10 capítulo
Eai meus fio, acharam que não ia ter att surpresa? Acharam errado. E sim, eu GOSTO DE SOLTAR CAPÍTULO DE MADRUGADA.
Atenção, a pequena evolução começa agora. Só para avisar, boa leitura.
Camila Cabello point of views
Era uma noite de sábado e eu já estava no meu terceiro drink da noite em um bar qualquer. Arrumo meus pés na banqueta observando o barman preparar o drink com vodka que eu tinha pedido. Meus olhos estavam sobre o copo em suas mãos que ele mexia misturando as frutas e as bebidas que provavelmente me fariam passar mal caso eu bebesse além da conta. O homem que preparava as bebidas tinha um sorriso sedutor em minha direção mas eu optava por ficar seria esperando a merda do drink ficar pronto.
Fazia uma semana desde a última tentativa de assassinato contra a minha pessoa. Nessa última semana, Normani vinha me acompanhando para todo lugar que eu fosse, ela me buscava na universidade, na frente do meu apartamento até a lanchonete. Com esse tempo que ficamos juntas, desenvolvemos uma bela amizade, ela era uma pessoa legal. Já Lauren, ela tinha sumido sem deixar rastros, nem Normani sabia do seu paradeiro.
Se lembram daquela coisa estranha nas minhas costas? Então, Alícia comentou que era um tipo de reação alérgica por alguma coisa que tinha acontecido e ela deduziu que pudesse ser por causa do lixo que eu tinha me enfiado. Achei a explicação estranha mas ela estava quase se formando em medicina, provavelmente sabia o que estava falando e não precisei ir ao médico já que nunca mais voltou a acontecer.
Voltando ao assunto sobre a Normani, todo aquele companheirismo tinha acabado essa manhã quando ela me ligou avisando que entrou no cio e não poderia sair de casa pelos próximos dez dias. Da para acreditar? Uma pessoa no cio, parece até loucura. Eu acharia que era loucura se não tivesse presenciado as coisas que presenciei.
Uma parte de mim gritava que era loucura eu sair para beber sem uma pessoa com poderes sobrenaturais para me proteger. Já o outro lado dizia que se nas duas vezes alguém apareceu para me salvar, por quê não aconteceria em uma terceira vez? Bom, a resposta eu não sei. A única coisa que eu sei é que eu precisava beber, tipo, urgentemente.
Minha cabeça estava uma loucura nos últimos tempos e posso arriscar a dizer que estava ficando maluca por estar achando tudo isso divertido.
- Obrigada. - agradeço quando o meu tão esperado drink é colocado a minha frente. Meus dedos passam pelo fino cabo da taça de acrílico enquanto os outros iam se encontro ao pequeno canudo para poder o guiar até meus lábios.
Ao sugar o líquido pelo canudo, aperto meus lábios sentindo o quão forte era aquela bebida mas ainda sim era deliciosa.
- Olá... - ouço uma voz rouca e feminina atrás de mim. Meu corpo fica tenso e olho por cima dos meus ombros vendo Lauren parada atrás de mim com a sua familiar carranca - Human. - continua.
Solto uma risada baixa e debochada olhando para meu drink enquanto Lauren se acomodava na banqueta ao meu lado, pousando a sua jaqueta sobre o balcão.
- Humana... - repito o apelido direcionando meu olhar para o seu rosto angelical - Falando assim parece que eu sou idiota.
- Você está bebendo alguma bebida alcoólica, sozinha em um bar perto do bairro que mais tem aquelas pragas da cidade, acredito que você realmente seja idiota. - olha para o meu drink - Isso tem quanto por cento de álcool? Trinta? - questiona alto olhando para o barman que estava ali perto. O homem se limita a afirmar com a cabeça voltando a passar em pano pelo balcão - Trinta por cento de álcool e você sozinha.
- Hm, você sumiu margarita. - ignoro a sua fala anterior pegando a azeitona que estava em um palito levando até meus lábios - Por onde andou? - deixo a azeitona entre meus lábios e suspiro sentindo o álcool da bebida misturado com o gosto da fruta.
- Não importa. O que importa é que eu voltei antes que acontecesse alguma merda com você. - resmunga desconfortável.
- Quer saber o que eu acho? - meus lábios rodeiam a ponta do canudo e sugo a bebida com os olhos presos na vampira.
- Não. - nega com a cabeça.
- Eu acho que você gosta de mim mas fica tentando ser grossa ou ignorante para não demonstrar que gosta para tentar me deixar longe. - novamente, ignoro o que ela tinha dito - Além de que no seu lugar poderia ter vindo aquela sua amiga, aquela morena alta sabe? Mas não, todas as vezes é você que toma conta de mim.
- Isso é porque a Dinah que fica responsável por bolar os planos. - revira os olhos levando as mãos até o cabelo castanho jogando os fios que estavam sobre seu ombro - Ela bola os planos, eu executo.
- Ela é tipo o Professor de La casa de papel e você a Tóquio? - tombo a cabeça para o lado.
- Eu acho que você não assistiu essa série direito. - estreita os olhos mexendo com as sobrancelhas perfeitamente desenhadas.
- Exato, não assisti mas tenta seguir a minha linha de raciocínio. - fico séria gesticulando com a mão que ainda segurava o palito que antes tinha uma azeitona.
Me surpreendo ao ver, pela primeira vez, um pequeno sorriso aparecer em seus lábios que não demonstrava que ela estava debochando de algo que eu tinha dito.
- Oh, você ri... Não é um robô. - deixo escapar.
- Não sou o que? - sua mão pousa sobre o balcão e ela passa a brincar com a ponta dos dedos por um pequeno buraco que tinha ali.
- Robô, Android, ciborgue... - maneio com a cabeça enquanto listo as possíveis explicações.
- Você chegou a achar que eu era um robô? - sua voz estava carregada de descrença.
- Claro, você não tinha nenhuma expressão facial além de ódio e tédio. Parecia que ia matar um a qualquer momento. - falo de maneira divertida, feliz por finalmente estar tendo uma conversa com ela sem levar uma patada ou ser xingada de alguma coisa como sem noção ou idiota.
- Céus... Você é mais doida do que eu imaginava. - estala a língua negando com a cabeça.
Comemorei cedo demais.
- Vem cá... - mexo com meu dedo indicador como se a chamasse para perto mas ela não se mexe - Quem vai ficar me seguindo pelos dias que a Mani estiver no cio? - pergunto interessada, dando um último gole para terminar o meu drink.
- Eu. - seu mal humor retorna me fazendo revirar os olhos.
- Não tem uma outra loba tão legal quanto ela para colocar nesse cargo? Pensar em ficar com você nesse seu humor é insuportável. - falo sem me importo se iria a magoar, afinal, Lauren não se permitia ter sentimentos, palavras de Normani.
- Infelizmente não. Acredite, também não é nada agradável para mim ficar na presença de uma pessoa como você. - seu tom mais amargo que o normal me faz levantar as sobrancelhas, gesticular para o barman preparar outro drink daquele e me viro para Lauren, já sentindo o álcool começar a entrar na minha corrente sanguínea.
- Defina alguém como eu. - passo a ponta da língua em meus lábios vendo os olhos verdes parados em meu rosto.
- Curiosa, questionadora, intrometida, desbocada e petulante. - fala com um olhar superior.
- Adorei os seus xingamentos chiques... Me faz sentir naqueles filmes onde tem uma pessoa podre de rica xingando a outra. - afirmo com a cabeça soltando uma risada baixa - Petulante... Não ouvia essa palavra a anos. - minha risada parece irritar Lauren já que ela respira fundo soltando o ar com força - Porém, acredito que desbocada e petulante seja mais próprio para você, não acha? - a olho de maneira desafiadora - Levando em consideração que uma pessoa petulante muitas vezes é uma pessoa arrogante, e uma pessoa arrogante é orgulhosa, soberba, prepotente e se acha melhor que os outros... - digo de maneira vaga dando de ombros, a olho e solto um sorriso cheio de cinismo - Era só adicionar ignorante na lista que faria eu me questionar se você estava falando de mim ou de você.
- Eu até posso ser tudo isso o que você falou mas... - seu tom baixo faz com que ela se incline em minha direção e seus olhos fiquem ainda mais hipnotizantes - Uma coisa eu tenho certeza, eu não me acho melhor que os outros, eu sou melhor que os outros. - um sorriso presunçoso aparece em seus lábios assim que ela termina de falar.
- Duvido, só porque tem alguns dons amais que algumas pessoas? - aquilo parece atingir seu ego. Lauren fica séria e aperta a mandíbula - Acredito que não, Lauren. Acredito que não. - esboço um sorriso de canto assim que o outro drink é colocado na minha frente.
Olho para Lauren de relance percebendo que ela queria dizer algo mas estava se segurando. Respiro fundo vendo que ela não iria rebater permitindo que eu me delicie do drink a minha frente e a ouvir a música um tanto quanto agitada porém baixa tocando no fundo.
Junto as sobrancelhas quando um outro drink rosa é colocado na minha frente, olho para a bartender que tinha o posto ali. Ergo minha mão para tentar avisar que não fui eu que pedi mas ela aponta discretamente para o outro lado do balcão onde tinha um homem me olhando de maneira nada discreta.
- Rápido, finge que é a minha namorada fodona, ciumenta e possessiva. - me viro para Lauren assim que agradeço com a cabeça tendo um sorriso falso no rosto.
- Não. - Lauren deu de ombros virando a cabeça para o outro lado.
- Lauren, por favor! - peço em um sussurro querendo me enfiar debaixo do balcão.
Volto a olhar para o homem que agora conversava com o outro cara que estava ao seu lado, mordo meu lábio sabendo que em algum momento ele chegaria perto de mim. Minha mão vai com força nas costelas de Lauren mas a sua mão gelada segura o meu pulso antes que eu a toque.
- Não faz isso. - seu olhar sério faz com que eu quase trema igual vara verde. Quase.
- Você não está me ouvindo! Eu preciso que você finja ser uma namorada ciumenta para caralho que está disposta a arrancar o fígado de qualquer pessoa que dê em cima da sua namorada. - Lauren torce o nariz mostrando parecendo repudiar as minhas palavras.
- Nem pensar. Não vim a esse mundo para ser atriz e muito menos uma"namorada" ciumenta. - faz aspas com as duas mãos deixando que eu segure o meu drink com as duas mãos.
- Então você está disposta a ficar sobrando?
- Não vim como a sua acompanhante, vim só para vigiar o local. - se limita a dizer olhando para as próprias unhas.
- Ok... Se um dia você estiver morrendo, não me procure.
- Se um dia eu estiver morrendo, eu vou procurar alguém para poder beber sangue. - não sei em que momento sua boca se aproximou do meu ouvido mas todo o meu corpo se arrepia assim que seu tom rouco junto com seu perfume atinge os meus sentidos - Não você.
- Onde você vai? - sussurro percebendo que ela estava de pé.
- Vou sentar ali no fundo para não atrapalhar o seu flerte. - seu sorriso divertido mostrava que essa filha da puta estava se divertindo com o meu desespero de ter um homem dando em cima de mim quando eu não sabia como dar um fora - Só me chame se ele for um ser sobrenatural que pode te matar para beber o seu sangue.
- Vampirazinha desgraçada. - resmungo baixinho virando a minha bebida em um só gole.
Olho para frente e não encontro o tal homem que me encarava. Eu só percebo que ele estava mais perto do que eu imaginava quando ele se senta no local onde Lauren estava.
- O que uma moça bonita faz sozinha nesse bar? - seu tom faz com que eu revire os olhos.
Sério isso? "O que uma moça bonita faz sozinha nesse bar?" Pelo amor de Deus, até eu lanço cantadas melhores e olha que eu sou péssima nisso.
- Não estou sozinha... mas obrigada pelo drink. - forço um sorriso em sua direção, não o olhando por mais de dois segundos - É um dos meus favoritos. - seguro o corpo e puxo para perto.
- Acertei, então. - ele sorri - Sou Carlos.
Que Lauren esteja lendo os meus pensamentos, que Lauren esteja lendo os meus pensamentos.
- Camila. - forço um novo sorriso apertando a sua mão que estava estendida em minha direção. Tento não torcer o nariz quando ele leva minha mão até seus lábios dando um beijo ali.
- Belo nome.
- É, valeu. - solto uma risada sem graça puxando a minha mão.
- Dia cheio? - pergunta parecendo querer puxar assunto.
- É, sabe como é... Vampiros e lobisomens por ai, uns tentando me matar outros tentando me salvar... - suspiro ouvindo sua risada pensando que eu estava brincando.
- Você namora?
- Eu...
- Amor, está tudo bem? - sinto uma mão firme em minha cintura, e em seguida, um corpo colando no meu. Suspiro aliviada reconhecendo a voz de Lauren assim como o seu perfume - Tudo certo? - sussurra apoiando o queixo em meu ombro.
- Sim, e-eu estava dizendo para esse cara gentil que eu estava acompanhada e agradecendo pelo drink.- aponto para o tal Carlos vendo que ele engolia seco encarando Lauren.
Pelo seu aperto firme em minha cintura, podia imaginar que ela tinha uma das melhores caras enciumadas que podiam ser indicadas ao Oscar.
- Sou Lauren, namorada dela. - Lauren se apresenta em um tom possessivo deixando um beijo em meu ombro que faz meu corpo amolecer. Oh merda, isso não é bom.
Carlos abre a boca algumas vezes demonstrando estar nervoso, por fim, ele apenas pede desculpas e se afasta como um cachorro com o rabo entre as pernas.
Quando ele sai, Lauren me solta com rapidez e se afasta. Por conta do beijo em meu ombro, da sua aproximação e do álcool correndo em minhas veias, eu sentia que quase tinha caído daquele banquete pela falta do corpo da vampira atrás de mim.
- Não vim a esse mundo para ser atriz. - imito a sua voz tentando esconder o meu nervosismo.
Lauren revira os olhos se sentando onde anteriormente estava, apoia o braço no balcão e sua cabeça na mão olhando para o homem com uma expressão enfurecida.
- Eu sei que essa expressão de puta não é por ciúmes... - murmuro baixinho - Você leu a mente dele ou a minha?
- Claro que eu li a dele, você acha que eu voltei atrás por quê? - me olha com os olhos quase saindo faíscas.
Levanto as sobrancelhas perplexa por ela ter assumido, tento levar o drink até meus lábios mas Lauren o tira da minha mão com rapidez o jogando no chão sem se importar com quem iria limpar.
- Não bebe essa merda. - murmura.
Abro a minha boca em choque, encaro o copo espatifado no chão e a minha mão que ainda estava na posição que segurava o copo.
- Porra, o meu drink de graça. - reclamo - Pode sair do personagem, por favor.
- Você não ia querer beber essa merda, vai por mim... Tome, peça quantos drinks de graça você quiser. - Lauren diz tirando um cartão preto, o colocando sobre o balcão dizendo a senha logo em seguida.
- Por que... - olho para percebendo seu peito subir e descer.
- Aquele filha da puta colocou uma droga na porra dessa bebida. - gesticula irritada com os olhos fechados.
- Lauren, se acalma. - peço vendo algumas veias pretas começarem a surgir em volta dos seus olhos assim como em seu pescoço.
Vejo seu punho sendo apertado com força, algumas veias escuras ficarem ainda mais visíveis e penso em formas de tentar a acalmar antes que ela voe em cima daquele homem.
- Foi atencioso da sua parte me mandar aquele bilhete no livro que eu tinha perdido. - digo a primeira coisa que vem na minha cabeça. Lauren abre os olhos me deixando ver que a parte branca começava a sumir entre preto mas ao ouvir o que eu tinha dito e me olhar, eles voltam ao normal em segundos.
- Carmilla?
- Esse mesmo. - sorrio aliviada vendo ela ficar um pouco mais relaxada.
- Que bom que gostou. Tive que me dedicar bastante para não pedir para você olhar onde colocava a sua bolsa e não sair perdendo as coisas por ai. - seu tom arrastado me faz querer rir.
- Você realmente a conheceu?
- Uhum. Ela era legal mas tentou roubar algo meu, desde então nunca mais a vi... - seu tom era vago mas logo ela deu de ombros.
Lauren volta a se levantar ameaçando se afastar, minha mão vai até seu pulso e a seguro. Ela paralisa por uns instantes, olha minha mão, sobe os olhos por ela, braço, ombros, até chegar em meus olhos.
- O que você vai fazer?
- Vou ensinar uma lição naquele merdinha para que ele nunca mais tente drogar nenhuma mulher. - enquanto ela falava, eu percebia suas presas um pouco maiores em sua boca do que normalmente eram - Por favor, fique aqui e não saía sem me avisar. - pede de maneira atenciosa. Junto minhas sobrancelhas confusa pela sua mudança repentina mas afirmo com a cabeça.
- Você vai matar ele? - fico tensa com a possibilidade.
- Infelizmente não posso fazer tal feito - puxa o seu braço - Porém...- nega com a cabeça.
Junto minhas sobrancelhas ficando confusa. O que ela iria fazer?
- Porém o que?
- Toma conta desse cartão. - aponta para o cartão antes de sumir de vista.
- Ok... - murmuro afirmando com a cabeça. Encaro o cartão preto sobre o balcão e pego o mesmo na mão - Ah, além de imortal a desgraçada é milionária. - deduzo por conta do cartão ser de débito e pela cor, provavelmente era sem limites.
Fico indecisa se eu deveria pedir um drink e pagar com o cartão de Lauren. Não podia negar que uma parte de mim gostava da idéia de ser bancada por uma mulher de mais de duzentos anos milionária mas tinha a minha parte independente que não precisava de ninguém para nada... Meu Deus, que merda eu estou pensando? Ser bancada por alguém, que coisa ridícula! Mas não deixa de ser uma idéia tentadora mesmo que Lauren só tenha me dado o cartão para eu comprar um drink.
Ok, eu viajei. O que que eu posso fazer se a minha mente é fértil?
Nego com a cabeça me recusando a comprar algo com o cartão de Lauren procurando a bartender ou o barman para me trazer mais uma bebida. Quando eu estava próxima de fazer um novo pedido, ouço o barulho de uma garrafa quebrando, meus olhos vão em direção ao barulho vendo o tal de Carlos sendo arrastado para fora por três homens enormes.
Aperto meus lábios vendo que eles não pareciam nada amigáveis com o homem enquanto o arrastava para fora. Algo dentro de mim dizia que isso tinha dedo de Lauren. Ouço os três homens gritarem com o homem e a porta da frente bate com força ao se fechar, aperto meus lábios e maneio com a cabeça tentando entender o que tinha acontecido.
Não muito tempo depois, Lauren volta a entrar no bar com uma taça de vinho cheia com um líquido que lembrava a bebida mas pelo seu sorriso satisfeito, tenho certeza que aquilo estava longe de ser vinho.
- Voltei. - ela sorri sentando ao meu lado, pousa a taça sobre o balcão e me olha.
- Você hipnotizou eles para baterem nele? Ou então você ameaçou? Ou...
- O que? - Lauren enruga a testa - Eu só ofereci dinheiro, não saio invadindo a mente das pessoas por ai. Eu já disse isso. - fala como se fosse óbvio levando a taça até os lábios dando um gole na bebida.
- Isso é sangue? - sussurro com meus olhos presos na taça que brincava com os longos dedos de Lauren.
- Veja você mesma. - estende a taça em minha direção, mais precisamente até o meu nariz. Meu estômago embrulha ao sentir o cheiro de sangue chegar ao meu olfato, tombo minha cabeça para trás fazendo cara de nojo.
- Ew.
- Humanos frescoz, não sabem o que é bom. - estala a língua dando um novo e longo gole deixando seus lábios ainda mais vermelhos.
- É o sangue de quem?
- Daquela coisinha insignificante. - aponta para o local onde Carlos estava sentado anteriormente - Deixe-me dizer que quando a pessoa é podre, o sangue não é tão bom. - sussurra em minha direção como se fosse um fato.
Olho para a vampira horrorizada, não por ela estar bebendo sangue na minha frente em um bar lotado, e sim, por sua mudança repentina de humor. Ela estava sendo amigável?
- Não me olhe assim, eu preciso disso para sobreviver... - sorri de lado voltando a beber do sangue - Não que eu tivesse urgência de beber agora mas ele estava todo machucado, só juntei o útil ao agradável.
- E onde você achou essa taça?
- Peguei ali. - olha para uma prateleira de taças de acrílico e cristal.
- Ok... Eu preciso de mais um drink. - resmungo baixo arregalando os olhos ouvindo a risada abafada de Lauren.
- Por favor, um daquele drink que eu joguei fora. - Lauren pede com uma voz sedutora com os olhos cravados na bartender que retribui o sorriso que a vampira tinha nos lábios.
Levanto a sobrancelha vendo, encaro as duas com um ar risonho e solto uma risada baixa encarando a madeira do balcão. Em uma rapidez surpreendendo, a mulher prepara o drink que Lauren tinha pedido e coloca o copo na sua frente, Lauren lança uma piscadela em sua direção e volta a me olhar empurrando o copo em minha direção.
- Surpreendente. - murmuro.
- O que?
- Sua capacidade de seduzir uma pessoa em dois tempos. - seguro o copo entre meus dedos e dou um longo gole me deliciando da explosões de sabores que ele tinha. Olho para ela de maneira divertida vendo que seus olhos estavam presos no líquido escuro da taça.
Ela apenas ri em resposta, leva a taça até os lábios e da um último gole bebendo todo o sangue. Seus olhos se fecham por breves minutos, o peito sobe e desce em um suspiro satisfeito com um sorriso de canto acompanhando em seus lábios.
Um silêncio se instala entre nós. Olho em volta vendo alguns rostos conhecidos do bar já que eu era uma frequentadora fiel daquele bar. Ainda quietas, eu termino de beber aquela bebida percebendo que eu deveria parar por ali pois eu já estava ficando muito doida.
- Vou embora, se eu beber mais um gole de álcool eu vou ficar doida, muito doida. - falo fazendo Lauren me olhar.
- Ainda bem. - viro meu pescoço em sua direção, torço o nariz ao ver sua expressão aliviada revirando os olhos.
- Shhh, eu sei que você gosta da minha companhia. Não tente pagar de durona. - levo meu dedo indicador até seus lábios incrivelmente macios e pressiono fazendo ela se calar, enrugar a sobrancelha e olhar para mim como normalmente fazia; como se eu fosse um ET.
Olho em suas orbes que tinham um tom magnífico de verde sentindo que ela me fitava com intensidade. O álcool correndo em minhas veias parecia me dar mais coragem para tocar em sua pele na tentativa de sanar toda a minha curiosidade e o mais estranho era que ela parecia não se importar com meu dedo a calando. Meus lábios ficam entreabertos, olho para as sobrancelhas, cílios, algumas sardas na região do nariz, suas bochechas pálidas e a maldita cicatriz que me dava arrepios mas fazia todo o meu interior revirar em curiosidade.
O dedo indicador que estava em seu lábio desliza por seu queixo, a linha da mandíbula até chegar pouco abaixo da cicatriz. Com cuidado, levo meu dedo até aquela marca escura em sua pele tão gelada e alva, a ponta do meu dedo passa por cima da cicatriz. Eu a olho com atenção podendo ver e sentir uma leve elevação em sua pele. Quando meus olhos entram em contato com os seus, Lauren me olhava sem demostrar nenhuma reação, diferentes dos seus olhos. Por alguns segundos, o que eu via neles era idêntico a forma que eu os vi no meu sonho mas logo eles se enchem de raiva.
Lauren se levanta fazendo a banqueta que ela estava sentada se arrastar alguns centímetros para trás ao chão de madeira, sua mão vai de encontro a minha e a afasta de seu rosto. Uma expressão furiosa toma conta do seu corpo fazendo meus pulmões pararem de funcionar, meu sangue gelar e o arrependimento me atingir. Eu não queria a deixar desconfortável.
- Nunca mais me toque dessa forma. - sussurra inquieta.
O mais incrível disso tudo, era que mesmo ela aparentando estar enfurecida, esse sentimento de ódio não parecia ser direcionado a mim, mesmo com a sua forma de agir.
- Desculpe. - falo tentando lutar contra a minha mente que parecia estar hipnotizada por seus olhos, não deixando que eu desvie o olhar por nenhuma circunstância.
- Vamos, eu vou te levar para casa. - essas são as suas últimas palavras antes de andar apressadamente para fora do bar.
Ainda me sentindo mole, eu pago todas as bebidas que tinha consumido e vou atrás da vampira. Ao colocar meus pés para fora do bar, o ar frio da noite me atinge, a luz da lua toca a minha pele e olho para o céu estrelado. Respiro fundo antes de olhar em volta procurando algum sinal de Lauren a avistando no outro lado da rua, dentro do carro luxuoso tendo uma janela abaixada e a luz do interior acesa.
Olho para o chão sentindo a minha cabeça rodando, seguro uma risada e tento andar em linha reta até o carro de Lauren. Não que eu estivesse tão bêbada assim mas álcool afetava o meu equilíbrio e muitas vezes causando grandes tombos mesmo que eu não esteja em um nível de alcoolismo tão alto.
Sem dizer nada, abro a porta sentando no banco do passageiro, bato a porta e aperto os olhos percebendo que tinha colocado muita força para tal feito.
- Cuidado com a porta, por favor. - pede baixo dando partida no carro sem me olhar.
Solto apenas um som nasal em resposta colocando o cinto de segurança logo em seguida. Bocejo sentindo meu corpo pesado por conta do álcool e por sentir uma brisa fria vinda da janela aberta, eu abraço o meu próprio corpo em busca de calor e encosto a cabeça no banco de couro, respiro fundo inalando o perfume da vampira que estava impregnado nos quatro cantos daquele carro.
Não sei em que momento eu apaguei no carro de Lauren. Só me lembro de estar olhando para a rua enquanto ela dirigia sem pressa e cuidadosamente, eu só comecei a sentir meus olhos pesando, até que não consegui mais lutar para os deixar aberto e acabei adormecendo.
Uma coisa que eu lembro de maneira vaga, era o carro parando em um semáforo, Lauren me chamando baixinho, depois fechando a janela do carro e colocando algo quente em meus braços me protegendo do frio que incomodava. Após isso, eu apenas resmunguei em resposta e virei minha cabeça para o outro lado.
- Camila... - dessa vez Lauren me chama em um tom mais alto - Camila, acorda. Já estamos na frente do seu prédio. - meu rosto se contorce em desgosto por ter que acordar e por já não estar sentindo o pano quente que me esquentava sobre os meus braços.
Abro meus olhos com certa dificuldade, levo uma mão até meu rosto e bocejo olhando em volta vendo que realmente já tínhamos chegado. Pisco algumas vezes sentindo minha vista fraca, tiro o cinco de segurança e fico encarando minhas mãos por alguns segundos.
- Boa noite, Lauren. - sussurro com a voz sonolenta pegando as minhas coisas com certa lentidão - Obrigada pelo o que fez por mim hoje. - subo meu olhar para ela vendo sua expressão neutra.
Sua cabeça balança de maneira negativa, ela toma um longo suspiro e aperta os lábios me olhando, fica em silêncio e seus olhos parecem mergulhar em pensamentos. Quando eu bocejo mais uma vez, ela balança a cabeça repetidas vezes até que apoia a mão no volante do carro.
- Aquele cara mereceu...
- Não estou falando por isso... - suas sobrancelhas se mexem milímetros, um movimento quase imperceptível mas eu consigo perceber a micro expressão facial de surpresa que toma conta do seu rosto - Estou dizendo por ter sido legal comigo a maior parte do tempo e ter me feito companhia. - termino a frase abrindo a porta para poder sair.
Antes de sair, olho para Lauren uma última vez vendo que ela apertava o volante, sua garganta se movimenta indicando que ela engoliu seco. Sem receber nenhuma resposta, eu solto um sorriso cansado e saio do carro fechando a porta com cuidado.
- Camila. - o barulho do vidro abaixando faz com que eu gire meus pés em direção ao carro - Boa noite. - aceno com a cabeça. O vidro volta a se fechar logo em seguida me fazendo voltar ao meu trajeto que tinha sido interrompido. Passo pela portaria, bocejo e aceno para o porteiro noturno.
Quando passo pela porta do apartamento, sinto três olhares sobre mim mas ignoro colocando minhas chaves no claviculário, tiro meus sapatos deixando perto da porta e olho para as três mulheres sentadas no sofá que me olhavam de maneira avaliativa.
- Noitada boa? - Janet questiona preocupada.
- Foi aceitável. - respiro fundo afundando minhas mãos em meu cabelo - Nós conversamos amanhã, eu estou exausta. - aceno para elas de qualquer maneira.
- Ei, com quem você saiu? - Vanessa pergunta.
- Amanhã Vani. - murmuro sonolenta indo para o banheiro escovar os dentes e esvaziar a bexiga para não precisar levantar se noite.
Após isso, eu tiro toda a minha roupa e me jogo na cama afundando o rosto nos travesseiros. Ao levar meu braço para perto do meu rosto, respiro fundo e percebo um aroma diferente em minha pele, aproximo meu nariz para tentar identificar. Levanto a sobrancelha ao reconhecer o cheiro; era o perfume de Lauren. Solto uma risada nasal, nego com a cabeça e me aconchego ainda mais para poder dormir.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro