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Primeiro

Prisões são conhecidas por suas instalações precárias, pelo mau cheiro que exala das celas cheias de podridão, pelos ratos que vagam à procura de qualquer migalha de comida, pelo abandono e pelo esquecimento. Certamente pessoas que definem prisões dessa forma nunca foram prisioneiras.

A larga cama de dossel, os lençóis e colchão macios... Cada detalhe daquele quarto declarava seu propósito: servir ao Rei e proporcionar prazer a ele. E era óbvio que ele não esperava outra coisa de Liene. Essa era a razão de suas bocas estarem coladas e o corpo dele pesar sobre o dela, quase a deixando sem ar.

Não havia nada de novo no teto enquanto ela o encarava, tampouco no olhar acusatório que a pintura da Rainha, na parede, parecia lhe lançar.

O que meu pai pensaria se me visse agora? pensou, como sempre, pela milionésima enquanto aguardava o Rei terminar o que o tinha levado a até ela.

Era bem verdade que Liene sentia raiva de seu pai, afinal não tinha sido culpa dela o Rei a ter transformado em sua amante. Muitos consideravam como um ato de bondade até. Qual outro destino caberia a filha do faroleiro bêbado?

Liene não o culpava por ter se entregado à bebida após a morte de sua mãe, mas era difícil aceitar. Ana era encantadora e quando a febre a levou para debaixo da terra, enterrou junto a sanidade de seu marido. Donato então passou a esperar pela hora da própria morte, que não tardou a chegar, deixando Liene órfã e sem nem um tostão.

Não havia perspectiva para aquela doce menina. Ela jamais conseguiria se casar e se tornar uma senhora respeitável. E era isso que mais a magoava. Dignidade não deveria ser medida pelo valor do dote de uma garota.

Ela conhecia os sinais. O som abafado e a queda de lado no colchão denunciavam que o Rei de Taruma havia chegado ao fim. Agora ele afastaria os cabelos negros de seu rosto, tocaria levemente sua face e a olharia com adoração. Por um tempo, aquilo seria tudo o que ele iria fazer. Talvez depois ele a beijasse de novo ou, talvez – e era por aquilo que Liene esperava – ele estaria cansado demais e ela poderia se vestir e sair dali.

Liene agradeceu silenciosamente quando ele se levantou em silêncio um tempo depois e foi até a mesa encher uma taça com vinho. Aquela era sua deixa. Ela jogou a pesada capa por cima de sua camisola translúcida e saiu discretamente do luxuoso cômodo. Era tarde e, tirando pelos guardas vigilantes, os corredores estavam vazios. Eles a olhavam cobiçosos, mas não ousavam se aproximar. Ela era a preferida do Rei.

Nas noites em que era convocada, Liene nunca voltava diretamente para seu quarto, onde o silêncio a sufocava e machucava. Nessas noites, ela ia se sentar no banco do jardim perto da fonte, onde as violetas floresciam e ela podia fechar os olhos e se lembrar da infância no antigo farol, onde sua mãe as cultivava com amor e dedicação.

Do lado de fora do castelo, a natureza cantava sua canção noturna e o som suave da brisa que soprava do norte fez Liene se lembrar de uma canção que sua mãe a havia lhe ensinado anos atrás. Não havia letra ou poema, apenas a melodia de dias melhores que ela insistia em não deixar que o tempo apagasse.

Ela não sabia dizer quanto tempo ficou ali cantarolando baixinho, presa em suas próprias memórias, mas quando abriu os olhos percebeu que não estava mais sozinha. À luz do luar, ela viu um homem encostado numa árvore nos limites do jardim. Ele a encarava e ao ver que ela o olhava, sorriu.

— Eu não pretendia te espionar. – o homem disse ao se aproximar a passos lentos – Mas te ver tão entregue, foi irresistível. – Liene achou que deveria sentir medo, mas não sentiu. Ela apenas se deixou observar enquanto o estranho chegava cada vez mais perto. - Nunca tinha ouvido uma voz como a sua. É divina – ele continuou, recordando-se do canto suave e, ao mesmo tempo, profundo que ouvira.

Agora próximos, ela o via com perfeição. Ele era esguio e devia ser quase duas cabeças mais alto, tinha cabelos na altura dos ombros e a olhava intensamente.

— Você não deveria estar aqui. – ela o repreendeu enquanto puxava as pontas de sua capa numa tentativa de parecer o mais composta possível – Esta é uma propriedade real.

O homem sufocou uma risada.

— Não imagino como a natureza pode ser propriedade de alguém. Além do mais, em qual outro lugar um convidado poderia estar?

Liene arregalou os olhos ao perceber que tinha cometido uma gafe.

Não era sua função saber quem entrava ou saía do castelo, tampouco recepcionar os hóspedes do Rei, mas ela tinha boa memória e sabia que aquele homem não era nenhum dos nobres que conhecia e nem se portava como um. A camisa estava aberta demais, o cabelo solto, as mãos com pulseiras e anéis, e no pescoço um colar com símbolos estranhos. O sotaque também o denunciava como um estrangeiro.

É verdade que haviam hóspedes no castelo para a comemoração do aniversário do Rei, mas aquele homem era mais do que apenas um dignitário distante. Ele era... outra coisa.

— Você não parece ser um nobre. – ela comentou e ele arqueou as sobrancelhas.

— Eu não disse que o era. – ele diante do silêncio da mulher, continuou – Sou Santiago e  venho de Allambra. – A cidade do outro lado do mar, Liene completou mentalmente – Irei me apresentar no aniversário do Rei. E a senhorita?

Como explicar o que ela era? Não era segredo, mas ainda assim sua ocupação não era motivo de glória.

— Eu preciso ir. – ela disse ao olhar ao redor em busca de testemunhas e se afastar – E você realmente não deveria estar aqui. Pode ser preso...

... por estar perto de mim, mas ela não teve coragem de completar aquela frase e sua voz morreu num sussurro ansioso.

O incômodo era visível no rosto da mulher morena e a postura, agora séria, o dava certeza. Santiago já a tinha visto antes, mais precisamente no dia anterior, quando ele e a Companhia de Artes montavam o acampamento nas proximidades do castelo. Ela estava no mercado com duas damas de companhia e ele não havia compreendido quando o guarda repreendeu sua mínima iniciativa de se aproximar. As outras mulheres ali vestiam roupas simples, diferentes das dela. E agora, ali estava ela vestida com seda, linho e bordados luxuosos. 

Aquela era a Favorita do Rei. A alcunha da mulher era de amplo conhecimento dos cidadãos, assim como a fama do Rei. O monarca era conhecido por ter várias amantes, mas apenas uma delas morava no castelo. As más línguas diziam que a mulher havia enfeitiçado o Rei.

Poucos conheciam o rosto da Favorita do Rei, mas a figura diante de Santiago não poderia destoar mais da imagem que ele tinha em mente. Em vez da sensualidade e ambição esperadas, a mulher era aparentemente simples, mas tinha a alma envolta em bruma.  Havia conseguido enxergar a tristeza e a busca por esperança no canto da mulher e agora queria descobrir tudo o que havia por detrás daquele nevoeiro.

— Não preciso saber seu nome. – ele disse ao dar um passo na frente dela para impedir que se fosse – Apenas me diga... – havia milhares de perguntas em sua cabeça, mas ele preferiu algo que a fizesse sorrir – Com quem aprendeu a cantar?

Liene não esperava por aquela pergunta. Havia um meio sorriso no rosto do homem que ela, admirada, percebeu que era semelhante ao seu próprio. Ele a tinha desarmado, e sabia disso, devido ao divertimento estava estampado em seus olhos tempestuosos. Ela precisava por um ponto final naquilo.

— Eu não canto. – respondeu jocosamente, antes de deixá-lo sem olhar para trás. Não era necessário. O rosto do intruso era algo que ela jamais iria esquecer.

1314 palavras

Olá! Seja bem vindo, leitor. Esse é o primeiro capítulo do conto Farol, inspirado na música homônima da banda Fresno. É o meu 1º conto e história concluída do wattpad. Bom, já que você chegou até aqui, saiba que estou super curiosa para saber a sua opinião. Gostou? Tem alguma crítica? Pode falar! Haha

Bjs, Bia.

 

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