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Abro os olhos, tentando focá-los no ambiente a minha volta. Sinto uma brisa gelada, a terra úmida ao meu redor. Sento-me, olhando ao redor. Vejo algumas figuras próximas, Azra e Michael para ser específica. Eles olham ao redor também, mexendo as mãos testando a fidelidade da simulação. Olhos para minhas mãos, mexendo-as. Realmente parece real. O céu escuro e nublado agita os pinheiros do bosque, agora ameaçador. Levanto-me e os outros fazem o mesmo. Um pouco a frente, avisto o Instituto, a parte de trás, com a aparência destruída. Poucas luzes refletem de suas janelas, piscando vez ou outra. Saio do bosque e avisto melhor o grupo, saindo da mata. Nos reunimos, ainda perdidos e assustados.

―Ok, estamos no Instituto ― Rosie diz, reunindo as informações que temos

Observo a estrutura, as paredes destruídas, janelas quebradas e poucas luzes iluminando o lugar.

―Esse não é o Instituto. Ele esta destruído ― Volto os olhos para o grupo, agora disposto em um circulo ― Pelas trevas.

A brisa gelada passa por nós, tornando o momento mais sombrio. Todos observam a construção, algumas partes em ruínas. Olho na direção de meu quarto, e um arrepio me percorre quando o vejo completamente desmoronado, as paredes laterais inexistentes e a clarabóia com os vidros quebrados. Adack tira todos do transe, parecendo focado e inabalado.

―Ok, qual é o plano?

Não temos um plano. Não sabemos nem por onde começar. Rosie raciocina em voz alta.

―Ok, estamos do lado oposto da sala, com certeza não podemos apenas contornar o Instituto, seria fácil demais. Precisamos entrar.

―Eles estão lá dentro ― Azra diz, a voz tremula ― Como vamos passar por eles? Eles possuem domínio total dos elementos!

Minha cabeça começa a maquinar. Como vencer um oponente armado de forças que você desconhece? Uma ideia brilha em meio à escuridão.

― É simples ― Levanto os olhos, saindo do mar de pensamentos ― Vamos virá-los contra eles mesmos.

✧✧✧

Repassamos nossa espécie de plano. Me lembro dos princípios ensinados por Maximus. Temos nosso objetivo e nossa estratégia, agora precisamos colocar tudo em prática. Não tenho ideia de como vamos executar nosso plano, mas nosso objetivo é claro. Nos entreolhamos uma ultima vez, buscando coragem um nos outros. Convivemos muito nos últimos dias, mas nunca me senti tão próxima quanto agora. Somos um time. Seguimos até a porta dos fundos do instituto, adentrando o que se assemelha a uma dispensa, porém totalmente destruída. Até o cheiro de alimentos podres ocupa o ambiente. Isso definitivamente parece muito real. Não sei o que teremos a disposição, que tipo de objetos ou armas em potencial, só sei que precisamos inutilizar o que nos faz mais fracos: Os poderes. Seguimos com cautela pela dispensa, Adack e Michael na frente. Tentamos andar o mais silenciosamente possível, temendo atrair a atenção de algum de nossos rivais. Saímos da dispensa em uma cozinha, grande, o lustre do teto parcialmente apagado e pendurado, fios passam pelo teto e pendem pelas paredes, e não deixo de sentir um arrepio provocado pela tensão pulsante deles. Faço uma nota mental para me manter longe das paredes. Caminhamos com passos cuidadosos, quase inaudíveis, até que um ruído alto vem de nossas costas, olhamos para trás, alarmados com o barulho repentino e fora dos planos, e me deparo com Azra, as mãos na boca, e a sua frente uma lata rolando. Nosso sigilo já era. Como se imediatamente, ouço passos pesados vindos da outra porta da cozinha, e procuro qualquer coisa que me sirva de arma. Um rolo de massa, ótimo. Alliot surge pela porta, a expressão assustadora. Ele parece maior do que o normal. Ele diz, o tom rouco e arrepiante

―Ora, veja só se não são meus peixinhos― Ele sorri assustadoramente― Prontos para nadar?

Dito isso, as torneiras e canos parecem tremerem. Engulo em seco, percebendo o que aconteceria a seguir. Quase como se lendo meus pensamentos, Michael também antecipa, e salta na direção de Alliot, jogando todo o peso de ser corpo na tentativa de derrubá-lo. Mas é tarde demais. Canos estouram, lançando água pressurizada com tanta força que derruba a maioria de nós. Sinto as costas baterem com força nos armários parcialmente destruídos, mas ainda assim resistentes o suficiente para causarem danos em meu corpo. A dor é real. Todos estamos caídos, encharcados com os jatos de água repentinos. Menos Adack. Ele agarra uma panela, o único objeto em seu alcance, e parte para cima do brutamonte, que lança Michael na direção da geladeira de metal. Ele bate com as costas, e juro que consigo ouvir suas costelas quebrando. Zara e Rosie vão em socorro dele, enquanto olho ao redor ponderando meu próximo movimento. Adack tenta atingir o rosto de Alliot com a panela, mas o loiro segura seu punho no ar, soltando um grunhido que sinto tremer o chão. Alliot atinge a barriga de Adack com um soco, fazendo com que se curve com o impacto. Quase não vejo Azra chegando sorrateiramente por trás, batendo em suas costas com o resto de uma cadeira destruída. Alliot sofre com o impacto, mas não o suficiente para que seja derrubado. Ele vira quase lentamente para trás, e o Nerd arregalando os olhos, presumindo o que viria a seguir. O loiro grunhe mais alto, e agarra o pescoço de Azra, levantando-o no ar. Ele se aproxima de uma pia, o rosto do garoto já ficando roxo. Os canos parecem saltar para fora da parede, contorcendo-se à medida que a água pressurizada corre por eles. Alliot bate a cabeça de Azra contra a pia, e seus olhos reviram. Ele puxa um dos canos vindos de baixo, e o prende em volta do pescoço do garoto, prendendo-o contra a pia. Imediatamente, água começa a brotar da torneira, enchendo seu recipiente rapidamente. Ele vai afogar Azra. O garoto não parece ter muitos reflexos restantes, e começa a engasgar com a água, tentando soltar-se da armadilha feita com o cano de metal. Porém, o cano não cede, obedecendo ao fluxo da água que corre em seu interior. Preciso pensar rápido, ele vai nos matar. Olho para Adack, apontando minha estratégia com os olhos, e ele assente. Precisamos molhar o local. Precisamos provocá-lo. Zara encontra uma faca, e não sei de onde encontra tanta coragem, mas parte para cima em defesa do menino nerd, quase submerso. Ela crava a faca no ombro de Alliot, que grunhe de dor. Ela se afasta, mas não o suficiente para escapar do soco deferido em seu rosto. A garota cai no chão, parcialmente desconcertada. Rosie me olha desesperada, e sinalizo Azra com os olhos, meu olhar desesperado, o mais próximo de um "salve ele" que consigo. Grito, chamando a atenção do Loiro enraivecido.

―Ei! ― Ele me olha, os olhos fumegando― Acho que estou com um pouco de calor, Cabeça de peixe!

Ele sorri, entrando na provocação. Arrependo-me no segundo seguinte. A umidade da parede parece levitar, juntando-se com gotas da poça que molha o chão. Pequena demais ainda. Uma bolha se forma acima de minha cabeça, e logo me vejo imersa nela. Caio no chão, prendendo a respiração para não me afogar. Me debato, mas meus movimentos não parecem ter quaisquer efeitos sobre a bolha, agitada ao redor de minha cabeça. Começo a engolir um pouco de água, o gosto amargo. Quando penso que realmente vou me afogar, a água cai por meu corpo, aliviando meus pulmões, que tossem e expelem a água inalada para fora. Michael esta do meu lado, checando como estou e me ajudando a expelir a água. Rosie tenta acordar Zara, e imediatamente olho para a pia. O corpo de Azra esta lá, preso ao cano, agora imóvel. Esta morto. A ideia me atinge como um soco, e paraliso por alguns segundos, fitando a imagem do garoto. A cabeça submersa na pia, os braços caídos ao lado do corpo. Zara balbucia, e Rosie a estapeia desesperadamente enquanto Adack troca golpes com Alliot. O homem é realmente um exercito de um homem só. O loiro derruba Adack no chão, e começa a atingi-lo com socos repetidamente. Olho para o chão, ainda sem água o suficiente. Encontro um conjunto de copos e taças no canto de uma bancada, e começo a atirá-los com a ajuda de Michael, atingindo a cabeça e nuca de Alliot, provocando cortes significativos. Ele levanta, deixando Adack um pouco atordoado no chão, os lábios rubros de sangue. O brutamontes se levanta, agora já um pouco abatido, com vários cortes e sangue manchando as mechas claras e curtas. Irado e sem muitas forças restantes para um combate físico, ele invoca mais canos das paredes. Perfeito. Os canos sacodem, ansiosos em expelir a água corrente em seu interior. Ele urra, e a cozinha inteira sacode. Grito, minha voz rouca de tanto tossir

―ABAIXEM!

Me jogo atrás de uma porta caída de um armário, junto de Michael. Água explode por todos os lados, com força suficiente para machucar quem estivesse no caminho. Zara estava. Não conseguiu se abaixar o suficiente, e um cano feroz acerta sua testa, cortando a mesma imediatamente. A garota cai, inconsciente. Não podemos fazer mais nada, preciso concluir meu plano. Olho para Adack, que assente para mim. É agora. Sussurro para Michael, agachado ao meu lado

―Tire Rosie daqui, eu e Adack vamos cuidar disso― Digo, adrenalina percorrendo todo meu corpo.

Não sinto medo.

Rosie esta agachada atrás da mesa central, e Michael corre e a puxa pelos braços, que cambaleia no inicio, mas segue o garoto prontamente. Aproximo-me das paredes e Adack atira objetos na direção de Alliot, ocupando o inimigo enquanto alcanço meu truque final. Subo na bancada próximo a entrada, aproximando-me da parede.

―Por favor, não me mate, não me mate― Digo baixinho.

Os fios estão encapados, e quando os toco com cuidado, não me atingem. Olho para Adack, que troca olhares desesperados comigo, os objetos já esgotados. Grito, o som saindo do fundo de minha garganta.

―AGORA!

Adack pula sobre a mesa, deixando Alliot confuso. Puxo os fios com toda minha força, arrancando uma parte do teto. As pontas faíscam com a tensão. Atiro-os na água, que agora cobre todo o chão da cozinha. Em questão de segundos, Alliot tremula, a corrente percorrendo seu corpo. Ele cai de joelhos, e consigo ver fumaça saindo de seus corpo. Solto um suspiro exasperado e olho para Adack, que sorri surpreso.

―Funcionou!

A adrenalina dá lugar a uma onda de prazer, empolgação. Vencemos um, agora restam mais dois. Porém minha felicidade é curta, e some assim que me deparo com as baixas. Zara tremula no chão, igualmente eletrocutada pela tensão dos fios conduzida pela água. Se ela não morreu com o impacto na cabeça, com certeza morreu agora. O corpo de Azra continua imóvel, completamente encharcado com a água que transborda da pia. Sinto por eles, mas preciso continuar. Olho para Adack, os lábios manchados de sangue.

― Você esta bem? Sua boca...

Ele passa as mãos pelos lábios, notando o sangue somente agora.

―Não foi nada? E você? Quase se afogou― Ele me olha cauteloso, assinto. ― Que ideia genial Lizzie.

Sorrio, agradecida pelo reconhecimento. Olho para o chão, completamente coberto de água elétrica. Como vamos sair dali sem sofrermos um choque? A porta está a pelo menos um metro de distancia da mesa central, e vejo Rosie e Michael se aproximando. Ambos gritamos

―Não pisem na água!

Eles param imediatamente, olhando para a cena. Quando entendem o que aconteceu, não escondem a surpresa.

―Você o eletrocutou― Rosie diz pasma, a expressão dura― Água conduz corrente elétrica.

Michael comemora

―Genial! Venham, precisamos ir. ― Ele diz animado, porém muda a expressão ao entender nosso real problema no momento.

Adack analisa o ambiente, calculando nossas possíveis rotas. Ele parece ter tido uma ideia.

―Lizzie, você precisa pular ate aqui. Precisa chegar à mesa.

Gelo. O salto é longo, quase impossível. Olho para ele com os olhos arregalados, transparecendo o pavor que percorre meus nervos. Ele estende a mão, sem desviar o olhar

―Eu vou te pegar― Seu olhar é terno, a calmaria em meio ao caos. ― Confie em mim.

Olho para Rosie e Michael, que me encorajam com as cabeças. Respiro fundo, calculando o impulso necessário para concluir o pulo sem cair na água. Não posso perder agora. Fico de pé, a bancada um pouco bamba, igual minhas pernas. Começo a respirar rápido, a imagem da poça de água cheia de fios faiscando me apavorando.

―Ei! Olhe para mim. ― Adack pede― Olhe para mim!

Obedeço. Se ele soubesse o quanto olhá-lo diretamente assim me desconcerta, não me pediria que o fizesse. Ele assente com a cabeça, repetindo o pedido de confiança com o olhar. Respiro fundo, calculando uma ultima vez a distancia. Conto até três, obrigando a mim mesma a confiar não só nele, mas em mim também. Três, dois, um... Salto, voando no ar quase em câmera lenta. Aterriso em seus braços, nossos rostos próximos. A mesa balança. Rosie e Michael comemoram, mas só consigo sentir cada pedaço da madeira abaixo de mim, grata pelo apoio. Adack sorri e olha para a próxima tarefa. Precisamos chegar até nossos companheiros. Alguns canos pendem do teto. Não acredito que ele realmente esta pensando nisso.

―Você não esta considerando nos pendurarmos nesses canos, esta???? ― Ele me olha, o olhar quase divertido― ADACK! Nós vamos cair.

Ele olha para os metais pendurados e sorri

―Precisamos tentar, não temos alternativa.

Rosie coloca as mãos na testa, reconhecendo o perigo da ideia. Michael parece um pouco mais atento à loira do que nosso desafio suicida. Sério?

―Eu vou primeiro, se eles me aguentarem, vão aguentar você.

Estremeço com a ideia de vê-lo caindo na água eletrocutada. Preciso me lembrar de que estamos em uma simulação, mas ainda assim as sensações são totalmente reais. Imagino como deve ser morrer. Adack se levanta, focado. Os canos parecem firmes, mas ainda assim escorregadios. Ele respira fundo, e faço o mesmo. Começo a rezar mentalmente, apelando agora para os deuses que até então me pareciam manipulações da Ordem. Que eles me ouçam.

Adack pula, alcançando o primeiro cano, e balança com os dois braços segurando o metal. Não consigo deixar de reparar em seus músculos, apertados ao uniforme escamado. Afasto o pensamento, focando no atual cenário. O próximo passo é mais difícil, o cano esta pendendo, e só é possível segura-lo com um braço só. Não sei se tenho a força necessária, mas ele tem. Adack salta entre os canos com agilidade, quase como uma criança em um brinquedo infantil. Ele faz o ultimo salto, aterrisando próximo a Rosie e Michael, que comemoram. Ele se vira para mim. Minha vez. Seco as mãos suadas na roupa, também molhada. Respiro fundo mais uma vez. Lá vou eu de novo. O primeiro cano é mais fácil, e o agarro com facilidade. Tento não olhar para baixo, parte do corpo de Alliot visível. Fecho os olhos por alguns segundos, procurando meu foco de novo. Foco Lizzie! Estico o braço direito até o próximo, e me solto do cano anterior. Meu corpo pende, pendurado pela força de minha mão direita. Sinto-a começando a escorrer. Preciso ir ate o próximo. Balanço o corpo, conseguindo um pouco de impulso. Seguro-me com os dois braços no próximo, começando a sentir os músculos queimarem. Não vou agüentar por muito tempo. Falta pouco. Tento seguir pelos canos seguintes o mais rápido que consigo, sentindo minha força se esgotar. Quando chego ao ultimo, sinto-o um pouco instável, bambo quando me penduro. Preciso pegar impulso para meu ultimo salto, consideravelmente longo. Começo a balançar as pernas, mas o cano cede um pouco, aproximando-me da água. Olho para baixo, meus pés quase tocando o chão. Busco meus colegas, tensos, os olhos arregalados e ansiosos. Só tenho alguns segundos até o cano ceder completamente. Pego o Maximo de impulso que consigo e me desprendo do cano, que cai atrás de mim na água eletrizada. Aterrizo desajeitada, caindo sobre os três, que me seguram, quase me abraçando. Respiro aliviada, nenhum indicio de choque percorrendo meu corpo. Depois de alguns segundos me recuperando da tensão, olho para a cozinha alagada uma ultima vez. Seguimos pelo Instituto, os corredores destruídos. Um arrepio me percorre, imagino o que deveria ter acontecido para que tudo ficasse assim. As luzes estão fracas, tremulando. Todos parecem bem, Rosie tem um corte no supercílio e Michael esta com um olho inchado, mas conseguimos seguir. Todos permaneceram atentos, assustando com qualquer movimentação ou barulho suspeita, o cuidado com o chão redobrado. Passamos pelo ginásio, todos os vidros quebrados e, infelizmente, sem armas. Acreditei que fosse encontrar um de nossos inimigos restantes aqui, mas tudo permanece vazio. Fico mais tensa, ansiosa com o próximo embate, talvez eu não tenha tanta sorte dessa vez. Seguimos pelo térreo, e começo a ouvir o uivo do vento vindo das janelas da sala de jantar. Cohen deve estar lá. Sinalizo para o grupo e eles consentem. Nos aproximamos com cautela, e vejo Cohen parado de costas para nós, observando o jardim destruído do Instituto.

―Não achei que fossem chegar até aqui― Ele inclina um pouco a cabeça, seus cabelos platinados refletindo a luz do luar― Mas já que chegaram...

Um vaso de cristal, antes no centro da mesa, voa em nossa direção, e Michael entra na frente, recebendo o impacto. Diversos cacos de vidro cravam em sua pele, e solto um grunhido aterrorizada. Não podemos perder mais um. Adack parte para a ofensiva, ganhado tempo para criarmos um plano. Não consigo pensar. Michael balbucia

―Vidro.... ―Sangue começa a brotar de sua boca― Cortem-no com vidro.

Não consigo raciocinar, mas Rosie maquina. Adack troca golpes ferozmente com o garoto magro, o vento vindo da janela aumentando. Rosie arregala os olhos.

― Precisamos de vidro, cacos. Quando Cohen levantar uma corrente de ar forte, vão cortá-lo.

Ela esta certa. A sala é rodeada de espelhos, só precisamos destruí-los. Nos levantamos e começamos a buscar por objetos. Encontro um pedaço de moldura, vinda de algum quadro destruído, e o arremesso no painel de vidro lateral. O vento uiva, fazendo com que folhas voem pela sala. Cohen atrai uma corrente de ar suficiente para lançar Adack pelos ares, chocando-o contra outro espelho, quebrando-o em pedaços. O vento aumenta e os estilhaços começam a voar, atingindo nós também em uma espécie de ciclone. Quase não consigo ouvir Rosie, mas entendo o que diz

―Me sigam, tenho um plano! ― Ela sai correndo da sala, agarrando um pedaço de vidro quebrado afiado. Jogo uma lasca de espelho pontiaguda na direção de Cohen, ganhando tempo suficiente para que consiga alcançar Adack. O garoto urra com o corte promovido pelo estilhaço, a barriga agora sangrando. O vento aumenta. Corro com Adack para fora da sala, e alcançamos o salão de entrada em meio a tropeços. Cohen nos segue, irritado. Eles se zangam tão fácil. Procuro por Rosie, mas não a vejo em lugar nenhum. Quando o garoto platinado chega até o hall principal, todos os vidros de janelas e portas estouram, espalhando estilhaços para todos os lados. Pego outra pequena lasca pontuda, que agora corta minha mão também, mas ignoro e avanço até ele. Seja lá o que Rosie está planejando, preciso ganhar tempo. Adack ainda se recupera. Parto para cima, empunhando o pedaço de vidro, mas Cohen segura meu punho e me acerta uma cabeçada. Fico tonta, desnorteada. Ele invoca uma corrente de ar, lançando um quadro contra mim. Caio no chão, sentindo o impacto da peça pesada contra meu corpo. Adack parte para cima. Minha visão esta turva, e consigo sentir sangue quente escorrendo pelo meu rosto. Adrenalina me percorre de novo, e esqueço qualquer dor que sento. O grande lustre acima da escada tremeluz com a força do vento. Onde diabos esta Rosie? Adack parece tentar conduzir Cohen para a escada, e me junto a ele. Eles trocam golpes em sincronia, e me aproximo por trás, agarrando seu pescoço. Cohen para os golpes, tentando desvencilhar-se de minha prisão, mas recebe socos de Adack no estomago. Ele me acerta uma cotovelada na barriga e solta os braços. Adack também é atingido por um soco, e recua um pouco. Desvio por pouco de seu punho e, instintivamente, chuto o meio de suas pernas. Adack acerta o joelho do garoto, virando-o em um ângulo não muito agradável. Ele cambaleia ate a escada, recuperando o fôlego. Ele sorri, os dentes cobertos de sangue. Sua voz sai ofegante, o corpo deitado nos degraus gélidos de mármore

―É so isso que vocês têm pra oferecer?

Uma voz feminina ecoa de cima da escada do segundo andar.

―Não, não é.

Tudo acontece em uma fração de segundos. Adack pula em cima de mim, derrubando a nós dois no chão. Seu corpo cobre o meu, pesado e ofegante. Segundos depois, Rosie pula do parapeito do segundo piso, atingindo o grande lustre acima da escada. Ela balança no mesmo, segurando-se ao cabo que sustenta ao mesmo. Com poucos movimento, Rosie corta-o, e fecho os olhos preparada para o impacto. O lustre se solta, caindo com Rosie em cima de Cohen. Estilhaços voam para todos os lados, e cobro o rosto com as mãos. O corpo de Adack me protegendo da amioria dos estilhaços que voam do impacto. Quando a poeira baixa, olho para a escada. O corpo de Cohen esta estirado em baixo do lustre, espremido entre esse e a escada. Já Rosie esta por cima, uma das hastes do lustre perfurando sua barriga. Ela não se mexe, e meu coração aperta. Porém, é o que vejo a seguir que me destrói por completo. Adack me olha com os olhos arregalados, alternando entre meus dois olhos. Não consigo decifrar sua expressão ate que sangue começa a escorrer se sua boca. Olho para baixo e vejo um estilhaço perfurando desde suas costas até seu peito, passando pelo coração. Ele segue meu olhar e amolece o corpo.

―Adack? ― Ele sai de cima de mim, pendendo o corpo no chão― Adack!

Sangue sai da ferida, sujando o uniforme. Olho ao redor na busca de ajuda, mas tudo esta quieto. Não sobrou ninguém. Lágrimas de desespero correm por meu rosto. O que vou fazer? Ainda tenho o pior para enfrentar. Seguro o rosto dele, já pálido e os olhos quase sem vida. Observo a fenda de seus olhos, agora quase negra à luz fraca vinda do luar exterior. Respiro pesadamente por alguns segundos, ainda sobre seu corpo. Preciso continuar. Agora estou sozinha. Eu contra a garota das chamas. Levanto-me, o corpo todo reclamando com o movimento. Avalio meus ferimentos, o rosto com uma trilha de sangue, as costas extremamente doloridas, e acredito que algumas costelas quebradas. Não há tempo para dor. Olho na direção de meu destino final, buscando a coragem restante em meu ser. Tem que ter restado alguma coisa. Sigo até a porta da sala de reunião,os passos mancos, mal sabendo o que me espera: O inferno.

Abro a porta da sala. As chamas da lareira iluminando o ambientem. Marvissa esta sentada na frente da mesma, os pés em cima da mesa, o sorriso de canto estampado em sua expressão irônica. Atrás dela, consigo ver a bandeja onde ficam as pedras. Estou tão próxima.

Ela tira os pés da mesa, ajeitando-se na cadeira.

―Olha só quem chegou até aqui! ― Ela me olha fingindo surpresa― Onde está o resto dos seus amiguinhos?

Minha expressão dedura rapidamente.

―Ah! Estão mortos! ― Ela da uma risada falsa― Acho que você deveria se juntar a eles.

Analiso a sala, procurando algo que me sirva de arma contra a garota, meu corpo já cansado para uma luta física. Marvissa continua falando, e permito, tentando ganhar tempo.

― Sabe, todo mundo cria uma expectativa tão grande de você. Não sei o que vêem em alguém tão fraca. ― Ela diz, provocando.

Olho de relance para ela, ainda analisando a sala. Do outro lado da mesa, avisto algumas garrafas na estante de livros. Preciso chegar até lá. Começo a andar devagar, entrando no joguinho dela. Caminho com calma, não deixando claro meu objetivo. Me lembro da primeira aula do general, quando aprendemos os princípios da guerra. Já tenho meu objetivo. Minha estratégia é parecer concentrada em suas provocações, aproximando-me calmamente de meu alvo. Digo, mantendo a voz calma e firme, encaro seus olhos, ansiosos por um embate

―E o que faz de você tão forte?

Chego até a metade da mesa e ela se levanta, respondendo a provocação.

―A mesma coisa que te faz tão fraca. Eu fui preparada para isso minha vida inteira, sei de coisas que você já mais aprenderá. Tenho o domínio de meus poderes de uma maneira que você jamais vai ter. Fui criada para a guerra e a tenho correndo em meu sangue ― Ela invoca fogo com as mãos, e não deixo de sentir pavor. Não transpareço, esforçando-me ao máximo para parecer indiferente. Ela brinca com o fogo nas mãos, os olhos vermelhos agora acesos como chamas. Chego até a estante e me viro de costas, escondendo meus próximos movimentos, lentos e calculados.

― Você se diz tão esperta, mas acho que esqueceu de um detalhe muito importante no que diz respeito a subestimar as pessoas.

Cheiro o conteúdo do recipiente. Perfeito

Ela me olha desconfiada, as chamas aumentando.

― Algumas delas realmente aprendem― Olho de relance para a ruiva, a expressão ansiosa e o corpo pronto para me atacar. E memória de minha incapacidade de responder a questão do gerenal. Parece que eu finalmente aprendi a resposta

Marvissa abre a boca, pronta para gritar e lançar suas rajadas de fogo, mas eu sou mais rápida

―Surpresa, vadia!

Viro-me com toda a velocidade que consigo, lançando a garrafa em sua direção. O vidro roda pelo ar, o líquido transparente reluzindo. A garrafa se choca contra o corpo da garota, molhando-a inteiramente com seu interiror. Ela me olha, os olhos arregalados e surpresos. Em poucos segundos, as chamas percorrem seu corpo, descontroladas.

―Queima agora!

Ela grita, as chamas ardentes impulsionadas pelo álcool contido na garrafa. Ela cai no chão, os gritos cada vez mais altos. Ela perde o controle do fogo, queimando cada pedaço de seu corpo. O cheiro de carne queimada inunda o ambiente, minha cabeça girando com a cena. Quem é o diabo agora?

Os gritos começam a cessar.Minha ficha cai: Só restou a mim. Olho para a lareira, e aproximo-me, trêmula e ofegante. Evito olhar de novo para Marvissa, sua imagem desfigurada, e olho para as pedras. Meu coração acelera. Acima da bandeja, apenas uma pedra resta de pé, cercada pelos cristais quebrados das outras. Ela parece brilhar, tons de roxo cintilando em seu interior, cada segundo mais brilhante. Aproximo os dedos, hipnotizada pelo seu brilho, parecendo conter um universo inteiro dentro de si. Toco o cristal, a superfície gelada em meus dedos. Sinto meu peito se enchendo de algo que não posso descrever, e logo minha visão fica turva de novo, escurecendo em seguida.

Abro os olhos assustada, olhando ao redor. Meus olhos reclamam com a claridade, e aos poucos se acostumam de novo. Meu coração pulsa descontroladamente, e estou perdida. Vejo uma figura branca em minha frente, removendo meu capacete. Claire me olha com a expressão surpresa, um leve sorriso no canto dos lábios. Olho em volta, e todos estão em pé, em baixo da plataforma, a minha frente. O ambiente está silencioso, até que começam palmas. Michael bate palmas, enérgico. Rosie o segue, dando gritinhos. A comemoração aumenta, e avisto Zara e Azra sorrindo, olhando para o telão. Levanto-me, ainda atordoada, e vejo a imagem com que todos comemoram. Na tela, os monitores de cada um estão espelhados, os dados em vermelho. Apenas um reluz em verde, no centro da tela. O meu. As comemorações aumentam, e procuro por ele, a imagem de deus olhos sem vida percorrendo minha memória. Ele esta um pouco mais ao fundo que os outros, batendo palmas devagar, um sorriso ocupa seus lábios, ainda que discreto. Olho para meu corpo, na busca de ferimentos. Minha cabeça gira. Olho para a galeria e percebo uma agitação. Marvissa sai esbravejando da plataforma, indo direto a porta, sem olhar pra trás, apenas o suficiente para deparar-se com o olhar furtivo de reprovação do general. Vejo Odera, o rosto pasmo. Minhas mãos e pés começam a formigar. Meu grupo se aproxima, todos enérgicos comemorando nossa vitória, mas não consigo ver muito mais. Minha ultima visão é a de Adack correndo em minha direção, gritando meu nome. Não sinto mais nada, exceto seus braços me segurando enquanto caio. A escuridão me atinge, e sinto que estou cada vez mais acostumada com ela. Estrelas só brilham no escuro.

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