☪ .☆ ━━ ONE HUNDRED AND FIFTEEN ━━ ☪ .☆
A noite tava meio merda, não nego. Quer dizer, todas as pessoas ao nosso redor pareciam terrivelmente felizes com a virada do ano, o que me fazia torcer o nariz e só me perguntar o porque? Tipo, pelo amor de Deus, não é como se a porra da virada do ano fosse simplesmente apagar todas as merdas do ano anterior! Resmunguei e chutei uma pedra que estava no meu caminho. Tudo bem, talvez eu estivesse sendo chata e revoltada. Mas depois de passar uma hora tentando não chorar em silêncio do lado do Hanma, era complicado não ficar meio revoltada com toda a piada que minha vida era.
Me virei para olhar com irritação o pirralho que correu, passando no meio entre Hanma e eu. Que menino sem educação do caralho. Hanma deu risada da minha cara de cú, como o grande imbecil que ele era.
-Espero que esse garoto caía de boca no chão.- rosnei.
Dito e feito: o garoto tropeçou em uma pedra no meio do caminho e caiu com tudo, começando a chorar instantaneamente enquanto a mãe dele corria para socorrer o imbecil. Eu provavelmente não deveria dar risada; tipo, isso é maldade, né? Coitado do pirralho! Mas não consegui conter minha gargalhada, ainda mais quando ele tomou um belo tabefe da mãe por ter ficado correndo que nem um idiota.
-Você é um demônio, né, Aiko?- Hanma disse me olhando, um sorriso idiota nos lábios. Revirei os olhos e dei um tapão na testa dele.
-Vai me dizer que esse burro não mereceu o capote? Quem mandou ficar por aí correndo como uma anta?- eu disse. Hanma deu risada e balançou a cabeça, jogando o braço por cima dos meus ombros e me apertando de leve.
Já devia ser uma hora da manhã, mas a rua estava agitada e cheia de gente. Bem, era de se esperar a agitação toda. Tentei não pensar no como eu costumava gostar daqueles momentos, aproveitar as primeiras horas do dia. Do meu aniversário. E agora, tudo o que eu mais queria, era esquecer que esse dia existia. Apenas queria chegar logo em casa, me jogar no sofá e dormir o resto do dia todo. Apenas acordar quando fosse dia dois de janeiro e é isso. Quem se importa com o dia um, não é mesmo? Tipo, grande merda! Um grande foda se também.
Suspirei, jogando a cabeça pra trás e olhando o céu escuro. Estava começando a ficar com fome e sonolenta. Talvez essa fosse uma ótima deixa para me livrar de Hanma e ir pra casa. Apenas esperava que Sam e Angeli estivessem tendo um bom dia porque, bem, eu estava tendo um dia de merda! Isso porque nem fazia muito tempo que o dia tinha começado.
-Tá pensando demais, Aiko.- Hanma disse, cutucando minha costela. Fiz cara feia e dei um tapa na mão dele. -O que quer fazer?
-Ir pra casa e dormir.- falei, torcendo o nariz para um cara que estava parando todo mundo na tentativa de fazer alguém comprar os ursinhos de pelúcia que ele estava vendendo. Tipo, porra, ano novo, cara! Sei lá, vai ficar com a sua família. Vender ursinhos uma hora da manhã? É sério?
-Que chata.- ele disse e eu revirei os olhos. -Você costumava ser mais legal, Aikoooo!
-E você costumava ser menos arrombado.- eu disse irritada. -Sério, meu dia já tá uma bela de uma merda do caralho, quer mesmo me irritar mais?
-Ei, ei, ei! Eu não estou tentando irritar ninguém. Tá com fome, né? Por isso tá ai, chata pra caralho.- ele disse.
Eu bufei e mostrei a ele o dedo do meio, o que fez Hanma dar risada.
-Vem logo, sua idiota. Vamos alimentar esse bicho que mora na sua barriga.- ele disse me agarrando e começando a me arrastar. E, por mais que eu devesse meter um tapão e na cara dele e ir pra casa, apenas revirei os olhos. E segui Hanma.
Estava me sentindo até meio mal depois de ter comido pra caralho. Aquilo fez Hanma me olhar perplexo, e ele chegou a me zombar dizendo que parecia que eu não comia nada há dias. Apenas mandei ele tomar no cú. Nossos papos naquele dia tinham se baseado nisso: ele enchendo a porra do meu saco querendo dar uma de engraçadão pra cima de mim e eu mandando ele se fuder. Acho uma relação bem saudável, sinceramente. Não é como se Hanma não merecesse todos os meus xingamentos por estar se superando em fazer merda! Minha vontade era de dar uma voadora na cara dele, mas aquele dia já estava ruim o suficiente, tudo o que eu menos precisava era brigar com ele de novo. E, bem, ele estava ali comigo agora, não é? Pelo menos por um dia eu tentaria esquecer todo o resto, toda a merda que nossa amizade tinha se tornado, apesar de eu ainda amar esse otário do caralho. Porque eu sou burra pra caralho, simples assim.
-Então, seus amiguinhos sabem que hoje é seu aniversário?- Hanma me perguntou, os olhos cravados em mim. Eu sabia que não importava o que eu respondesse a ele, Hanma saberia a verdade. Sinceramente, ele já sabia qual era a porra da resposta, apenas estava me perguntando porque era um imbecil do caralho. Quando eu não respondi, Hanma estalou a língua e suspirou. -Imaginei que não soubessem.
-Não é como se fosse muito importante.- eu disse, revirando os olhos. -Me admira você ter se dignado a largar o Kisaki pra ficar comigo, me sinto lisonjeada!- zombei. Hanma me olhou e suspirou.
-Vamos apenas esquecer Kisaki por um dia, beleza?- ele disse. Eu apenas bufei. É, ele tinha razão. Eu não queria falar sobre Kisaki, sinceramente.
-Eu vou pra casa.- falei. Hanma pareceu um pouco decepcionado ou sei lá, até triste, mas não disse nada. -São quase três da manhã. Sam vai ficar preocupada comigo se eu demorar muito pra chegar.
-É. Sinto falta da época em que eu que me preocupava se você chegava tarde ou não.- ele murmurou. Revirei os olhos.
-Cala boca, imbecil, você sempre chegava depois de mim.- eu falei, empurrando a cabeça dele. Ele apenas deu um meio sorriso pra mim. E, mesmo que o clima não tivesse tão merda, ainda tinham muitas coisas não ditas entre nós. Suspirei; -Obrigada por hoje.
-Sei que faço muita merda e que não mereço sua amizade. Mas, ainda assim, vou estar sempre do seu lado, Aiko.
Apenas suspirei e me virei para fazer meu caminho até em casa. Olhei para Hanma uma última vez antes de ir embora.
-Queria tanto acreditar nisso.- eu disse. E ai eu o deixei pra trás, sem esperar por uma resposta.
Eu tentei não pensar muito naquele dia de merda enquanto caminhava até em casa. A bateria do meu celular tinha morrido, então nem consegui avisar Sam que estava viva. Já estava preparada para a comida de rabo enquanto abria os cadeados e entrava dentro de casa.
Respirei fundo e passei as mãos pelo rosto. Certo, eu precisava dar um jeito na minha cara de morte, porque Sam não era burra e ela ia notar que tinha algo errado muito fácil se eu ficasse com essa cara de assombro. Tentei fazer minha melhor cara antes de abrir a porta, rezando para ela estar dormindo. Certamente não estava preparada para o que vi quando entrei em casa.
Torci o nariz quando vi vários pares de olhos me encarando. Mas que porra...?
-Porque vocês estão todos aqui?- foi a primeira coisa que consegui dizer, vendo Sam com os braços cruzados ao lado de Mitsuya, com Baji, Kazutora e Chifuyu no sofá. O pior era a cara estranha de todos eles, isso sim! Por algum motivo, me encolhi com aqueles olhares. -São três horas da manhã.
-Onde você estava?- Sam disse e dei um passo pra trás, arregalando os olhos com o tom dela. Eita, caralho, eu nem fiz nada hoje! Será que ainda dá tempo de fugir?
-Eu tava dando uma volta por aí, cacete. - eu disse meio perplexa. -Não é como se eu tivesse ido cometer um crime! Porque estão me olhando assim, hein? O dia de vocês não foi bom não?
Ok, estava um clima muito, muito estranho ali, e eu queria mesmo dar o fora. Porque eu estava com o pressentimento de que estavam putos comigo? Mas eu nem tinha feito nada!
-Quando você ia contar pra gente?- Sam perguntou arqueando a sobrancelha. Franzi o cenho.
-Contar o que? Ah, que droga! Em minha defesa, eu não fui atrás dele, ele que veio atrás de mim!- eu gritei. Sam me olhou confusa agora.
-Ele quem?- Sam perguntou. Todos estavam me olhando com confusão e Chifuyu parecia bem perto de me xingar.
-An... Ninguém, não era disso que você tava falando? Putz, erro meu!- eu disse tentando forçar um sorriso. Não deu muito certo. -Ah, mas que porra. Beleza, eu tava com o Hanma.
Vi Sam respirar fundo. Ela fechou os olhos e esfregou a testa. Será que eu conseguia pular a escada correndo e dar o fora dali antes que ela me desse um chute nas costas?
-E porque ele foi atrás de você, Aiko?- ela perguntou, a voz baixo. E mortal. -Algum motivo especial?
-Bem, é Ano Novo, né?- eu disse coçando a cabeça.
-É? Também é dia um de janeiro, né?- ela disse, a boca tremendo de irritação.
-E dai? Que que tem? Um dia mo merda, se quer mesmo saber.- eu disse revoltada. Aí sim Sam ficou puta.
-É seu aniversário!- ela gritou. Arregalei os olhos.
-Não, não é! Tirou isso da onde?- gritei de volta.
-Da sua irmã!- ela gritou de volta.
-Puta que pariu, que arrombada fofoqueira!- gritei passando a mão pelo rosto.
E, bem, esse é aquele momento em que você percebe que não da mais pra fugir do murro. Porque só olhar pra Sam já percebi uma coisa: fudeu.
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