☪ .☆ ━━ EIGHTY FOUR ━━ ☪ .☆
─ Eai, eles tão se beijando?─ Contive minha vontade de revirar os olhos enquanto ouvia a pergunta de Baji que tinha seus olhos bronze presos em Kazutora que tentava espiar Chifuyu e Aiko através das cortinas da janela. O garoto de cabelos bicolores franziu o cenho por um momento e fez uma careta.
─ Sim, eles tão.─ Soltou Kazutora em um tom baixo.─ Droga, o Chifuyu é tão sortudo, cara.
Baji franziu o cenho para o amigo e riu, cruzando os braços, encostando suas costas nos travesseiros macios.
─ Sortudo é um caralho. A Aiko é uma puta surtada, você deveria ter pena dele.
Deitada na cama de Baji, eu não precisei fazer muito esforço para dar um tapa forte em uma das pernas do garoto que chiou, tentando retribuir meu tapa com um chute mas felizmente Kazutora pulou na cama, deitando em cima das pernas do amigo e impedindo que o ex-capitão da Toman me chutasse.
─ Aí, porra! Sai daí, seu merda!─ Gritou Baji, tentando mexer as pernas. Kazu soltou uma risada, conseguindo de alguma forma aplicar ainda mais força nas pernas do amigo que rugiu antes de começar acertar socos nas costas do bicolor que riu novamente.
Tava tudo bem, até rir deles. Mas claro que um deles tinham que fazer alguma merda naquela brincadeira imbecil e claro que tinha que ser Kazutora que acabou acertando uma cotovelada no meu rosto quando tentou se levantar, ainda recebendo socos de Baji.
─ Mas que merda, vocês dois! Parecem a porra de duas crianças!─ Gritei, empurrando Kazutora para longe fazendo-o com que ele caísse da cama, sentindo os olhos lacrimejar e minhas mãos cobrir meu rosto. Droga, aquela merda doía pra porra!
─ Você tá bem?─ Perguntaram Kazutora e Baji ao mesmo tempo. Pisquei meus olhos para os dois e então, ergui minha mão, mostrando meu dedo do meio para eles.
─ Vão se foder, bando de imbecil!
Os dois idiotas se entreolharam antes de começarem a rir desesperamente mas somente Baji parou de longos minutos rindo e fez uma careta com as bochechas vermelhas que me fez revirar os olhos, já sabendo o que estava fazendo com que aquele idiota corasse.
─ Ele quer ir ao banheiro, é a sua vez.─ Falei, apontando para Baji que arregalou levemente os olhos. Kazutora piscou os olhos e franziu o nariz para o amigo constrangido.
─ É sério isso, cara? Você acabou de ir!─ Reclamou ele, antes de me olhar.─ E é a sua vez, esse mijão aqui foi no banheiro enquanto você tava fora, então é a sua vez!
─ Mas que porra é essa? Eu tava resolvendo suas merdas! Você nem deveria tá contando isso!─ Retruquei, avançando no garoto e tentando agarrar alguma mecha de seu cabelo mas o desgraçado conseguiu desviar, mesmo que tivesse batido a cabeça na cabeceira do quarto causando mais uma risada em Baji.
─ Para de rir, seu idiota! Vai acabar mijando nas calças, seu mijão do caralho!─ Gritou Kazutora para Baji que sem pensar muito pegou um dos travesseiros em suas costas e tacou no amigo.
─ Parem com essa porra!─ Gritei para os dois fazendo com que os dois me olhassem e então se encolhessem. Sinceramente, os últimos dias foram estressantes e a causa nem foi por conta do meu esforço para que ninguém soubesse que Baji estava vivo, meus dias tinham sido um inferno por causa de Baji e Kazutora que não pareciam ter nenhum neurônio separados mas quando estão juntos pareciam dividir um único neurônio que com certeza não aguenta tanta estupidez e acaba se sobrecarregando.
─ Vamos, idiota, vou levar você.
Com cuidado, escorreguei para fora da cama e me aproximei de Baji, pegando de seus braços com cuidado, ajudando ele a sair da cama. Aquele babaca teve que fazer duas cirurgias uma seguida da outra então está proibido de sair da cama para fazer algo além de mijar ou cagar. E nem isso ele conseguia fazer sem ajuda.
Lentamente, tive que aguentar o peso de Baji todo depositado em mim porquê Kazutora é um cretino do caralho, e como ele não conseguia andar rápido por conta dos pontos dos cortes que ainda não cicatrizaram completamente, tive que aguentar aquele peso todo por minutos até finalmente alcançar a porta do banheiro.
Por conta do costume, deixei Baji sentado na privada para fechar a porta enquanto o idiota já se levantava, pronto para mijar. Fechei os olhos e pressionei minha testa contra a madeira, ouvindo Baji e seu incrível mijo que durava a eternidade.
─ Você acha que vai dar certo?─ Perguntou ele e eu sabia muito bem do que estava falando.
─ Quer falar mesmo sobre isso enquanto mija?─ Retruquei. Baji bufou, irritadiço.
─ Responde logo, que droga, Dean!─ Revirei os olhos.
─ Eu não sei se vai dar certo. Mas, é a nossa chance para pelo menos deixar aquele merda quieto por enquanto.─ Soltei um suspiro, piscando os olhos antes de abri-los ao ouvir o som da privada e da torneira se abrindo.
Me virei para Baji que limpava as mãos com rapidez, movendo-se minimamente para poder agarrar a toalha e enxugar suas palmas. Foi ali que abri a porta do banheiro antes de ir ajudar o imbecil a voltar pra cama, Aiko me fitou com confusão e trocou um olhar com Chifuyu.
─ Não falem nada.─ Falei lentamente em um tom de ameaça que claramente não funcionou com Aiko que apenas cruzou os braços e resolveu abrir a porra da boca.
─ Você ainda não me explicou que merda é essa história de “namorada”.
Revirei os olhos, soltando uma resposta que sequer era compreensível enquanto me aproximava de Baji. Já começando a me irritar com as risadas que saberia que escaparia pelos lábios de Chifuyu ao escutar como aconteceu aquela merda toda.
Me encontrava andando pelas ruas escuras e praticamente vazias, sentindo meu corpo ficar cada vez mais amolecido por conta do cansaço em cada posso que eu dava pelo asfalto. Aiko resolveu ficar no hospital para aproveitar mais tempo com Baji ao lado de Kazutora e Chifuyu quando resolvi sair de lá para partir em direção da minha vida completamente odiosa.
Soltei um suspiro, erguendo minha cabeça para os céus, fitando as estrelas cintilantes. Engraçado... Tenho a pequena impressão que elas estavam brilhando naquela noite daquela forma também. Lentamente, um sorriso se abriu em meus lábios enquanto lembranças me atingiam com força.
Apesar de tudo, me lembrava bem de como Mitsuya não apenas me encontrou sozinha aos prantos perto de um córrego, mas também arrumou uma forma de me alegrar com aquele humor contorcido dele.
Me lembrava bem que foi me abraçar em sua cintura e aproveitar a brisa noturna ao lado dele, assistir as ruas se tornarem borrões conforme ele acelerava sua impulso que soava incrivelmente doce.
Aquele mero momento ao lado do garoto conseguiu dar pelo menos algo bom naquele dia desgraçado. E também havia aquela espécie de encontro.
Foi legal agir como uma adolescente normal que só estava aproveitando um momento completamente normal com o garoto que gosta. E também...
Franzi meu rosto, antes de arregalar levemente os olhos ao perceber o que havia acabado de pensar.
Uma adolescente normal com o garoto que gosta. É, acabei de pensar isso mas.... Quer dizer, não havia mas naquilo.
Eu realmente gostava de Mitsuya. Ele me fazia rir e esteve no meu lado nos momentos em que estive me sentindo confusa e aterrorizada. E além disso, ele havia se preocupado comigo e não me deu as costas quando soube minha terrível história.
Eu gostava de Mitsuya. Mas não acho que seja da forma que Aiko gostava de Chifuyu ou algo do tipo, pelo menos era isso que eu achava. Droga, deveria ter arrastado Aiko comigo até aqui para perguntá-la sobre essas merdas!
Pisquei meus olhos e abaixei os olhos para fitar o asfalto... Pisquei os olhos novamente, os arregalando levemente quando senti uma mão agarrar meu braço e desespero cresceu em meu peito no momento que virei o rosto para lado em busca de saber quem era aquele que me puxava mas em vez de fitar um rosto, fitei a escuridão.
Abri minha boca para soltar um grito, no entanto aquela mão me puxou com força e antes mesmo que eu pudesse processar, estava sendo pressionada contra uma parede de tijolos. Em meio a escuridão, tentei soltar mais um grito mas minha boca foi tapada por uma palma. Foi ali que comecei a me contorcer para me libertar daquele aperto e sei lá atingir o imbecil. Droga, eu não tava enxergando nada! Aquelas porra de nuvem devem ter coberto a lua ou algo do tipo para essa merda estar um breu do caralho!
─ Sam.─ Chamou a voz e por mais que parecesse familiar, não parei de me mover. Eu precisava sair dali. Eu precisava... Daquela vez, tive a sorte naquela vez de Draken ter aparecido mas ali agora, ninguém me salvaria.
─ Sam.─ Chamou novamente. Droga, quem era aquele idiota e porquê caralhos ele sabia meu nome? Talvez seja um dos capangas do Seiji. Talvez uma forma de me punir por não ter sido respeitosa o suficiente com ele na noite passada. Talvez....
─ Sam?─ Eu...─ Sam? Sam, você tá me ouvindo?─ Eu precisava...─ Sam? Sam!─ Eu precisava sair...─ Sam, ei, olha pra mim!─ Eu precisava sair dali.... Eu precisava...
Mãos seguraram meu rosto, me obrigando a fitar aquela pessoa oculta nas sombras. Não perdi a oportunidade e cegamente lancei minha cabeça para trás e então a lancei para frente com toda a força, conseguindo acertar sei lá quem seja.
O cara soltou um grito de dor, finalmente me largando. Estava prestes a sair correndo quando aquela voz gritou novamente e por algum motivo, as nuvens que cobriam a lua finalmente se moveram, iluminando parcialmente o beco em que estávamos e também o garoto que se encontrava ajoelhado no chão, cobrindo o rosto com as mãos, pude ver um líquido vermelho provavelmente sangue escorrendo entre seus dedos.
Arregalei meus olhos, caindo de joelhos em frente ao garoto e meus olhos se encheram de lágrimas por um momento.
─ Droga, Mitsuya! Não faz uma merda dessas!─ Soltei, sentindo meu rosto ficar úmido com minhas lágrimas. O garoto ergueu o rosto, seu nariz sangrava mas ele não pareceu se importar nem um pouco com isso quando percebeu que eu estava chorando.
─ Ei, ei, tá tudo bem...─ Ele murmurou, trazendo meu corpo para o dele e me rodeando com seus braços. Eu sentia minhas mãos tremendo quando ergui elas e agarrarei o tecido escuro do uniforme da Toman que ele ainda vestia.
Que droga, Mitsuya....
─ Você tá bem?─ Perguntou, me entregando uma garrafa. Soltei uma risada soprada, minhas mãos ainda trêmulas conseguiram abrir a tampa da garrafa que continha água e guiá-las até meus lábios por um momento.
─ Eu que deveria tá perguntando isso.─ Afastei a garrafa da minha boca e fitei o rosto de Mitsuya que já estava limpo e sem sangue. Talvez ele tenha ido no banheiro em algum momento que adentrou na lanchonete em minhas costas para comprar uma água ou qualquer coisa que pudesse me acalmar.
O garoto de cabelos lilases deu de ombros, sentando ao meu lado. E me fitando com seus olhos lavanda. Pisquei meus olhos, mordi os lábios.
─ Desculpa.
─ Você estava se defendendo, não deveria se desculpar por isso, Sam.─ Balancei a cabeça de forma avoada diante das palavras do garoto.─ E quem deveria tá pedindo desculpas aqui sou eu, acabei assustando você.
Suspirei. Colocando a garrafa de água no chão para que pudesse erguer minhas mãos e afundar meus dedos nos fios róseos.
─ Eu não vi você.─ Murmurei, virando minha cabeça para fitá-lo.─ Eu não vi você, por isso me assustei.
Mitsuya balançou a cabeça lentamente, piscando os olhos e seus lábios se erguendo um pouco mas não ao ponto de ser um sorriso. Ele virou sua cabeça, começando encarar a rua em nossa frente.
Havia poucas pessoas passando por ali e maioria delas estavam ocupadas demais com seu objetivo de chegar em casa para se afundar nos lençóis, ganhando um merecido descanso após um dia cheio.
─ Você está me evitando.─ De repente, disse Mitsuya. E não tinha como rebater aquilo, pois ele estava falando a verdade crua.─ Durante todo esse tempo, fiquei me convencendo que você não estava fugindo de mim e só estava ocupada demais com seus problemas. Tentei acreditar nisso, Sam, porque não queria aceitar que você talvez...
Ele não completou sua frase, mas eu sabia muito bem do que ele falava e não deixei de me repreender por ter sido uma puta de uma idiota com Mitsuya por escolher fugir dos meus sentimentos e a situação complicada que eu me encontrava.
─ Desculpa.─ Murmurei.
─ Não precisa pedir desculpas. É só que...─ Ele soltou um suspiro, erguendo a cabeça para o céu noturno.─ eu ainda quero ser seu amigo. Mesmo que você não retribua meus sentimentos, ainda quero fazer parte da sua vida de alguma forma. Então, não me ignore, sim?
Pisquei meus olhos, levemente surpresa. Ele acabou de... Caralho, Mitsuya acabou de dizer que gosta de mim? Será que escutei direito ou sei lá me enganei? Mas...
Eu poderia até gostar de Mitsuya. E ele gostar de mim. Mas, isso não significava que ficaríamos juntos. Apesar de querer ficar com ele, eu não podia, simplesmente não consigo e posso colocá-lo na mira de Seiji. Eu não conseguia pensar no que aconteceria se Seiji sequer soubesse que me encontrava tão próxima assim de um garoto e que eu havia me apaixonado por esse garoto. Passei muitos anos, ouvindo as ameaças e histórias das garotas que se apaixonaram por quem não deviam e no fim, acabaram sendo assassinadas por Seiji.
Eu não podia ser uma daquelas garotas. Não quando precisava estar viva para estar ao lado de Aiko e de Angeli.
Meu coração doía, pois ele sabia muito bem que naquele momento eu queria me jogar nos braços de Mitsuya sem ligar para as consequências. Mas não podia fazer aquilo. Havia tanta coisa em jogo. Sinceramente não sei como Aiko aceitou ficar com Chifuyu no meio de toda aquela bagunça, mas sabia que eu jamais conseguiria fazer o mesmo.
─ Eu gosto de você.─ Murmurei, me levantando, evitando os olhos lavanda que me encantaram desde a primeira vez que nos vimos.─ Eu realmente gosto de você e realmente quero ficar com você. Mas, não posso, entende?─ Soltei um suspiro trêmulo, lágrimas novamente molhavam minhas bochechas.─ Ficar com você vai foder com tudo. E por mais que eu queira muito isso, não posso, Mitsuya.
Ele não me respondeu. Mas pude ouvir suas botas se arrastando no asfalto quando o garoto se levantou e se colocou em minha frente. Sem escolhas, fitei seus olhos lavanda enquanto suas mãos agarraram meu rosto.
─ Você me quer?─ Ele perguntou, a voz rouca e baixa. Seus dedos começaram a delicadamente limpar minhas lágrimas. Pisquei meus olhos fazendo com que mais lágrimas caíssem.
─ É claro que quero, mas─ Engoli minhas palavras ou elas desapareceram? Não, acho que elas desapareceram, assim como qualquer pensamento meu quando senti os lábios de Mitsuya grudarem nos meus.
E então, meu corpo se congelou por um momento. Lentamente, ele se afastou e me fitou com seus olhos sérios.
─ Não me importo, Sam Dean. Não me importo que sua mãe tenha arrancado a liberdade de você, não me importo que sua vida seja fodida. E não me importo com porra nenhuma disso.─ Ele suspirou.─ Mas me importo com você. E eu quero você, mesmo que tudo acabe com nós dois fodidos. E sabe porquê quero que tudo se foda?
Eu não o respondi, ainda em choque por conta do breve selar de lábios.
─ Quero que tudo se foda, porquê gosto de você e quero ficar com você, então o que me diz?
Não sabia o que dizer. Caralho, tinha tantas chances e claramente toda aquela merda iria dar errado mas porra, eu merecia aquilo para caralho. Depois de todo o inferno que passei nos últimos anos e semanas, eu merecia aquilo. Merecia ficar junto de alguém que eu gostava, merecia ter o sentimento que pelo menos alguma coisa em minha vida pode ser um pouquinho normal. Eu merecia e por isso, não pensei muito quando entrelacei meus braços ao redor do pescoço de Mitsuya e trouxe seus lábios para o meus mais uma vez.
Afinal, eu merecia. E por enquanto, que se foda o mundo!
Passando pra avisar que os próximos capítulos da Aikoe da Sam vão ser no futuro. Aconselho a já prepararem o psicológico, quem avisa amigo é!
~Ana
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro