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MEU MARIDO💍 🗣

Esse conto tem 12.142 palavras. Leia em partes, se preferir.
Espero que goste, eu amei.
Já deixa a estrela e o comentário.

Se você é nova/o aqui, não se esqueça de me seguir e dar uma olhada em outras obras.

Boa leitura!

_________________________________________

Você se envolve à minha volta e me dá vida
E é por isso que noite após noite, eu vou te amar direito
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo, uma semana
Sete dias da semana
Toda hora, todo minuto, todo segundo
Você sabe que noite após noite
Eu vou te foder direito

Jungkook (meu marido), em Seven.

💍

     Estou aborrecida.
     Deitada no meio da minha cama Queen Size, de robe de seda e meia-calça, eu suspiro, pensando em coisas para me distrair até que o meu marido volte.

     Podia sair com uma das minhas amigas, mas elas estão ocupadas com seus trabalhos e filhos. Podia fazer algo para comer, mas almocei há pouco menos de trinta minutos. Podia preparar um banho premium, igual aos que eu faço pelo menos uma vez por semana, mas já tomei um desses ontem.

     É assim a vida de uma mulher casada que não faz nada além de aguardar pelo marido?

     Eu nunca gostei de trabalhar. Terminei a universidade apenas para agradar os meus pais, o que não funcionou muito, pois assim que eles descobriram que eu me casaria com um homem 20 anos mais velho do que eu, decidiram que eu deixei de ser filha deles.

     A nossa cerimónia foi íntima, o meu marido e eu preferimos assim. Só queríamos que a lua de mel chegasse rápido, o que nós aproveitamos muito. Viajamos pela Europa, visitamos 10 países em 2 meses, conhecemos muitos locais incríveis, muitos dos quais o meu marido já conhecia, mas fez questão de me levar a conhecer cada um deles.

     Em suma, o nosso casamento é perfeito, e eu nunca desejaria um marido mais perfeito do que ele.

     Me reviro na cama, revivendo os momentos da nossa lua de mel, que não chegou a terminar, já que ele faz questão de me levar a lugares novos sempre que pode, me presentear e, o melhor de tudo, me dar orgasmos dignos de contos eróticos, as minhas fantasias mais ilícitas...

     Decido que não vou esperar ele chegar em casa para ter um pouco de atenção. Ainda que eu não tenha nada urgente para resolver, sinto que preciso sair um pouco e fazer algo diferente, mesmo que isso signifique interromper o dia de trabalho dele. Além disso, já que estou com a tarde livre, por que não fazer umas comprinhas? Com o cartão Black dele, claro.

     Levanto-me e vou até o closet, escolho um vestido no estilo que sei que ele adora. Nada muito chamativo, mas suficiente para fazer o meu marido parar o que estiver a fazer para me notar. Opto por uma maquiagem leve e prendo o cabelo em um coque baixo, elegante. Olho para o reflexo no espelho, satisfeita, e pego as chaves do carro.

     Dirijo até a empresa dele, um médio, mas imponente edifício no centro da cidade. Ao entrar, cumprimento a recepcionista, que já me conhece, e subo até o andar do escritório dele.

     Quando chego, encaro a mesa vazia da secretária e bato levemente na porta antes de entrar, como de costume, mas não espero uma resposta. Encontro-o concentrado em alguns papéis, mas quando me vê, o seu rosto se ilumina.

— Oi, meu amor — digo com um sorriso, caminho até ele e lhe dou um beijo rápido. — Achei que poderia passar por aqui e te sequestrar por um tempo.

— Sequestrar? — ele pergunta, com uma sobrancelha erguida e um sorriso brincalhão. — E o que você tem em mente?

— Algumas compras para levantar o meu ânimo - respondo, com as mãos nos ombros dele, massageando de leve. — Só preciso do seu cartão Black.

     Ele ri e se inclina para pegar a carteira no bolso do casaco.

— Você não comprou dez vestidos novos no mês passado? — ele pergunta, divertido.

— Sim, e você fez questão de rasgar todos eles — relembro e dou um leve aperto nos seus ombros que o faz grunhir.

— Hm, fiz? — finge que não se lembra e me faz rir. — Acho que vou ter que rasgar mais alguns para me lembrar.

     Ele abre a carteira e pega o cartão, mas antes que possa me entregar, a porta do escritório se abre sem aviso, e a sua secretária entra. Eu me viro imediatamente, um pouco surpresa com a falta de cortesia.

— Victor, aqui estão os documentos que me pediu...Oh, desculpe, não sabia que você estava ocupado — ela diz, mas a sua expressão não mostra real arrependimento.

     Ela se aproxima, coloca os papéis sobre a mesa, olha diretamente para o meu marido e ignora a minha presença por completo. O facto de ela tratá-lo por "você" e usar o seu nome sem qualquer formalidade me incomoda mais do que estou disposta a admitir.

— Querida, essa é a Sofia, a minha secretária — o meu marido diz ao perceber o meu desconforto.

— Eu sei quem ela é — respondo, o meu tom mais seco do que eu pretendia, as minhas mãos passeiam pelos ombros do meu marido. — Mas pelo visto, ela não sabe quem eu sou, já que não se deu ao trabalho de bater à porta ou sequer pedir desculpas por nos interromper.

     A Sofia finalmente olha para mim, um sorriso educado, mas frio, estampado no seu rosto.

— Peço perdão. Não imaginei que o Victor estivesse...ocupado.

     A forma como ela pronuncia a última palavra me irrita ainda mais. A intimidade entre os dois é evidente, e o fato dela ser tão desinibida na minha presença me faz sentir como se eu estivesse a ser desrespeitada.

— Estou a ver — digo e mantenho a compostura, embora por dentro eu esteja a ferver. — Seria ótimo se isso não se repetisse, certo, Sofia?

     Ela faz uma leve inclinação com a cabeça e sai do escritório sem mais uma palavra. Assim que a porta se fecha, volto-me para o meu marido, que está com uma expressão que não consigo decifrar.

— Isso foi desnecessário, querida — ele diz calmamente, o que só aumenta a minha irritação.

— Desnecessário? — repito, descrente. — A sua secretária entra aqui como se fosse a dona do lugar, interrompe uma conversa entre nós dois e você acha que eu sou a desnecessária?

     Ele suspira e passa a mão pelos cabelos, um gesto que sei que ele faz quando está prestes a ter uma conversa séria.

— Não foi isso que eu quis dizer, mas você precisa entender que a Sofia trabalha comigo há anos. Ela é de confiança e é claro que o tratamento entre nós é mais informal. Isso não significa nada.

— Não significa nada? Por mais eficiente que ela seja, Victor, não é adequado ela te chamar pelo nome dentro da empresa! — guincho, a minha voz lá nas oitavas. — E pior ainda, que entre no escritório sem bater, mesmo saber que está ocupado.

— Se ela faz isso, é porque eu dei essa liberdade...— ele murmura, provavelmente por não querer que eu ouça ou entenda mal, mas é tarde demais.

— Ah, senhor Victor Moretti, não me diga — arfo, toda a minha indignação escorre nas palavras. — Eu não vou permitir que você dê tanta abertura para uma mulher que só está à espera que o meu lugar fique vago.

     A tensão entre nós atinge um pico, e a discussão só aumenta a frustração que ambos sentimos. A respiração do Victor fica irregular, e o seu rosto, geralmente sereno, está agora marcado por uma expressão de exasperação.

— Você não entende, Beatrice! — ele diz, com a voz elevada, a raiva e o estresse evidentes. — Eu estou exausto com o trabalho, e a última coisa de que preciso é de mais uma briga sobre algo que poderia ser resolvido de maneira mais madura!

— Eu quero ser madura aqui! — retruco, a minha voz treme com a emoção. — Mas quando vejo a sua secretária se comportar de maneira tão invasiva, é como se a minha presença não fosse importante!

     A frustração do Victor explode, e ele avança na  minha direção, os seus olhos queimam com uma intensidade que me faz tremer. Sinto o calor da sua proximidade incendiar a minha pele, mesmo coberta pelo vestido, e nesse momento, eu não me importo mais com quem raios entrou sem bater nesse escritório.

     Eu só quero descarregar toda a minha frustração nele, e se ele quiser descarregar a sua em mim, eu não vou reclamar.

     Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele me puxa para um beijo, as suas mãos agarram-me com força. O beijo começa agressivo, os seus lábios sugam os meus ao mesmo tempo que os dentes fazem um caminho dolorido por toda a minha carne, com uma urgência que parece extrair toda a frustração e desejo reprimido. Eu correspondo com a mesma intensidade, as minhas mãos se enterram nos seus cabelos enquanto os nossos corpos se pressionam juntos.

     Ele me empurra contra a mesa, o movimento bruto e a proximidade fazem o meu sangue ferver. A discussão se dissolve em pura necessidade quando ele corre as mãos pelas minhas pernas e sobe a bainha do vestido.

     Ele afasta a minha roupa com uma força quase selvagem, e a sensação da sua pele contra a minha é um alívio que eu não sabia que precisava.

— Victor...— arfo, a voz cheia de desejo enquanto ele me levanta e me coloca sentada na mesa do escritório, os papéis e objetos ao redor se espalham.

     As suas mãos me abrem por completo, deixando exposta a minha vagina, que está apenas coberta pela calcinha.

— Não se atreva...— eu sibilo, mas sei que ele não vai dar ouvidos.

     E como um animal, o Victor rasga a minha calcinha num só puxão e enfia o trapo no bolso da calça.

— Pra isso você tem o meu cartão Black — ele responde e me fita com uma intensidade avassaladora a medida que desfaz o cinto.

     Mordo o lábio inferior e rodeio as pernas na sua cintura, à espera pelo que está por vir.

— A porta — lembro. — Está destrancada...a sua secretária pode...

— Grite o quanto quiser, assim ela saberá que não pode entrar sem bater — ele me corta.

     Mais duro do que uma pedra, o meu marido se inclina na minha direção e pincela a minha entrada molhada com a cabeça do seu pau. O meu raciocínio lógico pausa por um momento, a onda de prazer me faz gemer, tão excitada que eu faria tudo que ele quisesse.

— Mudou de ideias? Já não quer que...— continuo, mas sou interrompida pelo grito estridente que corta a minha garganta quando o Victor me penetra de uma só vez, sem delicadeza alguma. — Victor, porra!

— Se não parar de falar dela, eu vou te deixar sem andar por uma semana — ele diz em tom de ameaça, circula o meu pescoço com uma mão e aperta com uma força controlada.

— Isso não é uma má ideia — recobro a respiração, mas o gemidos atravessam cada centímetro do meu ser à cada estocada dura e precisa.

     O Victor me fode como se quisesse me punir, violento e impiedoso. E isso é tão gostoso, que eu choramingo o seu nome sem pudor.

— Definitivamente não é uma má ideia, querida. Mas preciso de você inteira, ainda não testamos algumas posições...

     Ele não me dá mais brecha de resposta. Ele simplesmente aumenta a intensidade das investidas. O que eu achava que era forte, fica ainda mais forte, e o que eu sentia que era rápido, agora entra em mim com uma velocidade incontável. O Victor é um homem forte e cheio de energia, e eu não sei dizer se isso é uma bênção ou uma maldição, só sei que, nesse momento, eu não podia pedir por um marido que me comesse melhor.

— Victor, meu Deus...ai, isso é tão gostoso — digo, manhosa, sendo fodida sem pausas, o meu corpo balança como se eu fosse uma boneca de pano.

— Está gostoso, não é? É assim que você me deixa, sua filha da puta! — ele rosna e aperta ainda mais o meu pescoço quando estala uma bofetada na minha cara.

     Eu gemo em resposta, adoro quando ele é bruto e me mostra o quanto me deseja.

     Ele me penetra com um vigor que é tanto destrutivo quanto perfeito, e cada movimento seu é uma explosão de paixão e raiva contida. A mesa se move com cada uma das suas arremetidas e um objeto encontra o chão de dez em dez segundos.

     Mas ele não parece se importar, parece estar completamente imerso na sua selvageria.

      A intensidade do momento é tanta que eu perco a noção do tempo. Os meus gritos preenchem todo o espaço e quando ele intensifica o aperto no meu pescoço e empurra o mais fundo que eu acho possível, eu empertigo as costas e todo o meu corpo se sacode, recebendo o orgasmo.

— Vem aqui, me beija — eu peço, trêmula, e ergo o corpo o máximo que consigo para agarrá-lo pela nuca e enfiar a minha língua na sua boca.

     O beijo é desajeitado, mas coloco toda a minha urgência e desejo nele. As nossas línguas se entrelaçam, e ele corresponde com fervor, os seus beijos se tornam mais exigentes. O calor entre nós é palpável, e o contato dos nossos corpos me provoca um arrepio intenso.

— Beatrice, ah...— ele geme, enquanto as suas investidas prolongam o meu orgasmo. — Você me enlouquece!

— Victor...meu amor — eu devolvo e o aperto contra mim, desço as mãos até a parte baixa das suas costas, onde deixo um arranhão que o faz estremecer e explodir dentro de mim.

     O orgasmo dele chega de maneira tão intensa, que eu quase gozo novamente só de senti-lo se derramar em mim. Ele me enche tanto, que uma parte do seu esperma escorre pelas minhas coxas antes mesmo dele se retirar.

     Ainda entre as minhas pernas, enquanto nos recuperamos, as nossas respirações voltam lentamente ao normal, o Victor olha para mim com um olhar mais suave, uma expressão de arrependimento e amor.

— Eu sinto muito, Bea — ele diz e passa a mão pelos meus cabelos com carinho. — Eu sei que não foi a melhor maneira de resolver as coisas, mas eu precisava de você.

— Eu também precisava de você, Victor — digo, com uma voz suave e cansada.

— Porra, eu não sei o que fazer com você — pragueja e pousa a testa no meu peito.

— Não há nada que possa fazer além de me aguentar pelo resto da vida, foi o que você prometeu no altar — brinco e acaricio o seu cabelo. — E claro, pode me limpar também.

     Ele ri e coloca o pau dentro calça, fecha o zíper e se afasta para pegar alguns guardanapos, que caíram ao chão com toda a recente atividade. Ele me limpa com cuidado e zelo, terminando com um beijo na parte interna da minha coxa.

— Pronto, esposa, novinha em folha — sorri e me ajuda a descer da secretária.

— Sem a calcinha, não é? — ironizo e ajeito o meu vestido, que agora está um pouco amassado.

— Eu me empolguei um pouco — murmura e coça a nuca.

— Não se preocupe. Para isso eu tenho o seu cartão Black — pisco um olho cúmplice e me inclino para pegar a sua carteira, de onde tiro o cartão.

— Compre o que quiser, meu amor. Mas, por favor, não se deixe abalar novamente por coisas pequenas. Nós dois somos maiores do que isso — diz, referente à discussão mais cedo, e se aproxima para deixar um beijo na minha testa.

— Nós dois somos maiores do que isso — repito e lhe dou um sorriso confortador.

     Coloco o cartão na minha bolsa e nos beijamos antes de eu sair. Ele quase me deita na secretária novamente, mas eu consigo fugir.

     O que deu nesses velhos? Basta começar a envelhecer e a libido aumenta?

     Fecho a porta atrás de mim e dou de cara com a Sofia, que ergue o olhar do computador assim que nota a minha presença.
     A sua expressão não esconde o constrangimento, provavelmente por ser uma inconveniente, ou por ter ouvido o chefe dela transar com a esposa.

     Qualquer que seja a razão, é válida, eu acho.

     Não que eu quisesse causar uma cena, mas a presença da Sofia sempre me deixa em alerta. Como uma sombra que se aproxima, pronta para tomar o que é meu. Ao atravessar o espaço, percebo Sofia olhando para mim, e uma onda de determinação me invade.

— Sofia, preciso conversar com você — digo com um tom de voz firme, que não permite dúvidas sobre a seriedade da situação.

     A Sofia tenta esboçar um sorriso nervoso.

— Beatrice, eu não sabia que você estava aqui. Eu entrei por acidente...

— Por acidente? — interrompo e ergo uma sobrancelha. — Eu notei que entrou sem bater. Isso é uma falta de respeito. E mais importante, quando você se dirige ao meu marido, deve tratá-lo adequadamente. Não é Victor, é Senhor Moretti.

     A secretária parece um pouco aturdida.

— Ah, claro, eu entendi...Mas eu pensei que já era uma...

— Não, não é uma questão de familiaridade — determino, cortando-a bruscamente. — O respeito deve ser mantido, especialmente em um ambiente de trabalho. E não se esqueça, eu sou a Senhora Moretti, e não "Beatrice".

     Ela tenta argumentar, mas eu não dou espaço para as suas palavras desajeitadas.

— E eu gostaria de lhe lembrar que, ao se dirigir ao meu marido ou a mim, deve fazê-lo com a formalidade e o respeito que o nosso status exige. Se você acha que a proximidade que demonstra é aceitável, está profundamente enganada.

     Ela tenta justificar o seu comportamento, visivelmente envergonhada.

— Eu só tentei ser amigável, mas...

— Amigável? — interrompo, a voz carregada de uma ameaça velada. — Olhe, Sofia, eu tenho o poder de decidir se você continua ou não nesta empresa. Se você sabe o que é bom para si mesma, começará a rever a sua conduta imediatamente.

     A Sofia fica sem palavras, a cor do seu rosto muda para um tom vermelho escuro. Ela engole em seco ao compreender a gravidade da situação.

— Lembre-se, o respeito não é opcional — continuo, mantenho o meu olhar firme e implacável. — Você deve começar a agir de acordo com as suas responsabilidades e entender que, nesta empresa e no meu casamento, você deve respeitar os limites estabelecidos.

     Saio a andar pelo corredor sem deixar mais dúvidas sobre o assunto, e sinto-me mais tranquila por ter deixado claro quem está no controle e como o respeito deve ser mantido. O meu marido é meu, e eu não quero ter que me preocupar com secretárias inescrupulosas.

💍

     Assim que paro o carro e deixo as chaves para um dos seguranças estacionar e outro pegar as minhas sacolas de compras, desço do automóvel e avisto outro carro na entrada da garagem.

     Eu reconheceria esse carro mesmo que tivesse Alzheimer e esquecesse de tudo.

     A minha sogra está aqui.

     Esboço o sorriso mais falso que consigo e ajeito as costas para andar do jeito que ela me ensinou. Que é basicamente uma forma de mostrar que a pessoa é mais esnobe do que realmente é.

     E olha que a Paola Moretti já é bem esnobe.

— Ah, você chegou! Eu esperei por tanto tempo — ela abre os braços com uma alegria ensaiada e se levanta do sofá assim que entro na sala de descanso.

— Sogra, como vai? Como correu a viagem? — digo e imito a sua alegria, após ter deixado um beijo em cada bochecha dela.

— Foi ótima! Tive as minhas tão merecidas férias — suspira e gesticula com as mãos magras.

     Não sei em que mundo essa mulher não está de férias. Ela não faz absolutamente nada. Até as atividades de filantropia que ela organiza, são orquestradas por outras pessoas. Ela apenas dá as caras como se tivesse movido um dedo para aquilo acontecer. E o pior de tudo, é que ainda tenta me ensinar a hostear festas e bailes, como se isso fosse uma forma de vida.

— E você e o meu filho, como vão? Colocaram em prática os meus conselhos? Oh, a sua barriga está despontou...

     A pressa dela para me ver grávida é algo que quase chega a ser cômico. A Paola está tão obcecada com a ideia de eu ter um filho que parece que qualquer outro aspecto da minha vida passa a ser irrelevante. Ela só quer assegurar a continuidade da linhagem da família, como se eu fosse um mero recipiente para os seus netos. E se não for um menino da primeira vez, bem, ela não hesitará em pressionar para que eu tenha outro até conseguir. Eu é que não vou me enfiar nessa aventura tenebrosa.

— Não me diga que está grávida. Eu seria a avó mais feliz do...

— Ah, não, não, sogra. Eu não estou grávida. Apenas acabei de almoçar — explico e sorrio amarelo ao ver o seu olhar travar em direção ao meu abdômen.

     Ela balança a cabeça, claramente desapontada, mas disfarça com uma expressão de preocupação.

— Oh, querida, você precisa cuidar de si mesma. É importante que esteja saudável para quando chegar a hora.

     Eu finjo concordar, mas internamente estou a revirar os olhos.

— Sim, claro, sogra. Mas agora estou focada em outras coisas.

— Como assim? — ela pergunta, a curiosidade visivelmente aguçada.

Como assim? — repito, com um sorriso desonesto. — Apenas concentrada em ser a melhor esposa possível para o Victor.

     A Paola arqueia uma sobrancelha, como se visse através da minha fachada.

— Espero que isso inclua as minhas sugestões. Você sabe que tenho uma visão sobre como as coisas devem ser.

— Com certeza, sogra. A sua visão é sempre muito...iluminadora — digo e enfatizo a última palavra de forma sarcástica.

     A tensão entre nós cresce, mas continuo a manter a compostura, enquanto ela parece considerar as palavras que eu disse.

     Eu posso finalmente respirar quando ela vai embora, após tomarmos um chá e jogarmos conversa fora sobre as atividades sociais e futuros planos com as organizações com as quais trabalhamos.

     Descalço os meus saltos e tomo uma ducha rápida antes de dispensar a cozinheira e decidir fazer o jantar para o meu marido. Não faço isso muitas vezes. Na verdade, apenas uso comida para suborná-lo, mas hoje, hoje eu quero apaziguar a tensão que ainda restou da discussão sobre a secretária. E eu sei que comida sempre funciona com o Victor.

     Coloco uma música alta e danço ao redor da cozinha, enquanto preparo um bife mal passado, do jeito que o meu senhor gosta. Faço um pouco de puré de batata, e aspargos ao alho e óleo para acompanhar.

     Enquanto amasso as batatas e balanço a cintura ao som da música, sinto dois braços me rodearem e pousarem na minha barriga. Não preciso me virar para ver quem é, o cheiro já me diz tudo.

— Que tal você tomar um banho relaxante enquanto eu termino aqui? — sugiro, sentindo a sua respiração no meu pescoço e a sua dureza cutucar o fundo das minhas costas.

     Eu adoro o quanto o meu marido é viril e está sempre pronto para mim. Ele costuma dizer que eu só preciso existir para que ele fique duro.

— Uma ótima ideia, meu amor — murmura, rouco, mas não se afasta.

     O Victor se esfrega em mim para me fazer sentir a sua tesão e isso me faz arfar. Mas consigo me controlar.

— Vá. Deixe isso para depois — digo, num tom mais determinado.

     Se ele continuar a se esfregar em mim desse jeito, eu vou mandar o jantar para o inferno e abrir as pernas para ele aqui no balcão.

     Ele grunhe em frustração, mas se afasta. Observo a sua bunda durinha flexionar contra a calça à medida que ele se afasta e mordo o lábio. Filho da puta gostoso!

     Termino tudo o mais rápido que posso e preparo a mesa de jantar. Sei que o Victor demora de propósito para que eu termine tudo a tempo, já que ele não é de levar muito tempo no banho ou a se vestir, e me sinto grata por isso.

     Quero que esteja tudo perfeito para quando ele voltar.

     Quando termino de colocar as flores que encomendei no vaso, ele aparece e beija a minha nuca. Sorrio, satisfeita, observando a minha obra prima.

— Fiz bife mal passado, como o chefe gosta — aponto para a mesa e sorrio. — O que achou?

— Parece delicioso, querida. Eu amo a sua comida — ele responde, carinhoso, e afasta a cadeira para que eu me sente. — Mas faltou a cereja no topo do bolo...

     Olho em volta, na tentativa descobrir se me esqueci de alguma coisa.

— Ah, o molho pesto! — guincho e me lembro do condimento que o meu marido ama usar em qualquer prato. — Eu vou pegar.

     Assim que ameaço me levantar, o Victor me agarra suavemente pelo pulso e me faz sentar novamente.

— Não, não é isso, amor — ri da minha aflição.

— Então, o que é? — pergunto, curiosa.

— A cereja no topo do bolo seria você estar grávida. Isso completaria o pacote — ele murmura com suavidade, provavelmente porque sabe que é um tópico sensível para mim.

     Engulo em seco, determinada a não estragar a noite.

— Parece que você e a Paola combinaram de falar sobre bebés hoje — digo, tentando soar bem humorada.

— Como pode ver, não sou o único a desejar um novo integrante na família...

     Sinto um nó se formar na minha garganta. O assunto que eu tentei evitar volta com força.

— Victor, já falamos sobre isso — digo e forço uma calma que não sinto. — Eu não estou pronta para ter filhos agora.

— Por que insiste em evitar o assunto? — ele pergunta, a frustração começa a se infiltrar na sua voz. — É como se você nunca quisesse ter um filho.

— Não é isso — respondo e luto para controlar o tom. — É só que eu não quero um filho agora. Não é o momento certo. E, para ser honesta, não estou pronta para abrir mão da nossa vida como é agora.

— Abrir mão da nossa vida? — ele repete, com raiva crescente. — Eu só quero falar sobre o futuro, algo que sempre quisemos, algo que você prometeu considerar quando nos casamos.

— Prometer considerar não é o mesmo que querer imediatamente — respondo, a voz treme. — Não me faça sentir como se estivesse a fazer algo errado por querer mais tempo.

— E o que mais você quer que eu faça? — ele se levanta, a tensão evidente no seu corpo. — Você só se preocupa em manter a vida que tem agora. E quanto a mim? E quanto ao que eu desejo?

— Não é só sobre você! — exalto-me e levanto-me também. — É sobre nós dois, Victor, e eu preciso de tempo para pensar no que realmente quero.

— Bom, eu sinto muito, Beatrice, mas tempo é algo que eu não tenho. Farei 45 anos em dois meses e já passou da hora de ter alguém para chamar de "meu filho" — ele continua, as suas palavras me atingem como uma faca. - Eu quero fazer parte da vida dessa criança completamente. É irónico porque é uma criança que eu nem sei se existirá...eu não quero ser o pai que fica na cadeira de balanço enquanto o próprio filho aprende a jogar bola sozinho ou a conduzir por si próprio...

— Isso não é justo... — sibilo, a minha voz treme novamente e eu me dou conta de que lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Definitivamente, não é justo, Bea — ele suspira e dá um passo para trás. — É ainda mais injusto quando eu não entendo os seus motivos.

     Eu abro a boca para responder, mas o Victor se vira e sai da sala, sem me dar a oportunidade de dizer mais nada. Olho para a comida intocada na mesa e o meu choro se intensifica. Os meus ossos doem ao ver que as nossas discussões têm ficado tão recorrentes e tão mais intensas, por assuntos que, há pouco tempo atrás, a nossa atenção não lhes dava juízo.

     Agora, parece que não conseguimos passar um dia sem trocar farpas um com o outro e isso me deixa com medo do que ele pode dizer ou decidir.

     Me sentindo subitamente cansada, dou meia volta e também saio da sala, subo as escadas para ir para o quarto. Ao passar pelo escritório, vejo que as luzes estão acesas e noto que o Victor está lá dentro.

     Vou para o quarto, disposta a esperar por ele, mas ele demora tanto que eu adormeço, com lágrimas secas no meu rosto.

     Acordo sobressaltada a meio da noite e o lado da cama do Victor ainda está vazio e frio. Suspiro, entristecida, e olho o relógio na parede, que marca 2 e meia da manhã. Não consigo mais aguentar a distância dele. Nunca dormimos separados uma só noite nesse 1 ano de casados e não vai ser hoje.

     Sonolenta, saio da cama e vou ao banheiro lavar o rosto. Depois disso, caminho até à porta e esfrego os olhos de leve. Atravesso o corredor e a porta do escritório.

     Ele está sentado na secretária com alguns papéis nas mãos. Assim que a porta se abre, ele pára tudo para olhar para mim.

— Victor... — chamo, minha voz sussurrada pela hesitação. — Você não vem para o quarto? Já é madrugada.

     Ele ajeita os óculos no rosto e olha para o relógio de pulso. Solta um muxoxo ao notar que não viu o tempo passar.

— Desculpa, eu perdi a noção do tempo. Tenho tanto trabalho que... — ele se interrompe e larga os papéis para dar total atenção a mim. — O que foi? Não consegue dormir?

Eu fungo e pisco repetidas vezes, os olhos doloridos por ter chorado.

— Hmhm — nego num murmúrio e caminho a passos vacilantes até ele.

     Ele me dá espaço quando chego perto, então me aninho confortavelmente no seu colo, enfio o rosto no seu peito e agarro a sua camiseta para trazê-lo mais perto. Ele suspira e passa os braços ao redor do meu corpo. O Victor é um homem grande e eu me sinto protegida sempre que estamos assim.

— Eu senti que ambos precisávamos de espaço, então achei que era melhor...

— Se trancar no escritório e me deixar dormir sozinha? — completo, mesmo ciente de que não era isso que ele diria.

— Minha vida — ele toca o meu rosto e me faz olhar para cima. — Não diga isso, eu nunca faria isso com você.

— Mas fez — insisto, a voz baixa. — Nunca mais faça isso. Nós combinamos que nunca deixaríamos uma discussão virar a noite.

— Eu sei, mas não foi essa a minha intenção, eu juro — sussurra e pousa um beijo casto na minha testa e depois, nos meus lábios. — Perdi a conta das horas, só isso. Acredita em mim, não é?

     Encrispo os lábios e fico momentaneamente calada. Eu acredito nele, é claro que eu acredito.

— Sim, amor — respondo e ele sorri pequeno.

— Ótimo. Não gosto de te ver assim. Você é o meu bebé, e bebés não devem ficar tristes — ele brinca e me sacode no seu colo.

     Sorrio finalmente quando a tensão começa abandonar os meus músculos.

— Falando em bebés... — suspiro e me preparo para falar.

— Não precisamos voltar a ter essa conversa tão cedo, querida. Não se preocupe, eu acho que...acho que posso esperar.

— Ouça o que eu tenho a dizer — pouso a mão no seu peito para acompanhar as batidas do seu coração. Ele assente e me olha em expectativa. —  Obrigada por ser tão compreensivo e paciente comigo. Não deve ser fácil ser meu marido e eu entendo...

— Você não precisa ser fácil, só precisa ser minha — ele diz num tom seguro, o que faz o meu peito se encher de alegria.

— Já disse que você é perfeito? — o puxo para um beijo rápido, antes de continuar. — Continuando, eu quero que saiba que o problema não está contigo. Eu não me imaginaria tendo uma criança com ninguém mais além de você...É só que...

     As minhas palavras travam na garganta e eu estremeço. Nunca fui muito boa em expressar os meus sentimentos abertamente, e falar dos meus problemas sempre se revela uma grande luta para mim.

— Está tudo bem, minha vida. Não precisa falar, se não estiver confortável — ele me aperta nos seus braços e me acaricia com as suas grandes mãos.

     Penso em não continuar, mas eu preciso fazer isso, por mim e pelo meu marido, que me dá tudo que eu preciso, e merece, no mínimo, que eu seja aberta e sincera com ele.

— Eu tenho medo do abandono. Tenho medo de...de ser colocada de lado e de...de que você não me ame mais se tiver uma criança no meio — dou uma pausa, mas ele se mantém calado. — Eu te adoro, Victor, e quero que a sua vida comece e termine em mim. Sei que quer uma criança, mas e se cairmos na rotina? E se depois você se der por satisfeito e não se importar tanto quanto se importa agora? E se...

— Ei, ei, shh...— ele me interrompe e me ajeita no seu colo para que os nossos rostos estejam de frente um para o outro. As suas mãos encapam o meu rosto. — Não fale assim da minha esposa. Está insinuando que a minha mulher, não outra mulher, a minha mulher, é substituível? Se for esse o caso, saiba que nunca, nada e nem ninguém, terá o poder de me fazer te amar menos.

— Nem um bebé gordinho e fofinho? — sussurro, os meus olhos começam a ficar marejados.

— Hmm, deixa eu pensar — brinca e faz uma expressão contemplativa. Eu soco o seu peito de leve e solto uma risada baixa. — Nunca, nada e nem ninguém. Você é a minha esposa e ele será o nosso filho. Cada um terá um lugar na minha vida que nem um e nem outro poderá substituir.

     As suas palavras me transmitem uma segurança que nunca antes senti com ninguém. Se o meu marido diz que nunca poderá virar o rosto para outra direção, eu acredito.

— Então, eu acho que...— mordo o lábio e suspiro antes de falar. — Acho que vou pensar. Talvez possamos ter um bebé num futuro próximo, eu vou tentar...

— Isso é sério? Está mesmo tudo bem para você? — ele parece desacreditar e quando eu aceno em confirmação, ele se levanta num rompante, comigo no colo. — SIM! Sim, sim, sim! Eu vou ter um bebé com a mulher da minha vida!

— Eu disse que vou pensar — rio ao ser carregada pelo escritório por um louco.

— É tudo que eu peço, minha vida — ele para e me beija repetidas vezes.

     Pequenos selinhos se transformam em um beijo de língua lento e apaixonado. Partilhamos da mesma respiração, as suas mãos apertam a minha bunda com possessividade. Penso que vai me deitar na mesa do escritório, como hoje cedo, mas o Victor caminha até a porta, me segurando firme e sem parar de me beijar. As nossas línguas duelam por espaço nas nossas bocas, enquanto suspiramos pesadamente. Precisamos respirar, mas não mais do que precisamos um do outro.

     O Victor chuta a porta do nosso quarto e me larga na cama. A elasticidade do colchão me faz saltitar e o meu cabelo cobre o meu rosto e peito, que sobe descontroladamente, ansioso.

— Acho que já podemos começar a praticar — ele diz e pisca um olho cúmplice, antes de despir rapidamente a roupa e subir no colchão para voltar a atacar a minha boca.

     Eu abro as pernas para que ele se acomode entre elas e espero até o momento em que ele vai rasgar o meu baby doll. Mas esse momento não chega. Em vez disso, o Victor me despe com delicadeza e distribui vários beijos por onde as suas mãos passam.

     Estou toda dormente, a minha vagina pulsa com a sua proximidade, os meus suspiros se tornam cada vez mais e mais audíveis, e quando ele volta a pairar em cima de mim, rosto no rosto, olhos nos olhos, os nossos gemidos sincronizados, eu me sinto entre o céu e o inferno, pairando no ar. A sensação dele a se enterrar tão fundo e lento é tão íntima e pura, que eu não consigo fazer nada além de agarrá-lo bem junto a mim e apenas sentir cada centímetro do meu íntimo se diluir de prazer.

— Victor... — chamo o seu nome, os meus olhos fechados e os lábios afastados para deixar passar o ar, os gemidos, os suspiros, o gritos...

     O Victor faz amor comigo pela segunda vez. Normalmente, o nosso sexo é selvagem e cheio de uma paixão primitiva, que ambos gostamos e não conseguimos evitar. Apenas nos relacionamos com tanta ternura na nossa noite de núpcias. Depois disso, nós literalmente fodemos duro e cru.

     Agora eu entendo o porquê de reservarmos o "fazer amor" por tanto tempo. É porque guardamos isso para momentos em que precisamos nos conectar em um nível mais profundo, quando as palavras não são suficientes para expressar o que sentimos.

     Enquanto o Victor se move dentro de mim, ele mantém um ritmo constante. Sem pressa, mas com a velocidade e intensidade suficiente para que o prazer seja mútuo, e para que, a dado momento, nós consigamos atingir o ápice em simultâneo.

     Os meus dedos deslizam pelas suas costas, sinto os músculos tensos e a fina cama de suor que se forma, pelo esforço. As minhas unhas fincam a sua carne e isso o faz grunhir, um som animal que reverbera pelo ambiente. O Victor se controla para não aumentar o ritmo e não começar, de facto, a me foder, mas os meus esforços não parecem funcionar muito.

     E eu também não ajudo. Os meus gemidos se tornam mais mansos e finos, do jeito que ele gosta, e ele não se controla por muito tempo. A dado momento, o meu marido solta um som de frustração e se apoia num braço, agarra a minha perna com uma mão e começa a meter fundo e rápido em mim.

     Eu solto gemidos mais altos, a tensão do prazer se acumula no meu ventre como um crescendo ininterrupto.

— Isso, meu amor, assim...sim...ahh, sim... — incentivo, a minha voz entrecortada pelos gemidos, enquanto ele aumenta o ritmo.

     As minhas unhas marcam as suas costas, deixando rastros vermelhos na sua pele, e a intensidade do momento nos leva a um frenesi quase animalesco. O controle que ele tentava manter se dissolve completamente, e agora, o Victor me possui com uma ferocidade que só aumenta o meu desejo.

— Mais forte... — as minhas palavras se transformam em gritos de prazer à medida que ele me obedece e mergulha fundo em mim, sem piedade.

— Ah, Beatrice... — ele murmura, os olhos fechados, a testa franzida em concentração. — Você é tudo...tudo que eu preciso...

     O jeito como ele fala, como se estivesse a confessar um segredo, apenas intensifica tudo o que sinto por ele. Eu o amo tanto, que chega a doer.

     A cada estocada, o meu corpo responde, a dorzinha no ventre cresce em ondas que ameaçam me despedaçar.

— Victor...não pare...— imploro ao sentir o orgasmo se aproximar, o meu corpo inteiro treme em antecipação.

— Nunca...vou te dar tudo, meu amor... — ele grunhe, os seus movimentos se tornam quase desesperados, como se estivesse a tentar se fundir a mim de forma irreversível.

     E então, ele solta um gemido profundo e rouco, os seus quadris se movem com uma intensidade que me faz ver estrelas, e é nesse momento que eu me perco completamente.

     Dos meus gemidos restam apenas gritos, o meu corpo inteiro pulsa com a explosão de prazer que me domina, e o Victor continua, incansável, me guia até o limite ao se inclinar para chupar os meus seios eriçados, e sacudir o prazer fora de mim até que não há mais nada além de nós dois e essa sensação avassaladora de completude.

— Eu te amo...— sussurro, mal consigo falar, o meu corpo ainda treme sob o impacto do nosso prazer.

— Eu te amo, Beatrice... — ele responde e se libera em mim, as suas palavras carregadas de uma devoção tão profunda que me faz sentir como se o mundo inteiro tivesse parado, só para que nós pudéssemos nos amar.

💍

     Sentada na espreguiçadeira, eu aproveito o sol à beira da piscina enquanto observo a Ivone, uma das amigas que a vida de socialite me deu. Ela é esposa de um dos maiores clientes e amigo do meu marido, que tem uma empresa fornecedora de peças de automóveis.

     Antes de terem filhos, ela ajudava o marido com os negócios, na área de gestão de produtos, mas hoje, com um menino de 3 anos e uma menina a caminho, ela mal consegue saber o que se passa ou não na empresa deles.

     E ela parece feliz com isso, afinal, seria muita coisa ter que trabalhar e, ao mesmo tempo, ser mãe. Então ela decidiu que os seus filhos são a prioridade da sua vida e entrou de cabeça nisso.

     Outra amiga que as compras, fofocas e o status de esposa de empresário me deu, é a Rebecca, esposa de um dono de hotel, também amigo do Victor, essa ruiva sentada na espreguiçadeira ao meu lado e que tenta acalmar o bebé nos seus braços.

     Ela nos convidou para uma tarde relaxante, mas o que se passa aqui está longe de ser isso. O grito estridente da criança me faz franzir o cenho.

     De onde eles tiram tanto fôlego para gritar assim? É pior do que eu quando o Victor está na sua melhor performance.

     E falando dele, faz um mês desde aquele dia em que discutimos duas vezes e transamos duas vezes. Tivemos alguns pequenos desentendimentos depois disso, mas não foi nada tão grande, e o melhor de tudo é que temos a nossa própria maneira de resolver. Acho que vocês já sabem qual é.

     Nesse momento, ele está fora do país a trabalhar para sustentar os vícios da linda mulher dele. Bom, os três maridos estão no trabalho, lidando com a parte difícil, enquanto nós, as mulheres, nos limitamos a beber mimosas e mergulhar na piscina nessa tarde ensolarada.

     Mas vendo bem, acho que eu sou a única a aproveitar de verdade o momento. A Ivone corre atrás do filho com aquela barriga que mais parece um balão e a Rebecca luta para acalmar o bebé.

— Vou preparar um banho de camomila para ele. Segura ele para mim — ouço a voz da Rebecca ao meu lado e logo o peso do seu bebé afunda a minha barriga.

     Eu me sobressalto e seguro o pequeno o melhor que posso. Ele chora ainda mais alto e eu tento aconchegá-lo no meu colo, o que parece funcionar, pois, aos poucos, o choro diminui, até que não sobra nada.

— Olha só, você tem jeito com bebés! — a Ivone exclama assim que consegue pegar o filho endiabrado.

— E não é que tenho mesmo? — balanço o bebé no colo.

     Arregalo os olhos quando ele começa a esfregar o rostinho contra os meus seios cobertos pelo top de banho. O menino ainda abre a boca, como se quisesse chupar algo. Mas se há uma coisa que eu definitivamente não tenho no stock, é leite materno.

— Parece que ele tem fome — murmuro assim que a Rebecca aparece com uma toalha atirada no ombro.

— Vem aqui, meu amor. A titia Bea não tem leite, mas a mamãe tem o que o meu pequeno gosta — a Rebecca pega o bebê de volta.

     O pequeno parece contentar-se com a presença da mãe, enquanto eu observo a cena, um sorriso involuntário surge nos meus lábios. O jeito como ela cuida dele, tão natural e caloroso, me faz pensar em como a maternidade é uma experiência tão intensa e talvez...gratificante.

— Sabe, Bea, deveria considerar ter um bebê também. — a Ivone sugere, com um olhar provocador — Você tem um jeito tão especial com eles.

     Eu dou uma risada nervosa, balançando a cabeça.

— Ah, não sei...A vida social já é cheia de compromissos e eventos. Não sei se consigo lidar com mais uma responsabilidade — tento parecer leve, mas uma parte de mim não pode evitar a ideia que começa a se formar na minha cabeça.

     Depois daquela conversa com o Victor e ao ver o quão disposto a aguardar e paciente comigo ele estava, eu não consegui parar de pensar nisso.

     Será mesmo um bicho de sete cabeças cuidar de uma criança? Quero dizer, eu tenho tudo que preciso, não me falta dinheiro e nem amor, tenho um marido perfeito que quer me ver grávida mais do que tudo. Então...por que não?

— Mas pense no quão lindo seria um mini-Victor! — Ivone continua, enquanto enrola o bebê na toalha, dando-lhe beijinhos na testa.

     A ideia de ter um filho do Victor faz o meu coração acelerar. Não posso negar que a imagem de uma família ao lado dele é tentadora.

— Pode ser que um dia eu considere... — respondo e tento soar despretensiosa.

A Rebecca e a Ivone me observam com um sorriso cúmplice, e eu sinto uma onda de nervosismo misturada com um desejo não muito distante.

     Admirando o sol começar a se pôr, não me dou conta de quando Olly, o bebé de 2 anos, se aproxima de mim e começa a balbuciar. Não entendo um terço do que diz, em partes porque ele não diz nada, e também, porque o cheiro que ele traz consigo é distrativo o suficiente para fazer até revirar o estômago.

— Ivone, acho que está na hora de trocar a fralda desse pivete — levo a mão à boca quando o enjoo se intensifica.

— Eu acabei de trocar a fralda dele. Avisei que não era para ele comer tantos churros, Becca! — a Ivone protesta, vindo ao encontro do filho para colocá-lo deitado na espreguiçadeira.

— Diga isso para ele e esses olhos de jabuticaba! Ele me hipnotizou, Ivy — a Rebecca responde assim que a Ivone despe o filho e abre a fralda.

Eu grunho quando o cheiro se espalha, agora mais forte.

— Ai, meu Deus — me levanto para ir para o outro lado do quintal.

— Me desculpa, Bea. Não sabia que era tão sensível a cheiros — a Ivone se desculpa.

— N-não, não se preocupe, eu estou bem. Só preciso de...— não consigo terminar a frase, pois, todo o meu corpo é tomado por uma avalanche de dormência e logo em seguida, um vómito ácido percorre o caminho para fora do meu estômago.

     Eu me curvo, a mão na barriga, enquanto expulso todo o churrasco que comi mais cedo. O enjoo é tão forte que as minhas pernas tremem, e eu tento respirar fundo para acalmar o meu sistema.

     A Ivone e a Rebecca se aproximam, com expressões de preocupação. A Rebecca oferece um lenço, enquanto a Ivone coloca uma mão nas minhas costas, tentando me confortar.

— Bea, você está bem? — pergunta a Rebecca, com a voz cheia de preocupação.

—  Apenas um pouco enjoada. Deve ter sido o cheiro — tento parecer calma, embora a minha cabeça esteja a girar e a sensação de fraqueza só aumente. Tento caminhar, mas a vertigem me faz vacilar.

— Você parece realmente mal — a Ivone olha-me com um misto de empatia e desconfiança — Pode ser algo mais sério. Já passou por isso antes?

— Não, não é nada grave — insisto, embora as minhas mãos estejam suadas e o meu coração bata acelerado. — Só foi um mal-estar.

     A Rebecca troca olhares preocupados com a Ivone.

— Você está a suar frio e parece bem pálida. É melhor não ignorarmos isso. Já considerou a possibilidade de estar grávida?

     Eu dou uma risada nervosa.

— Não, isso é impossível. Eu tomo injeção anticoncepcional...

— Nenhum método contraceptivo é 100% eficaz, Bea — a Ivone diz com um tom sério. — Nós sabemos disso por experiência própria. E esses sintomas...Enjoo, vômitos, cansaço repentino. São sinais comuns.

     Eu sinto um frio na espinha ao ouvir isso. Não pode ser...

— Não, eu estou certa de que é só um problema momentâneo. Eu vou me recuperar, é só um mal-estar.

     As duas continuam me a me observar com uma preocupação crescente.

— E se for algo mais? — a Rebecca insiste, a sua voz suave. — Vale a pena fazer um teste só para garantir.

     Eu me sinto pressionada e tento resistir à ideia.

— Eu não quero causar um alvoroço desnecessário. É só um desconforto passageiro, eu estou bem.

     Elas continuam com aquele olhar, uma mistura de preocupação e frustração, conscientes de que os sintomas são alarmantes e de que ignorá-los pode ser perigoso. Eu, por outro lado, sinto a tensão aumentar, dividida entre o desejo de negar e a necessidade de enfrentar a realidade.

— Tudo bem — a Rebecca suspira. — Vou ligar para o seu marido então.

— O quê? Não faça isso. É desnecessário, ele nem está no país! — protesto.

— Você já recusou fazer um teste, não vamos deixar que recuse que liguemos para o Victor — a Ivy murmura, me ajudando a entrar em casa para me acomodar na sala de descanso.

— E se pensa que vou permitir que vá embora sozinha, está muito enganada — a Becca complementa, antes de ir pegar o seu telefone para ligar para Victor.

     Só para piorar na minha tensão, a Becca coloca a chamada no alto-falante, para que as três ouçam.

— Alô, Rebecca? Como vai? — a voz grave do meu marido reverbera através do celular.

— Oi, Victor — a Becca responde e se senta ao meu lado. — Eu vou bem, obrigada, mas a Bea não está bem. Ela passou mal com o cheiro da fralda do bebé e acabou por vomitar. Ela está fraca e muito pálida.

— Ótimo, Becca, diga também a cor do cocó do Olly — ironizo, a minha voz ainda trêmula.

— Bea? Meu amor, o que aconteceu? — a voz do Victor se torna imediatamente preocupada, e eu posso sentir sua tensão mesmo à distância.

— Estou bem...só estou um pouco enjoada — tento minimizar a situação.

— Um pouco enjoada? Você vomitou, Beatrice. Isso não é "um pouco" — ele responde, e posso imaginar a sua expressão severa do outro lado da linha.

— Eu...foi só uma reação ao cheiro. Não precisa se preocupar tanto! — tento argumentar, mas sei que não sou convincente.

— É claro que eu me preocupo! O que sente agora? — o Victor pergunta, a voz mais suave, mas ainda carregada de preocupação.

— Sério, Victor, estou bem. Apenas me sinto um pouco fraca, talvez esteja desidratada. É só isso — seguro a respiração e espero que ele acredite.

— Você não está bem. Vou pedir para o motorista te buscar e te levar para casa. Não quero que saia daí sozinha — diz ele, a determinação transparece em cada palavra.

— Não, não precisa fazer isso! — protesto, mas já sinto que não tenho mais poder para mudar a sua decisão.

— Bea, isso não é uma negociação. Você precisa de cuidados e eu estarei aí em breve, vou pegar o primeiro voo — ele diz, a firmeza na sua voz me deixa sem opção.

— Está bem...só não quero que se preocupe assim, por favor — murmuro, um pouco frustrada.

— Isso não vai acontecer. Vou cuidar de você, e se isso significa que eu vou ter que ficar ao seu lado o tempo todo, então é isso que farei. Agora, fique onde está — ele finaliza, e a conexão se interrompe.

     Olho para a Rebecca e a Ivone, ambas me observam com expressões que mesclam preocupação e diversão.

— Você realmente o deixou preocupado, Bea — a Rebecca comenta, uma sombra de sorriso nos lábios.

— Como se ele não estivesse sempre assim — respiro fundo e tento esconder o meu nervosismo.

— Ele só quer o melhor para você — a Ivone acrescenta, mas o seu olhar também é cauteloso.

— Eu sei, mas não estou grávida. É impossível — digo, e forço a convicção em minha voz.

— Nada é impossível. Pode ser que você precise fazer um teste para ter certeza — a Rebecca sugere, e eu a encaro, o coração acelerado.

— Vamos apenas esperar que o motorista me leve para casa e o Victor chegue. Não quero que isso vire um drama — digo, mas a tensão na sala aumenta, como se todas soubessem que, no fundo, eu poderia estar errada.

💍

     O motorista chegou meia hora depois e me trouxe para casa. Eu já estava um pouco melhor quando cheguei, então tomei um banho e reforcei a dose das minhas vitaminas. Tentei comer um pouco do jantar que a Ofélia, a cozinheira, fez, mas simplesmente não descia nada. Tive que me limitar com o suco e alguns pedaços de fruta fresca.

     Decidi sair da sala de descanso para esperar pelo Victor no quarto, escondida nas cobertas.

     Foi então que duas batidas na porta roubaram a minha atenção do livro nas minhas mãos, e logo depois, uma das empregadas da casa surgiu, carregando uma sacola.

— Senhora, chegou isso. Tem os nomes da Senhora Rebecca e a Senhora Ivone no remetente.

     Eu agradeço e espero que ela saia para abrir a sacola. Dentro, vejo inúmeras caixas de testes de gravidez, de diversas marcas, tamanhos e cores.

     Atiro a sacola para longe e os testes se espalham pela cama.

     Enquanto aguardo o Victor, a ansiedade se transforma em uma decisão impulsiva. Não consigo mais ignorar os testes na sacola, então respiro fundo e pego o primeiro deles. O instinto de saber a verdade se sobrepõe ao medo.

     Vou ao banheiro e sigo as instruções meticulosamente. Um, dois, três minutos...Cada segundo parece uma eternidade. Quando olho para o primeiro teste, o meu coração dispara: duas linhas. Positivo.

     Desconcertada, faço o segundo, convencida de que pode ser um erro. A ansiedade se transforma em pânico quando o segundo teste também mostra duas linhas.

— Não, isso não pode ser — murmuro, os pensamentos correm desenfreados na minha mente.

     Decido fazer um terceiro teste, pensando que talvez, apenas talvez, um deles esteja com defeito. Mas, assim que olho novamente, as duas linhas aparecem mais uma vez, brilhantes e inegáveis.

     Agora, a minha cabeça gira, e eu me pergunto como isso pode ter acontecido. O meu corpo parece um campo de batalha, e a incerteza me deixa paralisada.

     Tento me recompor, mas um sentimento de desespero me invade. Sem saber o que fazer, pego todos os testes e volto para o quarto. Em choque, me enfio nas cobertas e fico assim, praticamente abraçada ao testes, sem saber como pensar e muito menos como agir.

     Não sei por quanto tempo fico inerte nos meus pensamentos, só sei que a dado momento da noite, a porta se abre e revela o Victor com um semblante preocupado e cansado, e uma mala de viagem em uma das mãos.

     Ele não parece notar que estou acordada, então pousa a mala no chão e caminha até o meu lado da cama, onde se senta na beirada e me observa por minutos a fio.

     Um suspiro escapa da sua garganta assim que ele se levanta. Mas eu decido colocar fim ao meu tormento e deixar que ele saiba que estou acordada.

— Victor — chamo, ele retorna para junto de mim, dessa vez um pouco mais perto.

As suas mãos encapam o meu rosto e o seus olhos me observam com atenção.

— Como está, querida? Se sente melhor? — pergunta e estica uma das mãos para ligar a luz de cabeceira.

     A luz suave ilumina o quarto e revela o seu rosto cansado, embora preocupado. As mãos dele ainda envolvem o meu rosto, o toque quente contrasta com o frio que sinto por dentro. Eu gostaria de dizer que estou bem, que é apenas um mal-estar passageiro, mas a verdade me esmaga por dentro.

— E-eu...— tento falar, mas a minha voz sai trêmula, hesitante. Ele franze o cenho ao perceber que algo está errado.

— Bea, o que aconteceu? — a preocupação na sua voz cresce, ele me observa com mais atenção, como se pudesse decifrar o que estou prestes a dizer.

     Eu não respondo. Ao invés disso, levanto a manta que está ao meu lado e revelo os testes de gravidez espalhados pela cama. A expressão do Victor muda instantaneamente. Primeiro, confusão, depois, à medida que a compreensão surge, os seus olhos se arregalam levemente.

— O que...— ele começa, mas para, como se as palavras não conseguissem sair.

     Ele pega um dos testes com cuidado, como se fosse algo delicado, frágil. Quando os seus olhos se voltam para mim, estão brilhantes, uma mistura de surpresa, alegria e uma pontada de incerteza.

— Bea...— ele murmura, a sua voz baixa, quase reverente. — Você...nós...vamos ter um bebê?

     Eu apenas aceno com a cabeça, a minha garganta apertada demais para formar qualquer palavra. A enxurrada de emoções que vem logo em seguida é avassaladora. Me sinto eufórica por um segundo, depois desesperada no próximo.

— Eu...eu não sei como isso aconteceu — começo a falar, minha voz embargada. — Eu tomo a injeção, eu nunca esqueço...Não era para ser possível, Victor. Eu não sei se...se estou pronta para isso — as palavras saem apressadas, em meio à confusão de sentimentos que me envolve.

     O Victor me puxa para perto, as suas mãos firmes seguram as minhas. Ele olha nos meus olhos, a sua expressão agora mais séria, mas ainda com aquele brilho de algo novo e inesperado.

— Bea, escute...Não importa como isso aconteceu — ele diz, com uma voz firme, mas suave. — Nós vamos enfrentar isso juntos. Você nunca está sozinha. E, se precisar de tempo para entender tudo, eu estarei ao seu lado, passo a passo.

     Sinto as lágrimas começarem a escorrer sem que eu consiga impedir. O peso da realidade, da responsabilidade, me deixa sem chão, mas as palavras dele trazem uma âncora.

— Victor, e se...e se eu não for capaz de ser uma boa mãe? — solto o medo que me consome.

     Ele me olha com ternura, puxando-me para um abraço apertado, onde sinto o seu coração bater forte contra o meu.

— Você já é tudo que esse bebê precisa — ele sussurra no meu ouvido. — Não tenha medo, minha vida.

     As palavras dele se infiltram no meu coração, trazem uma calma inesperada, mas ainda assim, a ansiedade persiste. Eu sinto o calor do abraço, mas por dentro estou em pedaços, luto contra todos os sentimentos que me consomem.

— Mas eu não sei nem por onde começar — solto com uma risada nervosa. — Eu não sei nada sobre bebês, fraldas, noites sem dormir...Eu não sei nada disso!

     O Victor sorri suavemente, e o brilho nos seus olhos, aquele toque de esperança misturado com uma pitada de humor, de alguma forma, me faz querer sorrir também.

— Ninguém sabe, Bea — ele acaricia meu rosto. —  Todo mundo aprende no caminho. Vamos aprender juntos, errar juntos, e vai dar certo. Eu prometo.

     Me sinto engolfada por uma onda de emoções: uma leve euforia, uma pitada de desespero, tristeza por tudo que talvez eu não consiga ser, mas ao mesmo tempo uma fagulha de esperança.

— Vai dar tudo certo, amor. E se não der, vamos dar um jeito — ele diz, a sua voz baixa e cheia de confiança.

     Eu me agarro a isso, me agarro a ele, como se pudesse absorver um pouco daquela segurança que ele insiste em me passar. Fecho os olhos e permito que, por um instante, eu apenas fique ali, no calor daquele abraço, e tento acreditar que, de alguma forma, tudo vai ficar bem.

💍

     E no final, deu tudo bem. Bom, não foi tão simples assim. Nós ainda tivemos que passar por muita coisa. Passei os dias em reflexão logo após ter descoberto a gravidez. Por ainda estar no início, eu pensei muitas vezes em interrompê-la. Não me orgulho disso, mas foi necessário para ter chegado até aqui. Eu precisava da experiência completa.

     Precisava dos enjoos matinais, das tempestades emocionais, dos ataques de fome repentina, de tudo. Cada um desses momentos foi necessário para que eu pudesse olhar para trás e sorrir, pois, tudo valeu a pena.

     Sinto um fluxo de lembranças invadir a minha
consciência, cada uma tão vívida que parece que estou a reviver tudo de novo, como se estivesse a ser transportada para aqueles momentos que moldaram os dois últimos anos da minha vida.

     Lembro-me das primeiras semanas, quando os enjoos matinais se tornaram parte da minha rotina. A cada manhã, eu acordava com aquela sensação que nunca dava trégua, e qualquer cheiro mais forte, como o perfume das flores na mesa da cozinha ou o café do Victor, me fazia correr para o banheiro.

— Eu nunca vou conseguir comer de novo! — eu reclamava, apoiada na pia com uma expressão de derrota, enquanto o Victor aparecia ao meu lado com um sorriso compreensivo, segurava uma toalha molhada e com a outra mão, o meu cabelo.

— Vai sim, amor. É só uma fase. Logo você vai começar a comer como se o mundo fosse acabar — ele dizia e beijava o topo da minha cabeça.

     E claro, ele estava certo. Assim que os enjoos deram uma trégua, a fome veio com uma força absurda. Recordo-me de uma noite em que, às duas da manhã, acordei com um desejo incontrolável de comer pizza. Não era qualquer pizza, era uma específica de quatro queijos de um restaurante a quilômetros de distância.

— Isso é sério? — o Victor perguntou, incrédulo, enquanto calçava os sapatos. Ele não reclamava, mas o cansaço no rosto dele era evidente.

— Eu juro que, se eu não comer essa pizza, vou começar a chorar e nunca mais parar — tentei não me sentir culpada por arrastá-lo em mais uma das minhas "crises alimentares".

     Ele só riu, saiu para pegar a pizza e, ao voltar, me encontrou no sofá à espera dele. Mal saiu para pegar um prato, ao retornar, me encontrou a devorar a primeira fatia com uma alegria quase infantil.

     Mas não era só a fome exagerada. As tempestades emocionais eram ainda mais imprevisíveis. Lembro-me de um dia em particular, em que chorei descontroladamente porque o Victor, sem perceber, comeu a última fatia do bolo que a Ofélia havia feito para mim.

— Eu nem queria tanto assim! — soluçava, enquanto ele me olhava, completamente perdido.

— Amor, eu vou pedir para a Ofélia fazer outro...ou posso comprar dez bolos se você quiser. Só por favor, não chore mais — ele dizia, sem saber como me consolar, mas tentava, como sempre, ser o mais carinhoso possível.

     Essas tempestades de emoções vinham sem aviso, sem razão aparente, e depois passavam tão rápido quanto surgiam, deixavam-me exausta e, às vezes, até envergonhada. No entanto, cada uma delas fazia parte do processo de transformação que eu estava a viver. O meu corpo estava a mudar, a minha mente também, e enquanto eu tentava navegar por todas essas emoções, o Victor estava sempre lá, firme e inabalável, mesmo quando eu não sabia ao certo o que sentia.

     A lembrança do primeiro chute do bebê é uma das mais preciosas. Eu estava sentada no sofá, descansava depois de um dia exaustivo, quando senti aquela sensação sutil, quase como um tremor dentro de mim. Parei, confusa, e então aconteceu de novo, um toque suave que me fez prender a respiração.

— Victor! — chamei, e ele veio apressado da cozinha, parecia alarmado.

— O que foi? Está tudo bem?

— Ele...ele se mexeu — eu disse, maravilhada. — O bebê...ele chutou.

     O Victor colocou a mão na minha barriga, os olhos brilhavam com expectativa. E então, como se soubesse que o pai estava ali, o bebê chutou de novo. Eu nunca tinha visto o meu marido sorrir daquele jeito. Naquele momento, tudo começou a parecer mais real. Não era mais só um conceito abstrato. Havia uma vida em crescimento dentro de mim.

     As consultas de pré-natal eram momentos de ansiedade e emoção. Quando chegou o dia da revelação do sexo, eu me lembro de estar dividida entre a curiosidade e o nervosismo. O médico passou o gel frio na minha barriga e, enquanto observávamos o monitor, a voz dele soou calma e afetuosa:

— Estão prontos para saber?

     O Victor apertou a minha mão com força, e eu apenas balancei a cabeça, sem conseguir falar. O médico sorriu antes de dizer:

— É um menino.

     Eu chorei. De felicidade, de surpresa, de tudo ao mesmo tempo. E o Victor, com os olhos marejados, beijou a minha mão e murmurou:

— Nosso menino...

     Eu não tinha preferência e ele também, mas no fundo, eu sabia que ele queria muito ter um menino. E meio que esse desejo se tornou o meu também.

     Porém, de todas essas memórias, a mais intensa foi o momento do parto. As dores começaram de madrugada, e por mais que eu estivesse preparada para aquilo, nada podia ter me preparado para a intensidade real do momento. O Victor ficou ao meu lado o tempo todo, segurou minha mão, me encorajou a cada contração.

— Você está indo tão bem, minha vida. Só mais um pouco — ele dizia, e eu, em meio à dor, o odiava por um segundo.

     Horas depois, quando finalmente ouvi o primeiro choro do nosso bebê, todas as dores desapareceram. Ele foi colocado nos meus braços, e eu olhei para aquele rostinho tão pequeno, tão perfeito, e soube que nada no mundo jamais se compararia àquele momento.

— Bem-vindo ao mundo, meu amor — sussurrei, as lágrimas caíam livremente, enquanto o Victor, ao meu lado, beijava a testa do nosso filho com uma ternura infinita.

     Agora, de volta à realidade, ainda levemente imersa nessas memórias, levanto o olhar e vejo o Victor e o nosso filho brincarem perto da piscina. O riso de ambos preenche o ar, e o meu coração se enche de uma alegria serena. O nosso pequeno, com os seus passinhos desajeitados, corre em direção ao pai, que o pega no colo e gira no ar, arrancando gargalhadas do menino.

     Sorrio, abraçada às lembranças, e sei que, apesar de todas as dúvidas, de todos os medos e incertezas, eu cheguei até aqui. E ao olhar para os dois, sei que tudo valeu a pena.

     O Victor olha na minha direção, e os nossos olhares se encontram. Ele sorri, aquele sorriso que sempre me fez sentir segura, e nesse momento, tenho a certeza de que não importa o que o futuro nos reserve. Nós vamos enfrentar tudo juntos, como sempre fizemos.

     A Ofélia surge com um sorriso, anuncia que é a hora do lanche do bebé, e o leva consigo para dentro de casa. O Victor, após entregar o menino à ela, caminha na minha direção e me cobre do sol.

— Mama...ma-ma — o meu filho resmunga e me chama, se remexendo no colo da Ofélia assim que passam por mim.

     Faço um beicinho, as palmas das minhas mãos coçam para pegá-lo no colo, mas o Victor faz questão de impedir que isso aconteça.

— Sinto muito, filho, mas ela agora é minha — ele diz para o Júnior, que prontamente para de resmungar, como se entendesse realmente as palavras do pai.

     O Victor quis se abster de nomear o nosso primogénito, então eu tive que pensar no nome do bebé. E para mim, nada melhor do que homenagear o homem da minha vida, dando ao meu filho, o outro homem da vida, o seu nome. Então o nosso pequeno passou a se chamar Victor Júnior.

— Lembrou que tem uma esposa? — observo-o através dos óculos escuros.

     Ele sorri e se inclina na minha direção, o corpo pesado e quente pousa no meu. As nossas peles nuas e sobreaquecidas do sol se unem, a eletricidade corre solta entre elas.

— E alguma vez eu esqueci? Não tem um minuto do meu dia que eu não penso na linda mulher que tenho ao meu lado — ele sussurra, mesmo que a Ofélia e o Júnior já tenham desaparecido dentro de casa.

     Eu sorrio, travessa, e abro as pernas quando ele passa a mão pela minha coxa, e a aperta levemente. Ele se posiciona no meio delas e afunda o rosto no meu pescoço.

— E o que mais passa pela sua cabeça quando pensa na linda mulher que tem? — provoco, todo o meu corpo responde ao seu toque áspero e à sua respiração quente contra a minha pele sensível.

— Passa pela minha cabeça... — ele começa, a voz baixa e rouca, enquanto desliza a mão pelas minhas coxas. —...como sou o homem mais sortudo do mundo por tê-la comigo, como quero cuidar dela, fazê-feliz e...como a quero agora, exatamente assim — ele sussurra e mordisca o lóbulo da minha orelha, me arrancando um arrepio imediato.

     O meu gemido é tímido e rouco, saído do fundo do meu íntimo.

— Aqui? E se alguém ouvir? Temos um bebé em casa — finjo preocupação.

— É só gemer baixinho, hm? — olha nos meus olhos com uma intensidade que me deixa ainda mais derretida.

— Huhum — assinto e mordo o lábio inferior.

     O seu olhar pousa na minha boca, e tão logo isso acontece, os meus lábios são capturados pelos seus num beijos faminto. As nossas línguas se entrelaçam com um prazer tórrido, e eu o puxo para mais perto, os seus músculos se contraem a cada movimento, deixo as minhas impressões marcadas na sua pele.

— Victor... — murmuro entre o beijo e abro mais as pernas para sentir a sua excitação em contacto com a minha.

— Me diga o que quer — ele solta o meu lábio num estalo e encaixa o braço na dobra do meu joelho. — Diz para mim...

— Eu quero você — respondo, o meu corpo arqueado para estar completamente colada a ele. — Te quero todo dentro de mim. Agora.

     Mal termino de falar, sinto o clima ser quebrado pelo balbuciar característico do pequenino da casa. Olhamos em direção à entrada e vemos o Júnior vir a engatinhar rapidamente e, tão logo a Ofélia surge, aflita atrás dele, ele se coloca em pé e corre desajeitadamente até nós, os pés pequenos e descalços sem nem se importar com a alta temperatura do chão.

     O momento de tesão entre o Victor e eu é interrompido de forma inesperada pela chegada do Júnior, que corre com um ritmo alegre, gargalha e tenta fugir da Ofélia, que vem atrás dele com um semblante de preocupação e esforço. O sorriso do bebé é contagiante e, mesmo quase sem dentes, é impossível não se derreter com a cena.

     O Victor e eu trocamos um olhar cúmplice e rimos quando vemos o nosso filho se aproximar com a mesma determinação de sempre. O Júnior chega até a espreguiçadeira onde estamos, e com um esforço adorável, tenta subir. Eu o pego no colo com um sorriso largo e rio com a situação.

— Olha só, quem decidiu interromper o nosso momento? — digo e ajeito o bebê no meu colo enquanto olho para Victor.

— Parece que o nosso filho não só tem bom timing, como também gosta de competir pela sua atenção — o Victor brinca, com o olhar no Júnior, uma expressão misturada de diversão e leve frustração.

     O Júnior, com seu corpinho rechonchudo, se acomoda confortavelmente no meu colo e começa a procurar pelo meu seio, enquanto me fita com um olhar que parece dizer que a mãe é toda dele.

     A Ofélia, agora um pouco mais calma, se aproxima ofegante.

— Desculpem-me, ele estava decididamente determinado a encontrá-los — diz ela ao respirar fundo. — Vou deixá-los a sós. Se precisarem de algo, é só chamar.

     O Victor e eu agradecemos com um sorriso e um aceno, enquanto a Ofélia se afasta e volta para dentro de casa.

— Vamos ficar com ele pelo resto do dia, então — o meu marido diz, com um olhar afetuoso para  o Júnior.

     Ele se inclina na direção do filho e começa a fazer cócegas na sua barriguinha, fazendo o Júnior dar risadas que parecem encher o ambiente de alegria. O bebê quase engasga com o leite de tanto rir, e eu o puxo um pouco para longe do Victor, preocupada.

— Cuidado, ele pode se engasgar — advirto, preocupada, mas sem conseguir esconder o sorriso.

     O Victor se desculpa, ainda divertido, e olha para o Júnior com uma expressão de amor que é impossível de ignorar. Ele se deita ao nosso lado e faz espaço para mim e para o nosso filho. A atmosfera é de um conforto profundo e uma sensação de completude que só a presença da família pode trazer.

     O Júnior, agora mais calmo, repousa no meio de nós, e o Victor passa o braço em torno de mim, enquanto o bebê se aninha confortavelmente no meu colo e continua a mamar. Olho para o Victor, e ele me oferece um sorriso suave e amoroso.

— Não há lugar melhor para estar — murmura ele, antes de nos acomodarmos todos juntos sob o calor do sol e o som suave da água da piscina ao fundo.

     É um momento de tranquilidade e felicidade, e eu me sinto grata por termos conseguido encontrar esse equilíbrio entre o desejo e a vida familiar, entre o amor e as responsabilidades. Fecho os olhos por um instante, sentindo a leve brisa e o calor do sol, e me permito desfrutar da paz que só um dia perfeito com a família pode trazer.

💍

Espero que tenha gostado! Não se esqueça do voto e de dizer o que achou.


Galeria do conto:


Bea:
25 anos.
(Ange Jose)




Victor:
44 anos.
(Jensen Ackles)


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