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N

a tarde seguinte a conversa com Marc em seu antigo estúdio de pintura, Verena ainda se atormentava pela maneira como havia lidado com o passado do homem. Tinha passado a noite acordada na sala de treinamento, levando seu corpo ferido ao limite enquanto as cenas da conversa se repetiam várias vezes em sua cabeça, tentando entender que porra tinha acontecido dentro daquele lugar. 

Ela chegou ao estúdio esperando encontrar Marc para conversar, talvez ajudar a ele e a Steven a se resolverem com o recém chegado Jake. Mas então, histórias tristes de uma criança sofrida passaram a ser contadas e quando deu por si, estava berrando na cara de Spector, olhando agoniada para aqueles olhos castanhos tristes, tendo uma reação nada adequada para alguém com seu tipo de trabalho.

De onde havia saído aquele tipo de coisa?

Pelo amor de Deus! Verena era uma profissional formada, tinha várias especializações, atendia em clínica a anos! Se fosse ter uma reação escandalosa daquelas a cada vez que ouvisse uma história sobre abuso infantil, não teria se consolidado em sua carreira! Essa era uma realidade de merda, só que ainda assim uma realidade! Mas só de pensar em uma versão menor, mais inocente e indefesa de Marc Spector sofrendo aquele tipo de agressão por causa de algo que nem estava em seu controle a deixava... Puta da vida!

Verena passou várias horas socando um saco de areia enquanto se lembrava da forma como ela o abraçou. Segurou aquele homem em seus braços, em como acariciou aqueles cabelos castanhos macios. E, que o diabo a condenada, quase o beijou!

Essa última lembrança quase a fez ser atingida pelo rebote do saco de areia tamanha foi sua reação.

Ela nunca admitiria aquilo em voz se alguém perguntasse ou até mesmo se não perguntassem, mas Verena beijou aquela bochecha áspera por conta de uma barba por fazer apenas porque no último segundo, naquele último segundinho, voltou a pensar com o mínimo de clareza e desviou a rota original de seus lábios e pronto, evitou a fórmula perfeita para o desastre.

Achar o cara atraente depois de levar uma pancada na cabeça e estar sobre o efeito óbvio de gratidão por ele ter salvado sua vida era uma coisa. Agora aquilo entrava em uma categoria completamente diferente!

A última coisa da qual precisava naquele momento era se apaixonar por um homem, com três personalidades em apenas um corpo que estavam obviamente apaixonados por outra mulher! Era pedir pra ter seu coração inexperiente e impressionavel quebrado em milhões de pedacinhos!

Para piorar ainda mais seu estado de espírito atual, já lá pelo fim da madrugada quando finalmente conseguiu dormir, Verena foi acometida por mais de seus sonhos desagradáveis, que a fizeram acordar no meio da manhã com lágrimas em seus olhos e um aperto em seu peito.

E agora, após um almoço mau comido e vários momentos de letargia, Verena havia concluído enquanto passava as páginas de um antigo livro sobre o folclore, que o motivo para tamanho descontrole emocional só podia ser culpa daquele maldito lugar que a estava deixando sensível, sentimental e completamente surtada da cabeça!

Como se já não bastasse ter de ver aquelas pinturas espalhadas pelos corredores e seu antigo quarto deixado do mesmo modo de sempre e repleto de lembranças, ainda teve um encontro com seu passado ao entrar no estúdio do qual Verena achava ter sido trancado e largado ao pó. Só que ele não apenas não estava fechado, como bem cuidado, arejado e brilhando com luz natural. Ela mal havia conseguido olhar para as telas inacabadas que preenchiam o espaço, uma lembrança viva do que Verena teve um dia e que agora não passava de uma sala repleta de tristeza.

Una moneda por tus pensamientos.

Ao ouvir a conhecida voz falando espanhol em seu ouvido, Verena ergueu a cabeça para encarar o sorriso malicioso de Jake Lockley, que se curvava contra sua cadeira deixando seu rosto quase colado ao seu.

— Eu achei que você teria mais originalidade do que usar uma frase feita para começar uma conversa comigo. — a mercenária respondeu voltando a olhar seu livro, mesmo sabendo que não conseguiria ler com a presença daquele homem.

— Mas funcionou, não é? — disse maroto enquanto dava a volta na mesa para se sentar a sua frente. — Porém estou realmente curioso, cariño. O que se passa nesta bela cabecinha que a está distraindo de sua leitura?

— No momento o que me distrai é você.

— Me sinto lisonjeado, mas minha presença é muito recente. Você está parada na mesma página a pelo menos quinze minutos.

— Estava me vigiando? — Verena ergueu o olhar, encarando Jake que mantinha sua face calma.

— Não posso evitar. Observar você é tão cativante!

— Você é esquisito.

— E eu a acho parecida comigo, o que a torna esquisita também.

Verena bufou fechando o livro a sua frente com brusquidez. De olhos fechados, deixou seus cotovelos apoiado no tampo de madeira escura da mesa e levou os dedos as temporas, massageando o local que começava a doer com uma provável crise de dores chegando.

— O que quer comigo, Lockley? — questionou ainda de olhos fechados.

— Essa sua mania de nos chamar pelo sobrenome é muito interessante. Adoro a maneira como sua língua se enrola ao falar o meu.

— Ah, vá procurar um cu pra coçar! — Verena xingou se erguendo de sua cadeira, pronta para sair da biblioteca, porém foi parada por uma voz as suas costas.

— Eu juro que estou tentando manter ele na linha. Mas esse homem é mais imprevisível que Marc.

Verena se virou mais uma vez na direção da cadeira do outro lado da mesa, encontrando no lugar do latino atrevido o rosto gentil e suave de Steven Grant. Ele tinha suas mãos cruzadas sobre a mesa e as bochechas levemente coradas pelo constrangimento muito provavelmente causado por seu colega de corpo, mas o sorriso era amistoso e familiar, o que fez a mercenária voltar a se sentar trazendo a calma de volta para si. Estava começando a perceber que não era capaz de resistir aquele rosto esperançoso e seu sotaque britânico.

— Ele me parece não ter senso algum. — Verena resmungou se recostando na cadeira. — Parece impossível para ele não me provocar toda santa vez que mostra encontramos.

— E talvez seja. — Steven ergueu um de seus ombros. — Me parece que ele gosta de você.

— Pff! Ele gosta das minhas reações e não de mim.

— Eu divido a mente com ele. E acredite, apesar de ter passado anos calado, ele é bem barulhento. E você, Verena, é assunto recorrente.

A mercenária cerrou as sobrancelhas enquanto absorvia aquela informação em silêncio. Era mais uma informação para lidar, incluída em uma lista que parecia só crescer. O que diabos tinha dado em Jake para falar de maneira constante?

Parecendo entender seu estado de espírito, Steven deu um de seus sorrisos reconfortantes antes de perguntar:

— Não tem sido fácil para você, né?

— O que? — balançou a cabeça, piscando enquanto tentava achar sentido para seu questionamento.

— Ficar aqui. Nesse lugar. — explicou. — Você anda muito calada e já percebi que evita certos espaços. Você passa mais tempo aqui e na sala de treinamento do que em seu quarto desde que acordou.

Verena suspirou se jogando para trás na cadeira, largando o corpo cansado de qualquer jeito enquanto pensava se devia ou não responder o que Steven desejava com sinceridade. Ser verdadeira era algo que iria aproxima-los mais do que deveria. E agora que tinha decidido por manter seu coração a salvo daqueles três, não sabia se era uma boa ideia sair falando seus motivos para achar aquela mansão um verdadeiro purgatório.

Por outro lado, desde que conheceu Steven, sempre que o mesmo desejava saber algo sobre ela, Verena o respondia da forma mais clara que conseguia. Não achava que conseguiria parar agora.

— É só que... — começou a falar. — Esse lugar é cheio de lembranças. Algumas desagradáveis e outras tão boas que são dolorosas demais.

Verena abriu seus olhos e voltou a se curvar sobre a mesa que separava os dois, dando de cara com um olhar compreensivo de Steven. Ele não parecia sentir pena ou compaixão por ela, apenas uma solidariedade de alguém que entendia sobre o que ela falava.

— Isso está relacionado as suas irmãs?

— Não... Sim, na verdade. Em partes. — disse enquanto brincava com a capa do livro. — Minhas irmãs não chegaram a morar aqui. Nos mudamos para cá depois que elas morreram.

— Ah...

— É. — deu um sorriso amarelo. — Por um tempo as coisas ficaram muito ruins. Então melhoram. Depois ficaram horríveis. Estar aqui... Ver esses quadros espalhados por todo canto... Me deixa inquieta.

— Mas por que os quadros?

— Bem, aqui vai um segredo meu... — Verena iniciou, um sorriso verdadeiro agora em seu rosto, mesmo que com um toque de melancolia. — Eu sou uma artista! Faço pinturas desde meus oito anos. Muitos dos quadros nessas paredes são meus.

Steven por um momento olhou para as grandes portas de madeira da biblioteca, como se pudesse enxergar o corredor através dela e a grande pintura de uma noite estrelada cortada por cordões cheios de bandeirinhas coloridas. Ela não precisava ter a visão do quadro para saber que tinham exatamente quarenta e oito estrelas pintadas e vinte e nove bandeirinhas e meia. Assim como também sabia que logo abaixo daquelas bandeirinhas havia uma grande fogueira, o foco central da pintura, com suas chamas avermelhadas vibrantes se esticando como se fosse tocar a lua solitária e minguante logo acima.

Mas a fogueira apenas servia como distração. O verdadeiro objetivo de Verena ao pintar aquela tela foi fazer com que os olhos das pessoas fosse chamado para ela por conta das chamas, mas que apenas depois mudassem para os verdadeiros protagonistas. Localizadas uma em cada extremidade do quadro, haviam duas pessoas. Uma mulher de vestido branco e um homem de caminha xadrez, se olhando fixamente mesmo a distância.

Verena ainda se lembrava dos risos dos pais quando ela terminou aquela pintura. Mal tinha completado doze anos e estava passando por uma pequena obsessão por festas juninas. E mesmo quando as gêmeas a encheram com piadas, dizendo que suas bandeirinhas estavam tortas, as estrelas alinhadas demais e o casal meio deformado, o pai apenas sorriu, beijou sua testa e declarou aquele como sua obra favorita.

Mesmo vários anos depois e com pinturas feitas por ela bem melhores, aquela sempre tinha local de destaque no estúdio de seu pai. E agora estava ali, em frenre a biblioteca apenas para a assombrar.

— Pintei aquele depois de ouvir a história sobre como meus pais se conheceram. — Verena contou, fazendo o olhar de Steven se fixar nela mais uma vez. — Papai adorava contar histórias e era realmente bom nisso. Então quando ele contou sobre uma noite estrelada de junho, onde viu uma bela mulher do outro lado de uma fogueira de São João e se apaixonou imediatamente, eu não consegui resistir.

— Parece ser uma história interessante.

— E é. — ela riu baixinho. — Papai falava que derrubou a barraquinha de correio elegante tentando pagar de galanteador. Apanhou da dona da barraquinha e teve que pagar o prejuízo. Mas dizia que valeu a pena, porque assim fez minha mãe sentir pena dele e aceitar ter um encontro.

Steven riu ao ouvir o relato, ruguinhas surgindo em volta de seus olhos enquanto o fazia. Verena riu também, lembrando da maneira energica com a qual o pai contava a história, fazendo questão de interpretar cada passo que deu, inclusive os estragos da barraquinha, o que divertia a todas, até mesmo sua mãe.

— Ele me parece ter sido um cara legal.

— Ele era. Você teria gostado dele. Teriam muito o que falar já que ele era historiador.

— Faz muito tempo que ele se foi?

Verena ergueu a cabeça em um rompante, o sorriso desaparecendo de seu rosto.

— Ele... Ele não morreu. — engoliu em seco. — Ele está...

Mas ela não teve a oportunidade de terminar sua frase. As portas da biblioteca se abriram de repente, permitindo que Miquéias, Layla e Fátima entrassem um atrás do outro com expressões sérias.

Verena virou o rosto para o lado oposto para esconder seus olhos levemente lacrimejantes. Não queria que sua mãe visse que a última pergunta de Steven havia quase a levado a lágrimas. Isso só serviria para que ela fizesse perguntas das quais não queria ouvir a resposta e o abismo entre elas apenas aumentaria.

Mas apesar de conseguir esconder seu rosto da mãe, Steven ainda foi capaz de ver a fragilidade no rosto da mercenária e imediatamente deixou sua própria expressão cair, culpado pelo desconforto dela.

— Aqui estão vocês! — Fátima exclamou se aproximando da mesa onde Steven e Verena estavam. — Temos notícias importantes.

— Por favor, não me diga que aconteceu outro ataque? — Verena perguntou se voltando para a mãe, recuperada de seu pequeno deslize.

— Felizmente não. — Miquéias respondeu no lugar de Fátima. — São boas notícias, na verdade.

Verena apenas ergueu as sobrancelhas e olhou rapidamente para Steven, se arrependendo imediatamente. Este estava olhando fixamente para Layla, aquele brilho bobo e cheio de esperança aparecendo em seus olhos na mesma hora. Ver isso deixou a mercenária com um gosto ruim na boca e um aperto no peito. Ali estavam sendo apresentados em tempo real os motivos pelos quais tinha de se vigiar perto daqueles três homens. Histórias trágicas compartilhadas e ela já sentia pontadas de ciúme.

— Quais as novidades? — questionou voltando a olhar para Fátima. Ver a expressão calma e fria da mãe também era dolorido, mas ao menos estava acostumada.

— Sarah entrou em contato comigo pela manhã. Parece que daqui a alguns dias haverá uma reunião com os avatares restantes para discutirem a situação e ela nos convidou a participar. — explicou.

— Será que passou pela cabeça dessa mulher que enfiar todos os avatares em um único lugar seria perigoso? — Verena franziu a testa.

— De acordo com ela, todas as medidas de segurança foram tomadas e ela não acha que quem esteja por trás dos ataques seja ousado o bastante para isso.

— Ela está bem otimista, né? — Layla comentou.

— Para mim parece mais prepotente. — retrucou a mercenária.

— Bem, otimista ou prepotente, é uma boa oportunidade para sabermos a verdadeira gravidade da situação em que estamos. — Fátima cortou. — Se estiverem de acordo, gostaria que fossem encontra-lá e que participem dessa reunião.

— Você não vai? — foi a vez de Steven questionar.

— Infelizmente não. — suspirou. — Não posso deixar a base agora. Estaremos recebendo a visita dos comandantes nacionais da organização e minha presença é necessária aqui.

As sobrancelhas já muito erguidas de Verena subiram ainda mais enquanto trocava um olhar significativo com Miquéias, que por sua vez, parecia apenas resoluto com a notícia. Tanto ela quanto ele sabiam o que significava uma visita dos nacionais e também sabiam que dariam um jeito de estarem o mais longe possível dali quando isso acontecesse.

— Eu irei. Mesmo achando que é uma péssima ideia. — Verena bateu levemente no tampo da mesa ficando de pé.

— Eu imaginei que diria isso. — Fátima ironizou. — Se todos estiverem de acordo, Sarah gostaria que se encontrassem com sua representante amanhã ao fim da tarde.

— Assim tão rápido? — Steven se levantou também e Fátima apenas assentiu.

— Se está sendo assim tão próximo, precisamos saber para onde exatamente estaremos indo. Afinal, dependendo da distância, pode não ser possível. — Verena alertou enquanto cruzava os braços.

— Não é muito longe. — tranquilizou Fátima. — O ponto de encontro é na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo. Camila estará esperando por vocês junto a representante de Sarah.

— Usaremos o helicóptero também, então a viagem será rápida. — Miquéias contou empolgado. Ele bem que poderia ter tido essa ideia antes e lhes poupado de dias trancados um maldito carro.

— Os recursos da organização estão a disposição de vocês. Levem tudo o que precisarem, inclusive armamento. Sarah garante que é algo seguro, mas como Verena mesma nos lembrou, existe risco. — Fátima voltou a falar. — Nossos agentes também estarão a postos para enviar reforço se necessário. Tomem cuidado e enviem notícias.

Todos assentiram em concordância e Fátima saiu parecendo se dar por satisfeita.

Bem, Verena havia conseguido a desculpa que precisava para sair daquele lugar infernal. Só não tinha certeza se era realmente algo bom ou não.

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