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13

— Precisamos de um tempo para pensar.

Steven assumiu o controle mais uma vez quando após vários minutos não se recebeu resposta alguma de um Marc bem irritado. Verena entendia o homem. Foi arrastado do outro lado do oceano até ali para descobrir que havia se livrado de uma baita bagunça, apenas para cair em outra. Ela também não estaria muito disposta em conversar se fosse com ela.

Fátima não estava satisfeita com aquela resposta, mas não deixou transparecer em sua expressão perfeitamente composta de mulher paciente. Verena só sabia que ela esperava outra coisa pelo pequeno crispar no canto esquerdo de sua boca. Ela tinha a mesma reação para com a filha desde que ela era apenas uma criança e lhe fazia perguntas constrangedoras em público. Por dentro a mulher poderia estar jogando caixas de arquivos pelos ares e com os cantos da sua mente em chamas, mas por fora estaria a perfeita imagem da calma.

Verena sentia inveja daquela habilidade e não foram poucas as vezes que xingou a genética por não ter lhe dado aquele traço em específico. Não, aquilo ficou para Lídia, que manteve a calma mesmo quando Lina jogou farinha de trigo com cola em seu cabelo no dia de passeio na escola. Enquanto isso, Verena ficou com o temperamento transparente do pai. E Lina, bem, aquela criaturinha era uma verdadeira incógnita até para Verena, nunca se sabia como ela reagiria a uma situação, podendo tanto jogar sua mochila no chão e sair aos prantos para o quarto apenas por não ter recebido um "bom dia", quanto apenas piscar e sorrir ao ouvir os gritos da vizinha que implicava com elas após ver suas roupas do varal sujas de tinta.

— Tudo bem. — Fátima respondeu engolindo um suspiro. — Miquéias, por favor, guie a todos até seus quartos para que possam descansar e pensar com tranquilidade. Faremos uma reunião ao fim da tarde sobre o assunto.

Verena não olhou para trás para ver Miquéias abrindo a porta, apenas olhou primeiro para Steven, que se levantou com um sorriso amarelo e acenou com a cabeça para ela antes de sair. Layla foi a próxima, a expressão completamente fechada e séria. Os dois estavam prestes a sair quando Fátima chamou pela cacheada.

— Senhorita El-Faouly, espere um segundo, por favor. — pediu com delicadeza. — Considerando seu breve envolvimento com a deusa Taweret, seria favorável que pensasse sobre o assunto também.

— Sou apenas um avatar temporário. — respondeu Layla da porta.

— Ainda assim. Se passaram décadas, mas minha alma ainda está marcada com a essência de Khonshu, assim como a de Spector e de Grant. Esse tipo de ligação não é algo que pode ser apagado. Isso muda sua alma para sempre, por mais breve que tenha sido a ligação.

— Pensarei sobre... — Layla falou engolindo em seco, uma nuvem negra parecendo cobrir sua cabeça.

Todos saíram da sala, incluindo Vitório que como o cão puxa saco que era, havia entendido no silêncio de Fátima que ela desejava ficar sozinha com Verena. A mercenária, por sua vez, sabia o que aconteceria a seguir, ou ao menos o que a mãe esperava. Ambas iriam conversar sobre a missão, Fátima perguntando sobre detalhes que nenhum outro contratante perguntaria quase parecendo preocupada, mas mantendo aquela tão conhecida distância de sempre. Preocupação era algo que Fátima Mendes não se permitia sentir por ninguém a anos, mais especificamente desde que se mudaram de vez para o forte da organização no meio do nada após a morte de suas irmãs.

Mas daquela vez as coisas seriam diferentes. Pela primeira vez em muito tempo a mulher queria fazer perguntas sobre o buraco que havia se enfiado. Por algum motivo toda aquela missão parecia estar se tornando algo bem pessoal, afinal, a vida de sua mãe estava em perigo por coisas que ela achou de bom tom guardar para si. Verena não a julgava. Entendia a necessidade de manter segredos, mas ainda assim não conseguia evitar de levar uma unha até aquela coceirinha curiosa.

— Por que não nos contou? — Verena perguntou assim que a porta se fechou.

— Não achei que seria plausível. — Fátima respondeu sem precisar de explicações. — Sinceramente, não esperava ver Khonshu outra vez nesta vida. Então, para mim era algo a se deixar no passado. Você e suas irmãs não precisavam saber de minhas aventuras.

— Papai sabia?

— Sim, Verena. — suspirou parecendo cansada. Aquelas conversas eram os únicos momentos em que algumas das máscaras plácidas de Fátima caiam e quando se podia ver um pouco da mulher real por baixo. Não era algo muito bonito e Verena desconfiava que era por isso que a mãe se escondia tanto. — Seu pai sabe de todos os meus segredos, inclusive deste. Como disse, Khonshu conheceu Sérgio e vice versa.

Seu pai é um homem muito honrado, menina. — a voz assombrosa do deus a assustou, a criatura estava tão silenciosa em seu canto que a mulher quase se esqueceu que ele estava ali. — Inclusive, vejo muito dele em você. Ambos tem a mesma língua solta e as emoções em fogo.

— Acho que esperava ouvir algo do tipo de você, abutre. — Verena resmungou. Se sentia irritada, algo que infelizmente não conseguia disfarçar por razões já explicadas. Mas seu pai era um assunto sensível, algo dolorido que sempre a colocava na defensiva não importasse o teor da conversa. — Quantas frases clichês de deus antigo ainda tem no estoque?

— Verena! — repreendeu Fátima e depois se voltou para o deus. — Espero que perdoe a impertinência de minha filha. Ela tem a língua maior que a boca.

Tenho ciência disso. respondeu Kounshu, a voz mais calma agora que falava diretamente com Fátima. — A menina não age muito diferente de seu marido quando me conheceu.

Fátima apenas assentiu, um raro e fraco sorriso surgindo em seus lábios enquanto parecia se lembrar de algo feliz. Verena ficou surpresa e lá no fundinho de seu peito, um lugar secreto que ela nunca admitiria que ainda tinha, onde guardava suas esperanças relacionadas a sua família psicólogicamente fudida e emocionalmente traumatizada, ela sentiu um aperto gostoso e quentinho ao ver que sua mãe ainda era capaz de sorrir, mesmo que de forma tão pobre.

Além disso, se sentia aliviada por parecer ter recebido uma carta branca do deus pássaro para continuar sendo desbocada. Afinal, nenhum deles pediu que ela fizesse promessa alguma de se comportar no futuro. Assim, por não terem pedido e ela não ter aceitado nada, não sentiu necessidade de expor que não iria fazer esforço algum para acabar com suas piadas e apelidos para com o poderoso nariz de tucano. A piada era boa demais para ser perdida. E se algum dia aquele deus narigudo esperasse devoção de sua parte, podia muito bem voltar para a tumba fedorenta de onde saiu antes que ocorresse.

— Poderei contar com você? — Fátima questionou ao deus, os olhos presos em uma pequena flor de cristal em sua mesa. Verena havia resgatado aquele artefato para ela quando tinha dezoito anos em uma missão na Guatemala. Uma época que ainda acreditava que se fizesse as coisas do jeito certo e trouxesse objetos bonitos, seria capaz de fazer a mãe sorrir para ela como antigamente.

No dia em que a libertei, lhe fiz uma promessa. Manterei minha palavra e a ajudarei.

— Claro, até porque sua bunda ossuda também está em perigo. — Verena revirou os olhos ao resmungar, recebendo um olhar feio da mãe logo em seguida.

— Ótimo. — concordou Fátima ignorando as piadas da filha.

O deus parecendo não esperar qualquer tipo de adradecimento apenas afirmou com a cabeça uma vez antes de desaparecer no ar em um piscar de olhos. Para onde havia ido, Verena não sabia, mas pela brisa fria que beliscou sua nuca, sabia que estava bem perto.

E finalmente mãe e filha estavam sozinhas de todas a maneiras esperadas após meses sem ver a cara uma da outra. Até mesmo as câmeras que sempre estavam em alertas dentro daquele projeto de escritório haviam sido desligadas de maneira discreta pelos dedos ágeis de Fátima. Ninguém as atrapalharia se não estivesse ocorrendo uma verdadeira emergência.

— Por que aquele monstrengo parece babar pelo chão onde você pisa? — Verena crispou os olhos na direção da mãe, que suspirou.

— Eu não era um avatar como os atuais. Estava mais para uma diplomata.

— Então eu não preciso ficar imaginando você andando por aí batendo nas pessoas vestida com uma fantasia de múmia guerreira?

— Não. — Fátima revirou os olhos. — De tempos em tempos eu me reunia com os outros avatares da Eliade, onde discutiamos o que observavamos da humanidade. Por várias vezes cedi meu corpo para Khonshu nessas reuniões. E muitas outras vezes fui capaz de impedir que ele fosse aprisionado em pedra. Ele pode ser bem temperamental as vezes.

— As vezes? — debochou. — Eu nunca viu alguém tão dramático quanto o cara de arará! E olha que convivi por anos com Miquéias.

— Por mais que eu não goste, preciso concordar com essa avaliação. O drama de Khonshu e seus pensamentos revolucionários por várias vezes o colocou em apuros com os outros deuses. O salvei mais vezes do que posso contar.

— Por isso então ele é tão grato? Você salvou a bunda dele e agora ele te deve um favor.

— Sim, mas também vai além. Acabamos construindo uma amizade durante o período em que fui seu avatar. Com dívida ou não, ele viria se eu chamasse.

— É um pouco difícil de acreditar. — Verena resmungou desconfiada. A imagem que tinha do deus não era das melhores, principalmente vendo como Marc e Steven ansiavam para se livrar daquele acordo.

— Ele não é tão ruim assim. Ao menos, não era. Se passaram anos demais para até mesmo um deus não mudar.

Verena não discutiu, decidindo permanecer em silêncio.

Vários minutos se passaram e tanto mãe quanto filha não disseram uma única palavra. Pareciam por fim, voltarem aos velhos hábitos.

A maioria dos encontros entre Fátima e Verena eram assim, repletos de silêncio desconfortável e perguntas impessoais. A mercenária não sabia exatamente quando a relação mãe e filha amorosas se transformou naquilo, mas sabia que tinha uma boa participação, mesmo que não fosse a única. Fátima também tinha sua parcela de culpa, transformando a filha em uma caçadora de fortuna ao mesmo tempo que se trancava dentro de si, remoendo uma dor que ela não podia culpa-lá por sentir, mas que também não deixava de se ressentir. As coisas apenas tinham esfriado, os abraços se tornando desconfortaveis, as frases carinhosas parecendo erradas. Doía mais do que Verena gostava de admitir perder a mãe enquanto ainda estavam ambas vivas, mas ao mesmo tempo, parecia que nenhuma delas sabia concertar o que quer que estivesse quebrado.

— Pretende ficar? — Fátima foi a primeira a quebrar o silêncio, porém não a primeira a erguer o olhar. A mais velha permanecia olhando a flor, os dedos longos adornados apenas com uma fina aliança dourada, contornando as  pétalas delicadas.

— Apenas por um tempo. — Verena respondeu em seu tom seco usual.

— Verena...

— Não tente. — cortou. — Tenho uma vida fora daqui e você sabe. Quanto mais tempo passo longe do consultório, mais trabalho se acumula. Além do mais, quais motivos teria para ficar?

Ela se encolheu por dentro quando a mãe ergueu seus olhos suplicantes em sua direção, sabendo que as palavras haviam machucado. A mercenária tinha a perfeita noção de cada farpa que atingia a mãe, cada pontinha de tristeza pela qual era responsável. Mas não podia evitar, mesmo depois de anos de terapia, continuava com aqueles atos egoístas, tentando obter a atenção da mãe pela dor. Era a única maneira que recebia o afeto, quando via, mesmo que em parcela bem menor, a dor da perda naqueles olhos tão parecidos com os seus. Era uma maldita filha puta por fazer essas coisas com a própria mãe, mas eram pecados pelos quais pagaria no futuro.

A culpa diminuía um pouco ao ver que Fátima não tinha resposta a sua pergunta. Nem a mais fajuta desculpa para dar. Poderia dizer qualquer maldita coisa. Que precisava dela para mais uma missão, para treinar novos membros, até mesmo para ver a porra de uma bananeira crescer! Verena só queria que ela tivesse coragem o suficiente para pedir que ficasse.

Mas ela não o fazia. Se recusava veementemente a isso. Então Verena partia. Simples assim.

— Talvez... — a incerteza na voz de Fátima foi o que lhe chamou atenção. A mais velha não fazia aquele tipo. — Você pudesse ficar algumas semanas a mais do que pretende? Sua presença pode ser algo bom... Por conta daqueles três...

Era a primeira vez que aquilo acontecia. Verena estava pensando sobre querer isso a poucos segundos, uma desculpa para ficar. Agora que tinha, estava surpresa demais para responder imediatamente. E pela expressão de Fátima, a bendita mulher estava entendendo seu silêncio de forma errada, maldição!

Verena abriu a boca para responder, dizendo que ficaria o tempo que precisasse, obviamente disfarçando a carência em sua voz apenas com o toque calculado de frieza, quando foram interrompidas pelo baque da porta na parede.

— Mas que porra, Miquéias! — Verena gritou se virando na cadeira onde estava, um olhar fulminante em seu rosto.

Fátima não parecia estar muito mais feliz com o novo intruso, apenas estava disfarçando melhor. A mulher odiava ser interrompida em suas reuniões, principalmente aquelas com Verena. O que fazia a mercenária pensar que talvez a mãe gostasse mais do que demonstrava de sua presença.

— Miquéias, quantas vezes preciso dizer que não quero ser interrompida? — questionou a mãe entre dentes.

— Desculpe! — falou o homem ofegante tentando não tremer sob a mira de não apenas um, mas dois olhares irados. –
— Mas há problemas!

— Que tipo de problemas? — Fátima perguntou, mas não precisou de palavras vindas de Miquéias para responder. O barulho explosivo acima de suas cabeças foi o suficiente antes mesmo que o homem desse as notícias.

— Está acontecendo um ataque. — falou o homem ofegante. — Feras estão tentando achar a entrada do abrigo.

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