☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED AND TEN ━━ ☪ .☆
Ainda chorando com meus lábios tremendo, retirei a bandeja dos cupcakes já completamente assados e prontos para serem decorados. Angeli parecia confusa com meu choro, talvez por ter ouvido toda a gritaria de Aiko com nossa nem tão amada mãe no fim das escadas, mas ela se distraiu muito rápido com Chifuyu.
─ Você tá bem?─ Perguntou Aiko em minhas costas. Balancei a cabeça, erguendo uma mão e limpando minhas lágrimas.
Eu não estava triste ou algo do tipo. Era só, caralho, como odiava aquela mulher e tudo que ela trazia consigo. Pisquei meus olhos, colocando a bandeja na mesa e retirando os cupcakes de suas formas com cuidado.
Não evitei uma careta ao pensar no inferno que seria desenhar bichinhos fofos sem saber desenhar porra nenhuma.
─ O que foi?─ Aiko se aproximou e fitou os cupcakes, talvez procurando o que havia de errado neles para que eu estivesse os olhando com cara feia.
─ Desisti, só vou jogar chantilly e flocos neles.─ Falei a ela, já que passei metade do dia falando que queria desenhar algo nos bolinhos só para Angeli ficar um pouco mais animada para tudo. Aiko franziu o cenho por um momento.
─ Por que?
─ Eu não sei desenhar. É pra fazer Angeli chorar por tá feliz, não porquê tá assustada.─ Soltei. A minha irmã me olhou por um instante e riu da minha cara emburrada.
─ Vamos fazer o seguinte: você vai descansar um pouco e deixa que eu cuido dos desenhos dos Cupcakes.─ Ela apontou para si mesma com um sorriso convencido. Pisquei meus olhos, levemente surpresa.
─ Desde quando você sabe desenhar?
─ Isso importa?─ Retrucou de forma rápida. Revirei os olhos e dei um tapa em seu braço fazendo-a rir levemente. Soltei um suspiro, passando as mãos por meu rosto enquanto me afastava da cozinha e ia na direção de Angeli que enrolava uma fita rosa em uma das mechas de Chifuyu que franzia o cenho e seus lábios formavam um biquinho.
Por um momento, ele não disse nada, apenas acompanhou meu movimento de sentar no sofá e pegar uma fita das mãos de Angeli que rapidamente reclamou com um resmungo incompreensível.
─ Você tá bem?─ Perguntou ele, piscando os olhos. Franzi o cenho para ele, me sentindo confusa.
─ Por que quer saber?─ Retruquei. Chifuyu me olhou, incrédulo por um segundo. Acabei soltando uma risada por isso.─ Eu tô bem, Chifuyu. Tô acostumada com essas merdas.
O garoto espreitou o olhar, desviando ele de minha pessoa.
─ Você não devia.─ Sibilou em baixo tom. Até agora, não sei como consegui escutar.
─ O que?
─ Você não devia se acostumar com essas merdas.─ Soltou após sopesar suas palavras por longos segundos. Pisquei meus olhos e foi fácil sorrir, mesmo sentindo a tristeza da situação me atingir com força.
─ Não tenho a escolha de não me acostumar.
A neve já se encontrava fortemente agarrada as ruas e as nuvens cobriam quase que completamente os céus, cobrindo o sol. Era uma paisagem costumeira de dezembro, principalmente naquele dia. Era natal, mas não só isso. Também era o aniversário de Angeli.
Por isso que eu me encontrava ajoelhada na lateral do sofá na companhia de Aiko que trocava olhares animados e ansiosos comigo enquanto a gente esperava nossa irmã mais nova acordar naquela manhã. Pisquei meus olhos, sentindo meu corpo preguiçoso por conta das poucas horas que dormi só para encher a sala de balões com Aiko e Chifuyu. Sim, ele foi obrigado a ajudar a gente e por um momento, Aiko até cogitou chamar Baji para ajudar a gente, o que me fez rir e dar um tapa nela.
─ Acho que ela acordou.─ Murmurou a delinquente, apertando uma bola rosa com seus dedos. E de fato, havia o barulho de passos pelo corredor. Piscando os olhos, me arrastei para o lado e esperei os fios castanhos de Angeli surgirem para trocar um olhar com Aiko antes de nós duas levantarmos enquanto gritávamos um "Feliz Aniversário" em uníssono.
Claro que nossa irmã se assustou um pouco mas logo soltou uma risada animada, pisoteando os balões sem dó para nos abraçar com força. Nem preciso dizer que enchemos ela de beijos.
No final da manhã, meus pés cobertos pelas botas militares do uniforme da Black Dragons se afundavam na neve enquanto eu falhamente tentava acertar a porra de um soco naquele merda do Inupi. Os imbecis ao meu redor só se preocupavam em rir da minha cara e soltar piadinhas que só me faziam ter mais vontade de meter um murrão na cara daquele loiro arrombado.
Dessa vez, o ódio era tanto que nem ao menos senti o soco de Inupi que atingiu a porra do meu nariz com tudo e por um segundo eu o vi franzir o cenho, parecendo confuso com algo e cometendo o erro de me dar a brecha para atingir o rosto dele com um soco também no nariz.
Inupi piscou os olhos, surpreso. Ótimo, mais uma brecha!
E fui bloqueada. E levei um soco no estômago. E agora tô jogada na neve, fitando o céu nublado, segurando minha vontade de meter o pé no saco de Inupi e sair correndo.
─ Você melhorou um pouquinho.─ Soltou Koko. Não me levantei para encarar aquele porra.
─ Mas continua fraca, vadia.─ Inupi soltou também. Revirei meus olhos com força e minha cabeça doeu por um momento, mas não me preocupei com aquela porra.
Que caralha! Eu está tão perto... Mentira, eu não tava nem um pouco perto de derrubar Inupi, mas ainda assim, tinha esperanças. Pelo menos, agora de tanto levar soco de Smiley, as porradas de Inupi não doem mais como antes.
Ergui uma mão e toquei meu nariz, soltando um suspiro irritadiço quando senti a ponta dos meus dedos molharem com meu sangue. Denovo aquela porra! Vou passar o resto do dia com a merda do nariz inchado por causa daquela merda!
─ Vadia.─ Murmurei, piscando os olhos, levemente muito puta.─ Vocês gostam muito de me chamar de vadia.
Houve um momento de silêncio. Talvez os imbecis estivessem trocando olhares, confusos com meu tom tão calmo quando a poucos minutos atrás, eu estava xingando Inupi de tudo que é coisa.
─ Você é uma vadia. Deveria estar nos agradecendo por não chamar você por seu outro nome.─ Disse Inupi, por fim. Seu tom entediado quase me fez levantar na base do ódio e partir pra cima dele denovo.
Respirei fundo e aquilo doeu para caralho. Aquele merda tinha mesmo que socar meu nariz?
Lentamente, me levantei.
─ Vadia ou puta, não faz diferença.─ Murmurei, retirando os resquícios de neve do meu casaco com irritação.─ Mas sabe de uma coisa, arrombados?─ Encarei eles, arqueando uma sobrancelha com um sorriso no rosto. Tudo bem, eu tava fodida mas pelo menos eu seria a fodida inquebrável nessa porra.─ Essa porra de gangue é uma merda. Vocês podem até pagar de maiores comedores de boceta dessa porra mas nada muda que vocês são um bando de lixo. Afinal, quem foi o imbecil que disse a vocês que espancar garotas por aí iria os fazer os mais fodas? Ah, aposto que foi o maldito do Taiju, acredito que ele está muito feliz por espalhar seus ensinamentos de violência doméstica incrível!
─ Olha a porra da boca, vadia, não fale do Jovem Mestre.─ Revirei meus olhos diante do rosnado de Inui.
─ Jovem Mestre de cú é rola.─ Exclamei.─ No passado, os Dragões Negros já foi uma gangue foda com caras fodas que jamais bateriam em uma mulher. Vocês perto desses caras são nada mais que lixo radioativo. E se querem saber de alguma porra, então saibam disso, Shinichiro deve tá se revirando no túmulo por saber que agora a gangue que ele criou não passa de um bando de espancador nojentos!
Incrivelmente, todos pareceram silenciosos, principalmente Inui. E que eles continuem calados, eu estava certa naquela porra, foda-se todos eles!
─ E uma coisa, Inui, posso até ser uma vadia mas nunca jamais serei a sua!
─ Você vai pra onde?─ Perguntei para Aiko que usava seu uniforme da Toman e meio que tava escrito na cara dela que ela vai fazer alguma merda. Angeli soltou uma risada quando a viu.
─ Ako tá bonita!─ Ela gritou, correndo para os braços da nossa irmã.
─ Eu tô ridícula, Angeli, mas vou aceitar a mentira.─ Disse Aiko para a menina que riu, abraçando o pescoço dela. A de cabelos verdes sorriu e se virou para me encarar.─ Vou resolver um negócio com Chifuyu e Takemichi, não vou demorar muito.
Pisquei meus olhos, parando de jogar flocos coloridos na cobertura de chocolate do bolo que fiz naquela tarde enquanto xingava Inui e Koko na minha cabeça.
─ Espero que não.─ Abri um sorriso.─ Daqui a pouco, Mitsuya vai chegar com as irmãs dele e eu quero você e seus amiguinhos idiotas aqui.
A delinquente balançou a cabeça, ela parecia um pouco tensa. Arqueei uma sobrancelha, observando Aiko colocar Angeli no chão e se virar para mim com um sorriso.
─ Pode deixar.
E ali tive a certeza que ela ia fazer alguma merda.
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