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Segundo

O tempo não volta nunca. Também não para e, principalmente, não corre. Ele tem seu próprio ritmo, sua própria dança e não se importa em ensinar a ninguém os seus passos.

Havia sido uma manhã lenta, passada na companhia do Rei. Ele havia decidido ensiná-la a jogar xadrez. Liene foi acordada mais cedo do que normal e avisada pela criada de que sua presença era requisitada. Ao saber a razão, quase se desculpou dizendo que já conhecia aquele jogo, mas foi orientada a fingir que não sabia. Afinal homens não gostam de não estar no poder e você já deveria saber disso.

A diversão matinal do Rei foi interrompida pelo aviso de que o costureiro real a esperava para a última prova do vestido do baile. O Rei a liberou satisfeito e decidiu começar seus compromissos do dia, adiados pela importante missão de ensinar sua querida.

Liene provara o vestido que o Rei mandara confeccionar e, segundo o costureiro, era a peça mais bonita que ele já tinha criado. Mas ela o achou pesado demais, bordado demais, comprido demais e em nada parecido com as roupas leves e soltas que havia usado a vida toda.

O longo vestido já repousava em um manequim quando o pajem do Rei pediu para vê-la. Nas mãos uma caixa de veludo branca com adornos prateados. Um novo presente do Rei.

Quando abriu, Liene encontrou um belíssimo conjunto de tiara, colar e brincos de ouro branco adornados com diamantes azuis, acompanhado de um bilhete:

Para a mais bela estrela.
Use no baile.

Aquilo a preocupou. Diamantes azuis eram um símbolo da família real e isso, como ela bem sabia, a colocava na mira da única pessoa além do Rei que tinha poder suficiente para tocá-la e sair impune.

Sem saber o que fazer, Liene pediu que sua aia preparasse um banho. Talvez com o toque da água quente, alguma ideia de como recusar aquelas jóias sem desagradar o Rei lhe viesse. Teria que correr contra o tempo, afinal o grande baile ocorreria no fim da semana. 

Assim que entrou na banheira, pediu para ficar sozinha. Ela meditava de olhos fechados quando ouviu o ranger da porta.

— Falei sério quando pedi para ficar só. Por fav– a frase morreu nos lábios dela diante da surpresa ao virar-se e ver que não era sua aia quem tinha entrado no cômodo.

— Ora, ora! Olha só o que temos aqui. – o homem disse em tom cruel enquanto fitava a caixa de veludo que repousava na penteadeira. – Uma pedinte usando diamantes azuis? – completou virando-se para ela, que tremeu diante do impiedoso olhar do intruso.

— Vossa Alteza! – ela fez uma mesura com a cabeça – Se permitir, posso me vestir para recebê-lo. – sugeriu timidamente enquanto tentava cobrir a nudez com as mãos, mas o Príncipe se aproximou da banheira e a puxou pelo braço, fazendo-a se levantar.

— Envergonhada? – perguntou ele, fitando-a de alto a baixo.

Conhecia pouco do Príncipe, já que nos dois anos em que ela estava no castelo, ele havia estado fora. Mas o herdeiro do Rei não era famoso por sua benevolência. Ao pensar nisso, Liene sentiu  o suor se misturar as gotas de água  que escorriam por seu corpo. 

— Vossa Alteza, seu pai me espera. – ela mentiu, mas o príncipe não se demoveu.

— É claro que ele a espera. – disse com desprezo – Ele esperaria eternamente por você. Está enfeitiçado! Nem vê que minha mãe está morrendo, e é tudo culpa sua, maldita! – Liene fechou os olhos e esperou pela bofetada, mas ao invés da dor, o que sentiu foi um toque suave e gentil em seu pescoço. O príncipe correu os dedos pelo flanco úmido dela, até bufar e a empurrar para dentro da banheira novamente – Você não vai me enfeitiçar! – gritou e deu alguns passos para trás. Ele olhou para ela como um animal ferido e depois saiu, deixando-a caída e com um lado do corpo dolorido.

Com dificuldade, Liene saiu da banheira e vestiu uma roupa qualquer. Precisava se recompor, mas não conseguiria fazê-lo ali, portanto correu para o único lugar que pertencia a ela de verdade. 

A cada passo que dava rumo ao farol que ficava nos limites da propriedade do Rei, as lembranças surgiam mais fortes. Recordações furtivas do tempo em que foi feliz com seus pais que tão pouco tinham, mas que em nada lhe faltavam. Então ela ouviu a melodia, e pensou que estava sonhando.

Todos os dias quando ela e a mãe voltavam da cidade, seu pai as esperava com uma canção tocada na pequena gaita de chifre de veado. Um calafrio a percorreu quando percebeu que o som que ouvia agora era real e vinha de dentro do farol. Depois de tantos anos, estaria seu pai tentando assombrá-la?

Se assim fosse, ela o confrontaria e diria a ele tudo o que estava entalado em sua garganta, mas não era ele a tocar. Quando entrou no cômodo que um dia foi a cozinha de sua casa, Liene encontrou o homem da noite anterior.

— O que faz aqui? – ela o interrompeu de forma impiedosa. Ele, por sua vez, afastou o instrumento dos lábios e sorriu.

— Não está claro, senhorita? Estou tocando gaita.

Liene precisou suspirar fundo para esvair sua impaciência.

— Me refiro ao lugar.

— Gosto de lugares vazios, - o homem disse, saltando de cima da antiga mesa onde estivera sentado - me ajudam a compor. - ele se aproximou - E você?

Liene não queria dar uma resposta. Sabia que um único movimento em falso seria o suficiente para fazê-la transbordar, e a última coisa que queria era chorar na frente do estranho. Assim se afastou até a janela que dava para o penhasco.

— Veio ver as andorinhas? – ele perguntou, a voz soando às costas de Liene,  quando erroneamente deduziu que ela olhava para os pássaros que voavam ali ao invés de encarar o vazio do oceano. Liene então mudou seu foco e observou os pássaros por um instante.

— Voar é algo tão natural para eles. – comentou suavemente em uma tentativa de ignorar a proximidade entre o corpo do músico e o seu próprio.

— É verdade, – o músico concordou – mas não para todos. Como um pássaro que cresceu engaiolado pode ansiar pelo vento em suas asas, se nunca provou o sabor? Mesmo que ele veja os outros pássaros voando, não reconhece que é capaz de fazê-lo também. Tudo o que ele enxerga são as grades. Então eu pergunto: está o pássaro na gaiola, ou está a gaiola dentro do pássaro?

Liene apenas o encarou seu interlocutor por um período de tempo que não conseguiria mensurar. As perguntas feitas pela voz levemente rouca do homem reverberando em sua mente.

— Preciso ir. – anunciou ao descer as escadas rumo a saída de forma tempestuosa.

— É claro que precisa. – ela ouviu o homem dizer à suas costas, e então correu o mais rápido que pode de volta para sua própria prisão.

1179 palavras

E então chegamos ao fim do capítulo 2. Nem sempre o príncipe é o herói da história, né? Hahaha #vontadedematar #picadinhodevossaalteza 

E o Santi, hein? Tá ficando especialista em se meter aonde não é chamado!

Foto do farol: http://www.sophienarses.com/portfolio-item/france/

Flor: <a href='http://br.freepik.com/vetores-gratis/elementos-florais-decorativos_1081628.htm'>Designed by Freepik</a>

Fonte da citação: Cinzel

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