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Ela precisava admitir, no início não gostou nada de Verena Thullis.

Afinal, quem gostaria logo de cara de uma pessoa de ego inflado, mandona e agressiva que falava um palavrão a cada frase? Sem falar naquela viagem forçada a que foram submetidos sem muitas explicações. Era tudo tão cansativo e que não favorecia em nada a impressão que a mulher passava para os outros.

Porém também precisava admitir que estava começando a entende-la um pouco mais. Nos dias que passaram viajando e dormindo em um mesmo quarto, Layla conseguiu ver mais de Verena do que a outra queria demonstrar.

Sua dedicação para com o trabalho era gritante, beirando a obsessiva. Passava horas em frente ao computador, mexendo em pastas com nomes variados, fazendo telefonemas que duravam horas e em algumas das vezes, até video chamadas. Tudo relacionado ao seu consultório. E pelos detalhes que ela deixava a solta, ficava óbvio que Verena realmente se importava com cada paciente do qual cuidava. Mesmo a distância, importunava suas funcionárias querendo saber cada pedacinho de novidade das últimas horas, principalmente das crianças.

E se sua dedicação aos seus pacientes não fosse o suficiente para fazer Layla questionar-se sobre quem era ela, a forma como reagiu em seu luto por Catarina teria feito.

Foram longas aquelas noites em que Verena fingia dormir, esperando até Layla "pegar no sono" para se levantar, pegar algo em sua mala e se trancar no banheiro com a luz apagada. Ali, a mulher permanecia por horas a fio, quase que em completo silêncio se não fosse pelos fungados baixos e alguns soluços que escapavam pelo vão da porta. Se perguntasse, Verena nunca iria admitir que sofria tão intensamente, mas era óbvio que apenas se fingia de durona quando ma verdade era uma sensível de coração frágil.

A questão era que Verena parecia sentir demais as coisas e sempre de forma muito intensa. Se tinha raiva, gritava e xingava sem se importar com ouvidos mais pudicos. Se ria, o fazia com gosto contagiando as pessoas a sua volta, como na primeira noite após o ataque onde conversaram de verdade pela primeira vez. E pelo que via, quando passava a sentir mágoa por alguém, deixava bem claro seus sentimentos em seu rosto, não poupando nem a própria mãe.

Saber que a tal Fátima Mendes era aquela que colocou Verena no mundo surpreendeu a todos. Pela forma como se falava da mulher, a relação das duas não era das melhores. Descobrir aquela ligação entre as duas só tornava tudo mais complicado. Layla se perguntava o que poderia ter acontecido entre elas para causar tamanho desconforto em Verena que a todo momento tentava fugir dos abraços, toques e carinhos de Fátima, se recusando inclusive a ir no mesmo carro que a mulher quando chegou a hora de serem guiados até o abrigo.

O caminho foi lento, Verena se colocando no banco do carona cada vez mais tensa. As vezes, resmungava sozinha em português como se tentasse organizar seus próprios pensamentos, as mãos sobre o colo inquietas, assim como a perna que não parava de se mexer em um tremilique que estava deixando até a Layla inquieta.

Os movimentos ansiosos permaneceram após chegarem no abrigo, saírem do carro e ali, em uma sala que parecia ser um escritório onde ela, Verena, Marc e Miquéias haviam sido alocados junto a Fátima e o tal mal encarado do Vitório. Layla inclusive não gostava daquele homem e ao contrário do que aconteceu em relação a mercenária ao seu lado, não achava que a primeira impressão iria mudar.

A sala subterrânea era decorada de maneira simplória, as paredes pintadas de bege enfeitadas apenas com algumas poucas pinturas das quais Layla não reconhecia o padrão como sendo de nenhum artista conhecido. Sobre a mesa de tampo de vidro, vários artefatos que tinham padrões de várias origens, que iam de egípcia aos povos pré-colombianos estavam espalhados, mas de maneira modesta. Um feito e tanto, considerando que aquela era uma coleção que devia valer uma fortuna.

Em um primeiro momento, aquelas coisas poderiam ser chamativas, mas na verdade, fora aquilo e as pessoas ali presentes, a sala parecia nua. Não haviam estantes com livros ou qualquer outra decoração fora os quadros. Se fossem para avaliar a personalidade de Fátima por aquele ambiente, ela devia ser uma pessoa bem simples.

Se bem que suas roupas chiques e cabelo bem alinhado indicavam outra coisa. Layla esperaria para dar um veredicto após conversarem e ver o escritório real de Fátima.

- Como posso ver que seu humor não está dos melhores, vamos direto ao assunto. - Fátima se pronunciou após vários minutos de silêncio tenso e olhares desagradáveis. - Onde ele está?

Verena não fez questão de responder antes de pegar a pequena caixinha dourada e a jogar sobre a mesa sem cuidado algum. Fátima fez cara feia para a filha, mas não comentou nada ainda assim, segurando a caixinha com um cuidado excessivo antes de a abrir e libertar Khonshu de sua prisão temporária.

A fumaça branca que se ergueu era a mesma que Layla viu quando libertou o deus das outras vezes, primeiro de sua prisão de pedra na Pirâmide de Gizé e depois daquela mesma caixinha algumas noites atrás. Logo, a névoa tomou forma e com um suspiro dramático, o deus egípcio da lua surgiu na frente de todos em sua glória, surpreendendo um total de zero pessoas com sua altura. A única que parecia quase encantada era Fátima, que sorria para o deus com seus olhos castanhos arregalados de empolgação.

- Há quanto tempo, velho amigo. - disse a mulher, seu sotaque ficando ainda mais carregado pela emoção.

- Menina Fátima

A falta de reação que ocorreu com a aparição do deus foi compensada com a forma com a qual ele tratou a desconhecida. A reverência em sua voz cadavérica era quase galanteadora, até mesmo a forma como ele inclinava a ossuda cabeça de pássaro o era. Aqueles dois tinham história, isso ficava bem claro. Restava saber qual.

- Pare de tentar me agradar. Isso não vai livrar você das consequências. - Fátima disse séria, afastando o deus com um abanar de mãos. - Você tem causado muito tumulto ultimamente, Khonshu.

- Tudo tem estado muito confuso até agora. - Layla interrompeu se inclinando em sua cadeira. - Antes de vocês continuarem com o namorico, gostaria de saber por que estamos aqui! E seria bom saber também que tipo de relação vocês tem.

- Você deve ser Layla El-Faouly. - Fátima se voltou para ela, ignorando o risinho de Verena. - Ouvi falar bastante de seu pai. Um homem admirável.

- Infelizmente não posso falar o mesmo de você. - Layla retrucou, sorrindo ao ver as sobrancelhas perfeitamente delineadas de Fátima se erguerem. - Digo, nunca tinha ouvido falar de você antes de Verena aparecer e nos trazer até aqui. E não é como se ela tivesse nos dado muitas informações.

Ao seu lado, Verena continuava a soltar risadinhas a cada vez que sua mãe franzia mais a testa. Ao menos a carranca mau humorada havia sumido do rosto da mulher. Se permanecesse por mais tempo daquela forma, era capaz de se tornar permanente. Já de seu outro lado, Steven permanecia calado e com a expressão fixada nos vários quadros pendurados na parede logo acima da cabeça de Fátima. Se tinha começado a entende-lo bem, o homem deveria estar se coçando para ir admirar aquelas obras mais de perto.

- Infelizmente minha filha tem esse péssimo hábito de não compartilhar o que sabe. - Fátima cruzou as mãos sobre a mesa soltando um suspiro.

- Aprendi com a melhor, não é, mamãe? Podemos dizer até que é uma herança de família.

Havia tristeza verdadeira nos olhos de Fátima quando ela ouviu o deboche na voz da filha e a encarou. Enquanto olhavam uma nos olhos da outra por breves segundos, Layla pode entender que ali se passava uma conversa silenciosa cheia de farpas, da qual a mais velha perdeu após baixar a cabeça enquanto Verena mal piscava, sem vacilar.

- Se quer continuar com sua política de não saber detalhes de sua missão, a hora de sair é agora. - ofereceu a mulher ainda de cabeça baixa.

- Irei ficar. - direta e curta foi a resposta da mercenária. Não deu explicações ou tentou ser gentil. Fátima por sua vez, apenas assentiu.

- Em primeiro lugar, gostaria de dizer que minha ligação com Khonshu é a mesma que a de todos os outros humanos que o cercam.

- Você foi avatar desse papagaio? - Verena arregalou os olhos colocando em palavras a mesma coisa que rondava a mente de todos.

- Mas como? Achei que antes dele ter um acordo com Marc seu avatar fosse o Harrow... - Steven olhava de Fátima para o deus, parecendo buscar respostas em suas formas.

- Isso foi a muito tempo. - Fátima respondeu. - Fui um avatar por um par de anos antes de conhecer... Meu marido. Quando decidi deixar aquela vida para construir uma família, Khonshu me libertou de bom grado.

- Isso foi muito gentil... - Steven refletiu franzindo a testa, então, com um olhar magoado encarou o deus. - Gentil até demais para alguém como você. Me pergunto por que não recebemos o mesmo privilégio?

- Fátima foi um avatar diferente. Devo mais a ela do que a qualquer um de vocês...

- Você conheceu meu pai? - Verena questionou antes que mais alguém pudesse dizer alguma coisa. Sua voz estava calma, mas bem no fundo de seus olhos, havia algo frágil. Uma vulnerabilidade que era espelhada pelos olhos de Fatima.

- Ele conheceu. - Fatima respondeu por Khonshu quando o deus ficou em silêncio. - E eles não se deram muito bem.

Verena parecia querer perguntar mais. Layla podia ver na forma como seus olhos se estreitavam enquanto olhava fixamente para a mãe, mas pareceu deixar a questão para depois. Fátima por sua vez engoliu em seco e ajeitou um dos artefatos em sua mesa, uma pedra colorida em forma de borboleta que refletia a luz como um cristal. Ela parecia inquieta, mas soube disfarçar bem segundos depois quando voltou a falar.

- Voltando ao assunto principal... - disse com sua postura profissional de volta no lugar. - Essa minha ligação com Khonshu acabou trazendo outras pessoas até mim. Como bem sabem, ataques estão ocorrendo por todo país. Vocês mesmo tiveram uma amostra durante a viagem até aqui e posso dizer que aquilo foi apenas uma amostra do que realmente estamos enfrentando. Em um primeiro momento esses ataques aconteceram em locais isolados. De forma tão discreta que eram facilmente confundidos com desastres naturais ou crimes ambientais. Porém, nos últimos meses eles ficaram mais agressivos e mais frequentes.

- Há quanto tempo exatamente tudo isso está acontecendo? - Layla observou pelo canto do olho enquanto Verena se inclinava para frente. - Pela forma que fala, há um período de pelo menos um ano de ataques. Como ninguém soube de nada ainda?

- Assim como o governo estadunidense lida com seus segredos, também fazemos isso aqui. - Fátima se recostou em sua cadeira cruzando as mãos sobre o colo. - Você sabe, essa é nossa função com a organização.

- Sim, sim! Sei bem que você comanda a versão brasileira da área 51, mas fica meio difícil de acreditar que aquelas criaturas estão a anos passando despercebidas pelo mundo todo! A essa altura o Platão da Globo já estaria tocando o terror se um unicórnio tivesse aparecido por aí!

Seguindo aquele raciocínio, a mulher tinha um ponto. Eles causaram uma verdadeira confusão em São Paulo explodindo aquele carro, discrição sendo a última coisa com a qual se preocuparam. Alguém devia ter notado algo! E se, como Fátima afirmava, coisas como aquela estavam acontecendo a um tempo considerável, as pessoas envolvidas que queriam encobrir aquele caos tinham contatos e dinheiro o suficiente para manter tudo longe dos canais de comunicação. Haviam sem querer, se envolvido com gente muito poderosa e talvez até perigosa.

- Podemos dizer que eles até tentaram quando tudo passou a sair do controle. Mas conseguimos contornar a situação. - a mulher mais velha a frente deles ergueu as sobrancelhas. - E não precisamos nos preocupar com os mais teimosos do meio. Depois de coisas como E.T. de Varginha e a grávida de Taubaté, meio que perderam a credibilidade. Voltando ao foco da questão... - continuou Fátima. - Quando as coisas ficaram mais críticas, fomos obrigados a nos envolver. E durante nossas investigações acabamos nos deparando com outras pessoas interessadas nesses ataques e que por coincidência ou não, também estavam a minha procura.

- O que quer dizer? - Marc foi quem perguntou dessa vez, a postura completamente desconfiada e agressiva.

Layla podia ver apenas pela forma com que o ex marido fitava a mulher a sua frente de que ele não confiaria nela para cuidar de uma bala. Estava na defensiva, pronto para pegar um dia vários enfeites da mesa de Fátima e atirar na cabeça de qualquer um que o ameaçasse. Pela forma como Verena tinha olhado para ele, Layla soube que a mercenária não tentaria para-los. Afinal, sua missão estava cumprida e eles não eram mais problema dela. Sabia inclusive que seu pagamento havia caído em sua conta enquanto ainda estavam no carro seguindo para o abrigo. Não havia nada que a prendia ali.

- Acredito que saibam que a existência de deuses não é apenas um delírio religioso. - a mulher disse, apontando para Khonshu para ilustrar. - E assim como existem os deuses egípcios e seus avatares, também temos os gregos, celtas, africanos e mais uma porção. Temos até aquele loiro dos raios na equipe dos Vingadores. Assim, não é de se admirar que os deuses da mitologia indígena também existam.

- Você está dando voltas e não está explicando o motivo real. - Marc parecia cada vez mais impaciente. Para quem não o conhecia, sua postura curvada, com os braços apoiados nas coxas e mãos cruzadas poderia até aparentar relaxamento, mas Layla sabia mais. - Por que estamos aqui?

- Enquanto investigava os ataques fui abordada por uma mulher chamada Sarah Carvalho. Ela é avatar do deus Tupã e acredita que esses ataques tenham ligação com uma antiga entidade que deseja destruir todos os deuses.

Todos ficaram em silêncio naquele estranho escritório. Miquéias estava tão silencioso em seu posto na porta que estava praticamente esquecido, assim como Vitorio que se mantinha como uma estátua viva atrás de Fátima. Verena, sentada de maneira completamente desleixada tentava passar uma aparência de quem não estava completamente interessada, mas seus olhos não paravam de se voltar a cada segundo na direção de Marc, esperando uma reação. Assim como Layla também o fazia.

Por terem saído vezes demais em aventuras juntos, ela sabia o que aquele silêncio antecipava. Aqueles momentos em que a calma cobria seus ombros e a expressão se tornava vazia era quando a mente do homem se tornava mais tumultuada. Ela quase podia ver as engrenagens se movendo freneticamente dentro de sua cabeça.

- Ainda não entendo como isso afeta a mim. - Marc finalmente falou, erguendo os ombros. - Um pouco antes de sua agente nos arrastar até aqui, estava prestes a me desligar do posto de avatar. O que torna isso problema apenas de Khonshu e não meu.

- Eu também pensei a mesma coisa quando fui abordada por Sarah. Não sou mais um avatar a décadas, mesmo assim ainda corro risco de me tornar um alvo. Assim como você.

- O que você não está nos contando? - Verena esticou a coluna, entrando em estado de alerta.

- Quando Sarah me abordou ainda estávamos tentando achar uma ligação entre os ataques, que até o momento nos pareciam ser aleatórios. Mas não são. - Fátima puxou uma pasta de baixo da borboleta e entregou a Marc. Layla se inclinou por cima do ombro do mesmo tentando ver o que tinha lá dentro, vendo várias fichas com rostos e dados diferentes que não pareciam ter nada em comum entre si. - Percebe um padrão?

- Todos são avatares de deuses. - Marc respondeu passando o dedo sobre uma linha destacada com marcador verde limão. Conforme ele foi passando as páginas, mais linhas esverdeadas surgiam.

- Eram, na verdade. Infelizmente todas essas pessoas estão mortas. - Layla viu quando os ombros de Marc ficaram tensos ao ouvir aquelas palavras, os nomes nas fichas contendo um novo significado. - Não importa em qual parte do país acontecesse os ataques, sempre havia alguém que era ou já tinha sido um avatar. E como pode ver, deuses de todas as mitologias são afetados.

- Então você quer me dizer que fui trazido aqui para minha proteção?

- Sim, mas não apenas isso.

- Continue falando.

- Sarah me procurou por saber de minha ligação com Khonshu. O objetivo dela é reunir o maior número possível de avatares e deuses para acabar com esses ataques antes que os mesmos evoluam para fora do território brasileiro. Esperava que após reencontrar Khonshu, ele poderia me ajudar a convencer os outros deuses da Eliade para essa aliança, mas considerando os acontecimentos do Cairo, dificilmente haverá outros avatares.

O olhar que Fátima lançou a eles, incluindo o deus pássaro, lembrou Layla do olhar repreensivo de seu pai. Por mais que não fosse culpa de nenhum deles, a morte dos outros avatares ainda pesava sobre os ombros de Layla e no de Marc também, se ela bem o conhecia.

- Acontece que qualquer pessoa ligada aos deuses está em perigo e precisamos de ajuda. - continuou a mulher suavizando sua expressão. - Se nos ajudarem, tanto Sarah quanto a organização irá garantir sua segurança. Porém, estão livres para ir se assim desejarem, mas estarão por conta própria.

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