"Tanto faz"
Brunna's POV:
- Eu sabia que você voltaria.
- Eu não voltei por você, voltei pelos meus filhos.
- Crianças, subam. - falei para meus filhos e eles logo obedeceram. - Como conseguiu alta e o meu endereço?
- Não interessa. O que interessa é que vim ficar com eles, porque aquilo definitivamente não foi o suficiente.
- Eu imagino.
- Não Gonçalves, você não imagina.
- Da pra você olhar pra mim?
- Não, não da!
- Ludmilla, olha pra mim! - falei me aproximando da mesma que se afastou.
- Eu só quero ver eles, não você.
- Pois acho bom se acostumar a me ver, porque é assim que vai ser, para sempre.
- Tanto faz! Agora me leve até eles. - falou ordenando.
- Não, não vou te levar a lugar algum sem antes conversarmos.
- Ah, você tem certeza que quer conversar? - perguntou adentrando a casa; fechando a porta e indo em direção a mim como se me encurralasse.
- Pois bem, então vamos conversar, vamos começar pelo fato de você ter me roubado a gestação inteira dos meus filhos; o dia do nascimento; a primeira vez em que eles abriram os olhos para o mundo; os primeiros passos; os primeiros dentinhos; as primeiras palavras; o primeiro dia de aula e até mesmo as noites em que eu poderia ter ficado acordada até tarde brincando com eles ou até mesmo lendo alguma história, não só isso como muito mais, você me roubou todos esses anos com eles, não só de mim como tenho certeza que de minha família também, os meus pais seriam os melhores avós durante todo esse inferno, além disso, fez com que a única pessoa que eu nunca gostei os criasse, então não me venha com essa história de que "nós devemos conversar", porque não existe conversa nenhuma entre a gente, Gonçalves.
- Eu nunca permiti que Caio bancasse o pai deles, eu sempre deixei claro que ele não fizesse isso, nunca deixei Caio registrar nenhum dos dois, porque eu seria verdadeira com a origem deles e mesmo que eu achasse que você não merecia, seria justa contigo. Eles estão apenas no meu nome, o seu nome ainda será bem vindo ao deles.
Acho isso ótimo, pelo menos isso você não fez de errado.
- Do que você está falando? Você foi embora, Ludmilla! Você foi embora e se casou com outra, dormiu comigo em um dia e foi embora no outro. Partiu meu coração em bilhões de pedaços e eu demorei anos para catar todos eles e reconstruir meu coração, você nunca me deu uma explicação concreta, simplesmente sumiu, já se passaram exatamente seis anos desde que você se foi. Não me culpe por tentar seguir em frente quando eu estava totalmente amargurada com sua atitude, você não pode fazer isso comigo. Não estou dizendo que fui certa em ter feito o que eu fiz, mas o que você achou que iria acontecer? Você achou que eu esperaria por você durante todos esses anos, ainda mais tendo sido magoada do jeito em que fui? Eu te amava, Ludmilla. Mas eu tinha que me amar também e por mais que você odeie ouvir ou até mesmo saber disso, Caio me ajudou a criar essas crianças, me ajudou a construir tudo o que tenho hoje e sou grata a ele por isso.
- Não banca a inocente a essa altura do campeonato, você acha que não sei que Dinah te contou toda a história? E além do mais, está em todos os noticiários, basta você ligar a TV e assistir, só não acredita se não quiser! Eu nunca quis te deixar, Brunna. Eu fui obrigada, eu queria você, só você! E foi por isso que Isabelly armou todo esse circo, eu estava te protegendo, eu preferia te perder porém te proteger do que te ver morta, durante alguns anos eu estava trabalhando junto com a polícia para voltar pra você, mas quando eu descobri que estava casada com Caio e que iriam ter filhos, eu apenas desisti. Eu desisti porque eu me senti inútil, eu me senti quebrada e eu preferia ficar naquela vida infeliz que eu achava que merecia, do que voltar para Miami e ver você seguindo em frente com ele, mesmo não sabendo que eu não tive escolha quando fiz o que fiz contigo. Eu era vigiada vinte e quatro horas por dia, eu sempre quis ligar, mandar uma mensagem, te explicar tudo, até mesmo pedir para que você me esperasse, mas quando um dia eu tentei... bom, Isabelly ameaçou matar você, sua família e a minha. Então não, eu não me arrisquei novamente porque eu tinha certeza do que ela era capaz e de que ela tinha contatos fortes aqui para realizar o serviço sujo dela. E quando eu digo que tinha certeza da capacidade dela, é porque ela matou Keana, além de Dayane e Isabelly, você também conhece a história de Keana. Então não, eu não poderia arriscar perder você.
- Ludmilla, você acha que eu também não sofri? Ela se chama Jasmine porque mesmo estando com Caio eu tinha esperança de que você voltasse e que nós duas ficássemos juntas e ele se chama Michae porque você havia me dito que esse seria seu nome, eu não esqueci de você como acha. Eu nunca consegui. Tenho duas crianças em casa, uma é extremamente sua cópia fisicamente, toda vez que eu o olho por mais que eu sentisse ódio de você por não saber o porque de você não ter me escolhido, eu sorrio lembrando de você, o jeito dele é completamente seu! Jasmine se parece comigo fisicamente, porém algumas de suas ações são também totalmente suas, ela tem seu mau humor matinal, se é que você ainda tem isso, então me diz, como eu conseguiria esquecer de você algum dia da minha vida? Eu só tenho a te agradecer por ter me dado esses dois presentes.
- Eu não quero mais conversar. Eu vim pegar meus filhos para registrá-los e levar eles para dormirem comigo no meu apartamento, porque amanhã quero levá-los para conhecerem os avós que você os privou de conhecer.
- Você pode dormir aqui com eles.
- Não que eu ligue para o opinião de Caio, mas se fosse eu no lugar dele não gostaria de ver a ex da minha mulher dormindo na minha casa e além do mais, eu não quero ficar aqui.
- Tudo bem, se eles concordarem você pode os levar. Porém com duas condições. - falei a observando olhar para o teto em seguida para o chão, porém nunca em meus olhos ou em minha direção.
- Fala logo, Gonçalves. Já estou cansada disso.
- Primeiramente: você precisa me olhar nos olhos agora mesmo. - E então vi a mesma erguendo a cabeça e me olhando fixamente com seus olhos vermelhos e totalmente em um tom escuro, me indicando que ela havia chorado. - E por último, precisamos sair para conversar algum dia, a guarda compartilhada não vai funcionar se nós duas não pusermos nossas diferenças de lado.
- Funciona, é só eu vir aqui e pegar eles, sem precisar olhar para seu rosto ou ouvir sua voz. Simples e eficaz.
- Se você não aceitar, você não vai os levar.
- Tanto faz, Gonçalves. Só me leve até meus filhos.
- Certo.
Ludmilla's POV:
Dayane me passou o endereço pois ela me devia isso, então após minha pequena DR com Brunna, subi para ver meus filhos.
- Michael, Jasmine? - perguntei para os dois que estavam deitados.
- Mommy, por que você está tratando a mama mal? - perguntou Michael e percebi que Jasmine me avaliava em cada movimento assim como eu faço com qualquer pessoa.
- Nós temos alguns assuntos inacabados e complicados, meus filhos. Aliás, posso os chamar assim?
- Deve né mommy. - disse Michael, chegando mais perto de mim.
- Por que vocês não ficam juntas? A senhora já voltou, agora podem ficar juntas. - disse Jasmine batendo palmas animada e sorrindo com a língua entre os dentes, essas atitudes eram coisas que Brunna fazia quando estávamos juntas, acredito que faça isso até hoje, já que Jasmine reproduz perfeitamente. Respirei fundo e olhei para meus filhos.
- Não é tão simples assim, mocinha. Existem muitas coisas envolvidas.
- Nós sabemos, mommy. - me assustei com o que Jasmine disse.
- Como assim?
- Bom... é que enquanto você e a mama brigavam, eu pesquisei na internet sobre a senhora, daí apareceu que a senhora era casada com uma mulher muito malvada. - fiquei perplexa com a inteligência de Jasmine.
- Mommy, não da pra esconder nada da Jasmine, eu já tentei, sabe? Mas ela sempre descobre de algum jeito, parece até a mama. - disse Michael emburrado.
- Eu percebi, e isso é algo que ela puxou de Brunna e não de mim. Mas enfim, vocês querem ir dormir comigo no meu apartamento? - perguntei com medo de que dissessem não, mas a reposta foi totalmente o contrário.
- SIM! POR FAVOR, SIM! - disse Michael eufórico.
- Mas antes precisamos passar em um cartório, vou registrar vocês com meu sobrenome.
- E como vamos nos chamar? - perguntou Jasmine curiosa.
- Jasmine Gonçalves Oliveira e Michael Gonçalves Oliveira.
- O sobrenome da mama fica muito bem com o seu.
- Sim, ainda bem que a mama não aceitou colocar o Mendes no nome dela, imagina como ficaria estranho, mommy. - disse Jasmine e eu apenas suspirei com esse fato.
- Então vamos, amanhã vocês irão conhecer seus avós e seus tios.
- Eles são legais?
- Vocês precisam conhecer para dizer, mas eles serão os melhores avós e tios do mundo, tenho certeza.
Desci as escadas enquanto eles iam arrumando suas mochilas, cheguei perto de Brunna que estava sentada em uma cadeira na cozinha com uma taça de vinho.
- Eu decidi que já que você foi quem escondeu as crianças da minha família, seria interessante que você contasse a eles sobre as crianças, então amanhã terá um almoço que irei organizar. Apareça. - observei Brunna arregalar os olhos.
- Ludmilla, você não pode decidir as coisas por mim e além do mais eu não acho que seria adequa...
- Vai ser totalmente adequado, pode ter certeza. - falei e escutei as crianças descendo as escadas. - Te esperamos amanhã para o almoço.
- Michael, você pegou tudo? Escova de dente; toalha; cueca?
- Mommy, eu já sou um homenzinho, claro que peguei tudo.
- Um homenzinho que é esquecido igual a mãe. - disse Brunna olhando.
- Se ele não tiver pegado, nós damos um jeito. Até amanhã, Gonçalves.
- Tchau mama, te amo daqui até a lua. - disse Michael para Brunna.
- E eu daqui até o sol. - e então foi a vez de Jasmine de dizer.
Sim, lembrei de nossos apelidos, talvez Brunna tenha ensinado isso a eles, o que me deixou fraca por um instante.
[...]
Após registrar meus filhos, fomos direto para meu apartamento e quando chegamos, pude ver que praticamente nada ali havia mudado, estava exatamente como eu deixei ele quando fui obrigada a abandonar Brunna naquele maldito dia.
Vi que as crianças começaram a vasculhar toda o apartamento e sorriram quando pararam de frente para um porta retrato onde obtinha uma foto minha com Brunna.
- Vocês eram tão felizes juntas, eu espero que isso volte a ser assim um dia mommy, daí nós seremos uma família completa.
- Michael, sua mãe está casada e feliz. Nós não iremos voltar a ficar juntas. - falei e vi ele me olhar de quem se manifestaria sobre algo, porém quem tomou a iniciativa foi Jasmine.
- Ela está casada, feliz ela não está. - falou erguendo os ombros como eu faço quando estou convencida de algo.
- Enfim, o que acham de fazermos uma noite de cinema, com muita pipoca e sorvete? - perguntei e os dois logo se animaram.
- Acho perfeito!
Eles tomaram a liberdade de escolher o filme, escolheram meu malvado favorito, assistimos todo o filme e eles decidiram que mereciam assistir mais um, porém no meio do segundo filme eles dormiram, tratei de pegar os dois no colo e colocá-los em minha cama, pois eu dormiria abraçada a eles essa noite.
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