26
Entre os rosnados das feras ainda escondidas nas sombras atrás de Kerana, se ouvia apenas poucos sussurros. O clima naquela sala, agora parecendo tão pequena, se tornava cada vez mais tenso e sufocante. E enquanto seus olhos percorriam a sala, mais as mãos de Verena ficavam geladas. Haviam tão poucas rotas de fuga...
Seus olhos por um momento cruzaram com os de Layla, que olhava com receio para a garota na porta, claramente se lembrando dos outros ataques. Mesmo assim, suas mãos estavam firmes, os dedos envolvendo o punho de uma adaga escura que a mercenária não fazia ideia de onde ela havia tirado. Marc, que naquele momento dava passos discretos para trás tentando sair do palanque, não parecia estar armado, mas flexionava os dedos impacientemente, preparando-se para agir assim que possível.
— Sua jornada não é correta, criança. — mais uma vez a boca de Sarah se abriu, mas a voz que saiu dela não era a da mulher. Inclusive, seus olhos também pareciam diferentes, brilhando com uma luz branca sobrenatural, assim como o de vários outros avatares. — Sua vingança tem de parar aqui.
— Não estou em busca de vingança! — a menina riu negando com a cabeça. — Apenas devolvendo na mesma moeda o que me deram. Ou não deram, na verdade.
— Leve essas criaturas de volta para o mundo delas, Kerana! Sabe que não pode lutar contra nós! — Taiane ordenou, ou o deus por trás dela, sua voz também soava diferente o bastante.
Enquanto Kerana avaliava os presentes na sala, Verena retirou seus saltos e deixou a mão deslizar para dentro de sua bolsa, segurando uma pequena pistola entre os dedos. Poderia não ser a mais mortal das coisas, mas ela não ficaria desarmada naquela sala. Estava bem claro que toda a situação iria explodir em luta em algum momento, estavam todos tensos e de colunas eretas apenas esperando.
— Precisamos de um plano. — sussurrou Miquéias tenso.
— Eu sei! — respondeu Verena, seus olhos fixos na porta destruída. — Mas a única passagem para fora é aquela maldita entrada!
— Talvez tenhamos uma chance com as janelas. — sugeriu Camila. — Prefiro arriscar uma morte por queda do que com aquelas coisas.
Verena não podia discordar. Havia sentindo em primeira mão as garras de um monstro em sua pele, o cheiro fetido de morte ardendo em seu nariz. Só aqueles Corpos-Secos poderiam estraçalhar todos ali dentro sem um treinamento adequado. E pelos ruídos havia coisa muito pior dentro daquelas sombras.
Kerana ainda permanecia parada, sem dar um único passo para dentro da sala cheia de deuses possuindo os corpos de seus avatares, que por sua vez, se posicionavam em formação de combate entre as portas e o palanque. Já os poucos acompanhantes presentes se colavam as paredes, alguns buscando alguma arma ou escudo para se protegerem, sabendo que contra as feras do lado de fora, pouco teriam chance.
— Escutem bem todos os presentes! — Kerana ordenou. — Qualquer pessoa não vinculada a um deus, pode sair desta sala livremente e com segurança. Os darei a chance de salvar a si mesmos.
Verena olhou em volta, percebendo que mesmo com medo e buscando uma saída, ninguém naquela sala iria simplesmente abandonar os deuses e seus avatares para trás. A lealdade deles não estava com a garota, mostrando o quanto estavam dispostos a se colocarem em perigo pelo que acreditavam.
A mercenária por sua vez, estava muito inclinada a sair dali sem olhar para trás. Porém, seu objetivo era parar com os ataques e não iria sair dali sem Marc ou Layla, que infelizmente pareciam dispostos a ficar para a luta também. E ela não precisava nem mesmo se questionar sobre Camila e Miquéias, sabia que os dois não colocariam um dedo para fora daquele lugar sem ela.
— Bem, a escolha é de vocês. Se preferem ficar e morrer com eles, não é problema meu. — Kerana deu de ombros com uma expressão triste. Então, seus olhos escuros se tornaram duros, cheios de uma fúria gélida e feia, ficando totalmente insensíveis quando falou em uma voz calma. — Ataquem.
— Corram para as janelas! Vão!
Verena mal teve tempo de terminar sua fala antes que a sala se tornasse um inferno na terra. Criaturas de todas a formas e tamanhos entraram com a capacidade de uma debandada. Os primeiros que ela reconheceu enquanto corria foram os Corpos-Secos, seus corpos encouracados e garras desproporcionais sendo ainda mais horrendos sob a luz. Junto a eles havia seres gigantes e peludos com um único olhos e figuras flutuantes que gritavam um lamento doloroso a todo momento.
Eram tantas as feras e seres assustadores que até mesmo ela chamaria de pesadelo se tudo fosse um sonho.
Porém não era.
Os gritos dos avatares correndo para contra atacar deixavam isso bem claro, assim como o sangue vermelho que pintava as roupas coloridas quando as feras começaram a golpear corpos a torto e a direito.
Verena corria em direção a uma das grandes janelas quando sentiu o primeiro impacto de um ataque em suas pernas que a fez cair de cara no chão. Quando se virou quase gritou ao dar de cara com uma velha esquelética e de cabelos anormalmente longos tentado subir em cima de seu peito. Ela era pequena, menor até que Kerana, mas seu peso parecia totalmente desproporcional.
Tentando não encarar o rosto enrugado e desdentado por muito tempo, Verena se arrastou para trás, segurando a pistola em seu punho de maneira firme até conseguir mirar na cabeça da velha e apertar o gatilho. A coisa soltou um gemido rouco e caiu para trás, permitindo que a mercenária se erguesse para correr mais uma vez. Porém não foi longe.
A sua volta mesas voavam, cadeiras eram quebradas e cada vez mais seres lendários apareciam pelo caminho. Um pouco mais a frente, Camila usava a perna de uma cadeira para bater na cabeça de Corpos-Secos como se fossem bolas de beisebol. Próximo a uma das janelas, Miquéias tentava se desvencilhar de um dos espíritos gigantes, que se dissolviam a cada golpe.
Estavam em óbvia desvantagem e Verena ainda sentia sua cabeça um tanto quando tonta.
Com a arma em punho atirando em qualquer coisa mais anormal que se movesse, Verena avançou em direção as janelas como se o próprio diabo estivesse segurando seus tornozelos. Passou por Camila, ajudando a mulher da melhor forma que podia, chutando a criatura para longe, conseguindo tempo o bastante para correrem em direção a Miquéias, que estava sendo ajudado por uma Layla vestida com seu traje egípcio.
—A gente precisa sair daqui! — Layla gritou enquanto usava suas asas metálicas para literalmente abanar o espectro para longe.
— Nosso plano são as janelas! — Miquéias respondeu ofegante.
— Esse é um plano horrível! — Layla declarou. — Mas é o único que temos. Então...
Verena não se incomodou em concordar ou discordar com as falas deles, estava muito mais preocupada com sua pistola ficando sem munição e com Marc que não estava a vista em lugar algum. Seus olhos não paravam de vagar entre as feras, a luta e para o palanque, buscando um vislumbre se quer de um terno cinza ou uma capa exageradamente branca. Porem tudo que via eram avatares sangrando, corpos jogados no chão e criaturas de outro mundo aos montes.
— Isso é um massacre! — Camila xingou.
— E vamos fazer parte da contagem de corpos se não sairmos logo daqui! — Verena falou e se virou em direção as janelas com um suspiro.
Sem esperar ou pedir, a mercenária pegou a perna de cadeira das mãos de Camila e bateu a mesma contra o video das janelas. Sabia que as mesmas estavam trancadas desde o momento em que entrou ali, tendo tentado abrir uma delas em busca de ar. Assim, não perdeu tempo buscando formas de abrir mais gentilmente, apenas partindo para a agressividade, batendo repetidas vezes até terem buracos grandes o bastante para passar um corpo.
Do outro lado, outro estrondo soou chamando a atenção do primeiro grupo. Ao olhar, Verena teve de conter o suspiro de alivio ao ver Marc em seu traje de Cavaleiro da Lua pulando de cima de um dos vários lutres, o derrubando sobre uma das feras de um olho só. Uma das adagas de meia lua foi parar direto no olho solitário, cortando de cima a baixo enquanto a coisa gritava, a bocarra se abrindo em dor.
Layla também sorriu, parecendo saber de algum plano que eles não tinham conhecimento.
— Quem vai pular primeiro? — Miquéias perguntou.
— Já que você falou, vai na frente! — Camila sugeriu empurrando os ombros do homem.
Miquéias xingou enquanto olhava pelo buraco, vendo a distância dali para o chão com uma careta assustada. Eles estavam no segundo andar do lugar. Em teoria não deveria ser uma altura grande demais para ser mortal, mas a lateral da casa para onde a janela se abria dava para um pequeno barranco, do qual deixava o solo perigosamente ingrime.
— O que você ta esperando? — Verena perguntou.
— Já viu a altura dessa porra? — ele arregalou os olhos para ela e depois para descida.
— É isso ou a convenção folclórica ali atrás. Qual vai ser?
— Vocês são muito lentos! — Camila puxou um dos lados da cortina, fazendo a coisa toda ir para o chão. Quando o tecido gigante estava em suas mãos, ela amarrou em um gancho de rede na parede ao lado e jogou para fora da janela. — Vejo vocês lá em baixo!
Ela gritou e pulou, segurando o tecido que aguentou firme por segundos longos o suficientes para que a queda não fosse terrível demais. Tão logo ela chegou a uma distância de um metro e meio do chão, o ganho estourou e ela caiu, despencando de costas no chão. Todos olhavam preocupados até a mesma se levantar do chão mancando, erguendo o polegar para cima em sinal de positivo.
— Eu não vou fazer isso. Nem fudendo...— Miquéias negou balançando a cabeça. Grande assassino ele era!
— Puta que me pariu! Haja paciência! Layla, você acha que consegue levar esse bebê chorão para o chão com essas suas asas? — Verena perguntou enquanto batia em outra fera próxima com a perna de cadeira.
Layla apenas assentiu, passando os braços de Miquéias em volta de seu pescoço antes de pular pela janela. Abriu as asas metálicas ao mesmo tempo que o homem começava a gritar como uma garotinha. Revirando seus olhos com cena, Verena olhou mais uma vez para a sala as suas costas passando a temer por sua vida.
As coisas estavam ficando cada vez mais críticas a volta deles. Kerana ainda permanecia na porta, observando a luta a sua frente com seriedade. Mesmo desejando e levando aquilo até ali, a garota não parecia feliz com a situação. Monstros se concentravam em atacar principalmente os avatares, batendo, rosnando e agredindo qualquer pessoa com olhos brilhantes que surgia. E apesar de estarem usando corpos humanos, os deuses não pareciam frágeis. Na verdade, agora que avaliava melhor, eram poucos aqueles que estavam caídos realmente, os corpos no chão sendo principalmente dos acompanhantes que tentaram ajuda-los.
Verena foi capaz de ver Maiara derrubando dois Corpos-Secos com uma lança da qual ela gostaria de olhar melhor em outra situação e também viu Taiane usando o que parecia um chicote para enforcar outra velha magrela até arrancar a cabeça do pequeno corpo. Até Sarah lutava, usando duas machadinhas para se defender de um bicho peludo com cabeça de tamanduá.
Porém ela não tinha nenhuma daquelas armas de deuses que pareciam realmente matar as feras com seus golpes. Sua pistola estava descarregada e a perna da cadeira estava ficando capenga. A queda atrás dela não parava de parecer cada vez mais perigosa, não tinha ninguém por perto para leva-la ao chão e nenhum outro gancho de rede para amarrar uma cortina. Teria de pular por si mesma ou enfrentar o lobisomem que vinha na sua direção com baba escorrendo por suas presas amareladas.
— Porra! — xingou andando para trás, seus pés batendo no pé da parede. — Vou acabar quebrando o pescoço!
Verena jogou a pistola para um lado e a perna da cadeira para o outro, deixando as mãos livres para se apoiar no beiral da janela, cortando as palmas no processo com os cacos de vidro restantes. Estava passando as pernas pelo batente quando foi puxada para trás pelo cabelo, o aperto doloroso a fazendo gritar.
Seu corpo foi puxado de volta para a sala por garras afiadas que cortavam seu couro cabeludo, seu corpo ficando pendurado como o de uma boneca de pano. Ela se debatia no ar, tentando se livrar do aperto, mas toda a agitação só fazia tudo doer mais.
Um segundo depois, a dor em sua cabeça sumiu apenas para que sentisse seu corpo ser jogado para longe bruscamente. Ela caiu por cima de seu braço ferido, rolando até bater contra uma das mesas viradas, logo sentindo pontadas de dor na lateral de seu abdômen.
Ao abrir os olhos, engoliu em seco vendo o lobisomem que antes a perseguia se elevando acima dela, as garras afiadas direcionadas em sua garganta.
— Humana tola! — a fera disse surpreendendo Verena. Ela não sabia que ele era capaz de falar. — Não pode fugir de nós! Seu sangue é nosso!
Verena rolou mais uma vez, se levantando o mais rápido que podia com a dor nas costelas a fazendo gemer. Queria poder bater na sua versão do passado por ter enchido a cara mais cedo. Se estivesse sóbria, poderia estar pensando com mais clareza e assim talvez, conseguisse elaborar um plano melhor do que correr. Tinha ficado bem claro que aquela não era uma boa solução, já que o bicho era bem mais rápido que ela. Mesmo assim ela correu, não mais longe do que alguns passos antes de sentir algo atingindo a lateral de sua cabeça com força o bastante para faze-la cair mais uma vez.
Sentindo gosto de sangue em sua boca e vendo pontos pretos toda vez que piscava, Verena tentou mais uma vez se colocar de pé, caindo de cara no chão antes mesmo de conseguir se colocar sobre os quatro apoios.
Um aperto em seus ombros que rasgou pele e carne, e a mercenária estava jogada de costas contra o chão encarando o focinho lupino coberto de pelos escuros do lobisomem. A fera sorria cruelmente enquanto passava uma garra em sua bochecha, fios de baba correndo por entre as presas.
— Uma bela humana você é. — rosnava o bicho com uma voz bestial, mantendo ela no lugar com seu joelho pressionando a barriga de Verena. — Seu sangue cheira muito bem! Vai ser delicioso de se provar!
— Vê se vai tomar no cu! — gemeu ela ainda tentando se livrar da fera.
— Você é uma coisinha atrevida! Queria ter mais tempo para devorar você...
Aquelas presas afiadas demais se aproximaram de seu rosto, a bocarra aberta pronta para engolir sua cabeça e Verena só conseguia pensar em como o bafo daquela coisa cheirava a necrotério. Certamente era o álcool falando, mas era uma verdadeira merda morrer sentindo aquele cheiro.
Podia sentir os primeiros fios de baba caindo em sua bochecha quando o peso acima de seu corpo sumiu de repente. Quando olhou em volta, encontrou o Cavaleiro da Lua a puxando para seus braços, ignorando os gemidos de dor que ela dava durante o processo devido a pressa.
— Perdão, mi corazón. — uma voz com sotaque espanhol falou por baixo do capacete branco com detalhes pretos. — Mas precisamos sair daqui antes que exploda!
— Jake? — perguntou confusa. Sua cabeça doía como o inferno, mais que qualquer outra parte de seu corpo. — O que quer dizer com explodir? O que vocês fizeram?
— Darei explicações depois, querida mia. Agora apenas segure firme!
Ela não teve tempo de questionar antes que Jake corresse a toda velocidade e se jogasse pela janela, a capa se abrindo atrás dele revelando o fundo completamente escuro.
Jake pousou na grama ao lado da casa e logo estava correndo em direção a rua onde o carro deles estava parado. Aparentemente Camila, Miquéias e Layla os esperavam dentro do veículo. A porta traseira se abriu e Jake entrou com ela ainda no colo no mesmo momento em que uma explosão foi ouvida vinda da casa.
Verena se remexeu no colo do cavaleiro tentando olhar pela janela enquanto o carro se colocava em movimento, conseguindo ter apenas alguns vislumbres de fumaça saindo pelas janelas e o brilho alaranjado de fogo entre ela.
— O que vocês fizeram? — Verena perguntou de novo ofegante.
— Usamos apenas o mesmo método da primeira vez. — Jake respondeu com um leve sorriso, o capacete do traje desaparecido. — Colocamos fogo naqueles hijos de puta!
— E... E os avatares? — questionou enquanto piscava incomodada, sua visão estava ficando cada vez mais turva.
Alguma coisa estava muito errada com seu corpo. Ele não parecia ser seu, seus membros não obecendo a maioria dos comandos que dava a eles.
— Não se preocupe. Eles sabem se cuidar. Não vamos... Verena? Você está bem?
— E-eu me sinto t-tonta.
Ela piscou mais algumas vezes enquanto levava a mão a cabeça, seus dedos molhados de sangue fresco brilhando ao passarem pela luz dos postes das estradas. Jake olhou aquilo e ficou imediatamente assustado. Suas mãos logo seguraram seu rosto de modo firme, porém delicado, tentando firma-la no lugar enquanto a avaliava.
— Tente ficar acordada, mi corazón. Não durma! — ele pedia cada vez mais ansioso, porém Verena sentia sua cabeça cada vez mais leve e as pálpebras cada vez mais pesadas.
Em algum lugar ao longe, vozes discutiam, as vezes chamando seu nome, outras xingando e pedidos para irem mais rápido para algum lugar. Verena só queria que eles calassem a boca, mas não conseguia fazer sua língua funcionar corretamente para formular as palavras.
O que estava acontecendo com ela?
— Verena, mi doce senhorita! Não feche esses belos ojos, esta bien? Não os feche! – Jake continuava pedindo a ela, seu braços a apertando cada vez mais. — Você precisa ficar acordar! Posso até pedir que Marc assuma para você o xingar! Mas não durma!
— E-eu n-ão consi-igo. — de alguma maneira conseguiu dizer, seus olhos focando por um momento no rosto se Jake. — D-d-desculpe...
Ele não parecia conseguir falar muito mais além de pedir que ela ficasse acordada. Porém, conforme as palavras saiam de sua boca e o rosto de Jake se contorcia ao ponto dela achar que era ele a sentir dor, Verena ia perdendo mais e mais o controle de suas ações. Sabia que iria desmaiar e por mais que estivesse tentando, podia sentir seu corpo se desligando aos porquinhos a cada segundo.
Não podia mexer as pernas e os braços eram um peso morto, apenas seus dedos moviam-se bem levemente. Seu pescoço ainda sustentava o peso da cabeça apenas pelo auxílio de Jake e mesmo assim, manter as pálpebras abertas era um esforço hercúleo.
Verena piscou uma vez, então outra, vendo as bordas de sua visão escurecendo sempre que abria os olhos outra vez. Jake pareceu chamar seu nome, brigando com alguém entre o intervalo de um pedido de outro. Mas logo até isso perdeu o foco.
Verena piscou uma terceira vez, então não abriu mais os olhos. A dor havia ido embora, levando a mercenária a aceitar de bom grado a escuridão.
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