☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED AND TWENTY THREE ━━ ☪ .☆
Doeu. Deixar Sam doeu. Doeu de uma forma que eu era incapaz de explicar ou colocar em palavras. Deixou um buraco no meu coração que eu não conseguiria preencher. Nem agora, nem amanhã, nem nunca. E ainda estava doendo, doendo tanto ao ponto que, às vezes, eu me pegava chorando sozinha de novo lembrando dela e de Angeli. Fazia apenas alguns dias desde que dei as costas e fui embora, mesmo que minha vontade fosse de ficar. E, ainda assim, parecia que tinha se passado muito mais tempo. Eu só queria estar com Sam e Angeli de novo e que tudo ficasse bem. Mas eu não podia; eu não sabia como fazer isso. Não podia arrastar Sam para a merda que era estar junto de mim. Ela disse que eu era o sol dela, mas a verdade é que Sam era, basicamente, a porra do meu oxigênio. Eu não sabia viver sem ela; eu não queria viver sem ela. Doía tanto, tanto, que eu acordava no meio da noite sentindo como se tivessem arrancado minha alma fora.
Em apenas um dia, eu tinha conseguido perder literalmente todas as pessoas mais importantes na minha vida. Eu fui feliz, fui feliz pra caralho com Sam e Angeli, apesar de toda merda que sempre nos cercou. Fui feliz pra caralho com Chifuyu, apesar de eu nunca o ter merecido.
No fim das contas, voltei para onde sempre deveria ter ficado. Junto a aqueles dois arrombados do caralho que faziam o que queriam comigo e eu fazia o que eles queriam. Eu nunca fui feliz com os dois, mas pelo menos eles tinham me mantido viva por muito tempo. Agora, não era diferente. De volta a casa deles, de volta as merdas deles, de volta a aguentar a grande idiotice de Rindou e a grande sede de sangue de Ran. E, tudo bem, né? Porque o que me fazia tão diferente dos dois, afinal?
Ainda assim eu teria, sei lá, dado um braço ou uma perna só pra poder voltar alguns dias atrás. Ou meses. E ter feito tudo diferente, e ter dado um jeito em Kisaki antes. Porque assim, talvez eu pudesse estar com Sam e Angeli e nada dessa merda estivesse acontecendo agora. Porque assim, pelo menos eu não estaria me sentindo tão mal assim.
Ou talvez eu pudesse impedir Sam de me conhecer. Não teria sido melhor para ela se eu simplesmente nunca tivesse aparecido em sua vida?
Eu amava Sam Dean tanto que perder ela era a mesma coisa que perder a mim mesma. Era a mesma coisa que perder toda a felicidade, porque ela era a porra da minha felicidade. Porque ela era tudo o que mais significava pra mim, e doía, doía tanto não ter Sam comigo que eu sequer sabia se conseguiria voltar a respirar de novo.
Sentia como se eu tivesse acabado de entrar em um estado vegetativo; não queria sair, não queria comer, não queria fazer merda nenhuma. Queria ficar deitada no sofá o dia todo, olhando para o teto, me perguntando o porque estava viva ainda. Bem, e eu fazia exatamente isso, até Ran se irritar comigo e me arrastar para sentar alguém na porrada. E, sinceramente? Nem mesmo isso fazia eu sentir alguma coisa que não a tristeza insuportável que tinha tomado conta da merda do meu coração.
-E aí, o que achou do cabelo?- Rindou disse com uma risada, enfiando um espelho na minha cara. Olhei com irritação para ele, arrancando o espelho da mão dele para olhar.
Bem, que maravilha. Se alguém ainda duvidava que eu tinha voltado a ser a cadela dos Haitani, ninguém mais teria depois do que esses dois arrombados tinham feito com a porra do meu cabelo!
Metade dele estava amarelo, igual ao cabelo de Ran. E, no meio do amarelo, tinha umas mechas em azul claro. Igual o cabelo de Rindou. Tive que me segurar para não soltar a porra de um palavrão.
-Demoraram três horas pra fazer essa merda?- eu chiei irritada. Ran deu risada, puxando meu cabelo de leve.
-Não seja sem educação, Aiko. Admite que ficou incrível.- ele cantarolou. Bufei. -Pega. - Ran jogou na minha cara o uniforme da Tenjiku, igual ao dele e o de Rindou. Era bonito, eu tinha que admitir; mas o meu apenas era igual ao deles como a porra de um lembrete a todos os outros que eu pertencia a eles. -Não vai se atrasar pra reuniãozinha na Toman, né?
-Claro que não, e perder toda a diversão?- disse com um sorriso cruel que fez Ran e Rindou darem uma risada satisfeita. Eles queriam o diabo, não a Aiko chorando pela melhor amiga que tinha perdido.
Certo; eu não podia colocar essa porra a perder, não depois de prometer a Mikey e Draken que eu daria um jeito em toda aquela caca do cacete gerada por Kisaki. Tudo bem que eu ainda precisava decifrar o como entrar pra Tenjiku resolveria as coisas, principalmente quando eu não sabia quase nada dessa merda de gangue que ainda estava crescendo, mas eu deixaria isso pra depois.
Coloquei o uniforme preto com detalhes em branco que ia até minha canela e depois as botas e as luvas brancas. Bem, só faltava a porra de uma coleira escrito "propriedade de Ran e Rindou Haitani". Tentei deixar aquilo de lado enquanto ia até a porra da moto, ignorando os comentarios dos dois imbecis do caralho sobre o como eu estava "linda e maravilhosa" com aquela porra.
Fechei os olhos com força quando cheguei e respirei fundo. Aquilo não seria fácil; eu teria sorte se conseguisse sair dali sem ser espancada. Mas precisava fazer aquilo; não era uma questão de querer ou não.
Subi as escadas sem nenhuma pressa, escutando sobre que agora a Dragões Negros faria parte da Toman. Fiquei surpresa em ver Sam; Sam, usando um uniforme lindo pra caralho, preto e branco, alguém pra finalmente honrar aquela porra de gangue. Ela seria uma líder do caralho, isso eu tinha certeza. Só era foda que eu fosse ser a pessoa a estragar esse momento.
-Awn, que lindo!- gritei em alto e bom som, o que fez os garotos na minha frente abrirem espaço para que eu pudesse passar. Dei um sorriso sarcástico para Mikey. Ele sabia que era fingimento, mas não deixou de arquear a sobrancelha.
Eu sabia que tinha a atenção de todos agora. Pincipalmente de Hanma e Kisaki, que ainda não tinha sido chutado da Toman, como eu tinha combinado com Mikey porque Kisaki precisava ver aquilo. Tinha a atenção de Chifuyu, Mitsuya e Takemichi. E de Sam.
Caminhei, desfilando com aquela porra de uniforme, até Mikey, a passo lentos e um sorriso cruel no rosto.
-Que cerimônia linda, né? Dragões Negros se unindo a Toman! Valhalla e Moebius também se uniram a Toman! Sabe porque? - eu disse e ninguém me respondeu, todos ocupados demais com o choque. -Porque eram gangues fracas do caralho que não conseguiram vencer essa sua ganguezinha de bosta, Mikey.
-Ei, pensa que está fazendo o que, caralho?- alguém gritou com irritação e ai eles começaram a gritar, putos da vida. Dei risada.
-Ah, calem essa boca.- gritei. Ignorei o olhar de Sam em mim, o olhar de Chifuyu. Me concentrei em Mikey e em Draken. No que tinhamos combinado. -Só vim avisar uma coisa pra você, Manjiro Sano. Aiko Tanaka, a capitã da sexta divisão, está fora. Isso aqui é entediante pra caralho. Vou pra um lugar onde eu possa ter diversão! E, claramente, não vai ser aqui.
-Então vai ser com quem, Aiko? Com os irmãos Haitani? É com eles que você tá?- Chifuyu gritou, porque não sabia calar a merda da boca. Olhei para ele dessa vez. A mágoa nos olhos dele ameaçou me destruir. Mas eu não podia, não agora; não naquele momento. Dei risada;
-Ran e Rindou são mil e uma vezes melhores do que estar perto de você.- cuspi, mesmo que fosse mentira. Mesmo que doesse dizer cada palavras daquilo. A cara que Chifuyu fez... Eu quis morrer. -Você me fez ser fraca. Mas eles me fazem ser quem eu deveria ter sido desde o começo.
-E quem você deveria ter sido, Aiko?- Sam disse num sussurro. Me virei de costas para ela, para Mikey e Draken. Não olhei pra ela antes de dizer:
-Um demônio. Isso é o que sempre fui e sempre vou ser. Você é bem tola se acha que eu poderia ser algo além disso. E vocês são burros se acham que as coisas vão ser calmas e boas daqui em diante. Mikey! Se eu fosse você... Eu começaria a me preocupar.
Dei um sorriso para Mikey antes de começar a caminhar para longe. Ignorando Sam gritando meu nome. Ignorando o como aquilo tudo me destruiu ainda mais. Apertei o colar que Sam me deu na minha mão, tentando ter forças para continuar com aquilo. E, quando finalmente saí dali... Tudo o que conseguia pensar é no quanto eu queria morrer.
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