou um suspiro, ficando levemente tensa.
─ Mikey queria visitar Izana.
Pisquei meus olhos, surpresa com sua fala.
─ O que ele quer com Izana? Pensei que tudo tinha se resolvido já.─ Falei, abaixando a caneca que eu segurava. Emma soltou um suspiro.
─ Eu também, mas, Mikey está um pouco estranho desde que Izana foi preso, ele tá sempre mexendo nas coisas do Shinichiro.─ A garota passou uma mão pelos cabelos de Angeli, os olhos revelavam que Emma se encontrava presa em seus pensamentos.─ Eu acho que Shinichiro escondeu mais alguma coisa da gente e Mikey quer saber o que...
─ Escondeu mais alguma coisa?─ Levantei minha cabeça e encarei o teto. Bom, Emma poderia estar certa e por mais que eu soubesse que era errado, eu queria saber o que era esse "algo" que Shinichiro pode ter escondido. E também, há algo que ainda não foi esclarecido. Ainda não sei qual era a merda do problema do Izana comigo.
─ Ei, Emma, quer saber o que Mikey tá procurando?─ Perguntei para a garota loira que piscou os olhos e então, sorriu.
─ Eu tava esperando você.─ Ela confessou e não demorou muito para se levantar, pegando minha mão e a puxando para o interior da casa deixando Angeli brincando com a velha boneca.
Shinichiro guardava muita coisa inútil e eu percebi isso quando peguei mais um papel que não passava de um desenho estranho que julguei ser um rascunho do antigo uniforme dos Dragões Negros. Lancei um olhar para Emma e vi que ela pensava a mesma coisa quando assisti seu rosto bonito se contorcer em uma careta de nojo após retirar uma revista que tinha uma mulher semi-nua na capa e a jogar novamente para dentro da caixa.
Franzi o nariz, sentindo que a poeira do sótão estava começando a irritar minhas narinas. Enfiei uma mão em uma caixa, retirando um pequeno caderno e não demorei muito para folhear as páginas, procurando algo minimamente interessante. No entanto, tudo que tinha ali eram dados dos Dragões Negros.
Quantidade de membros. Seus nomes e idades. Os esquadrões em que cada um estava.
Meu cenho se franziu levemente ao ver que tudo parava em um ano que acho que foi onde terminou a Primeira Geração da gangue. Ali, não tinha o nome de Izana, então ele não estava presente na primeira geração nos seus últimos dias. Eu já desconfiava mas ainda assim...
Soltei um suspiro, começando a balançar o caderno para ver se não tinha algo escondido entre as folhas e não deixei de abri um sorriso quando vi um papel cair diretamente no chão.
Hum, deixa eu ver... Aquilo parece algum documento judicial e... Meus olhos se arregalaram, por um momento, pensei que eu não estava respirando.
─ Emma?─ Chamei a garota. Não tive resposta.─ Emma?
A garota ergueu a cabeça e franziu o cenho quando viu meu rosto, ela se afastou da caixa que estava vasculhando e se aproximou de mim entre tropeços, soltando resmungos por conta da poeira.
─ O que foi?─ Ela perguntou, se agachando ao meu lado. Eu apenas pisquei meus olhos e estendi o papel para ela. A garota loiro apenas franziu o cenho por um momento, pegando os papéis de minha mão. E seus olhos arregalaram quando terminou de ler.
Ela estava prestes a falar algo quando ouvimos a porta da casa se abrir.
─ Angeli?─ Disse uma voz que nós duas conhecemos muito bem. Não demorei muito para arrancar o papel das mãos de Emma. A garota loira gritou meu nome quando eu comecei a correr pelos corredores até chegar na sala.
Fitei o rosto do garoto loiro em minha frente, um pouco nervosa demais para sequer conseguir respirar direito.
─ Mikey, que merda é essa?─ Perguntei, erguendo o papel que eu segurava. Mikey piscou os olhos e se virou para mim com o cenho franzido.
─ Sam?
─ Que merda é essa?─ Perguntei e acredito ter gritado pela forma que o garoto recuou um passo e então, encarou o papel em minhas mãos, se dando conta do que eu segurava.
E ali, soube que ele sabia exatamente o que era aquilo e também soube que aquilo era o que ele tanto procurava. E fiquei com vontade de fazer Mikey engolir aquele papel na base do ódio.
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