"Você voltaria"
Brunna's POV:
Coloquei meus filhos no carro e assim dei a partida, eu estava dirigindo com meu pensamento em Ludmilla quando de repente senti uma lágrima escorrendo por meu rosto, sim, eu estava tentando ser forte pelos meus filhos, mas eu não queria acreditar que ela tinha ido embora contra sua vontade mais uma vez, porém dessa vez para sempre.
[...]
Chegamos ao hospital e fui direto ao quarto de Ludmilla, onde vi que Amélia e Richard me esperavam de frente para o mesmo.
Pedi que Richard cuidasse de meus filhos enquanto eu conversava com Amelia.
- Você me prometeu que ela ficaria bem e que não morreria, eu não consigo lidar com isso agora, na verdade não conseguirei lidar com isso nunca! E o pior, tenho certeza que meus filhos também não! - falei começando a desabar ali mesmo.
- Brunna, do que está falando? Por que está chorando?
- Por que você a deixou ir? Por que não tentou mais?
- Por que eu simplesmente não podia!
- Como assim não podia? Ela tinha alguma ONR assinada?
- Não Brunna, ela não tinha nenhuma ordem de não ressuscitar assinada.
- Então por que não podia simplesmente salvá-la?
- Você vai deixar eu explicar ou vai só ficar falando e falando cada vez mais?
- Desembucha logo, talvez doa menos.
- Você me disse que estava pensando na hipótese das crianças conhecerem Ludmilla assim que ela acordasse, que seria a hora perfeita para contar logo esse segredo depois de tudo que descobriu, então quando te liguei eu simplesmente quis dizer que havia chegado a hora deles se conhecerem e não que Ludmilla tinha falecido! Ela acordou e dormiu novamente um tempo depois, ainda está um pouco desorientada, talvez esteja confusa sobre onde está e não existe ninguém melhor do que você para esclarecer tudo a ela, mas só por precaução vou ficar por perto, porque tenho medo de que quando ela veja você e as duas mini cópias dela, ela tenha mais um ataque cardíaco ou ache que está louca.- olhei para Amelia querendo lhe bater mas ao mesmo tempo abraçá-la, então fiz as duas coisas, dei um soco em seu braço e a abracei.
- Vá apresentar a mãe de seus filhos a eles.
- Obrigada por tudo! - ela apenas sorriu.
Caminhei até Richard e as crianças, peguei na mão de cada um dos dois. Agradeço Richard silenciosamente e assim adentro a sala.
Sento ao lado de Ludmilla que está dormindo, chamo Michael e Jasmine para que venham mais perto e assim fizeram.
Michael estava boquiaberto, ele sabia exatamente quem estava ali em sua frente, notei que Jasmine olhou para Ludmilla, logo após para Michael e então me olhou como se estivesse tentando entender.
- Jasmine, vocês dois não têm um pai e sim uma outra mãe, essa é sua outra mãe. Ludmilla.
- Mamãe, você nem precisava dizer nada, o rosto dela é igual ao de Michael, eu fico feliz de conhecer ela.
- disse me abraçando, Michael a acompanhou e como em um impulso peguei na mão de Ludmilla e senti que ela apertou um pouco, olhei para Ludmilla que estava abrindo seus olhos lentamente, tentando se habituar à luz do quarto.
Ludmilla's POV:
Eu não sabia onde estava e muito menos o porque de não saber, mas apenas conseguia ouvir vozes doces de duas crianças e de uma mulher.
Abri meus olhos lentamente e lá estavam os três, respirei fundo.
- Quem são vocês? - perguntei os observando, pude perceber a mulher me encarando assustada.
- Ludmilla, sou eu, Brunna, Brunna Gonçalves.
- Brunna? Brunna de quê? Desculpe, não te conheço.
- Brunna Gonçalves, como assim não me conhece? - disse pegando minha mão assim colocando em seu rosto e então ali fiz um carinho, observei o rosto das crianças um pouco desapontadas e então cessei a brincadeira.
- É claro que eu conheço a mulher mais linda de toda Miami, eu só quis brincar um pouco.
- Agora eu pude perceber de quem você puxou as brincadeiras perigosas. - vi a garotinha sussurrando para o garoto.
- Você é uma imbecil e não me importo que tenha acabado de acordar. - disse Brunna me dando um soco no braço.
- Não que eu já não soubesse, mas agora vi de quem você puxou a irritabilidade com minhas brincadeiras. - disse o garoto para a menina, enquanto eu observava os dois, Brunna me abraçou repentinamente e assim retribui.
Mas tinha algo que me intrigava totalmente, Dayane havia me dito que eles eram de Caio, mas aquilo não poderia ser verdadeiro já que o garoto era minha cara e a garota parecia bastante com Brunna, porém ainda sim obtinha alguns traços meus. E então toda a situação me bateu bem forte.
- Ludmilla essa é Jasmine e esse é Michael, eles são... - interrompi Brunna. - Meus filhos! - falei a olhando com um olhar furioso e pude ver que ela havia entendido o recado.
- Eu posso abraçar vocês? - perguntei e eles que assentiram freneticamente e logo pularam em minha cama.
Assim que me abraçaram eu pude sentir um arrepio e uma grande vontade de chorar, eu tinha filhos, eles existiam por todos esses anos e não sabia. Então comecei a chorar sem ao menos perceber.
Vi que Michael e Jasmine se afastaram.
- Não chora, mommy. - disse Michael me olhando, logo senti Jasmine começando a beijar minhas lágrimas, Michael seguiu o que a irmã fazia e eu não entendi o porque.
- A mama sempre faz isso com a gente quando choramos, ela diz que um beijo com amor cura tudo, então ela beija nossas lágrimas e em um passe de mágica toda a dor parece que vai embora. - disse minha filha me observando.
- A senhora está se sentindo melhor, mommy?
- Estou me sentindo completamente curada. - falei abraçando e beijando cada um. Pude perceber Brunna observar tudo silenciosamente, porém também deixando lágrimas rolarem por seus olhos.
Eu queria abraçá-la, porém eu não conseguia, eu estava magoada, ela havia escondido meus filhos de mim.
- Então é aqui que você anda trabalhando até tarde? Eu não acredito que você ainda fez a covardia de trazer meus filhos para essa palhaçada.
- Eu não sou seu filho. - disse Michael, fazendo eu perceber o quanto ele se parecia comigo até mesmo na personalidade.
- Muito menos eu. - então foi a vez de Jasmine, que ainda falou balançando os ombros.
- Vocês me respeitem seus pestinhas! - disse Caio se aproximando de meus filhos e como se aquilo me desse uma força absurda, levantei e fui para cima dele.
- Se você algum dia encostar um dedo nos MEUS filhos, eu juro que não sei o que faço com você, mas não vai sobrar um pedaço de você para contar história. E além do mais eu não sabia que você tinha os espermatozóide iguais aos meus, porque as crianças são minha cópia fiel.- e então ele se afastou olhando para Brunna que estava parecendo uma estátua com toda essa cena.
- Ludmilla olha a boca! Vamos crianças, vocês já viram Ludmilla o suficiente por hoje. - disse Brunna, eu não a olhei em momento algum desde que eu descobri que eram meus filhos, pois eu não conseguia, mas eu sabia que ela estava me olhando pois eu conseguia sentir seus olhos sobre mim exatamente como antes.
- Por hoje? Ela não deveria ter o suficiente deles nunca, ela te abandonou grávida, Brunna. Eu quem cuidei deles todos esses anos. - e naquele momento eu estava literalmente partindo para cima dele e Brunna segurou em meu braço me interrompendo. Peguei em sua mão e retirei de meu braço.
- Faz o favor de não me tocar. - falei totalmente seria e pude ver em seus olhos o quão mais tristes eles ficaram após minhas palavras.
- Ela tem direito de ver eles o quanto ela quiser, Caio. Eles são filhos dela, mesmo que você não aceite isso, já conversamos sobre. Enfim, dêem tchau para Ludmilla e vamos embora.
- Tchau, se cuida e não suma de novo, por favor. - disse Jasmine.
- Eu nunca mais vou sumir, filha.
- Você promete, mommy? - perguntou Michael.
- Prometo de dedinho. - ergui os dois dedos mindinhos e os dois entrelaçaram os deles nos meus.
- Agora vão e obedeçam sua mãe. - dei um beijo em cada um e um abraço em grupo nos dois.
E então eles começaram a caminhar para fora do quarto, Brunna tentou me olhar pela última vez, mas eu a ignorei.
Brunna's POV:
Caio dirigiu o caminho todo em silêncio, as crianças eventualmente acabaram adormecendo no caminho para casa.
Quando chegamos ele apenas tentou pegar Jasmine no colo, que pela primeira vez pestanejou e foi andando para o quarto puxando Michael junto.
Meu marido me olhou e eu já sabia exatamente o que estava por vir.
- Por que você fez isso? Eles não precisavam conhecer ela! E por que você estava lá? Todas essas noites, foram apenas uma desculpa para se encontrar com ela não é mesmo? Brunna eu quero acreditar que você não está me traindo, mas assim fica difícil demais!
- Como assim eles não precisavam conhecê-la? Eles são filhos dela Caio! Eu sei que você queria que fossem seus, sei que queria registrá-los em seu nome, mas isso eu não poderia permitir jamais, porque primeiramente eles não são literalmente seus e segundamente por mais que ela não soubesse da existência deles, eu nunca mentiria para eles sobre as origens deles. E sim, foram desculpas para ver ela, porque conhecendo você do jeito que conheço, você não permitiria nunca, tentaria até me fazer parar de trabalhar, assim como tentou fazer eu desistir da faculdade para ficar "mais tempo com você", dias que passei perto dela porque ela estava em coma sem ninguém ao lado e que acordou apenas hoje! Então daí você me diz, como eu iria te trair com uma pessoa que estava apenas vegetando na cama desde seu acidente? Eu não acredito que isso ao menos tenha se passado por sua cabeça.
- Você quer voltar com ela? E que merda foi aquela de Michael a chamando de "mommy" o garoto não me chama de pai nunca, mas basta ver ela uma vez pra chamar ela de mãe?
- Eu estou casada com você, não estou? Então como vou voltar com ela? Sobre Michael, ela é a mãe dele, ele sempre foi curioso sobre as origens dele, ele não é burro Caio, ele sempre percebeu que não se parecia comigo muito menos com você, quando ele viu Ludmilla, você acha que ele não ficou feliz o suficiente? E que teve uma ligação extrema, já que ele é a cópia dela fisicamente e mentalmente? Eu não me assustei quando ele fez isso, porque eu já sabia que seria assim, ele sempre a quis aqui, sempre quis uma resposta do porque ser diferente de todos nós e a resposta simplesmente estava lá na frente dele. Eu não pude fazer nada e mesmo que eu pudesse eu não faria, todos os três tem direito de se conhecerem, então eu apenas fiz o que era certo, mesmo você não acreditando nas mesmas crenças que eu.
- Eu vou fingir que não ouvi nenhuma das suas baboseiras e vou dormir fora hoje, boa noite Brunna!
E então vi Caio saindo chateado, parte de mim ficou triste, mas a maior parte ficou aliviada de que eu não precisaria ter essa discussão naquele momento.
Assim que subi as escadas meus filhos vieram correndo me abraçar.
- Mama, obrigado por hoje.
- Michael tem os olhos dela, as brincadeiras doidas também.
- E você tem a marra dela misturado com a paciência quatro da mamãe.
- O que seria paciência quatro? - perguntei arqueando a sobrancelha.
- É que costumamos dizer que de zero a dez a sua é quatro, mama.
- Michael, cale a boca!
- Não acredito que vocês falam isso de mim, venham aqui! - falei correndo atrás dos dois, que estavam morrendo de rir.
E de repente escuto a campainha tocar.
Desço as escadas com as crianças e então abro a porta.
- Eu sabia que você voltaria. - falei.
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