☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED AND FOUR ━━ ☪ .☆
─ O que aconteceu com suas mãos?
Pisquei os olhos, sentindo dedos acariciarem delicadamente a pele machucada em minhas mãos. Ergui meu olhar e o garoto sorriu, mesmo que seu cenho continuasse franzido de preocupação.
─ Não foi nada.─ Murmurei, virando minhas mãos em suas palmas para que eu pudesse passar elas por sua pele até alcançar as mangas da sua camisa, as que puxei para poder colar meus lábios nos seus.
Mitsuya piscou os olhos, parecendo surpreso com meu ato mas então, os fechou, entregando-se para o beijo, suas mãos se agarrando em meus quadris.
Tudo bem, eu estava tentando desviar do assunto e até estava dando certo. Mas a questão não era aquela. A questão era que eu não queria ter que falar que estar ali com ele, talvez causasse algo pior do que ficar trancada no quarto de Taiju, algo pior tipo minha morte.
─ Você não está bem.─ Não era uma pergunta, notei rapidamente. O garoto me fitou, afastando seu rosto dos meus lábios.
É claro que ele notaria. Mitsuya parecia parecer me ver tão transparente quanto água cristalina.
─ O que aconteceu?─ Perguntou. Eu não respondi, concentrada demais em encarar seus olhos lavanda.─ Dean, vamos, me fala.
Soltei um suspiro, subindo minhas mãos até enterrar meus dedos em seus fios lilás, acariciando ali.
─ Não é nada que eu não possa lidar.─ Sussurei, sorrindo. Mitsuya me encarou com seriedade e em seguida, senti uma beliscada na minha pele. Soltei uma risada, empurrando um dos ombros do garoto.
─ Você me beliscou?─ Perguntei, risonha.
─ Sim, e vou fazer denovo, se não me dizer o que está rolando.─ Disse ele.
Soltei mais uma risada. De repente, me sentindo leve. Como estávamos em um pequeno parque perto da nossa escola, pessoas passavam por ali e nos olhavam com estranheza, principalmente quando eu estava sentava no fim do escorregador e Mitsuya estava ajoelhado em minha frente, sorrindo daquele jeito.
Eu estava bem perto de beijar ele novamente quando notei uma garota que olhava ao redor, parecendo confusa. Franzi o cenho, dando um tapinha no ombro de Mitsuya que o fez olhar para trás, fitando a por um momento.
─ Você conhece ela?─ Perguntou ele. Balancei a cabeça, me levantando com sua ajuda.
─ É a irmã da Aiko.
Mitsuya não disse mais nada e me acompanhou quando praticamente corri na direção da garota, sentindo que havia algo de errado. Afinal, naquele horário, Sayuri deveria estar na escola e não ali, olhando de forma quase que desesperada ao seu redor, parecendo em busca de algo.
─ Sayuri?─ Perguntei. Ela arregalou os olhos, parecendo aliviada por me ver. Tudo bem, realmente alguma coisa aconteceu...
─ Ainda bem que te achei! Eu pensei que...─ Nesse momento, ela piscou os olhos e agarrou-se a mim com tanta força que chiei ao sentir suas unhas ferirem minha pele.─ A Aiko!
─ O que aconteceu com Aiko?─ Perguntei, já temendo pelo pior. Né, possível que esse mundo vá foder ainda mais Aiko depois do que ela passou nos dias anteriores.
─ Minha tia, ela...
Tudo bem. Minhas mãos tremiam e sabia que era pelo medo e raiva. Que porra, será que a gente não podia ter um dia de paz? Será que o mundo poderia parar de nos fuder a cada instante?
─ É melhor você ficar calma.─ Baji falou ao meu lado e eu sabia que ele estava certo mas não conseguia parar de tremer, não conseguia parar de pensar no quanto queria arrombar a cara não só da tia de Aiko, mas também da prima dela.
Atrás de mim, Kazutora parecia nervoso ao estar perto de Mitsuya e Draken que não dispensavam os olhares mortais na direção do garoto de cabelos bicolores. Não sei quantas vezes bati nos braços deles para que parassem com aquela putaria quando Manjiro parecia tranquilo ao lado dos gêmeos, Smiley e Angry, que dividiam um salgadinho com o líder da Toman.
─ Cadê o imbecil do seu melhor amigo?─ Resmunguei para Baji que apenas revirou os olhos, dando de ombros. Pisquei meus olhos, irritadiça enquanto me encostava na parede do beco.
Tudo bem, aquele plano que fiz com ajuda de Chifuyu e Baji tinha mil coisas pra dar errado, eu tinha certeza disso já que fiz a merda do plano com os piores imbecis que já existiram nessa merda de mundo então sim, aquilo vai dar merda e é uma certeza tão grande que tivemos que ir atrás de Manjiro e dos gêmeos para cobrir qualquer merda que vá dar, além de Kazutora, Mitsuya e Draken que vieram porquê sim.
Um toque de celular que é uma música infantil fez todo mundo parar e encarar o de cabelos azuis que retirava seu celular do bolso do casaco, fitando a tela por um momento antes de esticar o celular na direção de Baji que pegou o telefone com lentidão, colando ele em sua orelha depois de atender a ligação.
─ Ei, cara.─ Murmurou ele, os olhos bronze fixos na rua, na casa da tia da Aiko.─ Que? Isso fudeu muito.─ Disse ele, lançando um olhar para mim. Tudo bem, eu sabia que ia foder mas porra? A gente nem começou essa caralha de plano!
─ O que aconteceu?─ Perguntei, me aproximando de Baji e segurando seu braço, tentando pegar o celular, algo que o imbecil não deixou eu fazer.
─ Pera, caralho!─ Gritou ele, me empurrando levemente. Franzi o cenho, irritadiça e dando mais um tapa no braço dele com força.─ Aí, porra!
Dei mais um tapa nele. E arranquei o celular de suas mãos, colocando ele em meu ouvido.
─ Que porra aconteceu?─ Soltei, me afastando de Baji que agora era aquele que tentava roubar o celular de mim. Chifuyu soltou um suspiro que julguei ser irritadiço.
─ Tem grades.─ Ele disse, baixo.─ Tem grades na janela do quarto que a Sayuri disse que a Aiko tá.
Ah, não...
─ A gente não conseguir tirar aquela merda daí e nem quebrar o vidro.─ Continuou Chifuyu. Soltei um suspiro, fechando os olhos.
Tudo bem, eu precisava pensar. Abri meus olhos e olhando para cada um dos garotos que estavam ali em busca de algum jeito que poderia usar eles para tirar Aiko daquela casa. Naquele momento, fitei Kazutora e arregalei meus olhos.
É isso!
─ Espera aí!─ Desliguei a ligação e joguei o celular nas mãos de Baji enquanto me aproximava do garoto de cabelos bicolores, segurando seus ombros de um jeito que pareceu assustá-lo.
─ Hora de fazer algo de útil, Kazu!
Era já fim da tarde quando amarrei meus cabelos e coloquei uma touca para cobrir completamente meus fios ao mesmo tempo que Kazutora e Chifuyu apenas amarravam um lençol ao redor de suas bochechas. O crepúsculo dominava os céus, banhando as ruas de laranja e amarelo. Aquilo era uma vantagem do caralho, pois evitaria os vizinhos de nos perceberem invandindo a casa, já que a tia e a prima de Aiko saíram de casa após Baji convencer Sayuri a ligar para elas aos prantos.
Não foi preciso para que Kazutora se ajoelhasse em frente à porta dos fundos, cobrindo o punho com outro lençol e dando um soco que rapidamente quebrou a janela em um som que foi abafado pelo barulho das motos que dominavam as ruas. Chifuyu e eu trocamos olhares risonhos ao identificar o som da CB250T de Mikey e da Impulso de Mitsuya.
Tudo bem, entrar na casa foi fácil. Agora, vamos para a parte difícil.
Nós três nos dividimos pela casa, correndo pelos corredores em busca de achar a garota que eu chamava de irmã. Apesar de estarmos perdidos, a gente não demorou muito para encontrar o quarto em que Aiko estava e eu agradecia aos céus por isso.
Sem pensar muito, Kazutora e Chifuyu deram um chute na porta fazendo-a se arrombar em um único segundo. É, esses são meus garotos, porra!
Corri para dentro do quarto e meu coração se despedaçou em inúmeros pedaços quando me deparei com Aiko encolhida em um canto do quarto, soluçando, mesmo que aparentasse estar dormindo.
Chifuyu foi o primeiro a correr até ela. Graças a Deus, ele não fez aquele discurso de cara apaixonado e só puxou ela para seus braços. Por algum milagre, Aiko não acordou. Aquilo me fez pensar se a tia dela não drogou ela ou algo do tipo para que ela ficasse calma.
Kazutora segurou meu braço e começou a me puxar para a porta dos fundos enquanto Chifuyu trazia Aiko no colo. Foi naquele exato momento que o barulho de porta se abrindo soou e então...
─ Vamos precisar das passagens para amanhã, quero sair daqui o mais rápido possível, quanto mais rápido for, melhor será pra Aiko.
Claro que não demorou muito para que a gente corresse pra porta dos fundos que arrombamos e em meio a tropeços e sussurros desesperados, chegamos aos idiotas que já estavam montados em suas motos.
─ Corre!─ Gritei, assim que pulei na moto de Mitsuya enquanto Chifuyu deixava Aiko nas mãos de Baji, correndo até sua própria moto.
Em poucos minutos, cheios de surtos e um silêncio cheio de alívio, finalmente parecia que tudo daria certo.
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