☪ .☆ ━━ FOURTY NINE ━━ ☪ .☆
Eu não ia fazer o que Kisaki me mandou; Não ia convencer Baji a entrar em Valhalla. E é claro que eu faria tudo para não fazer o que o arrombado queria. Por um motivo óbvio: Baji tendia a tomar as decisões mais merda possíveis e tentava resolver tudo sozinho. Eu sabia que se ele entrasse em Valhalla para derrubar Kisaki, ia dar merda. Principalmente com toda a bosta envolvendo Kazutora. Será que Keisuke já tinha encontrado com Kazutora? Bem, se ele tinha, não me disse absolutamente nada. Eu tinha medo que tipo de bosta o garoto de cabelo bicolor poderia arrastar meu amigo. Então, enquanto eu pudesse manter Kazutora longe de Baji, eu o faria.
Mas tinha algo que vinha me incomodando desde a noite passada, quando cheguei em casa: Chifuyu não estava respondendo minhas mensagens. A última vez que falei com ele, foi antes de sair da casa dele e ele ir se enfiar em uma reunião da Toman e, depois disso, Chifuyu não me disse mais nada. E eu estava começando a achar que alguma merda tinha acontecido para ele não ter me respondido. Bem, eu apenas esperava que ele desse logo um sinal de vida, porque senão eu ia acabar tendo um colapso nervoso.
Não estava conseguindo prestar muita atenção enquanto trabalhava. A única coisa que eu olhava era o relógio, contando os segundos para ir embora. Quando meu horário de sair finalmente chegou, eu praticamente saí correndo do mercado. Ah, sim, eu ia atrás de Chifuyu e ele teria que me dar uma ótima explicação para estar me ignorando! Mas meu celular começou a tocar, me fazendo grunhir com pura irritação.
-Que você quer comigo?- cuspi, puta. Ainda não tinha me esquecido do tratamento de merda da noite passada. Não esqueceria tão cedo, sinceramente.
Escutei Hanma dar uma risada, o que só me fazia ficar mais revoltada. Eu simplesmente não tinha nenhum valor para ele, não é?
-Vem para o fliperama. Preciso de você aqui. - ele disse, simplesmente, e não esperou para ouvir minhas reclamações antes de desligar a porra do celular na minha cara.
Respirei fundo e com irritação enquanto arrancava a merda da jaqueta de Valhalla de dentro da minha mochila e caminhava furiosamente para aquela merda de lugar, colocando aquele lixo do caralho. Tudo bem, certo, depois de resolver aquilo eu iria atrás de Chifuyu. E passaria o resto do dia falando o como Hanma era um arrombado do caralho.
Não estava muito longe dali, então não demorou até estar de frente ao fliperama abandonado. Respirei fundo; odiava aquele lugar e odiava todos aqueles garotos do cacete que faziam parte daquela merda de gangue.
Logo que entrei, percebi que tinha algo errado. A maioria dos garotos estava fazendo uma rodinha em torno de algo ou alguém e eu torci o nariz com irritação. Mas que porra, eles já tinham começado a se socarem aquela hora do dia? Puta merda, algumas coisas são tão desgastantes.
Caminhei até Hanma, as mãos dentro dos bolsos, com minha melhor cara de cú. Ele abriu um sorriso gigante quando me viu. E, por algum motivo, aquilo me fez estremecer. Aquele sorriso... Tinha algo errado.
Ele deu um pulo e veio saltitante até mim, como se tivesse acabado de acontecer um milagre do caralho. Torci o nariz. Ele passou o braço ao redor do meu pescoço e me apertou com força.
-Aikoooo, finalmente! Você quase perdeu toda a diversão!- ele disse animadamente, começando a me virar.
-De que merda você tá falan...- mas minha frase morreu assim que me virei.
Porque finalmente percebi o que estava acontecendo ali. Meu coração parou de bater na hora que meus olhos caíram sobre Baji, sentado em cima de alguém, sentando o cacete na pessoa. Tinha sangue... Pra todo lado.
E a pessoa que estava embaixo de Keisuke... Não. Nem. Fodendo. Meu coração começou a bater loucamente dentro do peito quando eu percebi quem era a pessoa que Baji estava batendo como se não houvesse amanhã. Chifuyu.
Nem percebi quando comecei a me mexer, tentando chegar até os dois. Apenas quando senti o aperto forte de Hanma ao redor de mim, o sorriso dele ainda maior e ameaçador do que estava antes.
-Não pense em se meter nisso, Aiko. Ou vai ficar pior que seu namoradinho ali.- ele sussurrou no meu ouvido, rindo.
Ele sabia; Hanma sabia.
-Faça ele parar.- eu rosnei, tentando conter a vontade de vomitar ou arrastar a cara de alguém no chão. Eu ainda estava escutando Baji socar Chifuyu, como se Chifuyu não fosse nada. Eu ia morrer. -Ou eu vou!
Hanma me derrubou no chão e eu dei um grito chocado quando a mão dele enroscou no meu cabelo e ele forçou minha bochecha contra o chão. Para que eu olhasse; para que eu tivesse aquela porra de visão de Baji batendo em Chifuyu e não pudesse fazer nada. Meus olhos estavam cheios de lágrimas de raiva e desespero.
-Não me provoque. Estou tentando te ajudar aqui, sua imbecil.- ele disse e riu. -Ou quer que eu te faça fazer um teste de fé como Baji está fazendo? Talvez eu deva fazer você encher a Sammy de porrada também.
-Não ouse falar o nome dela!- eu rosnei, tentando me soltar de Hanma. O aperto dele ficou tão forte que me fez chiar.
-Hein? Porque ela tá no chão?- escutei Kazutora dizer. E ai Hanma me soltou. Me levantei num pulo, preparada para ir até Baji e o encher de porrada, mas Hanma me segurou ao lado dele de novo.
-Estávamos brincando.- Hanma riu.
Baji parou de socar Chifuyu e se virou para nós. Em seu rosto não tinha nada quando ele se virou para nós; nenhum traço de arrependimento, nem de que aquilo era a porra de um plano do caralho, nada. E Chifuyu estava apagado e sangrando e eu queria morrer ali mesmo. Eu queria chorar; aquilo tudo era culpa minha. Eu tinha arrastado Chifuyu para aquela merda, e agora ele estava todo fodido e a culpa era minha!
-Tá bom pra você, Hanma?- Baji perguntou com um sorriso. -Para minha iniciação na Valhalla.
-Você é um puta cuzão.- um dos capitões disse. -Ele estava com vocês há um tempão, né?
Sim, ele estava. E era assim que esse puto idiota do caralho agradece!
-Não achei que ia tão longe.- outro completou.
Nem eu; nem eu achei que Keisuke era capaz de uma merda dessas. Mas ali estava o garoto que eu gostava, fodido por minha causa, por causa da idiotice de Baji.
-Porra, cara. Não vim aqui pra um sermão. - Keisuke disse revirando os olhos. Fechei o punho com força, a vontade de estrangular ele maior que qualquer coisa.
-Kazutora!- Hanma gritou. -Ta pronto?
-Sim. Esse aqui é o novo membro da Toman. Takemichi Hanagaki.
Espera. Conhecia aquele garoto. Estava com Draken na noite em que Kisaki orquestrou a morte do vice líder da Toman.
-Takemichi, chega mais. - Hanma disse e o garoto se aproximou, meio receoso.
Achei que pudesse lidar com aquela merda toda sozinha; achei que contar tudo a Keisuke seria a melhor escolha. Ele me provou que eu estava errada. Ele me provou que eu não podia contar com ele, não quando ele toma decisões imbecis e precipitadas! No fim das contas, acabei, mesmo sem querer, fazendo exatamente o que Kisaki queria.
-Agora vamos convocar uma testemunha!- um cara gritou. E tudo o que já estava ruim, sempre podia piorar.
-Um dos membros fundadores da Toman, o capitão da primeira divisão, Keisuke Baji, diz que quer abandonar a Toman e se unir a Valhalla. - Hanma gritou para que todos fossem capazes de escutar. Eu estava tremendo;
-Um dos medalhões da Toman na Valhalla?- um cara perguntou.
-Isso não é furada?
-Não, isso é algo enorme!
-Concordo!- Hanma disse. -Este é um assunto muito sério.
Não conseguia parar de tremer; eu só queria que tudo acabasse. Eu só queria atirar Baji do alto de um prédio por ser um puta cuzão do caralho!
-Alistar o Baji será de grande ajuda para esmagar a Toman!- Hanma gritou. -Mas tem um problema restante! Ele pode ser um dos espiões da Toman. Então pedi para Kazutora preparar uma testemunha para nós. Agora peço para que a testemunha se aproxime. Takemichi Hanagaki.
-S-sim. - Takemichi disse, meio em choque.
Eu não conseguia parar de olhar para Chifuyu, caído no chão, sem se mexer. Meu Deus. Eu precisava tirar ele dali, precisava fazer alguma coisa. Mas como eu faço isso sem morrer no processo?
-Na reunião da Toman, o que o Baji disse em frente a todos?- Hanma perguntou.
-"Eu vou para Valhalla. A Toman é minha inimiga". Foi o que ele disse. - Takemichi falou.
-O que acha, Kazutora?- Hanma perguntou.
-O teste de fé e a convocação da testemunha, não acha que é o suficiente?- Kazutora falou. -Ele seria útil lutando por outras gangues. E ele sabe o que aconteceu na Toman enquanto eu estava no reformatório. Mesmo que o Baji seja um espião, ainda vale a pena deixar ele entrar. Certo, Baji?
Keisuke e Kazutora se encararam. Eu queria morrer.
Tudo bem! Kazutora era amigo dele, entendo Baji querer salvar o imbecil! Mas ele precisava envolver Chifuyu no meio disso? O que ele fez com Chifuyu... Eu ia mata-lo por isso.
-Nós esmagaremos a Toman. - Kazutora disse. -E então... Mataremos o Mikey.
Eu abri a boca, incrédula, olhando Kazutora. Esse maldito psicopata, mas o que ele...
-Eu o ajudarei com isso, Kazutora.- Baji falou, se curvando. Senti meus olhos se encherem de lágrimas de raiva. Puta merda, Keisuke, arrombado idiota!
-Certo. - Hanma disse. -Deste dia em diante, Keisuke Baji faz parte da Valhalla!
Todos começaram a gritar, principalmente quando Baji vestiu a jaqueta da Valhalla. Eu só conseguia pensar em Chifuyu. O que eu faço, o que eu faço, o que eu faço.
-Espere um pouco! - Takemichi Hanagaki gritou. -Baji, você é um dos membros fundadores da Toman. Não pode nos trair desse jeito!
-Só por eu ser um membro fundador não posso trai-los? Que piada. - Keisuke disse. E indicou Kazutora. -Ele também é um membro fundador.
Hanagaki pareceu horrorizado.
-Kazutora guarda mágoas da Toman.- Baji disse. -Eu nunca esquecerei. Em 2003, no verão do primeiro ano do médio... Nós estávamos curtindo. Estava um pouco frio para um dia de verão.
Baji começou aquela porra de história sobre o como ele e Kazutora se meteram em uma bela de uma merda que resultou em Kazutora preso e Mikey fodido com o irmão mais velho morto graças a grande burrice do caralho de outras pessoas, mas eu não conseguia prestar atenção.
Sentia como se meu coração fosse sair para fora da garganta.
Chifuyu...
Como eu o tiraria dali?
Como ele me perdoaria depois disso tudo?
Nem mesmo me dei conta quando todos começaram a ir embora, Kazutora arrastando Baji para longe dali, que nem mesmo olhou para onde Chifuyu ainda estava, provavelmente indo arrumar brigas em outro lugar. Ai, eu me mexi, tentando chegar até Chifuyu.
-Não seja tão sentimental, Aiko!- Hanma disse, me puxando com força para fora do fliperama. -Ele vai sobreviver.
-Me larga agora, seu merda do caralho.- eu disse com irritação. Mas Hanma não me largou.
-É por isso que anda tão chatinha? Tá namorando com um sem graça da Toman? Esperava mais que isso vindo de você.- ele riu.
-E se eu tiver, vai fazer o que, me matar?
-Se Kisaki descobrir, é o que ele vai fazer.- Hanma disse, me olhando seriamente. -Ao menos esconda direito, sua imbecil.
-Não contou pra ele ainda, que surpresa!- eu ri com sarcasmo, ainda tentando me afastar dele.
-Eu não te quero morta nem fodida. - ele disse, seriamente.
Eu não ligava. Em um movimento rápido, pressionei a ponta do canivete no pescoço dele. Um filete de sangue escorreu. Hanma pareceu mais chocado do que qualquer outra coisa.
-Me larga.- eu disse. Mandei. E ele o fez.
-Você ficou louca.- ele disse, balançando a cabeça.
-Vá se foder.- eu disse, mostrando a ele o dedo do meio e começando a correr.
Não tinha mais ninguém quando cheguei lá; Mas Chifuyu...
Caí de joelhos ao lado dele, não me importando com as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Como eu ia tirar ele dali? Como? O que eu ia fazer?
-Chifuyu...- eu soluçei, o balançando de leve. Ele nem abriu os olhos, mas gemeu de dor. Chorei mais ainda.
Com as mão tremendo, liguei para a única pessoa que eu sabia que poderia me ajudar. E quando ela atendeu, eu já estava chorando sem parar.
-Sam... Preciso da sua ajuda.
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