─ Mas que porra é essa, Sam!?─ O grito de Chifuyu pareceu quebrar o silêncio que se instalou ali quando apareci.

Muitos me encaram em choque. E eu não iria julgá-los por isso, principalmente pela moto que controlei pelas ruas na maior velocidade possível só para cumprir um simples desejo de Baji..

“Bota pra fuder naquele filho da puta” Foi o que ele disse enquanto jogava as chaves de sua amada moto para mim. E não posso dizer que tô me sentindo um pouco mais do que simplesmente adorável ao ver as caras de todos os meu redor.

Com certa rapidez, desci da moto, retirando as chaves e a enfiando em meu bolso só por precaução. Fitei Chifuyu que parecia transitar entre o choque e a raiva por um momento. E então, após todas aquelas semanas, pela primeira vez, encarei Mitsuya por um mero segundo.

Ele piscava os olhos lavanda ao lado de um garoto de cabelos laranjas e enorme sorriso em seus lábios. Analisando-o rapidamente, tive realmente a certeza que estava certa ao dizer Mitsuya conseguia facilmente ser um dos garotos mais bonitos, não só do Japão mas de todo o mundo. Claro que não demorou muito para que meus olhos se esbarrassem com aquelas orbes lavanda, mas logo tratei de desviar nossos olhares.

Eu estava ali por um motivo. Baji disse para colocar pra fuder, então vou exatamente isso. Praticamente desfilei até a escadaria do templo, passos estáveis e quadris chegando até mesmo rebolar um pouco mas claro que tudo aquilo sumiu quando coloquei um pé em um único degrau, erguendo a cabeça com um ar superior que Baji insistiu que eu tinha e precisava usar naquele dia. Meu olhar passeou pelos capitães da Toman, incluindo Kisaki que me olhava minimamente surpreso mas tratava de esconder isso muito bem ao contrário de Hanma que sorria, próximo a Aiko que ainda me encarava com choque.

Abri mais um sorriso cheio de malícia e lancei meus cabelos para as costas em uma mão enquanto pegava o celular que estava em meu bolso, o estendendo na direção de Mikey que me encarava com curiosidade.

─ Sou Sam Dean Salvatore.─ Gritei, meus olhos presos nos do líder.─ E vim trazer uma mensagem do Capitão da Primeira Divisão da Tokyo Manji, Keisuke Baji!

Foi um momento de silêncio. Tudo bem, confesso que achei a forma que todo mundo paralisou após processar minhas palavras minimamente engraçado. Principalmente Kisaki que não conseguiu escondeu seu choque e muito menos Chifuyu que começou a avançar na minha direção.

Não recuei nem um passo e muito menos abaixei o celular ainda estendido na direção de Mikey quando o garoto de olhos verdes agarrou a gola da minha blusa e então me puxou para perto.

─ Que porra é essa, Sam?─ Rosnou ele.─ O Baji tá morto, sua surtada do caralho! Por acaso, acha isso engraçado, acha que todo mundo tá rindo disso? Que porra é essa?

Revirei os olhos e me contive para não chutar o saco do imbecil em minha frente.

─ E como você sabe que Baji está morto?─ Perguntei. Tive a impressão que Chifuyu pareceu não respirar por um momento, na verdade todo mundo pareceu não respirar.─ Nunca ouviu a frase “Sem corpo, sem crime”, Chifuyu? Vocês por acaso viram o jornal algum dia desses? Viram em como não tem nada dizendo sobre um garoto de quinze anos ter sido morto?

Sem respostas vindo de Chifuyu, dei um tapa nas mãos deles fazendo com que ele me soltasse e o empurrei levemente para longe.

─ Vocês foram idiotas e viveram um luto pela morte de alguém que não morreu.─ Soltei, começando a subir as escadas na direção de Mikey, já que se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé, mesmo que seja na base do ódio.

─ Ele está esperando por você.─ Foi a única coisa que falei, estendendo o celular para o líder que apenas me encarou por longos minutos antes de pegar o celular e o colocar próximo a sua orelha.

Não pude ouvir a conversa entre os dois mas soube que Baji começou a falar com sua voz ainda lenta e rouca por conta dos remédios quando os olhos quase sem vida de Mikey se arregalaram levemente e então se encheram de lágrimas não-derramadas. Recuei um passo, observando o Líder da Toman franzir o cenho por um momento e me encarar com curiosidade, antes de soltar um riso.

─ Mas como você é idiota, Baji.─ Novamente todo mundo paralisou e pude ouvir um choro que eu não tinha dúvidas que vinha diretamente de Aiko. E eu sabia que era de alívio.

Meu coração pesou ao pensar no quanto ela sofreu nos últimos dias com o pensamento da suposta morte de Baji rondando e rondando por sua cabeça de formas repetitivas. Mas havia sido por um motivo e esse motivo me olhava com raiva disfarçada naquele momento.

A ligação de Baji e Mikey não deve ter durado nem dois minutos inteiro até que o Líder desligasse o celular e o fitasse por alguns segundos antes de estendê-lo em minha direção.

─ É por isso que estava lá.─ Ele disse, piscando os olhos com uma feição de compreensão. Balancei a cabeça, pegando o celular das mãos de Mikey.

─ Eu não sabia o que ia acontecer, se é isso que quer dizer.─ Respondi em tom baixo, balançando levemente a cabeça.─ Apenas fiz o que algum de vocês deveria ter feito.

Mikey ficou em silêncio por um minuto.

─ Obrigado.

Não o respondi, apenas dei de ombros, virando-me e começando descer as escadas com certa rapidez. Sim, talvez eu tenha sorrido diante do rosto cheio de lágrimas de Chifuyu, retirando as chaves da moto de Baji e de forma intencional, balançando-a em frente do rosto do garoto. Claro que ele tentou avançar na minha direção, mas recuei e posso talvez ter praticamente corrido até a GSX 250 do babaca do Baji, porém claro que fui impedida por Chifuyu que segurou meu braço com tanta força que não precisou muito para perceber que aquilo me daria uma bela marca.

─ Me leve até ele.─ Ele disse, seu tom desesperado e pausado por conta dos soluços. Pisquei meus olhos, e soltei um suspiro. Uma de minhas mãos coloquei em cima da dele e a tirei dali.

─ Você não pode.─ Resmunguei entre dentes. Chifuyu abriu a boca, pronto para protestar.─ Você precisa anunciar o próximo Capitão da Primeira Divisão, o Baji não vai voltar nem tão cedo.

Aquilo fez com que o garoto erguesse sua cabeça para encarar Mikey que continuava lá, parado, parecendo aguardar por ele. Chifuyu voltou a me encarar, mas desviei meu olhar e ergui minha cabeça para fitar a garota que descia as escadas em nossa direção.

─ Aiko te mostra o caminho depois.─ Foi a única coisa que eu disse antes de estender a mão para a garota que me fitou por segundos. A mágoa que sentia de mim naquele momento a fez hesitar antes de deslizar sua palma na minha. Eu a puxei na direção da moto que pertencia ao seu melhor amigo enquanto atrás de nós, Chifuyu acabava de se juntar a Mikey e agora anunciava que escolhia Takemichi Hanagaki como o novo Capitão da Primeira Divisão.